quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Múltiplas derrotas



Análise de quarta - Corínthians 1 x 1 Botafogo (22h, Pacaembu)

Um ponto para cada lado. A igualdade que, ao mesmo tempo, consola duas equipes que mediram forças no gramado e retira pontos pela incapacidade de um vencedor surgir após 90 minutos, veio com sabor de derrota não só para Corínthians e Botafogo, que viram seus objetivos ainda mais distantes, mas também para o espetáculo que se desenhou no Pacaembu.

Os dois alvinegros buscaram esquemas bastante ofensivos. E o mais rápido a aparecer na partida foi o Corínthians. Com a tática 4-3-1-2, a equipe de Adilson Batista marcava com o trio de volantes Ralf, Elias e Jucilei (com os dois últimos tendo liberdade para sair jogando) e, através do meia de ligação Bruno César, apostava na velocidade de Jorge Henrique e no oportunismo de Iarley. Só que a estratégia corintiana se revelou bem mais traiçoeira, pois num de seus primeiros lances, Bruno César recebeu passe na grande área e acertou um chute no ângulo. A bola parou no fundo da rede de Jefferson. 1 a 0 Corínthians, aos dois minutos.

Apesar da desvantagem no placar, o Botafogo demonstrou tranquilidade para tentar o gol de empate. Lúcio Flávio parecia ter mais demonstração para jogar, e conseguia distribuir com inteligência as jogadas - aproveitando os erros do corintiano Alessandro para lançar Herrera. As subidas de Marcelo Cordeiro também se intensificaram porque o Alessandro botafoguense se resumia a marcar as descidas de Roberto Carlos e Jorge Henrique. Numa delas, Loco Abreu conseguiu um chute frontal ao gol, mas a bola parou no travessão.

Com o passar da primeira etapa, a zaga botafoguense conseguiu se acertar, e, ao neutralizar os ataques corintianos, possibilitou vários contra-ataques. Num deles, Herrera cruzou, e Loco Abreu, de cabeça, aproveitou falha de Alessandro para colocar a bola no fundo da rede de Júlio César. 1 a 1, aos 26. Mas o Corínthians agia como derrotado em campo, incapaz de conseguir se desvencilhar da marcação do Botafogo. Seu único bom momento no restante do primeiro tempo foi uma cabeçada de Iarley, que tocou na trave.

No segundo tempo, Ralf, contundido, foi substituído por Paulinho. E o Corínthians passou a levar a pior na marcação. Os botafoguenses cresceram na partida, e chegaram ao gol aos quatro minutos, quando Marcelo Cordeiro deu passe que Herrera desviou. No entanto, o gol foi equivocadamente anulado por impedimento. Mais uma derrota da arbitragem, que interferiu diretamente no resultado da partida e prejudicou o Botafogo - além deste lance se tornar mais uma das muitas polêmicas de arbitragem que supostamente favoreceram os corintianos no Campeonato Brasileiro de 2010.

Os botafoguenses continuaram a pressionar (e tiveram uma chance com Herrera, numa cabeçada defendida por Júlio César), mas sofreram uma nova derrota. Desta vez, internamente. Joel Santana decidiu tirar o atacante Herrera para colocar o meia Renato Cajá. Além da equipe ficar menos perigosa ofensivamente, o reserva entrou muito mal na partida, e ajudou a permitir que o Corínthians chegasse com perigo à sua área. Vieram oportunidades com Jucilei, Jorge Henrique e, na mais clara de todas, Paulinho chutou rasteiro, Jefferson defendeu parcialmente, a bola ia entrando mas Leandro Guerreiro salvou quase em cima da linha. O treinador do Botafogo tentou compensar seu erro, voltando ao 3-5-2 original - Lúcio Flávio saiu para a entrada de Caio.

Os corintianos pressionavam, mas, depois de verem seu lateral-esquerda Roberto Carlos (que, vencido pelo cansaço, foi trocado por Danilo), também tiveram uma derrota vindo das mãos de seu treinador. Ao tirar de campo o atacante Iarley, Adilson Batista optou por escalar o meia-atacante Defederico, que tem como característica a velocidade. Com Jorge Henrique e Defederico, o Corínthians abusou dos cruzamentos na área, mas sem nenhum homem fixo na área.

Mesmo com tanta pressão, a equipe paulista via suas chances diluídas em cruzamentos errados e chutes sem qualquer força ou direção. Tanto que o Botafogo teve as duas últimas oportunidades de vitória aos seus pés. Nas duas, o time carioca foi derrotado pela ansiedade. Após Somália dar uma arrancada do meio-de-campo, em vez de optar entre passar para Loco Abreu na direita ou servir Renato Cajá, que descia livre na esquerda, ele preferiu arriscar o chute. A bola saiu fraca, e foi defendida facilmente por Júlio César.

No minuto seguinte, Loco Abreu lançou Caio. O atacante passou pelo goleiro, cortou para o meio e, ao perceber que vinha a marcação corintiana, nem ergueu a cabeça para saber qual era a melhor opção de chute. Arriscou um gol por cobertura, e a bola saiu alta, distante das traves que Júlio César defendia.

Devido à vitória por 1 a 0 do Fluminense sobre o Avaí em Volta Redonda, o Corínthians agora vê o tricolor carioca três pontos à sua frente na busca pelo título. Além do restante do Campeonato Brasileiro, os três pontos no jogo do primeiro turno que falta cumprir - contra o Vasco, dia 13 de outubro, em São Januário - se tornaram ainda mais importantes para os corintianos.

O Botafogo, que viu sua luta se tornar ainda mais intensa depois que a Conmembol decidiu que o Campeonato Brasileiro levará apenas três clubes para a Taça Libertadores da América de 2011, se distanciou ainda mais do terceiro colocado. Com a vitória por 3 a 0 sobre o Atlético Goianiense em Sete Lagoas, o Cruzeiro agora tem seis pontos a mais. E os botafoguenses estão no sexto lugar, porque perdem nos critérios de desempate para Internacional e Atlético Paranaense (todos têm 41 pontos).

Do jogo do Pacaembu, restaram as derrotas proporcionadas diretamente por erros táticos de Adilson Batista e Joel Santana, mas também ressaltaram as inoperâncias com as quais ambas as equipes ainda convivem. Assim como o futebol brasileiro ainda convive com as falhas grotescas da arbitragem, que seguem interferindo nos resultados dos jogos. Mas esta derrota parece bem mais corriqueira do que as de Corínthians e Botafogo.

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CORÍNTHIANS 1 x 1 BOTAFOGO

Estádio: Pacaembu (São Paulo)

Público: 24.001 pagantes / Renda: R$ 770.449,50

Árbitro: Leandro Pedro Vuaden (FIFA-RS) / Auxiliares: Alessandro Álvaro Rocha de Mattos (FIFA-BA) e Erich Bandeira (FIFA-PE)

Gols: Bruno César, aos dois, e Loco Abreu, aos 28 minutos do primeiro tempo.

Cartões amarelos: Elias (Corínthians), Fahel, Lúcio Flávio, Herrera e Antônio Carlos (Botafogo).

CORÍNTHIANS - Júlio César, Alessandro, William, Thiago Heleno e Roberto Carlos (28'/2ºT - Danilo); Ralf (Intervalo - Paulinho), Jucilei, Elias e Bruno César; Jorge Henrique e Iarley (35'/2ºT - Defederico). Técnico: Adilson Batista.

BOTAFOGO - Jefferson, Antônio Carlos (46'/2ºT - Danny Morais), Leandro Guerreiro e Fábio Ferreira; Alessandro, Fahel, Somália, Lucio Flavio (31'/2ºT - Caio) e Marcelo Cordeiro; Herrera (19'/2ºT - Renato Cajá) e Loco Abreu. Técnico: Joel Santana.

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O tempo e o placar... apresenta o que houve de melhor e de pior na rodada do Brasileirão.

O CHUTAÇO

Após um primeiro turno vexatório, o GRÊMIO vem fazendo a melhor campanha do segundo turno, numa sequência de boas atuações sob o comando de Renato Gaúcho. A vitória por 4 a 2 sobre o São Paulo mostra também o poder de ataque - em especial de Jonas, o atual artilheiro do Campeonato Brasileiro.

A FURADA

A declaração infeliz e fora de hora do treinador SILAS transformou o período conturbado do Flamengo na competição numa turbulência ainda maior. Em vez de tentar se isentar com a afirmação de que não faz gol contra e nem chuta a gol, o técnico deveria pensar no grupo flamenguista para tentar tirá-lo da beira do rebaixamento.

