sábado, 22 de maio de 2010
Era hora de parar
Está decidido. A partir do dia primeiro de junho, a paradinha no ato de uma cobrança de pênalti não será mais permitida. O batedor que fizer terá de repetir seu chute e, ainda por cima, receberá um cartão amarelo. Na marca do pênalti, os organizadores da FIFA fizeram um golaço. Uma coisa é o drible, outra coisa é a trapaça.
O jeitinho brasileiro criou a paradinha através de Pelé. A existência deste artifício foi consolidada durante os anos, nos pênaltis cobrados por craques como Djalminha e Romário. Entretanto, nos últimos anos, os batedores prostituíram o recurso, tornando a tentativa da defesa de um pênalti ainda mais inglória para o goleiro.
Em vez de dar algumas paradas durante a corrida para a marca de cal, alguns jogadores começaram a parar no momento crucial de uma cobrança. Outros, fingiam um chute para, com o goleiro caído no chão, colocar a bola no fundo da rede. A injustiça ficava ainda maior por causa dos limites impostos ao defensor da cobrança: ele não pode se mexer fora da linha do gol, e nem se adiantar antes do chute. Mas como não sair se o cobrador está com o pé diante da bola?
A impressão que os cobradores dão é de que vale tudo por um gol. Até mesmo esperar o goleiro ficar no chão para não dar nenhuma chance de defesa a ele. Um pensamento tão baixo quanto parar um jogador talentoso com seguidas faltas.
Como no pênalti o maior beneficiado é o cobrador, a saída era mesmo impedir mais este abuso. Afinal, com o tempo o artifício não ficou restrito a parar no momento do chute. Apareciam lances ainda mais estranhos a cada pênalti. De cobradores que davam um chute no ar antes da cobrança verdadeira (caso do zagueiro João Filipe, do Figueirense, no vídeo acima) a batedores que passavam o pé por cima da bola duas ou três vezes (o atacante Fred, atualmente no Fluminense, fez isto em algumas oportunidades).
Mas a falta de limite nas cobranças de pênalti não prejudicou goleiros apenas pelos gols sofridos. O goleiro Wender, do Brusque, foi vítima duas vezes deste artifício. Tanto por não conseguir evitar o gol do Joinville na partida pelo Campeonato Catarinense (em que seu time perdeu por 3 a 2) quanto por, ao notar a paradinha de Lima, tentar voltar atrás e acabar caindo de mau jeito. A consequência para Wender foi uma luxação no cotovelo (o vídeo aparece acima, na reportagem do Sportv).
Era mesmo hora de parar com estes abusos dos cobradores de pênalti. O veto à paradinha antes da penalidade máxima não é uma punição ao bom futebol e ao poder de ilusão causado por um drible. A resolução da FIFA serve para evitar trapaças e evitar a ideia deturpada de que vale tudo pelo bom resultado.
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2 comentários:
Bicho,
Concordo com isso aí. Acho que esse tipo de lance não engrandece o futebol, e ajuda muito na trapaça e na falta de habilidade e de avaliação do nível do jogador, e do goleiro.
Muito bom seu texto, parabéns!
O Título do post já diz tudo: "Era hora de Parar"(e como!)! Essa paradinha é uma covardia com o goleiro, e diminui muito a possibilidade, que já é pequena, do arqueiro defender a cobrança!
Gol da FIFA, e sem paradinha!!!
Derbson Frota
Tianguá CE
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