sexta-feira, 30 de abril de 2010

Muito trabalho



Foi boa a inicativa de Muricy Ramalho em comandar o Fluminense quatro dias depois de assumir o cargo de treinador do clube. Assim, deu para ver mais de perto o quanto o tricolor das Laranjeiras está deteriorado no campo, e, em especial, como o time depende do meia Conca.

A derrota por 3 a 2 para o Grêmio no Maracanã complicou as chances do time na Copa do Brasil. Mas, se for pensar a longo prazo, uma eliminação pode ser favorável ao trabalho que antecede o Campeonato Brasileiro. Talvez, o plano de Muricy em adaptar o time ao seu padrão de jogo possa ser antecipado (sua perspectiva era começar somente depois da Copa do Mundo), e ele não fique atado a dar sequência ao esquema de seu antecessor no cargo, Cuca.

O parágrafo acima num primeiro momento parece absurdo ou parece estar antevendo uma eliminação do Fluminense antes da realização da partida de volta, no Olímpico, semana que vem. Só que um período a mais de treinos sem objetivos imediatos de colocar a equipe em campo parece uma grande saída para o tricolor.

O setor defensivo a cada partida erra mais. A boa fase dos laterais Mariano e Júlio César desapareceu, em especial o último. O meio deixa Conca sobrecarregado na tentativa de jogadas, e nomes como Marquinhos e Equi González não conseguem se firmar. O ataque passa por um momento delicadíssimo fora de campo: tanto o habilidoso Alan quanto o goleador Fred tiveram crise de apendicite, e passarão semanas longe dos gramados.

Um panorama ingrato para Muricy Ramalho. Portanto, é dever do Fluminense e de seu patrocinador, a Unimed, darem tempo para que o novo técnico tente resolver as coisas. Seu trabalho mais bem-sucedido (o do São Paulo) aconteceu graças à paciência dos dirigentes.

O novo técnico do Fluminense terá muito trabalho. Mas, que tal o tricolor deixar de lado a dança das cadeiras no comando do time e pensar em dar mais condições para Muricy Ramalho trabalhar?

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BOLA PRO MATO

Curto e grosso: pelo que apresenta em 2010 no Corínthians, Ronaldo não parece ser um ex-jogador em atividade?

quinta-feira, 29 de abril de 2010

Um nome na história



Análise de quarta - Vitória da Bahia 2 x 0 Vasco (Manoel Barradas, 21h50)

Não foi preciso muita categoria, não foi preciso tanto poder de fogo, não foi preciso usar a pressão da torcida no Barradão. No primeiro jogo das quartas-de-final, o Vitória teve somente um pouco mais de boa vontade para jogar. E, com gols de Renato e de Neto Berola, o rubro-negro saiu de campo com a vantagem de poder até perder por um gol de diferença que avança para as semifinais da Copa do Brasil.

Os baianos começaram sonolentos na partida, mas os vascaínos não sabiam aproveitar a postura do time de Ricardo Silva, e pouco atacavam. Timidamente, o Vitória foi adiantando sua marcação, deixando os vascaínos cada vez mais pressionados. Induzidos ao erro, os jogadores do time carioca cederam espaços, e vieram boas chances como o chute de fora da área de Elkesson e a bola na trave de Uelinton.

O Vasco pouco chegava, em especial pelas faltas seguidas que os rubro-negros faziam em Carlos Alberto. O time acabava investindo geralmente nos cruzamentos do lateral Ramon - num deles, Carlos Alberto cabeceou rente à trave de Viáfara. Mas o que se via era uma equipe sonolenta, e, num lance capital, desatenta. Élder Granja e Rafael Carioca se atrapalharam com a bola e, na sobra, veio um cruzamento para a área. Fernando Prass salvou cabeçada de Uelinton, mas Renato aproveitou a falha dos zagueiros e abriu o placar, aos 39.

Na segunda etapa, os vascaínos voltaram com um pouco mais de disposição, mas esbarravam em duas deficiências fundamentais: Carlos Alberto estar jogando com dificuldade, ainda se recuperando de uma contusão, e Philippe Coutinho estar em um mau dia. Apesar dos constantes ataques do Vasco, o Vitória permaneceu recuado e com a mesma tendência de parar as jogadas com faltas.

O Vasco teve mais oportunidades, uma bola na trave com Carlos Alberto e defesas importantes de Viáfara. Parece muito. Mas, diante do campo que o Vitória cedeu no segundo tempo, é bem abaixo do esperado para qualquer equipe de qualidade razoável. As substituições vascaínas servem como exemplo para ver os erros do clube na partida.

A saída de Coutinho era inevitável. Mas o atacante Robinho demonstrou em muitos jogos que não acrescenta em nada na equipe. A entrada de Dodô poderia até mudar alguma coisa - seria um toque de categoria a mais para os vascaínos. Mas o que ele vai fazer a 10 minutos do fim, com um time completamente apático, e entrando no lugar de Élton, o atacante mais lúcido do Vasco?

Após muitos erros nas conclusões a gol e uma infinidade de passes, aos 39 minutos o Vitória fez seu segundo gol. Júnior fez boa jogada pela esquerda e cruzou para o meio da área. Neto Berola chutou, a bola foi desviada em Thiago Martinelli e entrou no fundo da rede de Fernando Prass. E com o placar de 2 a 0, adiantaria alguma coisa a entrada de Magno no lugar de Léo Gago aos 41 minutos?

O Vitória vai ao Rio de Janeiro semana que vem com a vantagem de que apenas uma derrota por três gols elimina a equipe nos 90 minutos de partida. Vitória do Vasco por 2 a 0 leva a decisão para os pênaltis, e no caso do clube baiano fazer gols, os vascaínos precisam da diferença de três gols para eliminar o adversário. Mas talvez o rubro-negro não precise suar muito em São Januário.

A maneira como atuou no Manoel Barradas mostra que o Vasco não tem ambição de chegar longe nas competições que disputa. Ao contrário do Vitória, que, assim como um verso de seu hino diz, quer escrever "um nome na história". E comprovou em campo que quer escrever seu nome como campeão da Copa do Brasil de 2010.

quarta-feira, 28 de abril de 2010

Avaliação a longa distância



A torcida brasileira já está acostumada com o panorama de seus bons jogadores vestirem camisas de clubes do exterior. Por isto, a cerca de 40 dias da Copa do Mundo, o Brasil teve seus olhos voltados para o Estádio Camp Nou, em Barcelona, onde parte da sua defesa estaria em campo na semifinal entre Barcelona e Internazionale.



No time de Milão, atuam o lateral-direita Maicon, o zagueiro Lúcio e o goleiro Júlio César. Na equipe catalã, joga o lateral-direita Daniel Alves que, em virtude de algumas carências da seleção, é improvisado na lateral-esquerda e até no meio-de-campo.