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RESULTADOS - RODADA 26

Terça-feira

21h

Vasco 3 x 1 Santos (São Januário)
Goiás 1 x 1 Flamengo (Serra Dourada)

Quarta-feira

19h30

Grêmio Prudente 4 x 2 Guarani (Prudentão)
Atlético Paranaense 1 x 0 Vitória da Bahia (Arena da Baixada)
Cruzeiro 3 x 0 Atlético Goianiense (Arena do Jacaré)
Palmeiras 2 x 0 Internacional (Arena Barueri)

21h

Fluminense 1 x 0 Avaí (Raulino de Oliveira)

22h

Corínthians 1 x 1 Botafogo (Pacaembu)
Ceará 0 x 0 Atlético Mineiro (Castelão)
Grêmio 4 x 2 São Paulo (Olímpico)

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Chamou a responsabilidade



Após o empate do Flamengo com o Goiás (graças a um gol salvador de Deivid aos 45 minutos do segundo tempo), Silas ousou nadar contra a corrente da atual cartilha do futebol. Numa época em que os treinadores tendem a poupar seus jogadores ou a assumirem sua parcela de culpa quando não vêm resultados positivos, o técnico rubro-negro declarou que "não faz gol contra e nem chuta a gol".

A frase tem lógica, soa como um desabafo de quem está dizendo que não pode fazer nada além de mexer na equipe. Entretanto, Silas deu a impressão de que está pedindo para ficar isento dos erros que estão acontecendo com o Flamengo dentro de campo.

É bem verdade que estão fora do seu alcance alguns problemas do atual time rubro-negro - as limitações do elenco em algumas posições e a visível falta de preparação física. No entanto, o técnico tem sua parcela de culpa em alguns erros cruciais do Flamengo nos jogos do Campeonato Brasileiro.

O gol contra não entra em questão, pois trata-se de um momento infeliz que pode acontecer com qualquer zagueiro, independentemente de sua qualidade. Mas, há algumas partidas, Jean vem decepcionando em suas atuações na zaga rubro-negra. O time que levava pouquíssimos gols nas primeiras rodadas transformou-se numa das defesas que mais sofreram gols na competição. Com um agravante: muitos deles acontecem antes dos 10 minutos, por distrações dos defensores. Não há um trabalho maior de concentração para os atletas flamenguistas?

Os gols voltaram a acontecer - inclusive entre os atacantes. Mas boa parte deles ainda acontece nos últimos minutos, quando a equipe está em desvantagem no placar e já abandonou a organização para se entregar ao desejo incessante de colocar a bola na rede. E quando a raça não for suficiente? Será que o amor e a paixão cantados pela torcida permanecerão do lado da equipe, a ponto de isentar Silas de eventuais percalços dentro do gramado?

Sim, os dirigentes e a torcida não podem usar o treinador como muleta para descontar os problemas de uma equipe. Sob este aspecto, Silas está certo. Mas, além de selecionar os jogadores mais talentosos e armar um esquema tático vitorioso, o treinador precisa amparar seus atletas em momentos de crise. Falar em "gol contra" no dia em que um zagueiro passou por tal infelicidade e tirou dois pontos da equipe é no mínimo inconveniente.

A única consequência foi ter seu nome (que já era visto com ressalvas) definitivamente em xeque aos olhos da torcida do Flamengo. Na tentativa de se isentar de culpa, Silas acabou se tornando ainda mais responsável pelo mau desempenho que o rubro-negro apresenta sob o seu comando.

terça-feira, 28 de setembro de 2010

Transição de gerações?



A atual classificação do Campeonato Brasileiro de 2010 mostra que o futebol brasileiro vem revendo seus conceitos. À exceção de Muricy Ramalho (treinador com vasto currículo de títulos, que está comandando o Fluminense, líder da competição), os comandantes dos clubes de ponta do Brasileirão são nomes que por muito tempo tiveram sua qualidade questionada por torcedores e críticos esportivos.



O estigma do cruzeirense Cuca, que mesmo com toda qualidade que seus times apresentavam, via suas equipes ficarem no "quase" título. A fama de retranqueiro com a qual o botafoguense Joel Santana e o colorado Celso Roth conviveram em todas as equipes que comandaram. E o atual técnico do Corínthians, Adilson Batista, que depois de três anos e meio sem um título de expressão no Cruzeiro, parece ter encontrado um bom padrão de jogo para a equipe corintiana na competição. Todos estes nomes vêm respondendo rótulos sobre seus respectivos trabalhos, apresentando agora equipes envolventes, fortes, dignas da briga pelo título do Campeonato Brasileiro.



Enquanto isto, antigos treinadores de destaque nacional não vêm conseguindo resultados expressivos em seus trabalhos, e alguns deles agora padecem no mercado de trabalho. O mais recente é Vanderlei Luxemburgo, demitido do Atlético Mineiro após o promissor esquadrão atleticano amargar a zona de rebaixamento no Brasileirão. Ao lado dele, técnicos como Emerson Leão, Carlos Alberto Parreira, Nelsinho Baptista e Antônio Lopes atualmente estão sem clube, e muitos deles sofrem com o empecilho de serem considerados caros ou serem associados apenas a equipes formadas por estrelas.

Estes treinadores ficaram ultrapassados? Ou Adilson Batista, Cuca, Joel Santana e Celso Roth são meros personagens de um Campeonato Brasileiro completamente atípico? Num período em que o Brasil grita por "renovação" em sua Seleção Brasileira, a ascensão destes nomes faz parte de um contexto promissor?

Resta aos desempregados aproveitarem seu tempo para pensar em novas formas táticas para conseguirem desempenhos melhores em seus próximos clubes. Caso contrário, todos eles ficarão relegados às memórias de representantes de uma geração que não sobreviveu a um período que, supostamente, pede valorização do futebol "bem jogado".

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Com QUATRO LINHAS armando jogada, nenhuma bola vai pra linha de fundo!




Essa bola que não para...

O novo jornalismo esportivo brasileiro está na área, atacando na Internet com mais um DEBATEBOLA! Passam pelo gramado:

CAMPEONATO BRASILEIRO, SÉRIE A

COMENTÁRIOS SOBRE A ENTREVISTA DE ZICO NA PLACAR

CAMPEONATO BRASILEIRO, SÉRIE B

E UM GIRO RÁPIDO PELO FUTEBOL INTERNACIONAL


Com o quarteto ofensivo FLÁVIO DE SÁ, FERNANDO DINIZ, GUSTAVO SANTOS E VINÍCIUS FAUSTINI.

Basta dar o PLAY que a comunicação está no ar.


Duração: 97 minutos.

Quer fazer o download para seu COMPUTADOR, CELULAR, IPOD E IPHONE, é só baixar no link:

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domingo, 26 de setembro de 2010

Desespero em branco e preto



Análise de jogo - Atlético Mineiro 1 x 2 Grêmio (Arena do Jacaré, 18h30)

Apenas nove partidas com pontos conquistados em dois terços de campeonato. Uma derrota por 5 a 1 para o Fluminense, no Engenhão, no meio de semana. A demissão de Vanderlei Luxemburgo, treinador com a comissão técnica mais cara do país, e sinônimo de esquadrões vitoriosos outrora. Ao redor, um elenco de jogadores de destaque, dignos de formar uma boa equipe, que vai se desfazendo em atuações cada vez mais frustrantes. Foram muitos os adversários que o Atlético Mineiro teve de enfrentar na Arena do Jacaré. E, além de todos eles, ainda havia o Grêmio, em situação menos delicada na classificação, mas também penando com uma campanha bem abaixo do esperado, a ponto de ver a zona de rebaixamento não muito longe.

E talvez o receio de voltar àquela situação tenha sido decisivo para o time gremista, que desde o primeiro minuto mostrou uma vontade de jogar bem maior do que os apáticos atleticanos. Do time mineiro, apenas se manifestava o goleiro Renan Ribeiro - garoto de 20 anos que o técnico estreante, Dorival Júnior, promoveu a titular. Ele realizou uma grande defesa para chute de André Lima. Em vão. No rebote, Jonas correu mais do que os adversários e colocou a bola no fundo da rede. 1 a 0 Grêmio, aos dois minutos.

A desvantagem no placar deixou o Atlético ainda mais abatido, e a equipe assistiu passivamente quando Gabriel desceu pela direita e, depois de tabelar com Douglas, chutou a bola no fundo da rede de Renan Ribeiro. Grêmio 2 a 0, em 15 minutos de partida. Os mineiros seguiam atônitos, entregues à má situação no Campeonato Brasileiro, e davam mais espaços para o tricolor gaúcho atacar. Era a mesmice, daquelas que nem mesmo uma mudança de treinador parece capaz de solucionar. Só que Dorival Júnior conseguiu amenizar em uma mudança. Em vez de persistir na escalação do inconstante Fábio Costa debaixo das traves, a oportunidade dada a Renan Ribeiro foi bem oportuna. Graças ao novo goleiro, chutes de André Lima e de Jonas não aumentaram a vantagem gremista na partida.

