terça-feira, 25 de maio de 2010

Vitórias do amanhã



A atitude do técnico Dorival Júnior em afastar jogadores importantes de sua equipe - André, Paulo Henrique Ganso, Neymar e Madson - por chegarem com atraso de quatro horas ao treino traz algumas arestas no comando do Santos. Mas, sem sombra de dúvida, a mais importante delas é de que um clube outrora marcado por divergências políticas e uma confusão em seu departamento de futebol, tem uma disciplina bem oportuna para os dias de hoje.

Disciplina que não mede a importância que um jogador supostamente tenha na equipe. Não há regalias para os jogadores que têm maior atenção da torcida e da crítica especializada. Todos estão sujeitos a uma represália caso não correspondam nos treinamentos.

Algumas vertentes disseram que o treinador fez isto porque sabe que há peças de reposição em seu elenco, e, num time limitado o máximo que os jogadores receberiam era uma advertência verbal. No padrão de conduta de Dorival Júnior esta possibilidade não é tão clara. No Vasco do ano passado, ele não pensou duas vezes em dispensar por indisciplina os goleiros Anderson e Rafael depois de uma noitada na pré-temporada do Espírito Santo. O primeiro, um aspirante de 19 anos que poderia render bem no clube. E o segundo, nada menos do que o goleiro titular na reta final do Campeonato Brasileiro de 2008 e considerado um dos poucos bons jogadores da equipe que caiu para a Segunda Divisão.

O jornalista Milton Neves foi enfático ao dizer que o time do Santos é que foi punido, por não contar com seus melhores jogadores na partida contra o Atlético Goianiense. Mesmo sem eles, o time venceu os goianos por 2 a 1 no Serra Dourada.

Os desfalques poderiam comprometer a vitória santista? Sim. Mas Dorival Júnior não pensou de maneira imediatista, visando apenas os três pontos da segunda rodada do Campeonato Brasileiro na partida contra o Atlético Goianiense. Ele pensou numa punição aos quatro jogadores e fez os outros sentirem no campo as dificuldades que podem acontecer caso um deles não siga o cronograma pensado no time. A melhor forma de repreender um erro não é meramente tirar uma regalia, e sim mostrar que um erro pode trazer consequências ao restante do elenco.

Dorival Júnior cometeu muitos erros dentro de campo como treinador do Santos. Mas nesta questão disciplinar fora das quatro linhas, tomou uma bela atitude para o time e para o futebol brasileiro. Um exemplo em meio a regalias e imunidades como foram apresentadas no Flamengo, por exemplo, com a dupla de ataque Adriano e Vágner Love.

E, sob o comando do time santista, Dorival confirmou que não se preocupa apenas com os resultados de hoje. Sua conduta de trabalho também deseja trazer vitórias do amanhã. O Santos não é o campeão paulista nem está numa final de Copa do Brasil por meros acasos do futebol.

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BOLA PRO MATO



20 torcedores do Vasco invadiram o campo de São Januário para cobrar posturas mais firmes de seus jogadores (o time tem apenas um ponto em nove disputados, sua campanha traz um empate e duas derrotas). Protesto é uma coisa, intimidação aos jogadores é outra completamente diferente. Foi visível a mudança que Celso Roth deu à equipe na partida contra o Avaí - e no Ressacada o time de Santa Catarina não perde há 24 jogos, o que tornava ainda mais inglória a luta vascaína. A diretoria se mexeu, trouxe um treinador com pulso firme e que deu uma postura melhor ao Vasco. E a torcida tem de apoiar e dar credibilidade para um time que não é fraco, mas convive com uma depressão psicológica neste ano de retorno à Primeira Divisão.

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