E na partida da Espanha, foi justamente o setor defesa que se destacou. Afinal, o técnico José Mourinho deixou a Inter completamente recuada durante toda a partida e, o Barça conseguiu furar o bloqueio uma vez, com um gol de Piqué aos 38 minutos do segundo tempo. Resultado insuficiente para o time azul e vermelho chegar à final contra o Bayern de Munique.

Lúcio mais uma vez deu razões para estar com a braçadeira de capitão do Brasil, rechaçando os bons ataques iniciados por Messi, além de Ibrahimovic e Pedro ficarem sumidos no jogo. Devido ao esquema da Internazionale, Maicon não teve muitas chances de apoiar o ataque, mas esteve bem na defesa e, em especial, na tentativa de contra-ataques.



Júlio César também demonstrou segurança durante a partida. As poucas chances do Barcelona acabaram nas suas mãos - uma delas ainda no primeiro tempo, em chute perigoso de Messi.



Do lado do Barcelona, Daniel Alves foi pouco acionado, em especial porque o time insistia nas jogadas pelo meio-de-campo. Talvez em meio a tantos craques, como Touré, Xavi Alonso e Messi, os jogadores ainda subestimem seu futebol.

Se a Seleção Brasileira é momento, a certeza que fica é de que o Brasil no momento tem uma zaga de confiança para a Copa do Mundo de 2010. Bom, pelo menos, nos padrões da "europeização" que chegou até ao futebol brasileiro.

segunda-feira, 26 de abril de 2010

Quatro linhas, 26 de abril de 2010





Satisfação!


Essa bola que não para, e o Quatro linhas está na área com seu DEBATEBOLA. Desfilam por nosso gramado:

O MERCADO DA BOLA DO RIO DE JANEIRO

A DECISÃO DO CAMPEONATO PAULISTA

A FINAL DO CAMPEONATO MINEIRO

A DECISÃO DO CAMPEONATO GAÚCHO

AS FASES FINAIS DE OUTROS CAMPEONATOS ESTADUAIS

E UM GIRO PELO FUTEBOL INTERNACIONAL.


Na linha de passe entre FLÁVIO DE SÁ, FERNANDO DINIZ e VINÍCIUS FAUSTINI.

É só dar o PLAY que a comunicação está no ar!

Duração: 79 minutos.

domingo, 25 de abril de 2010

Embate contra os favoritismos



Não basta ser favorito, tem de ganhar em campo. Em especial no caso do Santos, que entrou em campo no Pacaembu tendo como adversário dois favoritismos. Um, conquistado nos gramados, com sonoras goleadas e vitórias muito convincentes sobre rivais de respeito. Outro, o de ser um time de tradição no estado de São Paulo contra o Santo André, que pela primeira vez chega a uma final de Campeonato Paulista.

A chegada dos dois times à final do Paulistão foi o desfecho mais justo - eram os dois primeiros colocados na fase classificatória da competição. E, de certa forma, a final colocou lado a lado duas vertentes do futebol brasileiro. O Santo André armado pelo técnico Sérgio Soares para não tomar gols, e o Santos sempre em busca do ataque no time treinado por Dorival Júnior.

Na primeira etapa, a marcação forte do Ramalhão foi superior. O trio formado por Paulo Henrique Ganso, Neymar e Robinho não conseguia fazer suas jogadas, e eles eram neutralizados pela força da zaga formada por Cesinha e Toninho. Mas seria injusto restringir o Santo André a um time defensivo. Mesmo com uma equipe de qualidade inferior aos santistas, o time do ABC paulista partiu para a frente e teve boas chances.

O gol veio apenas aos 34 minutos, quando Bruno César, de falta, colocou a bola no fundo da rede de Felipe. Empolgado com a vantagem, o Santo André teve outra chance com Rodriguinho, que chutou para fora. No primeiro tempo, a aplicação tática e algumas jogadas mais ríspidas saíram de campo na frente - beneficiadas por um gol de bola parada.

Neymar não voltou para o segundo tempo, por causa de uma lesão no olho. Só que Dorival Júnior tinha no banco o artilheiro do Santos no Campeonato Paulista. E graças a André, começou a reação santista - aproveitando jogada fantástica de Paulo Henrique Ganso. Três minutos depois, outro jogador que pouco apareceu nos 45 minutos iniciais foi decisivo. Robinho lançou Wesley que, aproveitando-se da desatenção da zaga adversária, marcou o gol da virada.

Aos 24 minutos, Robinho mais uma vez foi decisivo. Numa jogada que começou com André, Robinho fez uma tabela com Wesley e deixou o lateral na cara do gol, para fazer seu segundo na partida. Certamente, os torcedores santistas sentirão a falta dele no próximo domingo - Wesley levou seu terceiro cartão amarelo.

Já o Santo André sentiu a falta de Toninho a partir dos 29 minutos. O zagueiro, que no primeiro tempo recebeu cartão amarelo por reclamação, fez uma falta dura em André e acabou expulso. Mesmo com dez homens em campo, o Ramalhão se lançou ao ataque, aproveitando-se de um erro que o Santos não cometera em boa parte das suas partidas no ano: a acomodação após abrir dois gols de vantagem. A oito minutos do final, Gil deu um chute tão forte que, no rebote, Rodriguinho precisou apenas estar no lugar certo e na hora certa para diminuir a vantagem santista.

Com a vitória por 3 a 2, o Santos volta a campo domingo que vem no Pacaembu com a vantagem de poder perder até por um gol de diferença (devido à melhor campanha durante o campeonato). Mas Dorival Júnior sabe que se a equipe santista não jogar com seriedade, de nada vai adiantar todas as superioridades conquistadas durante o campeonato. E o Santos certamente não quer se tornar mais um dos muitos favoritos que sofreram uma derrota fatal.

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BOLA PRO MATO



ABC, CAMPEÃO ESTADUAL DO RIO GRANDE DO NORTE DE 2010

Na semana passada, O tempo e o placar... felicitou o Coritiba pela conquista do estadual do Paraná, como alento para o rebaixamento que ocorreu em 2009. Mais um time que passou por uma queda no ano passado sagrou-se campeão estadual em 2010 - o ABC, o melhor do Rio Grande do Norte.

Rebaixado para a Terceira Divisão, o ABC chegou ao seu título de número 51 no Rio Grande do Norte. Em duas partidas finais, o alvinegro venceu o Corínthians por 5 a 1, e, por causa da diferença de gols do primeiro jogo, a derrota por 2 a 1 não tirou o título da equipe. Agora, o desafio da Série C terá o apoio da torcida. Não é justo que o Rio Grande do Norte continue riscado do mapa do futebol brasileiro.

sábado, 24 de abril de 2010

Culpado de todos os lados



A vítima da anarquia do Flamengo foi a mais previsível em crises no futebol. Andrade deixou de ser treinador do clube na sexta-feira, numa derrocada que começou justamente com o título brasileiro do ano passado.