Aos poucos, os jogadores gaúchos se deixaram levar pela impaciência com as chances perdidas, e o Grêmio foi relaxando em sua marcação. As trocas de passes atleticanas começaram a acontecer, principalmente em jogadas iniciadas por Daniel Carvalho. E do pé dele veio a confirmação da reação do Atlético Mineiro. Após passar por três adversários, Daniel deu um belo chute. Victor espalmou, mas no rebote Diego Tardelli desviou, de cabeça, para o fundo da rede.

Com o placar em 2 a 1 aos 25 minutos, a equipe de Minas Gerais voltava a estar no jogo. O desespero parecia prestes a acrescentar a cor azul ao preto e branco da noite - desta vez nas cores do tricolor gaúcho. Mas duas fatalidades atrapalharam o Atlético Mineiro. A primeira foi uma contusão no ombro de Daniel Carvalho. O jogador ainda permaneceria em campo, mas seu rendimento piorou bastante no resto da partida. Menos sorte teve Diego Tardelli, que precisou ser substituído por Neto Berola antes do intervalo.

Na volta para o segundo tempo, o Grêmio sentiu a consequência de não ter matado a partida nas duas chances que teve. Com Adilson e Douglas sem muita inspiração ofensiva, o time se limitava a marcar os atleticanos, e dava espaços para que o adversário avançasse.

O desespero oscilava entre o alvinegro e o tricolor em poucos instantes. Em um chute perigoso de Daniel Carvalho e duas conclusões de Neto Berola, o goleiro Victor se desdobrou para evitar que a história se repetisse com o Grêmio - na rodada anterior, os gremistas venciam o Flamengo no Olímpico, mas permitiram o empate em 2 a 2 a cinco minutos do final.

Se as oportunidades encaminhavam o jogo da Arena do Jacaré a um equilíbrio, as alterações trataram de fazer com que a partida desempatasse, através dos elencos de cada clube. Do lado do Atlético, Ricardinho deu lugar a um esforçado Eron e o limitado Rafael Cruz foi substituído pelo fraquíssimo Diego Macedo. No Grêmio, Renato Gaúcho manteve o nível da equipe, nas saídas de Fernando, Adilson e André Lima para as entradas de Roberson, Neuton e Maylson, respectivamente.

Com as alterações, o Grêmio voltou a dominar o jogo, e por pouco não marcou mais uma vez no finzinho - Maylson chutou e a bola parou na trave de Renan Ribeiro. Ao final da partida, Renato Gaúcho respirou aliviado, porque no fim das contas não foi preciso muito para sua equipe sacramentar a vitória por 2 a 1 - que deixa o tricolor do Rio Grande do Sul com 33 pontos, na décima colocação e a sete pontos do Z-4. Pelo menos por algumas rodadas, o fantasma da Série B não assombrará o Olímpico.

Em assombro prossegue o Atlético Mineiro, cada vez mais mergulhado numa depressão pelos resultados que não aparecem - são 16 derrotas em 25 jogos no Campeonato Brasileiro. A equipe está na penúltima colocação, a sete pontos da salvação da degola para 2011. Cabe a Dorival Júnior (que em 2009 conseguiu levar o Vasco de volta à Série A do Brasileirão) impedir que o desespero em branco e preto se transforme em mais um momento de luto para a torcida atleticana - que, em 2005, viu seu clube de coração cair para a Segunda Divisão do ano seguinte.

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ATLÉTICO MINEIRO 1 x 2 GRÊMIO

Estádio: Arena do Jacaré (Sete Lagoas / MG).

Público: 12.262 / Renda: R$ 57.790,00

Árbitro: Arilson Bispo da Anunciação (BA) / Auxiliares: Emerson Augusto de Carvalho e Luiz Carlos Silva Teixeira (BA).

Gols: Jonas, aos dois, Gabriel aos 15 e Diego Tardelli aos 25 minutos do segundo tempo.

Cartões amarelos: Gabriel , Fábio Santos, Neuton, Rafael Marques, Fernando (Grêmio) e Serginho (Atlético Mineiro)

ATLÉTICO MINEIRO - Renan Ribeiro, Rafael Cruz (Diego Macedo 7'/2ºT) Réver, Werley e Leandro; Zé Luis, Serginho, Ricardinho (Eron 21'/2ºT) e Daniel Carvalho; Diego Tardelli (Neto Berola 43/'1ºT) e Obina - Técnico: Dorival Júnior.

GRÊMIO - Victor, Gabriel, Vilson, Rafael Marques e Fábio Santos; Fábio Rochemback, Adilson (Neuton 14'/2ºT), Fernando (Róberson 32'/2ºT) e Douglas; Jonas e André Lima (Maylson 14'/2ºT). Técnico: Renato Gaúcho.

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RESULTADOS - RODADA 25

Sábado

18h30

Atlético Goianiense 3 x 0 Grêmio Prudente (Serra Dourada)
Santos 4 x 1 Cruzeiro (Arena Barueri)
Guarani 1 x 0 Vasco (Brinco de Ouro da Princesa)
Flamengo 1 x 3 Palmeiras (Engenhão)
São Paulo 0 x 3 Goiás (Morumbi)

Domingo

16h

Vitória da Bahia 1 x 2 Fluminense (Barradão)
Botafogo 1 x 1 Atlético Paranaense (Engenhão)
Internacional 3 x 2 Corínthians (Beira-Rio)

18h30

Atlético Mineiro 1 x 2 Grêmio (Arena do Jacaré)
Avaí 5 x 0 Ceará (Ressacada)

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O tempo e o placar... elege o que houve de melhor e de pior na rodada do Brasileirão.

O CHUTAÇO

Mais uma vez, D'ALESSANDRO se tornou o grande nome da rodada, ao reger com maestria a vitória do Internacional por 3 a 2 sobre o Corínthians. Passes decisivos para os gols de Tinga e de Alecsandro, e uma sequência de jogadas de encher os olhos da torcida colorada. Seu único porém é não poder fazer parte da Seleção Brasileira.

A FURADA

O CEARÁ segue em queda livre no Campeonato Brasileiro, comprovando que as sete primeiras rodadas foram apenas um sonho. A última vertente que sustentava a qualidade do Vovô caiu por terra no gramado da Ressacada, ao levar cinco gols do Avaí, time que não vencia há 41 dias.

sábado, 25 de setembro de 2010

Mesmos caminhos





Em uma semana, Dorival Júnior caiu 11 posições no Campeonato Brasileiro. De um Santos que ainda consegue alimentar esperanças do título - através do qual o clube teria também a "Tríplice Coroa", ao lado das conquistas do Campeonato Paulista e da Copa do Brasil - o treinador foi parar no Atlético Mineiro, que talvez viva sua campanha mais frustrante na história do torneio. Os contextos são diferentes, mas em alguns caminhos, Atlético e Santos parecem bem próximos - e não somente porque em ambos os clubes ele sucedeu Vanderlei Luxemburgo.

No clube paulista, Dorival não foi páreo para o estrelismo que girou em torno de Neymar. Sua nova equipe não chega a ter um destaque com tantos holofotes quanto o atacante santista, mas traz um grupo formado por jogadores de nome, dos quais torcida, dirigentes e a crítica esportiva esperavam muito para o Campeonato Brasileiro. O treinador vai conseguir lidar com os egos de jogadores temperamentais como o goleiro Fábio Costa, o atacante Diego Tardelli e, principalmente, o instável Diego Souza?

O Santos pena com rixas políticas em sua diretoria, e elas refletem nos resultados de dentro do gramado - e isto não fica restrito às saídas de "Meninos da Vila" para o exterior. Dorival foi apenas mais um a sofrer a consequência do destempero da presidência santista.

Mas a conduta de Luis Álvaro de Oliveira Ribeiro não parece tão distante de Alexandre Kalil. Enquanto o atual presidente santista quer posar de mandatário protecionista num populismo não muito convincente (por que manter Neymar e deixar de lado jogadores mais importantes para o Santos, como o meia Wesley e o atacante André?), o presidente atleticano usa um tom mais raivoso, com discursos que falam em vigiar a vida noturna e até bater nos atletas de seu clube.

Diante de tantas semelhanças entre o anterior e o atual time que está comandando, a saída de Dorival Júnior pode ser uma receita bastante corriqueira: investir em jogadores formados na base. Resta saber se, para seguir este caminho no Atlético Mineiro, o treinador verá qual coincidência da diretoria atleticana com a presidência santista acontecerá neste restante de temporada.

O grato desejo de proteger os bons valores que surgem nas divisões de base ou a abominável conduta de um presidente intervir a torto e a direito na escalação da equipe de futebol. Sim, é bem verdade que os atleticanos investiram pesado para montar a equipe do Campeonato Brasileiro de 2010, e eles precisam ter um retorno dentro do gramado. Mas talvez não seja através dela que venha um caminho menos acidentado do Galo na competição.

