segunda-feira, 31 de maio de 2010

Curiosicopas no Twitter



A partir de hoje, o twitter de O tempo e o placar... trará todos os dias curiosidades das Copas do Mundo. A cada dia, uma edição do torneio mais importante do futebol mundial vai ter suas curiosidades apresentadas em tweets.

Acessem nossa conta no Twitter - @otempoeoplacar - e divirtam-se com as curiosidades das Copas do Mundo!

Más impressões



Análise de jogo: Botafogo 1x1 Vasco (18h30, Engenhão)

Num jogo marcado por erros coletivos de ambas as equipes, dois talentos individuais permitiram que a partida do Engenhão não passasse em branco para cerca de 20 mil torcedores presentes em Botafogo e Vasco. Ernani fez o gol vascaíno após uma bela jogada, e Herrera marcou o gol botafoguense em cobrança de pênalti. Dois lampejos em meio a uma sucessão de maus tratos à bola durante 90 minutos no clássico do Rio de Janeiro.

A partida prometeu equilíbrio desde o início. O botafoguense Herrera, em chute para fora diante de Fernando Prass, e uma cabeçada do vascaíno Nílton que passou perto do gol de Jefferson foram as primeiras tentativas das equipes. Reflexos de erros de ambas as zagas, que revelavam seus problemas crônicos logo nos primeiros minutos. Os três zagueiros do Botafogo batiam cabeça em jogadas aéreas dos adversários, enquanto a dupla do Vasco parecia displicente em alguns lances.

Armado de maneira mais ofensiva - com os alas Alessandro e Somália mais próximos do ataque, e o meio-de-campo trazendo a ofensividade de Túlio Souza e Lúcio Flávio - o Botafogo aos poucos ficou mais presente na área vascaína. E aos 10 minutos, veio um novo desperdício de ataque alvinegro. Lúcio Flávio adentrou na área mas, diante do gol, preferiu cavar um pênalti. O árbitro Carlos Eugênio Simon mandou o jogo prosseguir.

Apesar de investir em Jéferson (um jogador mais habilidoso no meio-de-campo do Vasco), o time ainda encontrava dificuldades de se lançar ao ataque. O trio de volantes se limitava a evitar os ataques botafoguenses, com Jumar e Rafael Carioca não tendo nenhum talento de passe. Nílton, o jogador considerado mais habilidoso entre os três, mostrava raça, mas acertava poucos passes e pouquíssimos chutes precisos a gol. Escalado no ataque, Philippe Coutinho tinha de voltar ao meio para tentar jogadas com Jéferson.

Ironicamente, no primeiro passe certo que deu na noite, Jumar sentiu um problema na coxa. Aos 20 minutos, Souza entrou em seu lugar. O volume de jogo vascaíno cresceu, mas demorou um pouco para chegar ao gol alvinegro. Erros de passe primários e uma tendência a dribles pouco objetivos eram facilmente neutralizados. Até que, aos 26 minutos, veio o lampejo vascaíno no Engenhão. Philippe Coutinho tocou para Ernani. O lateral-esquerda aproveitou uma sucessão de falhas botafoguenses e entrou na área para tocar na saída de Jefferson.

O time do Botafogo tornou a pressionar o adversário e, numa cobrança de escanteio, um erro vascaíno deu margem à individualidade decisiva do alvinegro. Lúcio Flávio cobrou rasteiro, Dedé tentou chutar pela linha de fundo e a bola bateu na mão de Nílton, que estava caído. Simon marcou pênalti. Herrera bateu com categoria, empatando o jogo aos 35.

O segundo tempo começou com superioridade do Vasco. Aos cinco minutos, Élton colocou Jéferson na cara do gol. O meia colocou no fundo da rede de seu xará Jefferson, mas o gol foi anulado, pois o bandeira afirmou que Élton puxou a camisa do zagueiro Fahel. Nos lances seguintes, Nílton e Jéferson também desperdiçaram chances claras.

Mas logo a partida ficou equilibrada novamente. Com a boa entrada de Edno no lugar de Túlio Souza, o Botafogo chegou com mais frequência ao ataque. O camisa 11 botafoguense mal entrou em campo e deu um chute perigoso que Fernando Prass espalmou. Só que o ataque pouco ajudava. Herrera parecia desgastado, enquanto Caio fazia uma péssima partida.O "talismã" de Joel Santana era facilmente neutralizado pela dupla Dedé e Titi (este entrou no lugar de Cesinha, que saiu contundido no intervalo).

Do lado do Vasco, Philippe Coutinho seguia incansável na busca de jogadas, enquanto Jéferson demonstrava sinais de cansaço e Élton se resumia a trombar com os zagueiros botafoguenses. As oportunidades vinham em chutes de fora da área, a maioria sem qualquer direção ao gol.

Os erros aconteciam em massa dos dois lados. Trocas de passe mal feitas na parte ofensiva contribuíam para dar um panorama equivocado de que os zagueiros dos dois times estavam num dia inspirado. Celso Roth tentou dar ao Vasco um pouco de gás no meio-de-campo, mas a substituição de Jéferson por Magno só deixou a torcida impaciente diante das firulas do camisa 17.

Joel Santana também tentou levar o Botafogo para a frente. Mas a falta de um bom banco de reservas comprometeu sua boa intenção. A troca de Alessandro por Marcelo Cordeiro (fazendo com que Somália passasse da ala esquerda para a ala direita, pois o jogador que entrou atua pela esquerda) só gerou correria diante de seus companheiros cansados. Por mais que tenha características ofensivas, Renato Cajá não era o nome ideal para substituir Caio - que saiu vaiado.

Os dois treinadores acabaram assistindo a um jogo estranhíssimo, no qual cada equipe ficava acuada em sua defesa, e permitiam uma brecha imensa no meio-de-campo. A última tentativa mais clara de gol veio numa jogada individual vascaína. O lateral Élder Granja partiu para o ataque, aproveitou os buracos do lado esquerdo botafoguense e chegou diante de Jefferson. Mas no momento decisivo, seu chute saiu fraco.

A partida teve um final simbólico para Botafogo e Vasco. Seus dois autores de bom futebol causaram últimas impressões desagradáveis. Herrera, diante do gol vascaíno, chutou uma bola por cima do travessão. Ernani, da intermediária, arriscou um chute potente, mas a bola passou bem distante das traves botafoguenses.

Com o empate, o Botafogo continua em quinto lugar, com oito pontos e o dissabor de mais uma vez deixar escapar a oportunidade de ficar entre os quatro primeiros do Campeonato Brasileiro (em especial porque seu adversário direto, o Avaí, tinha empatado com o Vitória no sábado, em Santa Catarina). O Vasco passou mais uma rodada fora da zona de rebaixamento, mas no limite, com os mesmos cinco pontos do Grêmio Prudente, mas tendo um saldo de gols superior em um gol.

No gramado do Engenhão, o público carioca viu as consequências de problemas que o Rio de Janeiro tem a cada edição do Brasileirão. Elencos limitados, times sem padrão de jogo definido ou que vão sendo montados durante uma competição. E, a cada partida, as equipes do estado ficam reféns de lampejos individuais dos que entram em campo. Um panorama bem mais imprevísivel do que apontar favorito em clássico. A única parte previsível é esperar que venham momentos de más impressões.

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O tempo e o placar... traz o que houve de melhor e de pior na quinta rodada do Campeonato Brasileiro:

O CHUTAÇO

13 pontos ganhos em 15 disputados. Não há dúvidas de que o CORÍNTHIANS tem um time pronto, competitivo para brigar pelo título do Campeonato Brasileiro. A vitória sobre o Santos por 4 a 2 mostra a seriedade do time nestes primeiros sete jogos antes da Copa do Mundo.

A FURADA

O ATLÉTICO PARANAENSE reflete em campo o amadorismo de sua atual diretoria. O treinador permanece no cargo com aviso prévio, pelo menos até acertar com um novo nome para o comando. Como motivar os jogadores sabendo que as coisas vão mudar em breve? O resultado: derrota por 4 a 1 para o Internacional.

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RESULTADOS

Sábado

Flamengo 1x1 Grêmio (Maracanã)
Palmeiras 0x0 Prudente (Arena Barueri)
Avaí 0x0 Vitória (Ressacada)

Domingo

Corínthians 4x2 Santos (Pacaembu)
Guarani 0x0 São Paulo (Brinco de Ouro da Princesa)
Atlético Mineiro 1x3 Fluminense (Mineirão)
Internacional 4x1 Atlético Paranaense (Beira-Rio)
Ceará 1x0 Cruzeiro (Castelão)
Atlético Goianiense 1x3 Goiás (Serra Dourada)
Botafogo 1x1 Vasco (Engenhão)

domingo, 30 de maio de 2010

Dois cansaços




Análise de jogo: Flamengo 1 x 1 Grêmio (Maracanã, 18h30)

Flamengo e Grêmio protagonizaram no Maracanã um jogo que teve dois cansaços. O rubro-negro, um cansaço físico, em especial de Petkovic, seu jogador mais lúcido enquanto esteve em campo. O tricolor gaúcho, mergulhado num cansaço preguiçoso, de quem renunciou ao ataque mesmo jogando melhor no segundo tempo. O resultado foi o empate em 1 a 1. Petkovic marcou para o Flamengo e Rodrigo fez o gol do Grêmio.

A postura flamenguista foi diferente do que o time apresentou no meio de semana, na derrota por 2 a 1 para o Fluminense (também no Maracanã). Rogério Lourenço escalou três zagueiros, e permitiu que Léo Moura e Juan se aproximassem mais ndo ataque. Aos seis minutos, veio da lateral o gol do rubro-negro. Pet lançou na direita para Léo Moura. O camisa 2 cruzou, Vágner Love subiu mais que os zagueiros gremistas e cabeceou. A bola bateu na trave de Victor, mas, na sobra, Vinícius Pacheco tocou para Petkovic chutar longe do alcance do camisa 1 gremista.

De contrato renovado após longa negociação, o sérvio era o melhor jogador do Flamengo na partida. Com boa movimentação e passes precisos, Petkovic trazia esperanças para a torcida rubro-negra (mais uma vez comparecendo em público pequeno, apenas 7 mil pessoas assistiram à partida) e proporcionava muitas chances de gol. Uma aos 14, em chute dele que foi defendido por Victor. Na outra, Vinícius Pacheco esteve diante do goleiro gremista, mas preferiu jogar no meio da área e permitiu o corte da zaga.

Só que o Flamengo comprovou que tinha apenas Petkovic atuando bem em campo. A partir da metade do segundo tempo, o camisa 43 estava visivelmente cansado, dando a sensação de que a equipe não tinha mais pulmão suficiente para chegar à área adversária. Antes acuado, o Grêmio passou a chegar perto do gol de Bruno e perdeu três chances - com Hugo aos 28 e Jonas aos 29, além de uma cobrança de falta de Edílson aos 30, na qual um desvio na barreira tornou mais difícil a defesa de Bruno.

