quinta-feira, 6 de maio de 2010
Papéis trocados
Análise de quarta - Corínthians 2 x 1 Flamengo (Pacaembu, 21h50, Taça Libertadores da América)
Considerado o "tira-teima" entre os vencedores nacionais de 2009, Corínthians (campeão da Copa do Brasil) e Flamengo (vencedor do Campeonato Brasileiro) chegaram às oitavas-de-final da Taça Libertadores da América em papéis extremos. Os corintianos fizeram a melhor campanha na primeira fase, enquanto os flamenguistas passaram no sufoco, sendo o pior time entre os segundos colocados classificados. E, após vencer o primeiro jogo por 1 a 0 no Rio de Janeiro, o Flamengo se classificou mesmo com a derrota por 2 a 1 em São Paulo - David (contra) e Ronaldo fizeram os gols do alvinegro paulista e, no segundo tempo, Vágner Love fez o gol que classificou o rubro-negro carioca.
A troca de papéis foi constante desde o início da partida. Após uma atuação desastrosa no Maracanã, Ronaldo apareceu mais magro e com boa movimentação no Pacaembu. Seu adversário, Adriano (autor, de pênalti, do gol da vitória no Rio), se arrastava em campo, parecendo ter pouca disposição.
O panorama entre os jogos seguiu idêntico em apenas uma situação: a postura corintiana. No primeiro jogo, a equipe se lançou diretamente ao ataque, aproveitando que o Flamengo passou boa parte daquele jogo com um homem a menos. Na segunda partida, o time prosseguiu atacando, mas sob a necessidade de vencer por uma diferença de dois gols e carregando em seus ombros a responsabilidade de manter vivo o sonho do clube no ano de seu centenário: ser vencedor sul-americano.
Mas, enquanto o Corínthians era previsível, o Flamengo ficava marcado por um surpreendente jeito imprevisível de jogar. Estava perdido na marcação, afoito na busca por se livrar dos perigos corintianos e cheio de erros de passe primários. E uma infelicidade deixou o rubro-negro em desvantagem. Danilo cruzou para a área e a canela de David (com leve toque da mão de Ronaldo) enganou Bruno aos 27. Gol que levaria o desempate para as cobranças de pênaltis. A seis minutos do fim, nova desatenção da defesa gerou cruzamento de Dentinho. Ronaldo cabeceou e a bola passou por baixo dos braços de Bruno antes de entrar na rede.
Uma mudança no intervalo deu o tom do segundo tempo. Vinícius Pacheco, depois de péssima atuação nos primeiros 45 minutos, saiu para a entrada de Kleberson. Num primeiro momento, a alteração de Rogério Lourenço parecia deixar o time ainda mais defensivo. Mas apenas quatro minutos comprovaram a verdadeira intenção do treinador, que era melhorar qualidade de passe e dar mais tranquilidade na saída de bola. O camisa 15 aproveitou um buraco na defesa do Corínthians e deixou Vágner Love livre e em posição legal para diminuir a vantagem adversária. Uma derrota com ares de vitória.
Embora tivesse praticamente um segundo tempo inteiro pela frente, o Corínthians levou um baque e resolveu trocar de lugar na pressão do clássico das duas maiores torcidas do país. Antes calmo, com bons passes trocados e um time bem armado, agora ele parecia disperso. Os passes, antes precisos, ficavam cada vez mais sem direção. E a tendência a jogar pelo meio matava qualquer jogada de perigo para o gol de Bruno. Os momentos em que chegava mais perto acabavam sendo chutes de fora da área, caso da cobrança de falta de Chicão que o camisa 1 rubro-negro espalmou para escanteio.
Outrora acuado, o Flamengo cada vez mais se lançava ao ataque, e atuava defensivamente de maneira inteligente (ao aproveitar os erros corintianos). E os erros não eram poucos. Em especial os erros do ataque rubro-negro, que perdeu inúmeras chances diante do gol de Felipe, com Kleberson, Vágner Love e algumas claríssimas de Adriano.
Mas a bola na rede não fez falta. O Flamengo fez seu papel de não tomar mais gols no restante do jogo do Pacaembu, dando um final melancólico e prematuro ao maior sonho da torcida do Corínthians para 2010. Enquanto isto, o rubro-negro da Gávea vai precisar de mais papéis, porque ainda vai escrever um pouco mais de sua história na Taça Libertadores da América deste ano.
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Amanhã, O tempo e o placar... faz uma análise das semifinais da Copa do Brasil de 2010.
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