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Aqui não tem impedimento! O QUATRO LINHAS está sempre em posição legal com a informação. DEBATEBOLA NO AR!




Satisfação!

O DEBATEBOLA QUATRO LINHAS tem mais uma jornada hoje, com o ponta-esquerda VINÍCIUS FAUSTINI e o centroavante FERNANDO DINIZ! Passam pelo gramado:

CONVOCAÇÃO DA SELEÇÃO BRASILEIRA

CAMPEONATO BRASILEIRO, SÉRIE A

CAMPEONATO BRASILEIRO, SÉRIE B

UM GIRO PELO FUTEBOL INTERNACIONAL


... com a participação especialíssima dos nossos ouvintes, que saíram da arquibancada e foram para a área técnica mandar suas perguntas.

Basta dar o PLAY que a comunicação está no ar!



Duração: 94 minutos.

Quer baixar para ouvir em seu celular, IPOD e IPHONE? Faça o download no link:

http://bit.ly/9edGGs

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

À margem do desequilíbrio



Análise de jogo - Vasco 2 x 2 Botafogo
(21h, Engenhão)

Num clássico tradicionalíssimo do futebol, é o imprevisível que fala mais alto para que uma das equipes se sobressaia. Entretanto, Vasco e Botafogo passaram os 90 minutos do duelo no Engenhão fugindo deste desequilíbrio. Tudo pareceu calculado milimetricamente para que os dois não corressem muitos riscos durante a partida. Com tantas situações previsíveis, restou um empate, que não adianta muita coisa para vascaínos e botafoguenses na trajetória do Campeonato Brasileiro.

Do lado do Botafogo, Joel Santana manteve a tática de montar um esquema defensivo e à espera do adversário no primeiro tempo, para que na reta final viessem mudanças capazes de deixar o time mais ofensivo e veloz, nos pés de jogadores descansados. Entretanto, a equipe alvinegra passou os primeiros minutos completamente envolvida pelo Vasco. O time parecia desarrumado em campo, e dava muitas brechas principalmente no lado esquerdo. Por este setor, os vascaínos chegavam com facilidade, graças à velocidade de Ramón e de Éder Luís na armação de jogadas. Numa delas, a bola sobrou para Rafael Coelho que, diante de Jefferson, perdeu uma oportunidade clara logo no início.

Os botafoguenses pareciam negligentes nos passes e, num erro de Antônio Carlos na saída de bola, Zé Roberto conseguiu recuperar e tocar para Fellipe Bastos. O meia lançou Ramón, que cortou para o meio e jogou na área. A bola desviou na zaga e entrou à direita do goleiro Jefferson. Vasco 1 a 0, aos 13 minutos.

O clássico prometia sofrer uma alteração drástica quatro minutos depois, quando o zagueiro Antônio Carlos saiu machucado. Mas, em vez do praxe de trocar um zagueiro por outro, Joel Santana decidiu fazer uma alteração imprevisível. Claro, com uma boa dose de previsibilidade. Como sempre, o primeiro jogador do banco de reservas a entrar em campo foi o atacante Caio. Só que a entrada do "talismã" não mudou as coisas no ataque alvinegro. Em vez da equipe se recompor num 4-4-2, o técnico preferiu alternar entre Leandro Guerreiro, Fahel e Alessandro no papel de terceiro zagueiro - Caio de vez em quando desempenhava o papel de ala. E pelo lado direito do adversário, o Vasco encontrou outras oportunidades que passaram próximas do gol de Jefferson.

Quando o Botafogo começava a se ajeitar na frente - e, finalmente, Maicosuel e Caio se aproximavam de Loco Abreu - aos 32 minutos o time sofreu outra baixa. Maicosuel sentiu um problema no joelho, e teve de ser substituído pelo atacante Herrera. Minutos depois, a saída vascaína novamente foi pela direita alvinegra. Caio perdeu bola no meio-de-campo e Nílton lançou Éder Luís. O camisa 7 correu para o meio, passou por dois zagueiros e chutou da entrada da área. 2 a 0 Vasco, aos 35. E, como é comum em todo jogo do time, na saída do intervalo a torcida botafoguense gritou: "Joel, tira o Fahel".

Mas quem voltou com mudança no intervalo foi o Vasco. Paulo César Gusmão mais uma vez tirou de campo Rafael Coelho (que novamente foi decisivo para atrapalhar os vascaínos a conseguirem uma vitória mais elástica no primeiro tempo), para colocar em campo Carlos Alberto. Entra e sai técnico, e sempre os comandantes do time de São Januário caem no mesmo erro: Carlos Alberto tem características ofensivas, mas não é um artilheiro nato e não sabe jogar fixo na área. Nem é atacante.

O time ficou exposto e ainda viu os mesmos erros acontecerem durante a segunda etapa. O primeiro deles foi com Fernando Prass. Novamente, o goleiro falhou em sua saída de gol. Com um soco errado, a bola sobrou para Herrera. O atacante argentino deu uma cabeçada que encobriu o camisa 1 vascaíno e jogou a bola no fundo da rede, diminuindo para 2 a 1 aos 10 minutos.

As falhas previsíveis pareciam ter mudado para o Vasco, e o Botafogo partia em busca do empate - em especial depois que Edno entrou no lugar de Renato Cajá. Só que ainda havia um jogador disposto a repetir seu erro. Depois de duas faltas desleais de ataque, Herrera recebeu dois cartões amarelos, e saiu de campo expulso aos 18 minutos. A equipe de Joel Santana sentiu o baque e novamente o Vasco tomou conta do jogo, conseguindo várias oportunidades, que continuaram mesmo depois que Zé Roberto saiu para a entrada de Felipe. No entanto, o estigma continuou a fazer parte da rotina vascaína. Belas trocas de passe, várias chances claras e... Nenhuma na rede. A melhor oportunidade foi desperdiçada por Carlos Alberto, que diante de Jefferson chutou mal.

E o Vasco foi desequilibrando seu futebol. Num primeiro momento, na infeliz alteração de Paulo César Gusmão, que na hora de substituir o cansado Éder Luís, preferiu colocar em campo Nunes, centroavante fixo e totalmente fora de forma. A seis minutos do fim, Ramón sentiu uma contusão no joelho e teve de sair do gramado, deixando a equipe com os mesmos 10 jogadores que o Botafogo.

Os vascaínos optaram por apenas jogar de maneira defensiva. E mais uma vez caíram num erro que impediria sua vitória. Num cruzamento, o zagueiro Titi desviou a bola com o braço para evitar que ela chegasse a Loco Abreu. O árbitro marcou pênalti, corretamente. Loco Abreu cobrou no cantinho e, aos 47 minutos do segundo tempo, sacramentou o empate. O décimo-segundo empate em 23 jogos do Vasco na competição.

Passada a euforia do pós-Copa, na qual conseguiu sair da zona de rebaixamento e por pouco não brigou pelas primeiras colocações, o Vasco agora vai se dando conta das limitações que tornam o empate um resultado cada vez mais previsível na campanha vascaína. A esperança de qualidade não é satisfeita somente com Carlos Alberto. Faltam em São Januário pelo menos um zagueiro menos instável que Titi para fazer companhia a Dedé, e um atacante que saiba fazer gols. Além de um elenco mais convincente.

Para o Botafogo, o empate foi amenizado pela derrota do Internacional para o Atlético Paranaense, por 1 a 0 na Arena da Baixada. Graças ao tropeço colorado, o time de General Severiano está na quarta colocação, com 39 pontos. No entanto, depois que Joel Santana conseguiu abandonar alguns estigmas que acompanharam sua carreira - ser um treinador retranqueiro, com padrão de jogo bom apenas para vencer campeonatos estaduais - agora é a hora de ele abandonar esta ânsia por ser ofensivo sem medir os riscos. Aos poucos, o desequilíbrio, que foi eficaz nas rodadas anteriores, vem tornando o alvinegro bastante previsível dentro do gramado.


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VASCO 2 x 2 BOTAFOGO

Estádio: Engenhão (Rio de Janeiro / RJ)

Árbitro: Felipe Gomes da Silva (RJ) / Auxiliares: Dibert Pedrosa Moises (Fifa-RJ) e Luiz Muniz de Oliveira (RJ)

Renda/público: R$ 347.545,00 / 14.248 pagantes

Cartões amarelos: Zé Roberto, Ramón, Fellipe Bastos, Nunes (Vasco), Danny Morais, Alessandro e Loco Abreu (Botafogo)

Expulsão: Herrera

GOLS: Ramón aos 13 e Éder Luis aos 35 minutos do primeiro tempo. Herrera, aos 10, e Loco Abreu (de pênalti) aos 46 minutos do segundo tempo.