Era pouco, pouquíssimo para o Grêmio, mas o time de Silas voltou a ficar na defesa, talvez se guardando para o segundo tempo e com receio de evitar mais gols. E o assistente evitou o segundo gol do Flamengo aos 44 minutos, quando Vágner Love colocou a bola no fundo da rede depois de um cruzamento de Léo Moura. O gol foi anulado pelo árbitro Wilton Freire Sampaio, depois que o bandeirinha deu impedimento (segundo o replay da televisão, marcado incorretamente).

O segundo tempo prometeu uma repetição do início do jogo. O Flamengo voltou a se lançar ao ataque, e o Grêmio seguia fechado na defesa, sem poder ofensivo mesmo com a saída do inoperante William para a entrada de Roberson. Mais uma vez uma jogada iniciou com Petkovic. Mais uma vez Vágner Love perdeu um gol dentro da área - desta vez, um chute que Victor defendeu com a perna. E mais uma vez houve um gol aos seis minutos.

Entretanto, o gol foi gremista. Fábio Rochemback cobrou escanteio e o zagueiro Rodrigo subiu diante da zaga que não saiu do chão para desviar a bola no fundo da rede de Bruno. O filme mudou suas cores. Se no primeiro tempo, era o uniforme rubro-negro presente no campo tricolor, a segunda etapa mostrou o azul, branco e preto se lançando ao ataque, deixando o vermelho e preto restrito ao redor da área.

Rogério Lourenço pôs em campo Diego Maurício no lugar de Vinícius Pacheco aos 14. O cansaço dominava Petkovic, e um jogador mais veloz poderia melhorar o meio-de-campo. No entanto, o técnico achou que a troca fez o time se expor em campo, e só restou a opção de tirar o sérvio da partida. Aos 20, Pet saiu para a entrada de Ramón, um jogador descansado que poderia ajudar na defesa e no ataque. Esta troca teve apenas uma consequência: Rogério ouvir os gritos de "burro" vindos da arquibancada.

O ritmo da partida caiu, enquanto Ramón escorregava todas as vezes que pegava na bola. Numa delas, ele permitiu que Hugo cruzasse a bola na área flamenguista, e Jonas perdeu um gol incrível diante de Bruno. O Grêmio tinha domínio no meio-de-campo, e parecia próximo do gol. Mas a situação mudou através da ordem de Silas: em vez de continuar a pressão, o tricolor gaúcho deveria permanecer na defesa. Os gritos de "acabou, acabou" e "recua" chegaram aos ouvidos dos jogadores. O empate era um resultado satisfatório.

Era a chance de Rogério Lourenço levar o Flamengo à vitória. E o treinador ousou, trocando Álvaro por um atacante. O problema é que o jogador que entrou em campo foi Gil, que há tempos não era relacionado sequer para o banco de reservas do Flamengo, e a cada momento em campo mostrava sua queda de qualidade no passe e na finalização. O rubro-negro chegava à área gremista de maneira atabalhoada, e a bola passava longe do gol com os sucessivos erros de seus atletas (destaque negativo para o lateral-esquerda Juan, que errou tudo o que tentou).

Ao final dos 90 minutos, Flamengo e Grêmio saíram derrotados. Cada um perdeu dois pontos, desgastados pela incapacidade de superar as próprias limitações. Não é à toa que ambos estão no meio da lista de classificação do Campeonato Brasileiro. A sensação que dá é que os times ainda não quiseram estrear na competição.

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Em algumas rodadas, O tempo e o placar... fará análises de jogos aos domingos. Mas a segunda-feira também trará análises da rodada do Campeonato Brasileiro, com direito à seções O CHUTAÇO e A FURADA.

sábado, 29 de maio de 2010

Fim de uma era de sobrevivência



Durou cinco meses a permanência de Jorge Fossati como treinador do Internacional. No calendário, pouco tempo, mas que pareceu muito, diante da situação pela qual o uruguaio passou no clube gaúcho. Afinal, cada 90 minutos do time colorado pareciam uma eternidade para um técnico sempre contestado ,e que passou a maior parte de seu trabalho na iminência de perder o emprego.

Fossati chegou em um time que ficou em segundo lugar do Campeonato Brasileiro de 2009 e, com isto, chegava a 2010 trazendo um elenco acima da média, à espera de um treinador especialista em competições sul-americanas. Diante de tal panorama, nada melhor do que contratar um homem com boa experiência no assunto - e o uruguaio tinha levado a LDU ao título da Copa Sul-Americana do ano anterior.

No entanto, desde que começou no Inter, o treinador ficou marcado por uma incompatibilidade com torcida e direção coloradas. O time demorou a encontrar um padrão de jogo, em especial porque no Campeonato Gaúcho entravam em campo os reservas. As vitórias não muito convincentes dos titulares na Taça Libertadores da América ficavam ainda mais agravadas pelo insucesso no primeiro turno do Gauchão - onde Fossati poupou seus titulares numa semifinal e a equipe foi derrotada pelo Novo Hamburgo.

Mesmo assim, o uruguaio foi sobrevivendo, partida por partida, com a conquista do segundo turno do Gauchão e uma melhora nas atuações da Libertadores. As coisas pareciam mais calmas para o técnico. Veio a perda do Campeonato Gaúcho para o Grêmio (na qual, mais uma vez, ele teve de voltar atrás depois da decisão de escalar reservas em pleno Gre-Nal decisivo), mas a classificação para as oitavas-de-final da competição sul-americana amenizaram as coisas no Beira-Rio.

Dois argentinos ficaram pelo meio do caminho na Taça Libertadores da América - o Banfield e o campeão do torneio do ano passado, Estudiantes - e tudo parecia resolvido pelo menos até as semifinais da competição. Mas, eis que o pensamento imediatista surgiu como adversário implacável.

Uma vitória, três derrotas (a mais recente após começar vencendo por 2 a 0 e, no segundo tempo, permitir a virada do Vasco para 3 a 2) e as últimas colocações no início do Campeonato Brasileiro foram peso suficiente para desequilibrar Jorge Fossati nesta corda bamba. E assim foi sacramentada a injustiça do Internacional, que desde o primeiro mês quis ver o trabalho de Fossati apenas com maus olhos.

Com a queda de Jorge Fossati, chega ao fim uma era de sobrevivência no Internacional. Virá um novo treinador, que terá três jogos do Campeonato Brasileiro pela frente antes da parada da Copa do Mundo. No fim de julho, o colorado volta suas atenções para as semifinais da Taça Libertadores da América, em duas partidas contra o São Paulo. Mas depois desta instabilidade toda, o time vai encontrar resistência para uma sobrevida dentro de campo?

sexta-feira, 28 de maio de 2010

Engatando a primeira



A quarta rodada do Campeonato Brasileiro terminou com um dado curioso. Nenhum time visitante saiu de campo com vitória. Até mesmo no Maracanã, campo neutro da partida entre Fluminense e Flamengo, o vencedor foi o mandante. Jogar em seu próprio campo foi um dos fatores que ajudaram três clubes a engatarem a primeira vitória na competição.

Na quarta-feira, o Grêmio superou seus desfalques e venceu por 3 a 0 o bom time do Avaí no Olímpico. A equipe gaúcha dá a sensação de ter finalmente adentrado no Campeonato Brasileiro, jogando com a raça e investindo num grupo no qual independe atuar com titulares ou reservas (o time estava na Copa do Brasil, e poupou alguns jogadores em rodadas anteriores). Em um torneio de pontos corridos, não dá para lamentar a ausência de jogadores por tantas rodadas.

Outro time que preteriu o Campeonato Brasileiro e priorizou a Copa do Brasil foi o Vitória. O rubro-negro baiano comprovou que será um adversário difícil na final da competição (contra o Santos, depois da parada da Copa do Mundo). O time não hesitou em buscar o resultado desde o início, e mesmo cedendo o empate ao Atlético Mineiro por três vezes na partida, saiu do Barradão com uma vitória por 4 a 3. Um primeiro triunfo marcado pelo futebol incansável.

Incansável como foi o Vasco em São Januário. Depois de um primeiro tempo com volume de jogo bom e sem conclusão para gol, duas falhas da zaga permitiram gols de Andrezinho e uma sucessão de vaias e protestos na arquibancada. Mas a garra entrou em campo na segunda etapa, e o time vascaíno venceu o Internacional por 3 a 2. Primeira vitória no retorno à Série A e um suspiro de alívio para uma equipe que estava em crise.

Em crise permanece o Atlético Goianiense, após a derrota para outro Atlético, o Paranaense, no duelo entre times que ainda não tinham vencido no Campeonato Brasileiro. No retorno à Primeira Divisão, o time goiano parece ainda ter resquícios da Série B. Apesar de ter mantido a base dos anos anteriores, é muito pouco o que o Dragão apresentou nas quatro rodadas iniciais.

O futebol goiano vem sendo a decepção no Campeonato Brasileiro. Além do Atlético, o Goiás também teve apenas um ponto em 12 disputados. O estado chega à quinta rodada precisando urgentemente pegar no tranco, e não pode ficar restrito a ganhar uma. Goiás e Atlético Goianiense devem pensar em ganhar a primeira, e evitarem ficar parados no caminho do Brasileirão.

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O tempo e o placar... traz o que houve de melhor e de pior na quarta rodada do Campeonato Brasileiro.

O CHUTAÇO

Atacante contestado em todos os clubes que atuou, SCHWENCK foi decisivo para o primeiro triunfo do Vitória. Foram três gols no 4 a 3 sobre o Atlético Mineiro. É mais uma chance para tentar se firmar num clube de destaque na elite do futebol brasileiro.

A FURADA

O árbitro HÉBER ROBERTO LOPES teve mais uma atuação desastrosa ontem. Na partida entre Vasco e Internacional, não expulsou Fabiano Eller no primeiro tempo (mesmo depois da entrada violentíssima em Élton), e marcou pênalti em lance que o lateral vascaíno Ernani se atirou dentro da área.

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RESULTADOS

Quarta-feira

Vitória 4 x 3 Atlético Mineiro (Barradão)
Grêmio 3 x 0 Avaí (Olímpico)
Fluminense 2 x 1 Flamengo (Maracanã)
São Paulo 1 x 0 Palmeiras (Morumbi)
Cruzeiro 1 x 0 Botafogo (Mineirão)
Santos 3 x 1 Guarani (Vila Belmiro)
Prudente 2 x 2 Corínthians (Prudentão)

Quinta-feira

Atlético Paranaense 2 x 1 Atlético Goianiense (Arena da Baixada)
Goiás 0 x 0 Ceará (Castelão)
Vasco 3 x 2 Internacional (São Januário)

quinta-feira, 27 de maio de 2010

Sinal amarelo



Análise de quarta: Cruzeiro 1x0 Botafogo (Mineirão,21h50)

Na noite em que usou uniforme amarelo em homenagem à Seleção Brasileira, o Cruzeiro apresentou um futebol semelhante às atuações do Brasil de Dunga em alguns momentos. Um futebol burocrático, pífio, mas eficiente. O gol de Thiago Ribeiro foi suficiente para vencer o Botafogo no Mineirão e permanecer entre os quatro primeiros do Campeonato Brasileiro.