Com a conquista, alguns problemas da Gávea ficaram maquiados (afinal, o time que é campeão não tem imperfeições aos olhos de crítica e público) e chegaram a 2010 acentuados. Alguns jogadores que tinham condutas pouco profissionais se tornaram ainda mais prepotentes, e receberam o aval da diretoria para fazer o que bem entendiam - em especial a dupla de ataque Adriano e Vágner Love (este, reforço do início da temporada seguinte).

Andrade tem sua parcela de culpa nesta crise que chegou ao Flamengo. Em muitos momentos, ele se omitiu, permitindo a constante falta de treinos dos jogadores, escalando o atacante Adriano quando ele estava completamente fora de forma e não se manifestando em relação ao atrito entre Petkovic e o diretor Marcos Braz. A barração do sérvio foi prejudicial ao rubro-negro, em especial pelo meio-de-campo que era escalado jogo a jogo.

Entretanto, a ordem natural das coisas seria que nenhuma das situações de indisciplina e de contratos tivesse de ser decidida por um treinador. Assim como um técnico não pode entrar em campo para jogar por seus comandados. O que se conclui é que Andrade saiu como o culpado por problemas de fora e de dentro de campo no Flamengo.

Mas, se a demissão dele causou tantos deboches entre os jogadores rubro-negros, talvez tenha sido melhor esta atitude da presidente Patrícia Amorim. Andrade, com seu jeito conciliador, era mais um a passar a mão na cabeça dos atletas, e provavelmente a história continuaria a mesma. E o ambiente não mudaria também caso o atual treinador do Botafogo, Joel Santana, tivesse aceito o convite para trocar de equipe.

No emaranhado de dúvidas após a demissão de Andrade, a única certeza que fica é a de que o "Império do Amor" não pode mais ter poderes totalitaristas. Caso contrário, o Flamengo vai sofrer uma derrota definitiva para o amadorismo.

sexta-feira, 23 de abril de 2010

Impróprio para amadores



Não, O tempo e o placar... não está republicando seus posts anteriores de 2010. Sim, pela segunda vez, o técnico Jorge Fossati anuncia que vai poupar jogadores do Internacional em uma fase decisiva do Campeonato Gaúcho.

Na semifinal da Taça Fernando de Carvalho (primeiro turno do estadual do Rio Grande do Sul), o técnico do Inter colocou um time completamente reserva diante do Novo Hamburgo. E acabou eliminado, obrigado a assistir pela TV à vitória do Grêmio sobre seu algoz. O motivo era poupar seus titulares para o jogo contra o Emelec, a se realizar no Equador dois dias depois.

O motivo de agora é o mesmo: a Taça Libertadores da América. Desta vez, os jogadores serão poupados para o primeiro jogo do cruzamento com o Banfield, da Argentina. Mas o cenário gaúcho é bem mais interessante. Trata-se da primeira partida da final contra o arquirrival Grêmio, no Beira-Rio.

Sim, Fossati tem até argumentos plausíveis para sacar jogadores nesta partida. A Libertadores é um campeonato de muito mais visibilidade que o Campeonato Estadual. Seus jogadores vêm demonstrando cansaço com o desgaste de ambas as competições, portanto, é melhor deixá-los aptos para jogar pelo torneio mais valioso.

Mas a torcida aposta suas fichas também na supremacia diante da eterna rivalidade com o Grêmio. E, por mais que o Internacional tenha um elenco bom, com ótimas peças de reposição, o treinador (visto com olhos desconfiados pela torcida) pode ser sacrificado pelas ausências anunciadas até o momento - o lateral Kléber e os meias D'Alessandro e Andrezinho.

Rivalidades ou a saga pela conquista de um torneio internacional. Logo em sua primeira temporada no Brasil, Jorge Fossati tem uma certeza: a de que o futebol brasileiro é impróprio para amadores.

quinta-feira, 22 de abril de 2010

Esperanças perdidas



Jogo: Flamengo 3 x 2 Caracas (VEN) - 21 de abril de 2010, Maracanã, 21h50


Na mesma semana em que a perda de uma decisão de turno se tornou o fim da busca pelo tetracampeonato estadual, o Flamengo viveu mais uma decisão fora de época. Em seu jogo final na primeira fase da Taça Libertadores da América, o time venceu o venezuelano Caracas por 3 a 2, mas ainda ficou sujeito a uma combinação de resultados para não ser eliminado da competição.

O cenário parecia propício para o rubro-negro continuar em busca do título internacional sem maiores problemas. O modesto lanterna de seu grupo já estava eliminado, e trazia uma equipe praticamente reserva ao Maracanã. Só que o Flamengo apresentava algumas deficiências que cercaram o time na temporada de 2010. Uma delas veio logo aos 14 minutos, numa jogada típica de time "franco-atirador". Após conseguir um escanteio, na cobrança a bola chegou a Cichero, que tocou para Castellín marcar com o gol vazio.

Mas a fragilidade do Caracas era visível, e três minutos depois o Flamengo empatou, numa cobrança de escanteio em que a cabeçada de Ronaldo Angelim encobriu o goleiro Toyo, que estava adiantado. No minuto seguinte, nova falha da zaga do time venezuelano e Adriano encontrou Michael, livre, para fazer o segundo gol flamenguista.

Só que a ansiedade mais uma vez superou os rubro-negros. O esquema retrancado do Caracas forçava o time a ter muita troca de passes, e os jogadores acabavam se afobando. As limitações de campo impostas pelo time da Venezuela eram tantas que Vágner Love invariavelmente tinha que ir ao meio-de-campo para tentar alguma jogada.

O segundo tempo voltou a ser um duelo de ataque contra defesa. Mas o embate, muitas vezes, parecia ser interno. O Flamengo atacava e tinha boas chances - duas cabeçadas de Adriano, um chute de Léo Moura que o zagueiro salvou em cima da linha, um chute de Maldonado defendido pelo goleiro, e sucessivos cruzamentos neutralizados pela zaga. O Flamengo se defendia mal, e permitia que os jogadores do Caracas passassem perto de sua área, com Valoyes, Castellín e, em especial, Gómez.

Apelidado de "La Pulguita", o meia Gómez (originalmente titular que entrou durante a partida para "reforçar o time reserva") evidenciou a gravidade da deficiência do setor defensivo rubro-negro. O goleiro Toyo repôs com as mãos e a bola chegou facilmente à intermediária. Gómez foi pelo lado direito, passou por Léo Moura, adentrou na área, driblou David e chutou por cima de Bruno, aos 23 minutos.