VASCO: Fernando Prass, Fagner, Dedé, Titi e Ramón; Rafael Carioca, Nilton, Felipe Bastos e Zé Roberto (Felipe, 20'/2ºT); Rafael Coelho (Carlos Alberto, intervalo) e Éder Luis (Nunes, 34'/2ºT). Técnico: Paulo César Gusmão.

BOTAFOGO: Jefferson, Danny Morais, Antônio Carlos (Caio, 17'/1ºT) e Fábio Ferreira; Alessandro, Leandro Guerreiro, Fahel e Renato Cajá (Edno, 16'/2ºT), Maicosuel (Herrera, 32'/1ºT) e Somália; Loco Abreu. Técnico: Joel Santana.

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

O desafio de Neymar



Desde seus primeiros passos como jogador de futebol, Neymar foi tratado como joia, jogador que merece receber todos os cuidados e tratamentos para que não abandone o clube seduzido por alguma proposta que vier do exterior. Para isto, as cifras de seu contrato foram aumentando gradativamente, e vieram vários ajustes para que o atleta não tirasse seus olhos da Vila Belmiro.

Durante toda sua carreira, Neymar conviveu com as mudanças de vida atreladas ao seu bom desempenho no gramado, mas não podia desfrutá-las por completo, pois ainda não completara 18 anos. Agora, em sua maioridade, o atacante dá a sensação de que sente o mundo aos seus pés, e deseja recuperar o tempo perdido por limitações da idade.

No entanto, ele esqueceu que os 18 anos impõem alguns limites, em especial a um jogador de futebol - sujeito a uma rotina intensa de treinamentos, concentrações, e partidas ao menos duas vezes por semana. No caso de Neymar, ainda soma o fato de ser um dos destaques do Santos, equipe tradicional do país.

Sim, Neymar é um craque, jogador abusado, seu futebol enche os olhos. Mas, acima de tudo, deveria ser tratado como um funcionário do Santos, atleta profissional, subordinado ao comando do então treinador, Dorival Júnior. O problema é que, por mais que seja um técnico valorizado, Dorival não entra em campo para fazer as jogadas do atacante. E, depois de o time santista ver seu esquadrão dos "Meninos da Vila" se desmantelar, com as idas de André e Robinho para o exterior, e com a ida do meia Paulo Henrique Ganso para o departamento médico, a diretoria não quer ver escorrer pelos dedos o único sinônimo de grande qualidade no campo que restou.

A solução foi dar prioridade a Neymar, cria da Vila Belmiro, dando a ele o pleno poder de demitir um técnico que cometeu o "deslize" de enxergar que a equipe do Santos tem outros jogadores. Dorival Júnior tem aos montes no futebol brasileiro. Mas um Neymar, não.

Teoria que só revela o amadorismo da diretoria e uma falha nas prioridades do clube da Vila Belmiro. Uma punição a Neymar, e a possibilidade de não escalá-lo no jogo contra o Corínthians numa partida do Campeonato Brasileiro, recebeu a mesma dimensão de um projeto de vitória na Taça Liberadores da América de 2011 aos olhos dos cartolas do Santos.

O preço pago por Neymar foi bem além das cifras. Para dar prioridade a ele, o Santos se submeteu a uma mudança de treinadores em plena disputa de Campeonato Brasileiro. Em vez do trabalho do ano que vem ser uma sequência do que foi em 2010, o time de 2011 será organizado às pressas - afinal, o novo técnico santista chega na reta final da competição e não poderá se dar ao luxo de pedir reforços adequados aos seus padrões táticos antes do fim do Brasileirão deste ano.

Neymar já mostrou que tem força suficiente para derrubar um treinador. E agora se vê diante de um desafio ainda maior: mostrar que seu futebol justifica todas as consequências negativas pelas quais passa o Santos atualmente. Haja maturidade para lidar com tamanha responsabilidade.

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Além da paixão de arquibancada



A periodicidade do jornal muitas vezes deixa passar despercebidas algumas matérias relevantes em qualquer assunto abordado nas páginas dos diários de notícias. Para evitar que algumas delas caíssem no esquecimento do povo brasileiro, a Editora Record iniciou em 2005 uma coleção que visa resgatar reportagens marcantes do jornalismo nacional. Depois dos livros 10 reportagens que abalaram a Ditadura (de 2005) e 50 anos de crimes (de 2007), neste ano a coleção Jornalismo Investigativo abre espaço para o futebol brasileiro.

Organizado por Fernando Molica, 11 gols de placa (376 págs., R$ 39,90) apresenta um time de reportagens que passa por todas as áreas dos bastidores do futebol brasileiro. Todos os esquemas que envolvem o futebol são revelados nas palavras dos jornalistas João Máximo, Michel Laurence, Marcos Penido, Fernando Rodrigues, Sérgio Rangel, Juca Kfouri, Marceu Vieira, André Rizek, Diogo Oliver Mello, Mário Magalhães, Marco Senna e Leonardo Mendes Júnior. A cada começo de reportagem, o leitor tem acesso a um novo ponto de vista do esporte bretão, mas todos eles têm o mesmo objetivo: desvendar a engrenagem da qual tantos querem obter lucros.

Os destinos traçados na carreira do jogador de futebol, do caminho entre a fome e a fama, da convivência com a miséria do desemprego e a bombástica frase "Jogador de futebol é um escravo", dita por Pelé. Caminhos que às vezes surgem com linhas tortas, na prática chamada de "gato" - quando se adultera a certidão de nascimento de um jogador para ter benefícios nas peneiras. O percurso financeiro da Confederação Brasileira de Futebol entra em evidência em algumas páginas do livro, que mostram detalhes das contas da entidade.

Mas em 11 gols de placa também há espaço para guardar na memória reportagens localizadas sobre fatos que permearam o futebol brasileiro. Casos como a "carteirada" que o presidente Ricardo Teixeira deu à Alfândega, no retorno da Seleção Brasileira depois da conquista da Copa do Mundo dos Estados Unidos, em 1994. O limite de bagagem dos jogadores e dos dirigentes havia excedido e, segundo a lei, ela precisava ficar retida no aeroporto. Só que foi liberada milagrosamente, após o presidente da CBF ameaçar não passear com os jogadores campeões do mundo no carro do Corpo de Bombeiros pela cidade.

Um episódio considerado inocente diante de outros casos marcantes do futebol brasileiro e mostrados neste livro. Um deles era o da "Regra 18" no futebol carioca. De acordo com a regra criada pelo presidente da FERJ, Eduardo Vianna, o Caixa D'Água, resultados do Campeonato Estadual do Rio de Janeiro durante muitas edições foram manipulados por árbitros da federação, de acordo com os interesses e com a conivência de dirigentes. Caso semelhante com o que aconteceu em nível nacional no ano de 2005: a Máfia do Apito.

O Campeonato Brasileiro de 2005 teve 11 de seus resultados adulterados por um acordo financeiro entre um grupo de investidores e o árbitro Edilson Pereira de Carvalho. O juiz paulista recebia uma quantia para garantir os resultados que os investidores tinham colocado em sites de apostas. A negociata foi descoberta, e, além da prisão de todos os envolvidos, os 11 jogos foram remarcados. Os detalhes do momento em que a expressão "juiz ladrão" ganhou conotação literal também está no livro.

Talvez algumas das questões abordadas nas reportagens de 11 gols de placa façam com que o futebol perca a sua graça para todos os que gostam de vê-lo bem jogado nos gramados. Mas, sem dúvida, estes grandes momentos do jornalismo investigativo comprovam que o faro de denúncia não se deixa levar nem pela sedutora paixão de abandonar a caneta, e se juntar aos demais torcedores na arquibancada.

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

O QUATRO LINHAS cruza na medida pra você balançar a rede do bom futebol!


A bola não para!

O novo jornalismo esportivo brasileiro está na área com mais um DEBATEBOLA passeando pelo gramado. Entram em campo:

BRASILEIRÃO, SÉRIE A

BRASILEIRÃO, SÉRIE B

UM GIRO PELO FUTEBOL INTERNACIONAL


Com a escalação de FLÁVIO DE SÁ, FERNANDO DINIZ, FERNANDO QUARESMA E VINÍCIUS FAUSTINI.

PARTE 1 (53 minutos)



PARTE 2 (30 minutos)



Duração total: 83 minutos.

Quer ouvir em seu celular, IPOD e IPHONE? Faça o download:

PARTE 1 - http://bit.ly/cJVlCE


PARTE 2 - http://bit.ly/cv6EF5

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

QUATRO LINHAS faz a tabela e deixa você na cara do gol com a informação!



Satisfação!