O início de partida foi promissor para os 8.501 pagantes. De um lado, um Cruzeiro que se lançava ao o ataque com velocidade e apostava na qualidade de sua dupla de ataque - Thiago Ribeiro e Kléber. Do lado adversário, um Botafogo bem armado com três zagueiros e usando os alas Alessandro e Somália para chegar aos homens de frente. Sim, homens de frente, pois os botafoguenses não contavam com nenhum de seus atacantes. Loco Abreu está com a seleção do Uruguai na preparação para a Copa do Mundo, enquanto Caio e Herrera estão suspensos por causa das expulsões diante do Goiás (os dois trocaram empurrões dentro do campo do Engenhão).

O Cruzeiro acuou o Botafogo. As chances iam se perdendo diante da zaga adversária, ou terminavam em chutes bisonhos de Kléber (mais uma vez em má atuação). Mas, aos 18 minutos, veio o gol. Jonathan fez uma boa jogada na linha de fundo e encontrou Thiago Ribeiro no meio da área. O atacante só desviou a bola para o fundo da rede de Jefferson. 1 a 0 Cruzeiro.

Em vez de aproveitar o bom momento na partida, o time de Adilson Batista se acomodou. Aos poucos, a marcação no meio-de-campo se afrouxou e permitiu que o Botafogo se aproximasse da defesa celeste. Mas o time de Joel Santana esbarrava em suas limitações, que ficaram mais evidentes com a ausência de atacantes natos. A tendência de Edno e de Renato Cajá era se limitar a buscar jogadas.

De tanto pressionar no fim da primeira etapa, os botafoguenses tiveram sua melhor chance aos 43 minutos. Somália chegou com perigo na esquerda e foi derrubado na grande área. Pênalti. Ainda abalado psicologicamente por desperdiçar suas mais recentes cobranças, o camisa 10 Lúcio Flávio designou Renato Cajá para bater a penalidade máxima. Cajá cobrou à meia altura e Fábio pulou para espalmar a bola.

O segundo tempo trouxe um jogo fora do itinerário habitual das partidas. Mesmo com sua equipe jogando como visitante, Joel Santana não hesitou em substituir o volante Sandro Silva pelo jovem atacante Alex. O Botafogo partiria para o ataque em pleno Mineirão. O Cruzeiro deixou de seguir o roteiro de time em vantagem que aproveita exposição do adversário num esquema ofensivo. A equipe mineira se defendeu ao redor de sua área, e praticamente passou 45 minutos assistindo às tentativas do alvinegro carioca.

E foram muitas. Mas a maioria delas parou nas mãos do goleiro Fábio - a tentativa de conclusão de Fahel após cabeçada de Antônio Carlos, um chute cruzado de Alex, entre outras. Aos poucos, o camisa 1, único a ostentar o tradicional azul e branco do Cruzeiro, se sobressaía ao futebol amarelado, tão amarelado quanto a cor do uniforme de seus companheiros de equipe.

A impaciência da torcida mineira se acentuava a cada minuto. E a ausência de poder ofensivo acabou descontada no treinador, chamado de "burro" em suas substituições. Primeiro, quando Roger foi substituído por Pedro Ken - uma substituição por cansaço, mas vista como uma queda de qualidade no passe do meio-de-campo. E da segunda vez, quando o autor do gol saiu de campo. Guerrón entrou no lugar de Thiago Ribeiro, e o atacante equatoriano só foi notado aos 33 minutos, em um chute forte que Jefferson defendeu com dificuldade. A um minuto do fim, Alessandro chutou rasteiro, à esquerda do gol de Fábio. Foi a derradeira chance do Botafogo.

O jogo do Mineirão terminou com sinal amarelo para ambas as equipes. O Cruzeiro saiu sob vaias, símbolos da insatisfação da torcida por assistir a um futebol sem nenhuma demonstração de vontade. O Botafogo teve sua primeira derrota no Campeonato Brasileiro e deixou escapar a chance de se manter nas primeiras posições da classificação. A equipe volta para o Rio de Janeiro consciente de que ainda precisam reforços para sanar as limitações de um elenco que não soube se sobressair a um bom time. Mesmo quando ele jogou para o gasto.


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AVISO:

Nas rodadas de meio de semana, O tempo e o placar... vai continuar a publicar suas análises de quarta. Mas as seções de O CHUTAÇO e A FURADA sairão apenas na crônica de sexta.

Estas crônicas também são publicadas na página eletrônica Almanaque Virtual. Lá, eles não permitem que este que vos escreve faça textos sobre jogos do Fluminense. Aos leitores tricolores fica a promessa de que assuntos da equipe serão debatidos neste espaço. O blogue também aceita sugestões de reportagens, de torcedores do tricolor das Laranjeiras e de todas as outras equipes.

quarta-feira, 26 de maio de 2010

Jogo de poderes



O impasse da permanência de Adriano no Flamengo segue de maneira arrastada, apesar do capítulo final ter sido anunciado pelo próprio jogador. O atacante se despediu de seus companheiros e falou da perspectiva de voltar ao futebol italiano, agora vestindo a camisa da Roma. No entanto, na Gávea ninguém bate o martelo sobre o assunto, e ainda proporciona situações esdrúxulas aos olhos do cenário futebolístico.

A mais recente delas aconteceu no final da tarde de ontem. A presidenta Patrícia Amorim disse que ia se pronunciar definitivamente sobre o assunto. Não compareceu. Acabou promovido a porta-voz da situação do jogador flamenguista o empresário de Adriano, Gilmar Rinaldi. A coletiva na sala do Flamengo, tendo ao fundo o símbolo do clube e as marcas de material esportivo e patrocinadores foi montada para alguém que não tem nenhuma ligação direta com o rubro-negro da Gávea.

O destaque que a palavra de Gilmar Rinaldi ganhou mostra a dimensão que foi dada aos empresários no futebol brasileiro. De nada adianta o jogador querer sair do clube, comunicar isto a seus companheiros de equipe. A decisão final tem de vir da assinatura do empresário.

E o que soa mais esquisito na questão contratual de Adriano é que mesmo com o jogador não querendo, Gilmar faz mistério e a presidenta Patrícia Amorim demonstra interesse em contar com quem já anunciou a própria saída. A contradição fica ainda maior quando Patrícia afirma que não quer mais fazer negociação com Gilmar Rinaldi. Isto um dia depois de armarem um cenário de coletiva do Flamengo para o empresário falar.



A interrogação em relação ao futuro de Adriano promete continuar por alguns dias. Mas a única certeza que fica explícita neste cenário é de que os interesses de Gilmar Rinaldi não compactuam com os interesses do Flamengo. Tanto pelas supostas ideias que ele teria colocado na cabeça da mãe de Adriano (segundo o narrador José Carlos Araújo, da Rádio Globo, Gilmar teria a convencido de que era melhor o jogador ir para a Itália, lugar onde esqueceria a ex-namorada Joana Machado) quanto por uma de suas declarações na coletiva. Perguntado sobre o interesse flamenguista em contratar o atacante Washington, do São Paulo, o empresário afirmou que seu jogador tem contrato até o final do ano com o clube paulista. E completou com "eu não quero que ele saia do São Paulo".

O caso Adriano não é apenas uma trama arrastada. Trata-se de uma história que não quer ter um autor oficial. Nem Adriano, nem Gilmar Rinaldi, nem Patrícia Amorim se pronunciam, dando a sensação de que há uma "guerra fria" para saber qual palavra fala mais alto. Pelo que aconteceu ontem no Flamengo, parece que a presidenta delegou ao empresário e suposto desafeto o poder da palavra final.

terça-feira, 25 de maio de 2010

Vitórias do amanhã



A atitude do técnico Dorival Júnior em afastar jogadores importantes de sua equipe - André, Paulo Henrique Ganso, Neymar e Madson - por chegarem com atraso de quatro horas ao treino traz algumas arestas no comando do Santos. Mas, sem sombra de dúvida, a mais importante delas é de que um clube outrora marcado por divergências políticas e uma confusão em seu departamento de futebol, tem uma disciplina bem oportuna para os dias de hoje.

Disciplina que não mede a importância que um jogador supostamente tenha na equipe. Não há regalias para os jogadores que têm maior atenção da torcida e da crítica especializada. Todos estão sujeitos a uma represália caso não correspondam nos treinamentos.

Algumas vertentes disseram que o treinador fez isto porque sabe que há peças de reposição em seu elenco, e, num time limitado o máximo que os jogadores receberiam era uma advertência verbal. No padrão de conduta de Dorival Júnior esta possibilidade não é tão clara. No Vasco do ano passado, ele não pensou duas vezes em dispensar por indisciplina os goleiros Anderson e Rafael depois de uma noitada na pré-temporada do Espírito Santo. O primeiro, um aspirante de 19 anos que poderia render bem no clube. E o segundo, nada menos do que o goleiro titular na reta final do Campeonato Brasileiro de 2008 e considerado um dos poucos bons jogadores da equipe que caiu para a Segunda Divisão.

O jornalista Milton Neves foi enfático ao dizer que o time do Santos é que foi punido, por não contar com seus melhores jogadores na partida contra o Atlético Goianiense. Mesmo sem eles, o time venceu os goianos por 2 a 1 no Serra Dourada.

Os desfalques poderiam comprometer a vitória santista? Sim. Mas Dorival Júnior não pensou de maneira imediatista, visando apenas os três pontos da segunda rodada do Campeonato Brasileiro na partida contra o Atlético Goianiense. Ele pensou numa punição aos quatro jogadores e fez os outros sentirem no campo as dificuldades que podem acontecer caso um deles não siga o cronograma pensado no time. A melhor forma de repreender um erro não é meramente tirar uma regalia, e sim mostrar que um erro pode trazer consequências ao restante do elenco.

Dorival Júnior cometeu muitos erros dentro de campo como treinador do Santos. Mas nesta questão disciplinar fora das quatro linhas, tomou uma bela atitude para o time e para o futebol brasileiro. Um exemplo em meio a regalias e imunidades como foram apresentadas no Flamengo, por exemplo, com a dupla de ataque Adriano e Vágner Love.

E, sob o comando do time santista, Dorival confirmou que não se preocupa apenas com os resultados de hoje. Sua conduta de trabalho também deseja trazer vitórias do amanhã. O Santos não é o campeão paulista nem está numa final de Copa do Brasil por meros acasos do futebol.