No minuto seguinte, Petkovic substituiu Vinícius Pacheco, e precisou de poucos minutos para mostrar por que merece ser titular da equipe. Na primeira bola, lançou Adriano, que não aproveitou a oportunidade. Mas, aos 30, o sérvio cobrou falta e Léo Moura rolou dentro da área para David colocar no fundo da rede e se redimir, sete minutos depois de seu erro no segundo gol do Caracas.

O Flamengo prosseguiu no ataque, mas os jogadores erravam demais na conclusão, e ainda sofriam com a má atuação de seu ataque. Mesmo estando um pouco mais perto do peso ideal, Adriano ainda se movimentava pouco. Seu companheiro Vágner Love, sobrecarregado por 75 minutos de um meio-de-campo hesitante, parecia sem forças quando chegava em frente ao gol.

Quando o árbitro uruguaio Jorge Larrionda determinou o fim da partida, a vitória foi recebida com vaias pelos pouco mais de 27 mil pagantes do Maracanã. Não pelo sepultamento das esperanças do time prosseguir na Taça Libertadores da América. A torcida sente mesmo que não há esperanças diante da anarquia que se tornou o Flamengo, movido por vaidades e regalias.

quarta-feira, 21 de abril de 2010

Nenhuma surpresa



Não é uma das notícias pouco esperadas, e muito menos uma atitude contraditória de uma diretoria. Os cronistas esportivos vêm demonstrando estado de choque por causa da demissão de Cuca no Fluminense, uma semana depois do time ser desclassificado da Taça Rio e às vésperas da partida decisiva contra a Portuguesa nas oitavas-de-final da Copa do Brasil.

Na verdade, ambos os lados são previsíveis. Primeiro, em relação ao treinador. É bem verdade que ele não tem culpa que o tricolor das Laranjeiras tenha um desempenho tão aquém do que a diretoria esperava. Muitos jogadores (entre contratados e os que já estavam no clube desde o final de 2009) deixaram a desejar.

No entanto, todos os clubes por onde Cuca passou tiveram algo em comum: a falta de vibração. Cuca não é um treinador que motiva, não é alguém que coloca o coração no bico da chuteira. Seu esquema tático é sempre bem montado, tem todos os seus méritos. Mas falta paixão em momentos decisivos. Tanto que o único poder de decisão que o Fluminense teve foi quando estava à beira de cair para a Série B do Campeonato Brasileiro.

Também não há muito o que se esperar de uma diretoria amadora como a do tricolor. Há mais de uma década, o Fluminense se vê submisso aos interesses de seu patrocínio, a Unimed, que, em vez de só disponibilizar o dinheiro à equipe, fica dando pitacos nas contratações e nas escalações. A consequência disto são os dois times que se formam dentro das Laranjeiras, onde só há uma coisa em comum: o fracasso nas competições, e sempre caindo na conta do Fluminense.

O Campeonato Estadual do Rio de Janeiro de 2010 teve o mesmo roteiro para o tricolor: muito investimento e nenhum resultado positivo. E, como toda a torcida carioca sabe, estadual só é parâmetro quando o desempenho é negativo.

Por mais que a diretoria tenha gasto pouco - e, pela primeira vez, tenha usado bem o dinheiro, em alguns jogadores que são bons - o clube ainda padece de não ter um comando fixo. Uma hora, quem atende (e mal atende) é o Roberto Horcades, presidente do Fluminense, e na outra, quem atende é Celso Barros, da Unimed.

O imediatismo derrubou Cuca. Não que ele seja um treinador excepcional, digno de aplausos e de comoções, mas com ele se vai mais uma tentativa de planejamento a longo prazo. O Fluminense acena com a possibilidade de Muricy Ramalho, que trabalharia pela primeira vez no Rio de Janeiro.

Não se questiona o talento de Muricy, mas a última passagem dele por um clube (o Palmeiras) terminou de maneira breve, e graças a problemas internos com a diretoria. E agora, com duas diretorias no Fluminense?

Outro problema parece chegar ao tricolor no Campeonato Brasileiro de 2010. Com Muricy Ramalho, vem a expectativa de montar mais um time de estrelas com a camisa verde, vermelha e branca. E a torcida sabe como é esta história dos esquadrões que o Fluminense monta: eles acabam se desmontando depois de derrotas, e tudo começa na troca de técnicos.

Talvez o novo comandante do Fluminense venha a conseguir as vitórias para a equipe. Mas, certamente, vai ter muita coisa por resolver, dentro e fora de campo.

terça-feira, 20 de abril de 2010

Aparando as arestas



Um dos campeonatos estaduais mais deficitários do ano de 2010 terminou no domingo (o do Rio de Janeiro, com vitória do Botafogo nos dois turnos). Mas outra competição estadual de nível técnico duvidoso chega à sua decisão com um roteiro um pouco diferente do esperado. O Campeonato Mineiro, há décadas reduto da briga exclusiva entre Cruzeiro e Atlético Mineiro, não terá o time cruzeirense.

Na semifinal diante do Ipatinga, a equipe interior venceu o Cruzeiro em pleno Mineirão pelo placar de 3 a 1, mesmo com uma arbitragem que prejudicou demais o Tigre mineiro. Foram dois pênaltis não marcados, um gol mal anulado e um impedimento marcado erradamente. De fato, algo que valoriza muito a classificação da equipe, pois a vitória veio após um acirrado empate sem gols no Ipatingão.

Seu adversário na briga pelo título não surpreende tanto os torcedores de Minas Gerais. Desde 1958, o Atlético já disputou 40 finais de campeonato - esta será a de número 41. Teve 20 títulos e 20 vice-campeonatos. No entanto, a surpresa é a campanha atleticana neste ano.

Dirigido por Vanderlei Luxemburgo, o time fez um Campeonato Mineiro oscilante, com seis vitórias, quatro empates e uma derrotas, e ficou em terceiro lugar na primeira fase. Nas quartas-de-final, passou com dois empates pelo América (3 a 3 e 2 a 2) e se classificou para a final no limite, com uma vitória por 2 a 1 e um empate sem gols com o Democrata de Governador Valadares.

O Campeonato Mineiro estaria aparando suas arestas em 2010? Em vez de ser meramente uma competição onde Atlético e Cruzeiro mediam suas forças para ver quem goleava mais, ambos passaram por dificuldades em todas as rodadas do torneio.

Pior para o Cruzeiro, que subestimou o campeonato e resolveu escalar um time misto em plena semifinal de torneio. Pelo visto, a soberania dos confrontos entre Galo e Raposa não é mais tão imbatível assim nos gramados de Minas Gerais.