O novo jornalismo esportivo brasileiro está novamente na área. É o DEBATEBOLA QUATRO LINHAS chegando com mais uma edição sobre toda bola que rola no Brasil e no mundo. Passeiam pelo gramado:

A TRANSMISSÃO DE FUTEBOL NA TV

CAMPEONATO BRASILEIRO, SÉRIE A

CAMPEONATO BRASILEIRO, SÉRIE B

E UM GIRO PELO FUTEBOL INTERNACIONAL


Com os quatro homens de frente FERNANDO DINIZ, FERNANDO QUARESMA, PEDRO MARQUES E VINÍCIUS FAUSTINI.

É só dar o PLAY que a comunicação está no ar.

PARTE 1 (aproximadamente 46 minutos)




PARTE 2 (aproximadamente 42 minutos)



Duração total: 88 minutos aprox.

Você também pode baixar as duas partes do DEBATEBOLA QUATRO LINHAS no seu celular, IPHONE e IPOD, nos seguintes links:

PARTE 1

http://bit.ly/c34Z23

PARTE 2

http://bit.ly/d6JKeG

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Jogo dos ausentes



Análise de quarta - Goiás 4 x 1 Botafogo (19h30, Serra Dourada)

O bom momento no Campeonato Brasileiro e as opções que Joel Santana tem na parte ofensiva eram razões suficientes para que o Botafogo entrasse como favorito, mesmo com o Goiás jogando no Serra Dourada. Mas o torcedor alvinegro não contava com a possibilidade de que as ausências não seriam apenas no papel. A ausência permaneceu em campo, e prejudicou a oportunidade dos botafoguenses tentarem a vice-liderança no Campeonato Brasileiro nesta rodada.

O ala esquerdo Marcelo Cordeiro, os meias Somália e Marcelo Mattos e os atacantes Herrera e Jóbson eram os desfalques iniciais. Em seus lugares, Joel Santana improvisou o meia-atacante Edno na ala, e compôs o meio com Fahel, Lúcio Flávio e Renato Cajá. Maicosuel foi escalado para atuar mais adiantado, com a função de municiar Loco Abreu. Um esquema de contra-ataques, típico de outras partidas bem-sucedidas (em especial nas quais o Botafogo atuou como visitante).

Mas que a capital goiana comprovou que só funciona com bons jogadores em campo. Com o bisonho Fahel, o razoável Renato Cajá e o fraquíssimo Lúcio Flávio, o Botafogo se perdia no meio-de-campo. O improviso de Edno na ala deixou o lado esquerdo perdido, pois ele e Renato Cajá se atrapalhavam nas tentativas de ataque, e Maicosuel tinha de se aproximar do meio-de-campo. Quando a bola chegava à área esmeraldina, Loco Abreu já estava bem marcado.

Enquanto os botafoguenses se desdobravam para jogar por seus companheiros ausentes, o Goiás recebia na noite um ótimo presente: a confirmação de que o atacante Felipe vai continuar no clube até o final do Campeonato Brasileiro (depois de tentativa frustrada de transferência para o futebol europeu). Do pé dele veio um bom passe para Rafael Moura. Leandro Guerreiro cortou parcialmente, e Wellington Monteiro conseguiu chutar na sobra. A bola bateu em Fahel e enganou Jefferson. 1 a 0 Goiás, aos 15 minutos.

Com maior número de torcedores no Serra Dourada do que o Goiás (que sofre com o calvário de estar na zona de rebaixamento em um conturbado ano político dentro do clube), o Botafogo aumentou sua pressão, mas continuou caindo nos mesmos vícios do meio-de-campo. Em especial porque as jogadas incisivas de ataque se resumiam a bolas na área para o desvio de cabeça de Loco Abreu. A pressão era mesmo do time esmeraldino. Aos 31 minutos, Wellington Monteiro chutou de fora da área. Jefferson espalmou, a bola bateu na trave e sobrou para Rafael Moura marcar, de cabeça. Goiás 2 a 0.

O Botafogo pagava pelo preço de demorar a se ajeitar no meio-de-campo. Quando conseguiu certa melhora, achou seu gol, em arrancada de Edno que terminou com cruzamento na área para Loco Abreu. O uruguaio desviou, Harlei chegou a tocar na bola, mas ela acabou no fundo da rede. A dois minutos do fim do tempo regulamentar, o time alvinegro diminuía para 2 a 1 e levava motivação para o intervalo.

A motivação se materializava em quatro letras: Caio. O "talismã" de Joel Santana voltou para o intervalo, em lugar de Lúcio Flávio. O treinador trocava a cadência pela velocidade, e corrigia o erro de escalar Edno na ala. O técnico Jorginho armou a equipe defensivamente, apostando em Bernardo e Felipe nos contra-ataques, mas a bola pouco chegava aos dois.

O Botafogo pressionou até a metade da segunda etapa, e viu suas melhores chances (numa cabeçada de Loco Abreu e num chute de Alessandro) pararem nas mãos de Harlei. Mas o cansaço começou a dominar a equipe, e neste momento Joel Santana sentiu ainda mais as ausências de seus jogadores. No lugar dos inoperantes Fahel e Renato Cajá entraram o limitadíssimo Túlio Souza e o menino Bruno Thiago.

Com isto, a partida ficou mais morna, e o Goiás aos poucos foi iniciando jogadas ofensivas. Numa delas, Rafael Moura recebeu na frente de Jefferson, mas teve sua cabeça chutada por Alessandro dentro da área. Pênalti. O próprio Rafael Moura cobrou, e a bola bateu na trave antes de entrar. 3 a 1 Goiás, aos 36. Entregue, o time botafoguense ainda levou mais um gol aos 46 minutos, quando Felipe chutou, Jefferson defendeu, a bola tocou no travessão e sobrou para Bernardo marcar.

Apesar de ainda estar na zona de rebaixamento, o Goiás já dá sinais de recuperação sob o comando de Jorginho. São três resultados positivos consecutivos - além da goleada sobre o Botafogo, teve uma vitória por 3 a 1 sobre o Guarani no Serra Dourada e um empate em 0 a 0 com o Internacional no Beira-Rio - que fizeram o time deixar a última posição do Campeonato Brasileiro. O rótulo de lanterna do campeonato agora é do Grêmio Prudente, que perdeu por 2 a 1 para o Flamengo.

Após a frustração vir em grandes dimensões, resta ao Botafogo comprovar nas próximas partidas que tem elenco suficiente para se manter na zona de classificação da Taça Libertadores da América. Com boa parte de suas ausências motivadas por lesões, o time botafoguense ainda não sabe ao certo quando poderá remontar sua equipe titular novamente. Jogadores como Fahel, Túlio Souza e Lúcio Flávio precisam de uma vez por todas se mostrarem presentes no futebol alvinegro. Senão, até mesmo o credenciamento para a Libertadores de 2011 estará ausente de General Severiano.

*****

GOIÁS 4x1 BOTAFOGO

Local: Serra Dourada (Goiânia / GO).

Público: 12.480 pagantes.

Renda: R$ 161.797,50.

Árbitro: Francisco Carlos Nascimento (AL) / Assistentes: Carlos Berkenbrock (Fifa/SC) e Pedro Jorge Santos de Araújo (AL).

Gols: Wellington Monteiro aos 15, Rafael Moura aos 31 e Loco Abreu aos 43 minutos do primeiro tempo. Rafael Moura (de pênalti) aos 36 e Bernardo aos 46 minutos do segundo tempo.

Cartões amarelos: Júnior, Marcão (Goiás) e Fahel (Botafogo).

GOIÁS - Harlei, Walmir Lucas, Rafael Tolói e Marcão (Rithelly); Wendel Santos, Amaral (Carlos Alberto), Wellington Monteiro, Bernardo e Júnior (Douglas); Felipe e Rafael Moura. Técnico: Jorginho.

BOTAFOGO - Jefferson, Antônio Carlos, Leandro Guerreiro e Fábio Ferreira; Alessandro, Fahel (Túlio Souza), Lucio Flavio (Caio), Renato Cajá (Bruno Thiago) e Edno; Maicosuel e Loco Abreu. Técnico: Joel Santana.

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Parto nos gramados



Não é comum no futebol um atleta ser contratado com muitas expectativas e, depois de um tempo, ficar marcado por um péssimo período no clube que defendem. Mas, nesta temporada, alguns jogadores vêm passando por um problema ainda mais delicado aos olhos dos torcedores. A imprensa se acostumou a associar estes nomes à frase "ainda não é desta vez", "ausência" ou "desfalque", e a torcida mergulha numa espera por seus grandes destaques.

O caso que traz mais holofotes é o de Ronaldo. Desde o início do ano, o atacante parece ter restrito sua ação a ser o homem de marketing do Corínthians. Com toda a fama que ganhou na carreira, o jogador cada vez mais parece entregue ao fim de carreira. Chama atenção sua capacidade em ficar fora de forma rapidamente, o que atrapalha ainda mais seu retorno a campo depois de algumas contusões.