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BOLA PRO MATO



20 torcedores do Vasco invadiram o campo de São Januário para cobrar posturas mais firmes de seus jogadores (o time tem apenas um ponto em nove disputados, sua campanha traz um empate e duas derrotas). Protesto é uma coisa, intimidação aos jogadores é outra completamente diferente. Foi visível a mudança que Celso Roth deu à equipe na partida contra o Avaí - e no Ressacada o time de Santa Catarina não perde há 24 jogos, o que tornava ainda mais inglória a luta vascaína. A diretoria se mexeu, trouxe um treinador com pulso firme e que deu uma postura melhor ao Vasco. E a torcida tem de apoiar e dar credibilidade para um time que não é fraco, mas convive com uma depressão psicológica neste ano de retorno à Primeira Divisão.

segunda-feira, 24 de maio de 2010

Acabando a brincadeira



Três rodadas. Foi o tempo necessário para o Campeonato Brasileiro começar a ter resquícios de seriedade entre todos os 20 clubes. Com a parada para a Copa do Mundo, os jogos decisivos ficaram para julho, e os times começaram a apresentar seus jogadores titulares também na competição.

Eliminados da Taça Libertadores da América, Corínthians e Flamengo encararam de maneira diferente estes passos iniciais. Enquanto os corintianos são os únicos a estar com três vitórias em três jogos, os rubro-negros se contentaram com modestos empates contra reservas de São Paulo e Vitória e, no sufoco, saíram com uma vitória sobre o Prudente ontem.

Também desclassificado da competição sul-americana, o Cruzeiro mostrou nas últimas duas rodadas instabilidade durante os 90 minutos. Após vitória sobre o Internacional na estreia, tanto contra Avaí quanto diante do Guarani, o time começou perdendo por 2 a 0 e chegou ao empate.

Os dois semifinalistas brasileiros na Libertadores fizeram uma prévia do confronto de julho. E no embate do Beira-Rio, o visitante São Paulo venceu o Inter. Com um dado curioso: ex-jogador colorado, o são-paulino Fernandão marcou na partida.

Protagonistas da decisão da Copa do Brasil, Santos e Vitória tendem a seguir caminhos opostos no Campeonato Brasileiro. Os santistas conseguiram sua primeira vitória, sobre o Atlético Goianiense, e o rubro-negro baiano foi derrotado pelo Ceará.

Aos poucos, o Brasileirão vai voltando a ter sua verdadeira força. Mas não há como o torcedor se enganar, pois esta será uma primeira e fugaz parte do torneio. Ainda vão passar pela temporada uma parada para a Copa do Mundo e uma janela para o exterior. A diferença é que esta rodada comprova que acabou a brincadeira, e os 20 clubes que estão aí não são mais mistos ou remendos para cumprir tabela.

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O tempo e o placar... apresenta o que houve de melhor e de pior na terceira rodada do Campeonato Brasileiro de 2010:

O CHUTAÇO

O grande chute da rodada veio com as mãos. O goleiro RENAN foi o encarregado de substituir Zé Carlos, expulso na partida anterior do Avaí contra o Cruzeiro. E, aos 19 anos, mostrou maturidade suficiente para fechar o gol e permitir a vitória de seu time sobre o Vasco, por 2 a 0.

A FURADA

O time estava jogando em casa, ganhava por 3 a 0 do Goiás e tinha um jogador a mais do que o adversário. Mesmo assim, CAIO E HERRERA quiseram complicar as coisas para o Botafogo, trocando empurrões e discutindo no gramado do Engenhão. Ambos foram expulsos, e vão prejudicar a equipe alvinegra na próxima rodada.

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RESULTADOS - TERCEIRA RODADA


Sábado


Botafogo 3 x 0 Goiás, no Engenhão
Atlético Goianiense 1x2 Santos, no Serra Dourada
Palmeiras 4x2 Grêmio, no Palestra Itália

Domingo


Corínthians 1x0 Fluminense, no Pacaembu
Atlético Mineiro 3x1 Atlético Paranaense, no Mineirão
Internacional 0x2 São Paulo, no Beira-Rio
Ceará 1x0 Vitória, no Castelão
Avaí 2x0 Vasco, no Ressacada
Flamengo 3x1 Prudente, no Maracanã
Guarani 2x2 Cruzeiro, no Brinco de Ouro da Princesa

domingo, 23 de maio de 2010

10 é a camisa dele



A Editora Contexto se arrisca mais uma vez a contextualizar em livro um assunto que passa por tantos gramados pelo Brasil afora. E coube ao jornalista Marcelo Barreto dimensionar em 254 páginas a grandeza de jogadores definidos como "camisa 10" do futebol nacional.

Em Os 11 maiores camisas 10 do futebol brasileiro, Marcelo teve de passar por uma série de caminhos, diferenciar esquemas táticos e fazer uma escalação minuciosa de seus 11 nomes.

Alguns camisas 10 vieram naturalmente. Pelé, Zizinho, Zico e Rivellino. Outros foram jogadores que, infelizmente, não tiveram tantos holofotes, casos de Ademir da Guia e Dirceu Lopes. E, na memória recente do futebol brasileiro, as escolhas de Rivaldo, Ronaldinho Gaúcho, Raí, Kaká e Neto vêm com bastante contestação.

Rivaldo é associado à eliminação nos Jogos Olímpicos de 1996, Ronaldinho teve ótimo momento apenas em 2002 e uma série de fiascos na Seleção Brasileira, Raí destoou na equipe tetracampeã em 1994, Kaká está às voltas com lesões, e Neto não foi muito além de suas ótimas atuações pelo Corínthians. Questões que surgem sempre para se opor a esta escalação de Barreto.

A outra oposição é à falta de jogadores que ostentaram a camisa 10, como Jairzinho, Roberto Dinamite, Bebeto e Edmundo. Em relação a isto, o autor deixa claro que estes nomes são centroavantes, não têm um estilo de jogo que se esperava de um "autêntico" camisa 10.

Mas, se no futebol a melhor defesa é o ataque, Marcelo Barreto ataca com bons argumentos para a escolha de sua seleção. Ex-jogadores como Gérson, Júnior e Leonardo e treinadores como Zagallo, Vanderlei Luxemburgo e Luiz Felipe Scolari são os trunfos para a boa discussão entrar em campo.

Mais do que despertar a discussão, Os 11 maiores camisas 10 do futebol brasileiro tem a inglória tarefa de escalar um timaço de jogadores, armar uma estratégia fatal para o adversário e ter uma visão ampla de jogo. Coisas que Marcelo Barreto soube fazer muito bem em seu livro.

sábado, 22 de maio de 2010

Era hora de parar



Está decidido. A partir do dia primeiro de junho, a paradinha no ato de uma cobrança de pênalti não será mais permitida. O batedor que fizer terá de repetir seu chute e, ainda por cima, receberá um cartão amarelo. Na marca do pênalti, os organizadores da FIFA fizeram um golaço. Uma coisa é o drible, outra coisa é a trapaça.

O jeitinho brasileiro criou a paradinha através de Pelé. A existência deste artifício foi consolidada durante os anos, nos pênaltis cobrados por craques como Djalminha e Romário. Entretanto, nos últimos anos, os batedores prostituíram o recurso, tornando a tentativa da defesa de um pênalti ainda mais inglória para o goleiro.

Em vez de dar algumas paradas durante a corrida para a marca de cal, alguns jogadores começaram a parar no momento crucial de uma cobrança. Outros, fingiam um chute para, com o goleiro caído no chão, colocar a bola no fundo da rede. A injustiça ficava ainda maior por causa dos limites impostos ao defensor da cobrança: ele não pode se mexer fora da linha do gol, e nem se adiantar antes do chute. Mas como não sair se o cobrador está com o pé diante da bola?

A impressão que os cobradores dão é de que vale tudo por um gol. Até mesmo esperar o goleiro ficar no chão para não dar nenhuma chance de defesa a ele. Um pensamento tão baixo quanto parar um jogador talentoso com seguidas faltas.



Como no pênalti o maior beneficiado é o cobrador, a saída era mesmo impedir mais este abuso. Afinal, com o tempo o artifício não ficou restrito a parar no momento do chute. Apareciam lances ainda mais estranhos a cada pênalti. De cobradores que davam um chute no ar antes da cobrança verdadeira (caso do zagueiro João Filipe, do Figueirense, no vídeo acima) a batedores que passavam o pé por cima da bola duas ou três vezes (o atacante Fred, atualmente no Fluminense, fez isto em algumas oportunidades).



Mas a falta de limite nas cobranças de pênalti não prejudicou goleiros apenas pelos gols sofridos. O goleiro Wender, do Brusque, foi vítima duas vezes deste artifício. Tanto por não conseguir evitar o gol do Joinville na partida pelo Campeonato Catarinense (em que seu time perdeu por 3 a 2) quanto por, ao notar a paradinha de Lima, tentar voltar atrás e acabar caindo de mau jeito. A consequência para Wender foi uma luxação no cotovelo (o vídeo aparece acima, na reportagem do Sportv).

Era mesmo hora de parar com estes abusos dos cobradores de pênalti. O veto à paradinha antes da penalidade máxima não é uma punição ao bom futebol e ao poder de ilusão causado por um drible. A resolução da FIFA serve para evitar trapaças e evitar a ideia deturpada de que vale tudo pelo bom resultado.

sexta-feira, 21 de maio de 2010

Sem gordura para queimar



O técnico Geraldo Peluso por pouco não foi frito no Estádio Santa Laura. Vágner Love e Adriano, dupla de ataque definida por ele como "Império do Colesterol", deu um gosto amargo à torcida chilena ao marcar dois gols. Mas o gol de Montillo, por cobertura, desandou a tentativa rubro-negra de se classificar na Taça Libertadores da América e, mesmo com a derrota por 2 a 1, o Universidad de Chile se classificou.

A derrota por 3 a 2 no jogo do Maracanã exigia uma nova receita para o Flamengo. A equipe se lançou ao ataque desde o primeiro minuto da partida, em busca de um sabor diferente ao final dos 90 minutos. As pitadas de disposição eram visíveis, em especial nos pés de Adriano. Graças a um passe de letra dele, veio o primeiro lance de gol da partida, em que Vágner Love chutou para fora aos dois minutos.

Se no Rio de Janeiro o Universidad de Chile trouxe algumas variações na receita do 4-5-1 (com os meias Montillo e Nelson Pinto se aproximando mais do ataque), em Santiago o time seguia à risca o que mandara seu treinador. Olivera permanecia isolado entre os zagueiros. Mas, mesmo assim, a zaga flamenguista parecia desandar, cometendo faltas perto da área e se revelando permissiva com o adversário. Num dos erros do time, Montillo chegou à entrada da área e arriscou, mas a bola bateu no travessão de Bruno.