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BOLA PRO MATO



CORITIBA, CAMPEÃO ESTADUAL DO PARANÁ DE 2010

Por mais que se diga que os campeonatos estaduais não são parâmetro para a competição nacional, é emocionante ver um time que passou pelo descenso (e teve no dia fatídico de sua queda para a Série B um lamentável episódio de violência) agora tendo motivos para comemorar.

O Coritiba foi soberano no Campeonato Paranaense, roubando o favoritismo do Atlético desde o início do torneio e vencendo com uma rodada de antecedência (graças a uma vitória por 2 a 0 diante do Furacão). A motivação para volta à Primeira Divisão do futebol brasileiro vem ainda com mais força para o time do Alto da Glória.

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Acima de qualquer suspeita



Quando surgiram as primeiras grandes exibições do time do Santos na temporada, as pessoas invariavelmente aplaudiam com ressalvas. Afinal, geralmente os derrotados eram times de considerada má qualidade, ou que estavam em noites atípicas, onde seriam facilmente batidos. O argumento mais corriqueiro é de que o alvinegro praiano está vencendo somente nas fases iniciais da Copa do Brasil e num campeonato estadual.

A que ponto chegou o futebol! Condenado desde a década de 1980 a parar de ser a disputa de quem faz mais gol para, agora, ser a partida onde ganha o time que menos vezes deixar a bola passar por sua rede. O futebol atual não admite enxergar que há, sim, um momento especial, um lampejo de equipes que dão gosto de ver atuar, independente da camisa do time que a pessoa torce.

Demorou muito para o Santos começar a "ganhar" de fato. Se venceu por 10 a 0, é porque o Naviraiense é um time que não faz frente a ninguém. Se fez 8 a 1 (como foi semana passada) sobre o Guarani, é porque a equipe campineira já não é mais a mesma e as pessoas preveem que o Bugre vai ter 38 derrotas consecutivas no Campeonato Brasileiro que está por vir.

Mas vieram as rodadas, veio a liderança no Campeonato Paulista, o time segue firme na Copa do Brasil. E ontem, com uma incontestável vitória por 3 a 0 sobre o São Paulo na Vila Belmiro, chegou à final do estadual, diante do Santo André. Não foi uma vitória sobre um time considerado de menor expressão, foi sobre o São Paulo que até poucos anos tinha hegemonia nacional.

Como o nível do Campeonato Paulista é bem acima dos outros estaduais, a ponto do Campeonato Brasileiro ser um "semi-Paulistão" (Santos, São Paulo, Corínthians, Palmeiras, Grêmio Prudente e Guarani estarão na edição de 2010), já pode-se dar todos os méritos à equipe santista. Não resta dúvida. A geração liderada por Robinho e que traz pérolas do futebol como André e a promissora dupla Paulo Henrique Ganso e Neymar está acima de qualquer suspeita. Há qualidade de sobra na Vila Belmiro, e o maior mérito de Dorival Júnior é permitir um esquema no qual eles possam desfilar seu talento pelos gramados.

Também será responsabilidade dele caso perca o controle e deixe que o deslumbre e a soberba subam à cabeça dos jogadores do Santos. Há muitas equipes de grande talento que se cometeram injustiças quando deixaram de atuar com humildade. Mas isto pode ser bem controlado com o pulso firme de um treinador.

Não é por acaso que o Santos está com tamanho destaque neste início de 2010. Pode vir a perder seus jogos? Claro, a graça do futebol é que nem mesmo a melhor equipe ganha o tempo todo ou joga bem em todas as partidas. Mas, sem dúvida, é bom ver um time que tem a vitória como consequência de muito, mas muito talento. Num esporte cercado da falta de exatidão como é o futebol - onde motivos de triunfo podem ser a sorte ou o esquema tático bem armado - é muito gostoso ver um time capaz de encontrar magia com a bola nos pés. Pena que o Santos hoje seja uma exceção. Mas, sem dúvida, é uma excelente exceção.

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BOLA PRO MATO

No Campeonato Paulista também são dignos de aplausos os jogadores do Santo André. Para os que pensavam que a equipe iria cair na completa depressão por sua desastrosa e fugaz participação na Primeira Divisão do Campeonato Brasileiro de 2009, ficar com a segunda melhor campanha do Paulista e derrubar o Grêmio Prudente nas semifinais é um bom motivo para a equipe almejar o retorno à elite em 2011.

domingo, 18 de abril de 2010

Os anti-heróis do Rio



BOTAFOGO, CAMPEÃO ESTADUAL DO RIO DE JANEIRO DE 2010

Por três decisões consecutivas de Campeonato Carioca, o desfecho teve os mesmos ingredientes que levaram a um vencedor: o Flamengo. Mas no dia 18 de abril de 2010, a graça do futebol resolveu brincar com pormenores dos triunfos flamenguistas de 2007, 2008 e 2009, e transformou a decisão da Taça Rio na última partida do Estadual. E deu a conquista ao Botafogo, com uma vitória por 2 a 1 - gols de Herrera e Loco Abreu, com Vágner Love fazendo o gol rubro-negro.

O esquema tático foi a primeira mudança em relação aos três anos anteriores. Em vez do jogo aberto, Andrade e Joel Santana colocaram suas equipes de maneira defensiva. Mas Joel foi um pouco mais feliz em sua escalação, por colocar um ranço de criatividade botafoguense nos pés de Renato Cajá, enquanto Andrade seguiu no mesmo esquema covarde de colocar volantes e sobrecarregar um lateral improvisado no meio-de-campo.

Os alvinegros tinham mais volume de jogo, enquanto o Flamengo se acuava e deixava muito isolados os atacantes Adriano e Vágner Love. Os dois se tornavam presas fáceis da zaga do Botafogo - em especial o primeiro, que, voltando depois de semanas sem entrar em campo, tinha muita dificuldade de se movimentar.

E a história de Flamengo e Botafogo começou a ser escrita graças à artimanha botafoguense deste ano: a bola parada. Aos 23 minutos, Renato Cajá cobrou escanteio e Ronaldo Angelim segurou Fábio Ferreira dentro da área. Pênalti. Era o primeiro pormenor que entrava em campo com fantasmas das outras decisões. No tricampeonato flamenguista, dois títulos (2007 e 2009) vieram nos pênaltis - e em ambas, o goleiro Bruno saiu de campo consagrado como "pegador de pênaltis".

Herrera cobrou no meio do gol, e a bola foi para o fundo da rede rubro-negra. Foi preciso o Botafogo fazer o gol para Andrade tentar corrigir seu erro de escalação: no minuto seguinte, o volante Toró saiu para a entrada do meia-atacante Vinícius Pacheco. Era o treinador passando atestado de seu erro.