A canção do ausente do Fluminense tem um ritmo mais pesado. Fred, que vinha se recuperando de uma contusão, sentiu outra que vai deixá-lo por mais tempo longe dos gramados. Por conta deste episódio, o atacante decidiu criticar publicamente o médico do clube, Michel Simoni, que pediu demissão depois do incidente.

Desde que chegou ao tricolor, Fred vem passando por longos períodos de contusão, que não só atrapalham seu ritmo de jogo, mas também fazem com que sua responsabilidade fica ainda maior. Em 2009, ele chegou ao fim do Campeonato Brasileiro com a responsabilidade de fazer os gols da salvação da Série B. Com o Fluminense nos primeiros lugares da competição, a tarefa ficará mais difícil? Especialmente porque o centroavante Washington vem tendo desempenho convincente desde seu retorno às Laranjeiras.



Ao menos, Fluminense e Corínthians têm elencos de boa qualidade, capazes de amenizar a falta de algum jogador, por maior talento que ele possua. Mas este não é o caso do Vasco, que desde o ano passado não sabe compensar os períodos de ausência de Carlos Alberto. Sem ele, a equipe perde muito de sua criatividade, e as jogadas saem aos trancos e barrancos.

A campanha hesitante do Vasco no Campeonato Brasileiro (cercada de empates) se deve muito à falta de criação de jogadas ofensivas. Por mais que o técnico Paulo César Gusmão tenha ajustado a defesa vascaína, ele ainda não conseguiu achar um substituto com nível próximo a Carlos Alberto - em especial porque, devido às poucas opções que existem no ataque, Zé Roberto geralmente é escalado como segundo atacante. O número de vezes que esteve em campo não chega nem à metade das partidas vascaínas na temporada, mas ele faz bem mais do que muitos jogadores da equipe de São Januário.

Nesta espera digna de um parto, as dores são sentidas pelos técnicos e pelas torcidas de Corínthians, Fluminense e Vasco. E todas as equipes sabem que, além da incerteza da data de retorno, as equipes ainda têm o receio do "pós-parto": será que eles voltarão em boas condições físicas? A dor pode ser ainda maior nos cofres dos clubes.

terça-feira, 14 de setembro de 2010

104 anos de sobrevivência



Num contexto esportivo no qual todos os clubes do país convivem com vários percalços para não fecharem suas portas, chega às livrarias uma obra na qual se revela que as competições também lutam para sobreviver no calendário do futebol brasileiro. É o caso do Campeonato Carioca, que tem seus 104 anos revisitados no livro História dos Campeonatos Cariocas de Futebol - 1906 / 2010 (Maquinária Editora, 704 págs., R$ 70), do jornalista Roberto Assaf e do pesquisador Clóvis Martins.

A dupla, que há algum tempo vem lançando retrospectivas e memórias do futebol (em livros como Flamengo x Vasco, o Clássico dos Milhões, História completa do Brasileirão e Almanaque do Flamengo), novamente mescla história e estatística, desta vez em torno do Campeonato Carioca. Afinal, lá se vão 13 anos desde a primeira publicação de Assaf e Martins sobre a competição - em Campeonato Carioca - 96 anos de história (1902-1997). Desde então, surgiram novos esquadrões, heróis, vilões, regulamentos, tão dignos de figurar no acervo futebolístico do país quanto já foram os atletas pioneiros.

Ao ter contato com esta trajetória do futebol carioca, o leitor vai ter acesso não só aos resultados dos campeonatos, como também à história do início do esporte no Rio de Janeiro. Ele conhecerá também algumas equipes que estão extintas, como Rio Cricket, Canto do Rio, Palmeiras e Internacional. Sem dúvida, há os detalhes sobre as conquistas dos quatro clubes que mantêm a hegemonia no estado, só o torcedor vai saber como foram as trajetórias dos títulos de América, Bangu, São Cristóvão e Paysandu (este, o único vencedor que fechou as portas).

O livro não tem seu mérito restrito ao resgate das coisas dentro de campo. Em suas páginas, estão presentes os primeiros passos do futebol no Rio de Janeiro, as divergências políticas entre os clubes, e alguns episódios histriônicos (que, infelizmente, aconteceram também décadas depois que o campeonato já era um esporte profissional).

Ao contar a história dos Campeonatos Cariocas, Roberto Assaf e Clóvis Martins revelam os motivos pelos quais, mesmo combalido, o "campeonato mais charmoso do Brasil" ainda sobrevive. Mas a maior razão da sobrevivência foi presenteada pelos próprios autores, que, através das páginas de História dos Campeonatos Cariocas - 1906 / 2010, eternizaram na literatura esportiva a trajetória do futebol jogado no Rio de Janeiro.

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Bola na área e a rede balançou para começar o DEBATEBOLA QUATRO LINHAS - 13/9/2010






Satisfação!

O Quatro linhas está no ar com mais um DEBATEBOLA, contando toda bola que rolou no fim de semana futebolístico. Passeiam pelo gramado:

BRASILEIRÃO, SÉRIE A

BRASILEIRÃO, SÉRIE B

A PARTICIPAÇÃO CARIOCA NAS SÉRIES C E D DO BRASILEIRÃO

UM GIRO PELO FUTEBOL INTERNACIONAL


Com a armação de jogadas de FLÁVIO DE SÁ deixando na cara do gol FERNANDO DINIZ e VINÍCIUS FAUSTINI.

Duração: 65 minutos.

O Quatro linhas agora dá a opção de você fazer o download para ouvir no seu celular, IPOD ou IPhone. Baixe o link do programa de hoje no seguinte endereço:

http://www.4shared.com/audio/S9yCWUPM/Quatro_linhas_-_13SET10.html

domingo, 12 de setembro de 2010

Hora de desengessar



Análise de jogo: Flamengo 2 x 2 Vitória da Bahia (18h30, Estádio Raulino de Oliveira)

O empate com o Vitória da Bahia teve alguns resultados de alívio para o Flamengo. O rubro-negro voltou a fazer gol com a bola rolando (o que não acontecia desde 21 de julho, no empate em 1 a 1 com o Avaí no Maracanã) e voltou a balançar a rede mais de uma vez, algo que não acontecia desde 23 de maio, na vitória por 3 a 1 sobre o Grêmio Prudente, no Maracanã, em jogo válido pela terceira rodada. Alem disto, a equipe conseguiu buscar o empate depois de, por duas vezes, ficar em desvantagem no placar, com dois gols de Kleberson, jogador ultimamente associado à sonolência em campo e que chegou a virar moeda de troca numa negociação sem sucesso para contratar Gilberto Silva. Só que o placar de 2 a 2 ainda revela uma série de vícios capazes de deixar o time engessado, não trazendo novidades maiores do que estar em uma nova casa - o Estádio Raulino de Oliveira, em Volta Redonda.

Os cerca de quatro mil pagantes que estiveram no Estádio da Cidadania viram que o problema que impede o time de ter uma campanha melhor no Campeonato Brasileiro é de uma dimensão bem maior do que a presença de Val Baiano entre os titulares. Poupado pela mídia em meio às atuações sofríveis do rubro-negro, Petkovic deixou claro em Volta Redonda que, atualmente, não pode contribuir muito para a equipe quando começa como titular. Nas vezes em que apareceu na partida, o camisa 10 apenas se arrastava em campo, e nem mesmo qualidade seus poucos passes tiveram durante toda a primeira etapa. Mesmo assim, o técnico Silas insistiu na presença dele até os 23 minutos do segundo tempo.

O Flamengo sentiu a falta de uma participação mais incisiva de Pet durante toda a primeira etapa. O volume de jogo da equipe era bem superior ao dos baianos, que permaneciam recuados à espera de uma boa jogada de ataque iniciada por Ramón ou Elkeson. O time carioca entrara em campo com o esquema 3-5-2 que usara nos jogos anteriores, mas os desfalques de Léo Moura e Williams (ambos suspensos) tornavam as coisas mais complicadas. Everton Silva não tinha bom rendimento jogando como ala na direita, e a opção por Toró no meio-de-campo obrigava Correa, fora de forma, a se arriscar no ataque. Nas poucas vezes em que ficavam próximos ao gol de Viáfara, Val Baiano e Deivid cometeram erros bisonhos. Aos poucos, o Vitória foi se acertando, e por duas vezes, com Ramón e Júnior, só não abriu o placar ainda no primeiro tempo devido a defesas de Marcelo Lomba. O estádio era novo, mas o final dos primeiros 45 minutos era um velho conhecido dos jogadores flamenguistas: ausência de gols e torcida vaiando.