Os primeiros 15 minutos seguiram em banho-maria, na forma perfeita para uma La U tão recuada. O Flamengo batalhava sempre no campo de ataque, mas Rogério Lourenço fazia o time padecer de um clichê de futebol dito pelo técnico Oto Glória. "Sem ovos, não se faz omelete". Não adiantava buscar as jogadas de dentro da área, se no meio tinham os mesmos jogadores que dão uma característica mais defensiva. Escalar Toró, Williams e Kléberson e deixar Michael como o único meia de criação não era o esquema ideal para a noite. Em especial quando o criador de jogadas não faz uma boa partida.

Neste momento, o rubro-negro teve ao seu lado a disposição de Adriano. Em vez de ficar meramente na área, à espera de uma boa oportunidade, o camisa 10 criava as chances flamenguistas, com passes precisos para achar seus companheiros. Num deles, Michael chegou livre na área chilena, mas seu chute foi mandado para a linha de fundo por Miguel Pinto. Depois da cobrança de escanteio, na sobra Léo Moura chutou e a bola explodiu no travessão.

O primeiro tempo seguia com um empate insosso, quando Adriano conseguiu apimentar a partida. Após receber uma bola de Kléberson, ele arriscou uma bicicleta. No meio do caminho, a bola encontrou a cabeça de Vágner Love para dar um tom vermelho e preto em Santiago, aos 45 minutos. O Flamengo ia para o intervalo na frente do placar, e nem mesmo as moedas e pedras atiradas pela torcida chilena pareciam azedar a confiança da equipe.

Na volta do intervalo, Rogério Lourenço tirou Michael, jogador que destoava da boa atuação da equipe, e colocou no jogo Petkovic. A receita rubro-negra trazia agora a qualidade do passe e as boas cobranças de falta. Numa delas, a bola sobrou para Vágner Love, que furou diante do gol.

O sabor do jogo vinha com mais intensidade para ambas as torcidas, mas o paladar era diferente. Enquanto o Flamengo ansiava pelo gosto do gol da classificação, o Universidad de Chile achava doce cada bola que passava longe do gol. E os rubro-negros perdiam constantes oportunidades, a maior delas com Adriano, que deu uma cabeçada defendida por Miguel Pinto.

O time flamenguista levava a partida em fogo brando, mas uma desatenção da defesa fez as coisas azedarem. Livre de marcação, Montillo driblou Juan e arriscou perto da área. Mal posicionado, Bruno apenas olhou a bola passar por cobertura e chegar ao fundo da rede aos 28 minutos. O Flamengo novamente precisaria fazer dois gols.

Foram precisos quatro minutos para as coisas voltarem a se encaminhar. A massa desandou no setor defensivo do Universidad de Chile, e Adriano conseguiu encontrar Léo Moura livre na esquerda. Miguel Pinto saiu desesperado e, depois de um bate e rebate, a bola encontrou o pé camisa 10 da Gávea, que colocou a bola na rede.

Os últimos minutos seguiram um roteiro paradoxal. O panorama era previsível de uma partida de ataque contra defesa, corriqueiro quando um time se classifica perdendo por uma diferença curta de gols. Mas era imprevisível dizer quem sairia classificado para as semifinais da Libertadores no Estádio Santa Laura.

O Flamengo esquentava suas investidas no ataque, tirando os meias defensivos Toró e Kléberson para colocar em campo o meia-atacante Vinícius Pacheco e o atacante Bruno Mezenga, respectivamente. O Universidad de Chile seguia a receita de esfriar a partida, prendendo a bola no ataque ou tentando cavar algumas faltas perto da área adversária. O Flamengo quase chegou ao seu ponto de classificação aos 40 minutos, em nova cabeçada de Adriano defendida por Miguel Pinto. Mas aos 44 minutos, Williams gelou as coisas para o Flamengo, ao acertar uma cotovelada num adversário e ser expulso.

A última oportunidade veio aos 48 minutos. Vinícius Pacheco se encaminhou para o gol, mas tirou o doce da boca dos rubro-negros quando se atirou dentro da área. A vitória por 2 a 1 veio com um gosto amargo quando o árbitro uruguaio Roberto Silvera encerrou a partida. O Universidad de Chile está credenciado para enfrentar o Chivas Guadalajara, do México, na semifinal da competição. A outra semifinal é brasileira, entre São Paulo e Internacional.

A partida de Santiago foi o último toque numa receita apodrecida feita no caldeirão rubro-negro. Com ingredientes de noitadas, problemas extracampo, treinadores sem pulso firme, divisão desigual de regalias para jogadores e uma diretoria em que cada um quer colocar sua colher no gramado, a receita passou do ponto. E queimou o sonho do Flamengo de vencer a Taça Libertadores da América de 2010.

Sem nebulosidade



No trajeto rumo ao topo da Taça Libertadores da América, o Internacional passou por sua nebulosidade mais intensa até o momento. Mas, a dois minutos do fim, enxergou o caminho da classificação diante do argentino Estudiantes. Mesmo com a derrota por 2 a 1, o colorado se classificou por causa da vitória por 1 a 0 no Beira-Rio.

O primeiro tempo trouxe um panorama nublado para o futebol do Inter no Estádio Centenário. O time permanecia nulo diante do toque de bola do adversário, e sua única saída era recorrer a um argentino para tentar bons lances. D'Alessandro carregava a equipe nas costas, mas era facilmente neutralizado por seus marcadores.

E, além das nuvens, as coisas ficaram mais turbulentas em apenas dois minutos. Aos 20, quando um passe de Verón saiu como um raio e encontrou González para tocar na saída de Abbondanzieri, e aos 21, num chute que Pérez acertou no ângulo.

Foram mais 10 minutos até vir o primeiro ataque dos gaúchos, em jogada começada nos pés de Andrezinho que terminou nas mãos de Orión, onde foi o destino do chute de Alecsandro. Com a desvantagem que o eliminava, o Internacional decidiu ir em busca da classificação. Mas ela foi adiada para depois do intervalo.

No segundo tempo, o Estudiantes veio mais fechado, tentando suas chances nos momentos em que o Internacional errava. E os erros eram tantos que Jorge Fossati decidiu mexer no time. Numa substituição ousada, o lateral Nei saiu para a entrada do atacante Walter. Em seguida, D'Alessandro foi substituído por Giuliano.

A insistência continuava, mas o Inter não via a bola chegar ao gol. Vieram chances claras, como a que Walter chutou para fora aos 39. O horizonte ficava ainda mais nublado para o colorado.

Mas, aos 43, a neblina foi prejudicial para o Estudiantes. Não a do céu de Quilmes, mas a proporcionada pelos fogos de artifício que a torcida argentina soltava. Em meio a ela, Andrezinho viu Giuliano chegar perto da pequena área e chutar no canto direito de Orión. Era o gol da classificação do Internacional.

Com a nebulosidade dos 90 minutos vencida, o Inter ainda teve de passar pela escuridão da má conduta esportiva. Derrotados, os torcedores passaram a atirar objetos no gramado do Centenário, e alguns jogadores tentaram agredir atletas do Internacional. O zagueiro Desábato acertou uma cabeçada em Abbondanzieri.

Mas o futebol sobressaiu no fim, e o Inter está classificado para fazer a semifinal brasileira na Taça Libertadores da América. O time enfrenta o São Paulo para o Brasil conhecer qual o seu representante na final da competição sul-americana. De preferência, com um tempo claro para que o vencedor seja conhecido no campo.

quinta-feira, 20 de maio de 2010

A supremacia do ataque



Os dois jogos de quarta-feira definiram os finalistas da Copa do Brasil. E ambas as partidas deram a vaga através do verdadeiro critério de desempate do futebol: o gol. Nada de retranca, nada de vantagens conquistadas no primeiro jogo. Foi para a final o vitorioso de cada confronto de ontem.

Após um primeiro tempo em que a força do Grêmio se sobressaiu em 45 minutos perfeitos da sua zaga, a segunda etapa foi pontuada com três atos de categoria e uma virada na trama em relação à maturidade. O time do Santos não se abateu com a pressão da Vila Belmiro depois da falta de gols, e furou o bloqueio gremista com um belíssimo chute de Paulo Henrique Ganso aos seis minutos.

Com 25 minutos, uma jogada iniciada por André deixou Robinho livre para marcar por cobertura. Cinco minutos depois, o gol de Rafael Marques poderia dar um novo abatimento a um time considerado imaturo. Mas os santistas souberam administrar com tranquilidade a partida, e aos 40, num belo gol de Wesley, decretaram a classificação.

Perder a cabeça? Isso ficou do lado do Grêmio, quando o atacante Jonas pôs sua boa atuação a perder num desentendimento que levou junto o zagueiro adversário, Edu Dracena, e também no momento em que Rafael Marques acabou expulso ao fim da partida. Era a prova de que os meninos foram grandes na Vila Belmiro.



Na Bahia, houve a queda de um mito da Copa do Brasil de 2010. Time que não tomou gols em casa em toda sua campanha nesta edição do torneio, o Atlético Goianiense viu sua defesa se abrir por completo diante da superioridade visível do Vitória da Bahia. O rubro-negro baiano foi outro com o retorno do meia Ramón, que, além da boa movimentação, cobrou a falta que Uelinton desviou para o fundo da rede de Marcio.

Os baianos tiveram também um novo trunfo, com as pazes de Júnior com o gol. Desde que foi anunciada a acusação de falsidade ideológica, o atacante não tinha mais colocado a bola na rede. Desta vez ela veio, com um gol em cada tempo.

Ao final da partida, um princípio de transição do futebol, mas cercado de polêmicas. A FIFA definiu que a partir do dia primeiro de junho, a "paradinha" no momento da cobrança de pênalti está proibida. O lance é anulado e o batedor recebe um cartão amarelo. Mas, cerca de 20 dias antes da regra valer, o árbitro Héber Roberto Lopes a aplicou com o goleiro Viáfara.

O problema não foi a segunda cobrança de Viáfara, porque ela entrou no gol e o time venceu por 4 a 0. A situação fica delicada porque foi o terceiro cartão amarelo do goleiro, e ele não pode atuar na primeira partida da final da Copa do Brasil.

A torcida vai ter de esperar até depois da Copa do Mundo para conhecer o vencedor da Copa do Brasil - a final acontece nos dias 28 de julho e 4 de agosto. Com as idas e vindas de treinamentos fortes, de janelas de contratações e situações de dentro e fora das quatro linhas, é impossível indicar um favorito entre Santos e Vitória da Bahia. Mas, certamente, a ideia favorita dos torcedores é de que o vencedor seja aquele que fizer mais gols. Como foi nas duas semifinais.

quarta-feira, 19 de maio de 2010

História desbotada



O jogo contra o Universidad de Chile na Taça Libertadores da América está para chegar, mas a partida do Flamengo contra o Vitória no sábado ainda repercute entre os torcedores. Não pelo empate em 1 a 1 sacramentado nos últimos minutos - quando Bruno permitiu o gol de Elkesson numa cobrança de falta defensável - e sim pelo uniforme com o qual o time entrou em campo.