A mudança logo fez efeito, e Pacheco foi uma grande opção de ataque. Se antes a marcação alvinegra neutralizava o único homem de ligação com o ataque - Michael - agora o time partia para a frente com mais liberdade. E desta liberdade veio o gol de empate flamenguista. A alguns segundos do final do tempo regulamentar, Michael foi até a linha de fundo e cruzou para a área. Adriano desviou de cabeça, David tentou, o goleiro Jefferson defendeu, mas na sobra, Vágner Love empurrou para a rede. Era a chance de repetir outro resultado constante nos últimos confrontos entre Flamengo e Botafogo: o empate.

As duas equipes voltaram para o segundo tempo com o mesmo ímpeto, e cada equipe usando a estratégia que tinha sido mais eficiente durante o Campeonato Estadual. O Flamengo apostava nas jogadas de velocidade de Michael e Vinícius Pacheco, mas falhavam nos passes finais para Vágner Love e Adriano. O Botafogo tentava as jogadas aéreas, mas os cruzamentos não estavam muito inspirados e a bola não chegava a Herrera e Loco Abreu.

Mas aos 27 minutos, a bola parada funcionou de novo do lado botafoguense. Numa cobrança de falta, Herrera foi puxado por Maldonado dentro da área. Mais um pênalti marcado. E o volante, destaque do setor defensivo flamenguista no título brasileiro de 2009 e apelidado de "O homem invisível" (por ser eficiente na marcação), apareceu negativamente. O jogador tomou seu segundo cartão amarelo, e deixou o Flamengo com um a menos.



Na cobrança, mais uma vez a história de decisões entre e Botafogo e Flamengo se inverteu. Bruno pegou a cobrança de Loco Abreu. Mas no fundo da rede. O uruguaio cobrou com categoria e a bola caprichosamente bateu no travessão antes de ultrapassar a linha.

O Flamengo partiu definitivamente para o ataque, mas se ressentia do cansaço de todos os jogadores da frente - inclusive de Vinícius Pacheco que, mesmo tendo entrado em campo no decorrer do jogo batalhou bem mais do que muitos que estavam no jogo desde o início. Os erros rubro-negros geravam contra-ataques perigosos, e num deles, Loco Abreu dividiu a jogada com Bruno e a bola sobrou para Caio que, sem goleiro, chutou por cima do travessão.

O Botafogo se defendia como podia. E até como não podia. Num cruzamento na área aos 35, Fahel impediu Ronaldo Angelim de subir para cabecear. Terceiro pênalti marcado na decisão da Taça Rio (para completar, Herrera foi expulso por reclamação). E o primeiro do lado rubro-negro - time que, nas duas decisões em que ganhou nos pênaltis, não desperdiçou nenhuma cobrança. Encarregado da cobrança, estava Adriano, que jamais errara um pênalti em sua carreira. E agora tinha chance de levar o jogo para 2 a 2 - placar de ambos os jogos decisivos do Campeonato Estadual do ano anterior e placar corriqueiro neste clássico. O camisa 10 partiu para chutar e bateu no canto, mas o goleiro Jefferson espalmou o chute para escanteio.

Se Andrade tentou corrigir a falha na escalação logo no início quando colocou Vinícius Pacheco em campo, ele demorou demais para tentar colocar o Flamengo na fase de "tudo ou nada" da decisão. Somente a cinco minutos do fim é que entraram jogadores de mais qualidade de bola, como Fierro e Petkovic. Nesta altura, contrastava o desespero rubro-negro com a serenidade do goleiro Jefferson, um soberano nos últimos minutos da Taça Rio.

Minutos que se tornaram os derradeiros do Campeonato Carioca. Como vencera também o primeiro turno, o Botafogo se tornou o vencedor do Campeonato Estadual de 2010. Vitória justa, do time grande que mais enfrentou dificuldades desde o início (falta de credibilidade de torcida, instabilidade interna que culminou na demissão de Estevam Soares, uma derrota por 6 a 0 para o Vasco...) e soube passar por elas sempre dentro de campo. O título alvinegro também confirma o excelente trabalho de Joel Santana, responsável direto pela mudança de postura do Botafogo e que chega ao seu oitavo título estadual como técnico.

sexta-feira, 16 de abril de 2010

Retrocesso histórico



A sede de vitória pode causar instabilidade emocional de todos os tipos aos jogadores de futebol. No entanto, quando ela ultrapassa as quatro linhas do gramado, é sempre preocupante e torna o esporte uma batalha campal ainda mais forte.

Foi o caso da primeira partida entre Palmeiras e Atlético Paranaense em seu cruzamento na Copa do Brasil. Numa troca de movimentos bruscos, a televisão mostrou uma cabeçada do zagueiro atleticano Manoel no zagueiro palmeirense Danilo. Num segundo momento, veio a revanche do jogador do Palmeiras: uma cusparada na cara do adversário. Mais tarde, ainda veio outro ato deste espetáculo lamentável, quando o atleta do Atlético Paranaense aproveitou que Danilo estava caído e deu um pisão na cabeça dele.

A sequência de lances acabou manchando o bom jogo dos dois clubes em São Paulo - que teve a vitória do Palmeiras, por 1 a 0, gol de Robert - e ganhou contornos ainda mais distantes de uma partida de futebol. Ao fim do jogo, Manoel acusou Danilo tê-lo chamado de "macaco" (o zagueiro do Atlético Paranaense é negro).

A selvageria do incidente é lamentável de ambos os lados, e ficou impune porque o árbitro da partida, o carioca Marcelo de Lima Henrique, não viu a briga. Mas ainda maior é o retrocesso histórico ao qual foi submetido o Palmeiras.

Nos seus primeiros anos de existência, o time era formado basicamente por pessoas de classe baixa, em especial operários italianos ou descendentes de italianos. Com o passar dos anos e o apoio do Brasil às Nações do Eixo durante a Segunda Guerra Mundial, o time paulista teve de abandonar seu nome de batismo - Palestra Itália - por imposição de Getúlio Vargas. O motivo era ter o nome da Itália, país que era adversária do Brasil e vivia sob o regime do Fascismo.

Neste ano de 2010, o Palmeiras tem como treinador Antônio Carlos Zago que, alguns anos atrás, quando jogava pelo Juventude, fez ofensas racistas ao jogador Jeovânio, do Grêmio. Agora, vem o episódio de um jogador palmeirense acusado de racismo. Dois elementos que soam estranhos em um clube que sobreviveu a todo tipo de ofensas e depreciações por causa de suas origens.