A iniciativa de fazer um terceiro uniforme geralmente é por questão mercadológica. A marca FLAMENGO é chamariz de vendas com qualquer produto, ainda mais se for em relação a uma nova camisa. Na Europa, é muito comum times terem um uniforme diferente de seus "oficiais" e, tradicionalmente, eles diferem bastante das cores e dos estilos característicos da equipe.



Esta moda chegou ao país timidamente na década de 1990, e foi aderida por times cariocas. O próprio Flamengo, no ano de seu centenário, resgatou seu primeiro modelo de uniforme de futebol da história. Na sua estreia (vitória por 16 a 2 sobre o Mangueira, em 1912), os jogadores usaram uma camisa quadriculada com as cores vermelho e preto. Mas o relançamento da camisa apelidada carinhosamente de "papagaio-vintém" só funcionou em 1995, e a então fornecedora Umbro a tirou de circulação.



O retorno a este tipo de moda aconteceu no Rio no início do milênio, através do Fluminense. O time de Laranjeiras decidiu lançar vários uniformes alternativos - um em cor laranja (alusão ao Estádio das Laranjeiras), um totalmente grená e uma recente camisa que remete ao primeiro uniforme tricolor. A camisa branca com faixas diagonais à direita em grená e verde faz parte hoje do segundo uniforme do time.

Em 2006, o Vasco também lançou uma camisa com o pretexto de resgatar a história de seu primeiro uniforme. Ainda com a cruz no peito, mas sem trazer a faixa diagonal, e camisa e calção eram completamente negros.

Aos poucos, as equipes e suas fornecedoras de material esportivo viram que às vezes é fácil misturar paixão e dinheiro, seja por história ou inovação de uniformes. Os exemplos de São Paulo explicitam isto. Quem poderia imaginar um Corínthians vestido de roxo? Um Palmeiras vestido de branco e azul?



No início de 2010, a Penalty (em parceria com a marca Cavalera) lançou um terceiro uniforme para o Vasco, trazendo embasamento da história. Primeiramente, corrigindo um erro histórico que não se sabe quem foi o primeiro a cometer. A cruz que vinha nas caravelas portuguesas não era a Cruz de Malta, e sim a Cruz da Ordem de Cristo, com formato bem diferente da cruz da cidade portuguesa de Malta. Com o passar dos anos, no uniforme vascaíno passou a adquirir o formato de outra cruz - a Cruz de Pátea. Mas a nova terceira camisa fez jus à Cruz da Ordem de Cristo, e trouxe uma reverência à Ordem dos Templários.

Diz-se que paixão não tem preço. Mas a paixão clubística tem custado cada vez mais caro ao bolso dos torcedores, independente da qualidade do fornecedor de material esportivo. Os preços variam entre 150 e 200 reais (às vezes chega a ultrapassar este teto). E fisgam a paixão associada às cores do clube.

Mas, o problema do terceiro uniforme do Flamengo é justamente as cores. Não pela alusão a times como o argentino Boca Juniors, Madureira ou, até mesmo, na chacota que se fez em torno do uniforme - a roupa se assemelha com a do Tabajara Futebol Clube (time criado pelos humoristas do programa Casseta & Planeta, da TV Globo, definido como "o pior time do mundo" e que traz uma vaca como atacante). O problema foi a falta de cuidado em torno da nova roupa flamenguista.

Azul e amarelo não fazem parte da realidade do clube há mais de 100 anos. A camisa remetia ao time da Gávea somente na época em que era um clube de regatas. Mas a facilidade para desbotar no sol e também com o sal do mar logo fizeram o time deixar de lado estas cores e começar a vestir-se em rubro-negro.

Não há como fazer homenagem à tradição do Flamengo vestindo seus jogadores de futebol com azul e amarelo, por um simples motivo: o clube jamais teve em sua história nos gramados estas cores fazendo parte de seu uniforme. A máxima licença à qual os esquadrões rubro-negros se permitiam era a roupa predominantemente branca de seu uniforme. Mas com seus detalhes em vermelho e preto jamais abandonados.

Outra trapalhada deste lançamento foi a partida escolhida para a estreia. Por que escolher justamente um adversário que também é rubro-negro quando o uniforme vai mudar de cor? Até mesmo os jogadores se confundiam e davam passes errados para os adversários do Vitória.

Alguns torcedores flamenguistas chegaram a respirar aliviado quando o time saiu de campo sem os três pontos. Uma vitória no Barradão poderia fazer alguns supersticiosos defenderem o uso da camisa azul e amarela no jogo decisivo contra o Universidad de Chile, quando é mais natural restringir o terceiro uniforme a jogos festivos ou não-oficiais.

Não há dúvidas de que o terceiro uniforme foi um bom pretexto para o Flamengo tentar resgatar sua história em títulos e cores. Mas confundir a terra com o mar, e levar para o futebol uma homenagem que devia ser exclusiva ao remo, serviu apenas para desbotar a história de um clube que é rubro-negro.

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O tempo e o placar... agradece ao leitor Wilson Laranja, que sugeriu a matéria de hoje.

terça-feira, 18 de maio de 2010

Sem muito o que fazer



O Palmeiras sacramentou hoje a sua segunda demissão de treinador no ano de 2010. Antônio Carlos Zago saiu do comando do clube, deixando como restos do alviverde paulista um time devastado, sem estrelas e com um futebol melancólico mostrado no jogo contra o Vasco no domingo.

Antônio Carlos chegou em substituição a Muricy Ramalho, e pegou um time desiludido pela má campanha ao final do Campeonato Brasileiro. Mudou pouco. A má campanha continuou, só que no Campeonato Paulista. Na Copa do Brasil, veio a eliminação diante do Atlético Goianiense, numa série de cobranças de pênalti em que o time acertou apenas uma das cinco penalidades a que tinha direito.

O treinador parecia mostrar a cada partida que não havia muito o que fazer no comando do Palmeiras. Num momento em que há muita coisa para fazer no time. Há que buscar uma postura de jogo mais ofensiva, mais vibrante, e não a covardia que apareceu no empate em 0 a 0 com o Vasco em São Januário.

E, agora, há que buscar reforços. Em atrito com a torcida, Diego Souza é cogitado por outros clubes. E, hoje, também foi anunciada a dispensa do atacante Robert, supostamente por uma discussão áspera que teve com o agora ex-treinador palmeirense. Olhando para o restante da equipe, poucos sobram para fazer um time que seja ao menos confiável numa competição tão equilibrada.

Antônio Carlos Zago sai. Mas o Palmeiras permanece. Com todos os seus erros que culminaram numa crise de identidade neste ano de 2010. Pela terceira vez, o time vai recomeçar um trabalho do nada. Ainda mais agora, depois que Antônio Carlos saiu sem contribuir em rigorosamente nada para o clube alviverde.

Cara de interino



Há poucas horas, o Vasco se tornou um dos primeiro clubes do Campeonato Brasileiro de 2010 a trocar de técnico (o outro foi o Palmeiras, que demitiu Antônio Carlos Zago também hoje). Gaúcho foi afastado do comando do clube depois de uma derrota para o Atlético Mineiro e um empate com o Palmeiras no Campeonato Brasileiro.

O grave problema de seu curto período à frente da equipe foi que em nenhum momento o Vasco deixou de ter cara de time em processo de montagem. Sua equipe era um emaranhado de jogadores que se revezavam como titulares. Às vezes, a sensação era de que a formação em campo nunca tinha treinado junto.

Gaúcho não tinha pulso firme para o comando de uma equipe grande. Quando armava o time, geralmente era de maneira covarde, cercado de volantes. Suas substituições aconteciam de maneira tardia, quando não trocava seis por meia dúzia.

E o Vasco seguia por este caminho. Por um caminho interino. Gaúcho no fundo sabia que não duraria muito no cargo, e ia levando jogo a jogo como se fosse o último com a designação de treinador vascaíno. Isto trazia como consequência um time sem estabilidade emocional, sem confiança, porque tudo poderia mudar de uma hora para a outra. Mas em Campeonato Brasileiro, um time de tradição como o Vasco não pode se dar ao luxo de ser um interino da elite do futebol brasileiro. A volta à Segunda Divisão em 2011 é algo que a torcida não cogita em nenhum momento.



Encarregado de melhorar o panorama de crise que paira São Januário, Celso Roth tem chance de mostrar que sua passagem anterior pelo clube de São Januário foi atrapalhada pelo ex-presidente Eurico Miranda. Na época, Romário estava com o projeto de chegar ao milésimo gol, e Eurico exigia que o atacante fosse escalado em todas as partidas. Em 2010, Romário saiu, Eurico Miranda também.

A contratação de Celso Roth foi um acerto da diretoria vascaína, uma prova de que o time quer mudar de postura e não ser interino nem figurante no Campeonato Brasileiro de 2010. Mas é só o primeiro passo. Agora, o Vasco tem de arregaçar as mangas e correr atrás de reforços de nível de Primeira Divisão. E, principalmente, reforços que estejam dispostos a jogar de verdade, e não a ser titulares apenas por causa do nome.

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Nada a reservar



Análise de jogo: Vasco 0x0 Palmeiras (18h30, São Januário)

Numa rodada cheia de times reservas por todos os lados, Vasco e Palmeiras se enfrentaram em São Januário com suas equipes titulares, e em busca de dias melhores em 2010. Ao final dos 90 minutos, os dois comprovaram que não têm nada a reservar para as suas torcidas, e o empate em 0 a 0 foi o placar mais lógico para este confronto. Com o resultado, o Palmeiras chegou a quatro pontos ganhos e o Vasco pontuou pela primeira vez no Campeonato Brasileiro.

17 meses depois de sua última partida na Série A do Campeonato Brasileiro (quando a derrota por 2 a 0 para o Vitória culminou no rebaixamento para a Série B em 2008), o Vasco voltou a se apresentar na elite do futebol brasileiro diante de sua torcida. E os ecos do retorno à Primeira Divisão foram simbolizados em uma faixa: "O sentimento não vai parar. Mas o sofrimento tem que parar". A faixa de protesto, que também pedia melhores jogadores e um técnico de ponta, era em alusão à campanha "O sentimento não pode parar", símbolo do período vascaíno na Segunda Divisão em 2009.

Quando a bola rolou, outros símbolos de Série B pesaram na atuação do Vasco. Vontade, muita vontade, de um time competitivo que aproveita o mando de campo para dominar a partida. Os vascaínos buscavam ter volume de jogo e acuavam os palmeirenses em sua defesa. Mas, com o esquema equivocado escalado por Gaúcho, a qualidade ficava restrita aos pés de Philippe Coutinho. Nilton distribuía pontapés, Léo Gago errava inúmeros passes e Souza acabava sendo um dublê de lateral-direita (como o volante Jumar foi escalado no improviso na posição, o Vasco não contava com ele para apoiar o ataque). Erros primários, comuns no time de 2009.

Com a categoria no meio-de-campo restrita a Coutinho, a zaga do Palmeiras se sobressaía em todas as jogadas. Mesmo com tanta pressão, o alviverde paulista sofreu perigo apenas em chutes de fora da área, como os de Souza, Philippe Coutinho e Léo Gago. Os palmeirenses revelaram sua fragilidade defensiva em alguns momentos - como numa bola mal rebatida por Marcos que a zaga se desdobrou para evitar chance de Philippe Coutinho, ou num momento em que o goleiro trombou com o meia Cleiton Xavier, mas Souza, com o gol vazio, deu um chute por cima do travessão - enquanto seu ataque permanecia inofensivo.

A única oportunidade do Palmeiras no primeiro tempo veio a sete minutos do fim. Numa desatenção de Thiago Martinelli, Márcio Araújo entrou na área, driblou Fernando Prass e se atirou na tentativa de cavar pênalti. O árbitro Wilton Pereira Sampaio mandou seguir. Mas foi só. No último lance antes do intervalo, Élton arriscou uma bicicleta que passou por cima do gol de Marcos.

O Vasco voltou com o mesmo esquema e os mesmos erros para o segundo tempo. A urgência pedida na faixa de protesto chegava aos torcedores, que reclamavam a cada jogada mal-sucedida. Perigosamente acomodado com o resultado, o Palmeiras se limitava a defender, em especial porque seu setor de meio-de-campo se assemelhava ao do adversário. Os volantes oscilavam entre passes errados e chutões, e o lampejo de qualidade partia dos pés de Cleiton Xavier.

Vendo o tempo passar e o gol não acontecer, Gaúcho decidiu mexer duas vezes no time aos 18 minutos. Rafael Carioca entrou no lugar de Nílton, que, vivendo um ano ruim com a camisa do Vasco, foi para o banco de reservas batendo boca com os torcedores presentes na social de São Januário. Na outra alteração, uma tardia tentativa de deixar o time mais ofensivo: o volante Souza deu lugar ao meia Magno. Neste momento, já eram constantes os gritos de "Fora, Gaúcho!" nas arquibancadas.

Aos poucos, os vascaínos ficavam cansados, e o time não tinha pernas para chegar ao gol adversário. Gaúcho ainda trocou o parceiro de ataque de Élton - Caíque por Rafael Coelho - mas a correria do atacante pouco adiantou naquele momento da partida. Do lado do Palmeiras, houve até algumas tentativas de ataque. Mas o time de Antônio Carlos Zago permanecia numa displicência imensa, acomodado com o empate.

Talvez, inconscientemente os palmeirenses concordassem que o empate em 0 a 0 era o mais justo para a apresentação de Vasco e Palmeiras em São Januário. No embate entre o Vasco sem padrão de jogo e o Palmeiras sem vontade, os dois saíram perdendo. Afinal, com as equipes que apresentam hoje em campo, eles não têm nada de bom a reservar no Campeonato Brasileiro. E o que é pior: ao contrário de outros adversários que tiveram resultados negativos na rodada, os dois não têm a desculpa de que atuaram com times reservas.

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O tempo e o placar... traz o que houve de melhor e de pior na segunda rodada do Campeonato Brasileiro de 2010.

O CHUTAÇO

No time misto que o Internacional colocou em campo contra o Goiás, se sobressaiu o poder de fogo do atacante WALTER. Muita disposição, boas jogadas e dois belos gols marcados na virada por 3 a 2 contra os goianos, no Serra Dourada.

A FURADA

Além da imensa furada que foi assistir à partida entre VASCO E PALMEIRAS (o jogo em destaque hoje na rodada), a apresentação de WASHINGTON no São Paulo deixou ainda mais claros os motivos pelos quais ele está na reserva. Há tempos o atacante tem feito más partidas, desperdiçando chances claras de gol e errando tudo o que tentou. Ao final, o jogador declarou-se desmotivado por hoje ser a terceira opção de ataque de Ricardo Gomes. É bem provável que a torcida concorde que é hora de ele se despedir do Morumbi.

domingo, 16 de maio de 2010

Ares de Copa do Mundo



Faltam 26 dias para a Copa do Mundo. Mas a reta inicial do Campeonato Brasileiro ganha ares do torneio para muitos jogadores em seus respectivos clubes. Com as competições paralelas chegando às suas fases decisivas, alguns times poupam seus titulares, e os reservas têm a chance de conseguir algum destaque.

Atlético Goianiense, Vitória, Grêmio e Santos estão na disputa da Copa do Brasil, enquanto Cruzeiro, São Paulo, Internacional e Flamengo são os representantes brasileiros na briga pelo título da Taça Libertadores da América. O receio em perder seus jogadores titulares nas competições de "mata-mata" é imenso, e, no planejamento de suas diretorias, vale a pena sacrificar a chance de conseguir três pontos em nome de um título de tamanha importância. Afinal, a Copa do Brasil garante vaga na Libertadores do ano que vem, e a conquista sul-americana leva à disputa do Mundial de Clubes, além de garantir mais um ano na competição da América do Sul.

Mesmo com os olhos dos clubes tentando enxergar as várias direções, certamente a boa atuação de algum jogador fará os olhares se voltarem para o Campeonato Brasileiro. E uma convocação para o time titular sempre é valiosa.

Os times que entrarem em campo sem sua força máxima se transformarão em adversários difíceis neste momento. Em partidas com ares de Copa do Mundo para estes jogadores, a vontade pode se sobressair à suposta queda de qualidade das equipes mistas ou reservas. E o campeonato de pontos corridos que é o Brasileirão, internamente trará uma "competição de tiro curto" para muitos atletas.

sábado, 15 de maio de 2010

Imagem e semelhança



Um dos jogadores mais contestados da atual Seleção Brasileira, o meia Felipe Melo chegará à Copa do Mundo de 2010 por um motivo que salta aos olhos do futebol brasileiro. Trata-se de um jogador que parece feito à imagem e à semelhança do que foi o técnico Dunga em sua época de jogador.

Quando fez parte da Copa do Mundo de 1990, Dunga acabou sendo associado ao futebol burocrático, de vitórias magras e com um esquema em que Sebastião Lazaroni priorizava o setor defensivo. 20 anos depois, o jogador da Juventus segue as mesmas características do ex-jogador agora transformado em treinador de seleção. Felipe Melo tem um futebol de qualidade duvidosa, com tendência a usar a força para evitar que os adversários entrem na área do Brasil.



Assim como Dunga, Felipe Melo também parece não aceitar críticas ao seu estilo de jogo. Mais uma vez, sua postura mais agressiva foi confirmada, no programa Bate-bola, da ESPN Brasil. O jornalista Paulo Vinícius Coelho questionou o jogador sobre o que esperar dele na Copa, depois de na temporada passada ele ser considerado um dos piores atletas do Campeonato Italiano e o time dele fazer sua pior campanha depois de 40 anos no Calcio (basta dar o PLAY no vídeo acima para ver a discussão).

Mas há uma diferença crucial entre o futebol de Dunga e de Felipe Melo. Em seu início de carreira no Brasil, o capitão das Copas de 1994 e de 1998 era considerado um dos melhores volantes do país, e chegou a fazer parte da Seleção Olímpica. Enquanto isto, seu "pupilo" começou a carreira com más passagens por Flamengo (clube que o revelou) e Cruzeiro, antes de ir para o futebol europeu. O padrão de jogo da Europa é suficiente para levá-lo a uma Copa do Mundo?

Para Dunga, sim. Felipe Melo vai à Copa correndo o risco de virar nome de uma "era" de maneira pejorativa. Até a bola rolar na África do Sul, ficará a incerteza de qual tipo de "Era Dunga" o meia vai trazer para os brasileiros - o fracasso do nono lugar na Copa de 1990 ou a vitoriosa trajetória da Copa do Mundo de 1994. A única certeza é a de que o futebol brasileiro vive a "Era Felipe Melo".

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No Twitter de O tempo e o placar..., todos os resultados da rodada dos Campeonatos Brasileiros da Série A e da Série B. Basta seguir @otempoeoplacar e ficar na cara do gol com a informação.

sexta-feira, 14 de maio de 2010

Cabeça fria




O tempo e o placar... hoje traz dois posts de uma vez só. O primeiro, intitulado Cautela e caldo de peixe, fala sobre as semifinais da Copa do Brasil. E nesta, de número 300, o tema é a vitória do Internacional sobre o Estudiantes, da Argentina, pela Taça Libertadores da América.

Obrigado a todos os leitores que passaram por aqui. E que venha mais bola na rede!


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Na primeira partida do Internacional nas quartas-de-final da Taça Libertadores da América, o time colorado entrou em campo precisando driblar muitas coisas. E, como em muitos jogos da competição sul-americana, foi um momento de cabeça fria que fez a diferença. Da cabeça de Sorondo saiu o gol da vitória por 1 a 0 sobre o argentino Estudiantes, que dá ao Inter a vantagem do empate em La Plata.

O primeiro obstáculo a driblar foi a desconfiança da torcida. O Internacional fez um Campeonato Gaúcho instável, com derrotas surpreendentes (como a que teve diante do Novo Hamburgo, que custou a eliminação no primeiro turno), além das classificações nas primeiras fases da Libertadores terem vindo com dificuldade.

A culpa caiu no lado mais corriqueiro: o treinador. Desde os primeiros resultados negativos, Jorge Fossati deixou de "ser" para "estar" técnico do Internacional a cada rodada. Com o decorrer das partidas, ele fez de tudo para ser demitido. Tanto pela vontade de poupar jogadores num Gre-Nal quanto pela falta de um padrão de jogo do Inter.

Aos poucos, o Internacional vem conseguindo mostrar uma forma de atuar, que pode fazer a diferença na Taça Libertadores da América. Driblou também a insegurança de alguns jogadores - em especial a de Walter, jogador que "sumiu" por uma semana mas ao voltar mostrou-se uma bela opção de ataque.

Após tantas coisas que ficaram no meio do caminho, veio o desafio de começar as quartas-de-final da Taça Libertadores da América num duelo contra o campeão da edição anterior. Neste momento, valeu a experiência sul-americana para sair de campo com o triunfo parcial sobre os argentinos do Estudiantes.

O uruguaio Jorge Fossati (no ano passado, responsável pelos títulos da Copa Sul-Americana e da Recopa Sul-Americana da LDU, do Equador) armou sua equipe para pressionar o time de La Plata do primeiro ao último minuto. Mas os requintes de habilidade da parte ofensiva da equipe intercalavam com a força física que passava por todos os setores do campo.

O argentino D'Alessandro buscou vários dribles, jogadas e belas triangulações que passavam por Alecsandro e Walter (mais tarde, por Taison, que substituiu o segundo). Não deu certo. Compatriota de D'Alessandro, o volante Guiñazu tentava de todas as formas impedir as jogadas do atleta mais importante do Estudiantes - o experiente Verón - e conseguia se dar bem contra o adversário.