Talvez seja a hora do futebol escrever uma nova história para o Palmeiras. Porque esta, de ofensas pessoais e baixarias, já acabou há muito tempo, e o final não foi feliz.

quarta-feira, 14 de abril de 2010

Bolas de neve



O passado condena. Mesmo com o Brasil tendo seu campeonato nacional há quase uma década sem alterações mirabolantes, mesmo com o torneio não sendo paralisado a torto e a direito por liminares ou tendo seus resultados alterados no tapetão, dos escombros da Confederação Brasileira de Futebol ainda vem uma pendenga judicial.

No ano de 1987, a CBF não pôde organizar o Campeonato Brasileiro. O Clube dos 13, formado pelos 13 clubes de maior expressão do país, decidiu organizar a competição nacional. Denominada Copa União, ela reunia 16 clubes em cada módulo, que era correspondente a uma "divisão", no "futebolês" dos dias de hoje.

Ocorreu a competição, e a final, disputada entre Flamengo e Internacional, teve vitória rubro-negra. Entretanto, a CBF em meados de 1987 determinou que houvesse um quadrangular entre os dois primeiros do Módulo Verde e o campeão e o vice do Módulo Amarelo - Sport Recife e Guarani. Flamenguistas e colorados se recusaram a disputar esta fase, que ocorreria em janeiro de 1988, e a Confederação Brasileira de Futebol decidiu que a final do Campeonato Brasileiro seria entre Sport e Guarani. Os pernambucanos foram os vencedores.

O Flamengo ganhou mais um título brasileiro em 1992, e pleiteou que a "Taça das Bolinhas" fosse para sua sala de troféus. Ela ia para o clube que ganhasse por cinco vezes o Campeonato Brasileiro. Por não reconhecê-lo como campeão brasileiro no ano de 1987, a CBF se recusou a entregar a taça em definitivo.

No ano de 2007, o São Paulo ganhou seu quinto título brasileiro, e passou a pleitear a "Taça das Bolinhas". Por três anos ficou o impasse. Mas hoje foi batido o martelo: a CBF não reconhece o Flamengo como pentacampeão em 1992, e o troféu histórico vai para o Morumbi.

Provavelmente, este não é o capítulo final da história envolvendo CBF, Flamengo e São Paulo. Trata-se só de mais uma das muitas bolas de neve deste espetáculo de horrores que já ultrapassou duas décadas no futebol nacional.

O caso da Copa União mostra uma sucessão de erros, que tiveram início nas tortuosas boas intenções do Clube dos 13. De fato, a politicagem da CBF nos anos anteriores da competição tornou o Campeonato Brasileiro insuportavelmente longo e deficitário - a ponto de chegar a 94 clubes no ano de 1979. A redução de clubes era urgente, mas não da maneira como foi.

Os 13 clubes se incluíram na divisão principal e acabaram colocando como critério para a escolha dos outros três clubes a maior popularidade em seus respectivos estados. Assim, Santa Cruz, Coritiba e Goiás também fizeram parte do Módulo Verde.

A Copa União começou errado, pois simplesmente tirou de destaque alguns times que ficaram entre os 10 primeiros lugares no Campeonato Brasileiro de 1986. O Criciúma, nono, o América (do Rio de Janeiro), em quarto, e - pasmem! - o Guarani, que foi vice-campeão brasileiro de 1986. Eles foram relegados ao Módulo Amarelo, ao segundo escalão do futebol nacional.

É bem verdade que a politicagem do Clube dos 13 não justifica a artimanha da CBF em querer se meter numa competição depois de ter lavado as mãos para a organização do Campeonato Brasileiro de 1987. Também era mais justo que os times do Módulo Amarelo tivessem mais dificuldades no final do campeonato, do mesmo jeito que Flamengo e Internacional tiveram no Módulo Verde.

Mas daí a apagar o ano anterior para benefícios próprios, soou muito estranho para o Clube dos 13. Afinal, se o critério fosse colocar os 16 melhores clubes do ano de 1986, grandes como Internacional, Santos e Botafogo ficariam de fora por suas colocações ao final do campeonato daquele ano. E clubes de menor expressão, caso de América, Criciúma, Internacional de Limeira e Joinville, fariam parte da elite do futebol brasileiro.

Curiosamente, desde que foi relegado aos baixos escalões do futebol nacional, o América viveu uma queda livre em seu desempenho no campo, e no ano passado chegou a disputar a Segunda Divisão do Campeonato Estadual do Rio de Janeiro. Talvez o time carioca tenha sido o mais derrotado nesta rixa entre Clube dos 13 e CBF.

Em relação ao título, não seria mais fácil que o Flamengo e o Internacional honrassem o favoritismo que os levou à final do Módulo Verde e respondessem no campo à questão que eles consideravam absurda? Em vez disto, os rubro-negros preferiram ficar com o rótulo do único time que é campeão brasileiro mesmo tendo feito um W.O. na final - e com o apoio da Rede Globo, principal acionista da Copa União.

O episódio desencadeado pela Copa União nada mais é do que um duelo entre uma confederação com ares imperiais e uma oligarquia deastrosa. Para o bem do futebol brasileiro, talvez fosse melhor que riscassem da história o ano de 1987. Para que não venham novas bolas de neve em torno da famigerada "Taça das Bolinhas".

segunda-feira, 12 de abril de 2010

DEBATEBOLA Quatro linhas, 12 de abril de 2010



Satisfação!

A bola não para, e o DEBATEBOLA Quatro linhas continua em campo, na reta final dos campeonatos estaduais. Passam pelo nosso campo as semifinais:

CAMPEONATO CARIOCA



CAMPEONATO PAULISTA



CAMPEONATO MINEIRO



CAMPEONATO GAÚCHO





Basta dar o PLAY que a comunicação está no ar na linha de passe entre VINÍCIUS FAUSTINI e FLÁVIO DE SÁ.

Duração: 68 minutos.

A Taça Rio merece



Um campeonato deficitário, com jogos inúteis e presença de público ínfima. Este foi o panorama da Taça Rio, segundo turno do Campeonato Estadual de 2010 (idêntico ao da Taça Guanabara). Quando a chegada da fase semifinal da competição - trazendo o embate entre Botafogo e Fluminense numa chave e Flamengo e Vasco na outra - parecia ser um oásis em meio ao deserto que foi a competição deste ano, eis que surgem dois momentos lamentáveis dos "clássicos" cariocas em apenas um fim de semana.



No sábado, para 16 mil presentes, o Botafogo venceu o Fluminense por 3 a 2, num jogo que prometia ser alucinante. Mas que ficou na promessa. Os botafoguenses abriram o placar na única jogada perigosa que têm - cruzamento na área para tentar encontrar Loco Abreu - e se fecharam terrivelmente. Os tricolores se tornaram senhores da partida, e conseguiram dois gols de virada, com Fred, que se redimiu depois de acertar uma cobrança de pênalti no travessão logo no início do jogo.