O tempo passava, e o Estudiantes fazia seu dever de casa de não levar gols no Rio Grande do Sul, no estilo defensivo que levou a equipe ao título do ano anterior. Mas o Internacional não se desesperava em nenhum momento. Partia, em massa, mas nunca se deixava dominar pela ansiedade e pelos chutões sem direção.

E a dois minutos do fim, a redenção veio graças a um compatriota de Jorge Fossati. Andrezinho cobrou falta e o uruguaio Sorondo desviou de cabeça, fazendo 1 a 0 para o Internacional. No apito final, a certeza de que o colorado foi superior em seu jogo mais importante de 2010. A torcida saiu do estádio ciente de que o Inter pode, sim, estar num bom caminho para a temporada.

Cautela e caldo de peixe



As duas semifinais da Copa do Brasil trouxeram partidas emocionantes em sentidos diferentes. No jogo do Serra Dourada, a cautela deu a tônica do confronto entre Atlético Goianiense e Vitória. No Olímpico, o medo de levar gols foi às favas, e o caldo de peixe desandou na vitória do Grêmio sobre o Santos.

O primeiro lado para o qual desandaram as coisas veio do lado gremista. Aos 14 minutos, Victor (considerado um goleiro injustiçado na convocação da Seleção Brasileira) saiu mal numa cobrança de escanteio, e permitiu que André abrisse o placar. Seis minutos depois, Douglas errou na saída de bola e Paulo Henrique Ganso deixou André livre para fazer seu segundo gol. Os pés de Jonas pioraram as coisas ainda mais. O atacante teve a oportunidade de diminuir o placar numa cobrança de pênalti, mas chutou muito mal e permitiu que Felipe fizesse a defesa.

A desvantagem no placar acabou, contraditoriamente, trazendo a serenidade ao time de Silas no intervalo. O Grêmio voltou com mais calma e disposição, e a experiência fez a diferença contra os meninos da Vila Belmiro. Aos 12 minutos, Douglas (que falhara muito no primeiro tempo) iniciou jogada que terminou em gol de Borges.

Seis minutos depois, os mesmos jogadores foram importantíssimos no empate gremista. O primeiro roubou a bola de Rodrigo Mancha e lançou Jonas. O atacante serviu seu companheiro, Borges, que colocou a bola no fundo da rede de Felipe.

A inexperiência santista desandou tanto que chegou ao banco de reservas. Dorival Júnior cometeu um dos piores erros como treinador: apontar explicitamente um culpado pelo fim da vantagem no Olímpico. Nove minutos depois de colocar Rodrigo Mancha em campo (no lugar de Marquinhos), o técnico tirou o volante para a entrada de Rodriguinho. Imaturidade de um e tristeza do outro, que desferiu socos à cadeira do banco de reservas.

Perdido, o Santos assistiu à sua defesa permitir mais dois gols do Grêmio - um de Jonas, aos 22, e um de Borges aos 30. Mas, num lampejo de lucidez, chegou ao terceiro gol sete minutos depois, em passe de Paulo Henrique Ganso para um belo chute de Robinho.

Os santistas precisam de uma vitória simples para chegar à final da Copa do Brasil. Mas resta saber se com uma desvantagem diante de uma equipe de tradição e bem armada por Silas, vai ter força e maturidade para conseguir se sobressair. E que a maturidade venha também de seu comandante.



Se o caldo de peixe desandou num jogo de muitos gols, a partida de Goiânia trouxe um resultado magro depois de 90 minutos. E, mais uma vez, o Atlético Goianiense fez valer a superioridade de dentro de casa, onde o time não levou nenhum gol na sua trajetória da Copa do Brasil.

Numa partida muito fraca tecnicamente, Geninho e Ricardo Silva montaram suas equipes com a clara preocupação de não levar gols. E ela fez a diferença no resultado final. Mesmo com uma formação ofensiva que trazia boas chances em contra-ataques, o Vitória sentiu seus desfalques e viu o ataque formado por Júnior e Neto Berola ficar isolado, em meio à marcação do rubro-negro goiano.

A ansiedade em não levar gol foi tanta que até mesmo no único momento em que a bola chegou ao fundo da rede, ela entrou de maneira teimosa. A conclusão de Rodrigo Tiuí tocou a trave e o travessão antes de a torcida no Serra Dourada gritar gol.

Após a primeira parte da semifinal ter sabor de cautela e de caldo de peixe, na semana que vem acontecem os duelos decisivos - Santos e Grêmio na Vila Belmiro, Vitória e Atlético Goianiense no Barradão. Na próxima quinta-feira, o Brasil vai saber quais times farão melhor sua receita, e aqueles que sentirão a azia de ficar pelo caminho.

quinta-feira, 13 de maio de 2010

Minutos finais



Análise de quarta: Flamengo 2 x 3 Universidad de Chile (19h30, Maracanã)

Os cerca de 72 mil flamenguistas que foram ao Maracanã na noite de quarta-feira de Taça Libertadores da América provavelmente prefeririam ver somente os minutos finais de cada tempo, na partida contra o Universidad de Chile. Aos 38 do primeiro tempo, veio um gol de Adriano, e aos 44 minutos do segundo tempo, um gol de Juan. Mas no restante da partida, o Flamengo foi apático e saiu de campo com uma derrota por 3 a 2 para La U. Agora, o time da Gávea precisa vencer por dois gols de diferença no Estádio Santa Laura, em Santiago, para chegar às semifinais da competição internacional.

Apesar de jogar com o apoio da torcida, o Flamengo começou a partida nervoso. Não só pelos erros de passe, como também em algumas jogadas os flamenguistas pareciam displicentes. Numa de suas displicências, veio o primeiro gol do Universidad de Chile. Em jogada de área, a zaga cortou mal e a bola sobrou para Victorino abrir o marcador.

Aos trancos e barrancos, o Flamengo tentava se lançar ao ataque, mas parava na boa marcação dos chilenos - em especial quando os meias Vargas e Iturra voltavam para marcar, impedindo as subidas de Léo Moura e Juan. Só aos 12 minutos veio a primeira chance rubro-negra. Vágner Love aproveitou cruzamento de Léo Moura e cabeceou, a bola desviou na cabeça do zagueiro Olarra e acertou o travessão.

Notando a apatia de seu meio-de-campo, aos 20 minutos Rogério Lourenço fez sua primeira alteração. Rômulo, um dos que mais parecia disperso em campo, saiu para a entrada de Michael. A tentativa era de ter mais uma opção na saída para o ataque. Kléberson vinha fazendo uma partida satisfatória, mas estava muito sobrecarregado nas jogadas (e isto era mais visível porque o camisa 15 há algum tempo não era usado exclusivamente nesta função de criação).

Mas as coisas se complicariam ainda mais. Quatro minutos depois, um contra-ataque gerou cruzamento na área do Flamengo. A zaga parou na linha burra de impedimento e viu Bruno subir para fazer a defesa. Mas o goleiro se embolou com Olarra, e o zagueiro colocou a bola no fundo da rede numa jogada polêmica - o cotovelo de Olarra teria atrapalhado Bruno a fazer a defesa. O juiz Carlos Amarilla deu gol, o segundo de La U no Maracanã.

Os jogadores do time chileno começaram a se fechar na defesa, e permitiram maior posse de bola do Flamengo. Aos poucos, o time carioca vinha chegando mais perto da área adversária. Mas, invarivavelmente, o time partia para jogadas no meio-de-campo, e via suas tentativas bloqueadas por uma zaga muito bem postada.

O alívio veio somente numa jogada da lateral. Aos 38 minutos, Kléberson fez um cruzamento certeiro na cabeça de Adriano. O atacante colocou a bola no fundo da rede de Miguel Pinto e, depois de alguns meses, voltou a comemorar um gol com a camisa do Flamengo.

O time parecia, finalmente, ter entrado no jogo. Muitas bolas lançadas para a correria e algumas chances claras desperdiçadas por ansiedade da dupla de ataque rubro-negra - Vágner Love, duas vezes, e uma de Adriano, em chutes por cima do travessão.

Mas no intervalo, o gol parecia muito mais próximo da equipe do Flamengo - em especial depois que, aos 46 minutos, Iturra foi expulso ao fazer um carrinho violento em Williams. A tarefa parecia menos complicada também depois que Rogério Lourenço deixou sua equipe ainda mais ofensiva, quando tirou Maldonado (que fazia uma partida desastrosa, com muitos passes errados e erros de marcação) e colocou em campo Petkovic.

Foram precisos dois minutos do segundo tempo para que a realidade do Maracanã mostrasse o contrário. As mudanças do meio-de-campo para a frente eram promissoras para os 45 minutos finais, mas o setor defensivo seguia na mesmice. O bom meia Montillo entrou livre na área e cruzou rasteiro para Fernández. Ele colocou a bola no fundo da rede de Bruno.

O panorama que se seguiu foi uma partida de ataque contra defesa. Com a vitória nas mãos e 10 homens em campo, La U se recuou e o Flamengo ganhou mais chances de chegar ao gol. A primeira delas veio dos pés de Petkovic, que cruzou para Adriano, de cabeça, jogar seu segundo gol no travessão.

Os flamenguistas tomavam conta da partida, mas tropeçavam em seu cansaço e no erro primário de querer fazer jogadas individuais e resolver tudo sozinho. A torcida, que não deixou a impaciência de lado nem mesmo com a entrada de Petkovic, chegou ao seu limite aos 26 minutos da segunda etapa. Rogério Lourenço sentiu as vaias dos 72 mil torcedores quando chamou para o jogo o atacante Dênis Marques. E quando ele entrou para a saída de Kléberson, o técnico ouviu os gritos de "burro" que ecoaram o Maracanã.

A tentativa de colocar mais um atacante na área do Flamengo não pareceu bem-sucedida. Nem tanto pela falta de qualidade de Dênis Marques, mas pelos sucessivos erros cruciais na área (como o lance em que Vágner Love escorregou) e pelos fracos chutes a gol. Aos poucos, o Universidad de Chile foi arriscando alguns ataques. Em ambos, Bruno foi decisivo para evitar uma derrota com contagem pior.

Mas o gol veio do lado do Flamengo. Aos 44 minutos, Juan arriscou um chute de fora da área, a bola desviou no zagueiro e passou por baixo do goleiro Miguel Pinto. Um sorriso de alento para a torcida rubro-negra, que viu a obrigação do time para o jogo em Santiago ficar menos complicada. Agora, os rubro-negros vão ao Chile e precisam fazer dois gols de diferença no time do Universidad de Chile, que estará desfalcado de cinco atletas (cedidos para as seleções do Chile e do Uruguai na preparação para a Copa do Mundo de 2010).

Certamente, a torcida rubro-negra espera que no embarque para o Chile viaje o poder de superação que passeou nos minutos finais do Maracanã. A apatia que tomou conta de boa parte do jogo do Flamengo não pode passar nem perto do saguão de embarque.