Mas, na segunda etapa, o Fluminense repetiu os clássicos contra Flamengo e Vasco e desistiu de jogar por 45 minutos. Da água de um esquema retranqueiro de Joel Santana, o Botafogo voltou a campo no vinho, com quatro atacantes, depois das entradas de Edno e Caio. No entanto, somente os dois substitutos pareciam estar em campo, pois Loco Abreu seguia brigando com a bola e Herrera só apareceu em duas jogadas irregulares. Na primeira, tentando desviar uma jogada com a mão. Lance para amarelo, que o árbitro Péricles Bassols não deu porque seria o segundo dele na partida - e, fatalmente, uma expulsão. E na segunda, quando, em impedimento, o atacante fez um corta-luz e enganou o goleiro Rafael no momento em que Caio chutou para marcar o terceiro e derradeiro gol alvinegro.



Na partida de domingo, o número de pessoas duplicou em relação a Botafogo e Fluminense (foram 32 mil presentes), mas ainda foi bem aquém de um Maracanã em seus áureos tempos. O futebol jogado por Flamengo e Vasco também deixou muito a desejar para a tradição de ambas as equipes. Em especial do lado vascaíno, que embora tenha um time superior ao da volta à Série A do futebol brasileiro, ainda padece de melhor armação: há uma grande lentidão para o time sair da defesa e partir para o meio-de-campo. Quando a bola chega ao meio, o trio de volantes se atrapalha, e deixa o ataque completamente isolado.

Do lado rubro-negro, houve uma surpresa tenebrosa para o clássico: três volantes e um lateral improvisado formavam o meio do Flamengo, num esquema covarde de contra-ataques. Covarde, mas eficaz, pois o time da Gávea saiu com uma vitória por 2 a 1. Poucos minutos depois de Juan enganar o árbitro, se atirando na grama quando dividiu a bola com o atacante Élton quando o camisa 9 fez o gol vascaíno (anulado), veio o primeiro gol flamenguista. Uma perda de bola no meio culminou em passe de Bruno Mezenga para Vágner Love. Beneficiado por um vício da zaga do Vasco - fazer linha de impedimento - o camisa 9 não teve trabalho diante de um Fernando Prass estático para levar a bola no fundo da rede.

Se o esquema era defensivo no início da partida, a tendência flamenguista foi se recuar ainda mais. E teve êxito em especial pelos desencontros do time do Vasco - e por uma tendência de seu único meia de criação, Philippe Coutinho, só afunilar as jogadas para o meio da área. Dodô e Élton ficavam muito distantes, escondidos entre a zaga do Flamengo.

O gol de empate vascaíno veio numa jogada de bola parada. O mesmo Thiago Martinelli que pedira impedimento no gol de Vágner Love desviou de cabeça para o fundo da rede de Bruno. Mas, curiosamente, a tendência flamenguista prosseguiu a mesma: se fechar em sua área, e contando com a colaboração do goleiro Bruno, que a toda hora caía para retardar a partida. E quando não tinha motivos para cair, retardava as cobranças de tiro de meta.

Na segunda etapa, o Flamengo tentou aparecer um pouco mais na partida. Mas quem quis roubar a cena foi o árbitro João Batista de Arruda. Primeiro, num pênalti questionável de Márcio Careca sobre Léo Moura. Sem seu cobrador de penalidades, Adriano, vetado por causa de um problema lombar, Vágner Love marcou seu segundo gol em uma bela cobrança. Foi o gol de número 14 do artilheiro do Campeonato Estadual.

No restante da partida, o panorama foi o mesmo do primeiro tempo: o Vasco tendo mais volume de jogo, mas se perdendo em vários erros da própria equipe. Erros da zaga, que permitia contra-ataques do Flamengo, erros do meio, que era hesitante em seus passes e até mesmo em erros do seu treinador, Gaúcho. A entrada de Carlos Alberto era válida para buscar ao menos um empate e levar o jogo para as cobranças de pênalti. Mas ele estava visivelmente fora de ritmo de jogo, e em alguns momentos apareceu mancando. Dodô não deveria ser substituído, e sim Élton, que se atrapalhava sozinho muitas vezes.

A saída de Philippe Coutinho para a entrada de Magno, explicada por Gaúcho como desgaste físico ("Coutinho estava afogado, já lhe faltava força" foram as palavras do técnico na coletiva de depois do jogo) não era a ideal, e Rodrigo Pimpão não é a esperança para fazer gols importantes em decisões. Andrade também errou ao trocar Michael para colocar Petkovic. Em um jogo de contra-ataques, Pet não é mais sinônimo de velocidade.

Williams quase pôs tudo a perder para o lado rubro-negro. A três minutos do fim, o volante desviou com a mão um cruzamento na área. João Batista de Arruda mandou o lance seguir.

Ao fim da partida, foi sacramentado que a final do segundo turno do Campeonato Carioca será semelhante às decisões dos últimos anos. Botafogo e Flamengo decidem a Taça Rio. Do lado botafoguense, em caso de vitória, o título vai direto para General Severiano. Se os rubro-negros vencerem, a decisão acontecerá em duas partidas.

Diante de tantas lambanças dentro de campo (com jogos de qualidade muito abaixo da esperada), de arbitragens confusas e de invencionices que não servem pra nada, como os árbitros que ficam atrás do gol e os "tempos técnicos", a Taça Rio merece os dois finalistas. Dois times retranqueiros, mais preocupados em não tomar gol do que no bom futebol, sobraram na briga pelo segundo turno e pelo Campeonato Estadual. Mas o sabor de derrota veio ainda mais amargo neste torneio de 2010.

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Debatebola QUATRO LINHAS, 5 de abril de 2010







Satisfação!


O DEBATEBOLA Quatro Linhas está no ar, com nosso time driblando até o feriado para colocar você na cara do gol com tudo o que rolou no futebol nacional nesta época de Páscoa.


Em pauta:


O FIM DA PRIMEIRA FASE DO CAMPEONATO CARIOCA


A RETA FINAL DO CAMPEONATO PAULISTA


AS QUARTAS-DE-FINAIS DO CAMPEONATO MINEIRO


A ÚLTIMA RODADA DO SEGUNDO TURNO DO CAMPEONATO GAÚCHO


E UM GIRO PELOS PRINCIPAIS CAMPEONATOS ESTADUAIS


Com VINÍCIUS FAUSTINI na armação, FERNANDO DINIZ fazendo o pivô e o oportunismo artilheiro de FLÁVIO DE SÁ, este programa é chocolate.


Basta dar o PLAY que a comunicação está no ar.