Na volta para o segundo tempo, Silas abandonou sua insistência em escalar um trio de zaga, tirando Ronaldo Angelim e colocando o meia Kleberson. Ao som dos gritos de "burro", o treinador viu o Flamengo sofrer uma pressão inicial, e, mais uma vez, uma defesa de Marcelo Lomba num chute de Júnior. Mas o Vitória aos poucos foi se entregando à apatia típica de seu momento no Campeonato Brasileiro - e que causou a demissão de Toninho Cecílio, agora substituído interinamente por Ricardo Silva.

Num novo lampejo de coragem, Silas decidiu tirar Petkovic de campo. Sob a raiva do sérvio, entrou em campo Rafael Galhardo. Dois minutos depois da substituição, o técnico parecia ter seu cargo definitivamente ameaçado. Ramón cobrou falta, a bola passou pela zaga até Júnior desviar, de cabeça, para o fundo da rede de Marcelo Lomba. 1 a 0 Vitória, aos 25 minutos.

Na ânsia de amenizar um resultado pior, três minutos depois o atacante Diego Maurício entrou no lugar do ala Everton Silva. E dos pés do reserva vieram uma jogada individual, na qual ele passou por vários defensores e tocou para Kleberson empatar. 1 a 1, aos 33 minutos. O Flamengo ganhou ânimo para se lançar ao ataque, mas teve um novo erro fatal na defesa. Bida lançou Schwenck e, da direita, o reserva que entrara no lugar de Elkeson, chutou rasteiro para a rede. 2 a 1 Vitória, aos 38. No minuto seguinte, outro jogador que começou na reserva mudou a história da partida no Estádio Raulino de Oliveira. Rafael Galhardo avançou na direita, mas caiu na área. A bola sobrou para Val Baiano, que chutou na trave sua melhor oportunidade no jogo. Na volta, Kleberson, com o gol vazio, fez seu segundo gol da noite. 2 a 2.

Aos 45 minutos, Kleberson por pouco não marcou seu terceiro, em chute que parou no travessão. Finalização que serve como símbolo para o atual momento do Flamengo. O panorama da equipe soou melhor depois que Luiz Flávio de Oliveira encerrou a partida e decretou o empate em 2 a 2. Mas o rubro-negro ainda continua a apresentar alguns problemas que fazem as vitórias pararem na trave. Só quando Silas impedir que o time carioca fique engessado em ranços que vêm desde o início de 2010, e os jogadores perceberem que a atual situação exige uma nova postura (o décimo-sexto lugar, com apenas 23 pontos, a poucos pontos da zona de rebaixamento), é que o gesso vai ser tirado do futebol da Gávea finalmente.

*****

FLAMENGO 2 x 2 VITÓRIA

Local: Estádio Raulino de Oliveira (Volta Redonda / RJ)

Renda: R$ 92.420,00 / Público: 3.895 pagantes.

Árbitro: Luiz Flávio de Oliveira (SP). Auxiliares: Ednilson Corona (Fifa-SP) e João Nobre Chaves (SP).

Gols: Junior, aos 25, Kleberson, aos 33, Schwenck, aos 38, e Kleberson, aos 39 minutos do segundo tempo.


Cartões amarelos: Val Baiano (Flamengo), Léo e Vanderson (Vitória).

FLAMENGO - Marcelo Lomba; David, Jean e Ronaldo Angelim (Kleberson, intervalo); Everton Silva (Diego Maurício 28'/2ºT), Correa, Toró, Petkovic (Rafael Galhardo 23'/2ºT) e Juan; Val Baiano e Deivid.
Técnico: Silas

VITÓRIA
- Viáfara, Léo, Wallace, Reniê e Eduardo; Vanderson, Ricardo Conceição, Bida e Ramón (Renato 45'/2ºT); Elkeson (Schwenk 25'/2ºT) e Júnior. Técnico: Ricardo Silva.

*****

O tempo e o placar... apresenta o que houve de melhor e de pior na rodada do Campeonato Brasileiro de 2010.

O CHUTAÇO


Enquanto Fluminense e Corínthians vão patinando a cada partida, o BOTAFOGO aos poucos vai chegando, com um futebol a cada rodada mais convincente. O time alvinegro ajeitou todos os seus setores, e seu ataque tem as luxuosas presenças de Edno e Loco Abreu, autores dos gols da vitória sobre o São Paulo no Engenhão.

A FURADA

Foi simplesmente lamentável o atrito que ocorreu ao final da partida entre Ceará e Santos, no Castelão. Uma derrota não justifica que NEYMAR vá tirar satisfação com o zagueiro João Marcos, do Ceará, e nenhuma chance de briga pode ser pretexto para que A POLÍCIA CEARENSE desfira um golpe de cassetete no jogador Marquinhos.

*****
RESULTADOS

Sábado

18h30

Flamengo 2 x 2 Vitória da Bahia (Raulino de Oliveira)
Corínthians 0 x 1 Grêmio (Pacaembu)
Atlético Goianiense 2 x 1 Fluminense (Serra Dourada)

Domingo


16h

Palmeiras 0 x 0 Vasco (Pacaembu)
Avaí 1 x 2 Cruzeiro (Ressacada)
Atlético Mineiro 1 x 0 Grêmio Prudente (Arena do Jacaré)
Botafogo 2 x 0 São Paulo (Engenhão)

18h30

Internacional 0 x 0 Goiás (Beira-Rio)
Guarani 1 x 0 Atlético Paranaense (Brinco de Ouro da Princesa)
Ceará 2 x 1 Santos (Castelão)

sábado, 11 de setembro de 2010

Um Maracanã de desorganização



Passada a primeira rodada de três anos nos quais o futebol carioca vai ficar sem o Maracanã, o Rio de Janeiro finalmente acordou para a realidade de que passou 60 anos sem a cidade ter uma estrutura suficiente para novos gramados. Com o estádio em obras para a Copa do Mundo de 2014, o estado fica com poucas opções para abrigar partidas de suas equipes grandes - o limite mínimo tanto para jogos do Campeonato Estadual quanto para jogos do Campeonato Brasileiro é de 15 mil pessoas.




A alternativa que surgiu como a mais viável é o Engenhão. O Estádio Olímpico João Havelange tem capacidade para 45 mil pessoas, e está cedido pela Prefeitura do Rio de Janeiro ao Botafogo. Desde que passou a ser propriedade botafoguense, o time alvinegro manda também confrontos com Fluminense, Vasco e, recentemente, clássicos com o Flamengo - todos eram realizados no Maracanã.

Entretanto, os jogos de lá apresentaram muitas deficiências. Além da localização do estádio não ser das melhores, as ruas e os arredores são muito estreitos e violentos. Não há metrô perto - apenas há uma linha de trem que é próxima ao estádio - e as linhas de ônibus não alcançam todas as áreas do Rio de Janeiro. Inconveniências que afastam o bom público que é corriqueiro no Maracanã.

Antes do fechamento do Maracanã, o Engenhão estava restrito a mandar jogos do Botafogo, no Brasileiro da Série A, e do Duque de Caxias na Série B. Entretanto, como Flamengo e Fluminense não possuem estádios próprios de grande capacidade, as duas equipes também terão de mandar suas partidas lá. Um inconveniente que poderia dificultar ainda mais o estado precário no qual está seu gramado - afinal, pelo menos quatro vezes por semana aconteceriam partidas no Estádio Olímpico João Havelange.

A saída foi preterir as partidas do Duque de Caxias. Além de não estar na divisão principal do Campeonato Brasileiro, a equipe não leva grande público ao Engenhão. O número muitas vezes não passa dos 30 torcedores. Com tão pouco apelo, o time até poderia mandar seus jogos no próprio estádio - Romário de Souza Faria, o Marrentão, com capacidade para até 7 mil pessoas. Mas o Estatuto do Torcedor não permite esta pequena capacidade em jogos da Segunda Divisão.



A solução mais emergencial foi transferir as partidas do Duque de Caxias para São Januário, pois apenas seu proprietário, o Vasco, realiza jogos lá. Entretanto, a federação esqueceu que o local também é usado para o time vascaíno treinar. O gramado ficará ainda mais desgastado.

E o problema do Engenhão mudaria para a Colina de São Januário. O Fluminense não chegava a um acordo com o Botafogo, e o treinador Muricy Ramalho declarou que, por causa das dimensões do campo, jogar no estádio do Vasco seria melhor. O impasse fica ainda mais intenso porque São Januário e Engenhão, por mais que tenham seus graves problemas de localização, são os únicos locais do Rio de Janeiro disponíveis para partidas de Séries A e B no Campeonato Brasileiro.



A terceira via está a 127 quilômetros da capital fluminense. Em Volta Redonda fica o Estádio Raulino de Oliveira, com capacidade para 20 mil pessoas. O Estádio da Cidadania (outro nome como é conhecido) tem uma excelente estrutura para abrigar jogos de bom apelo público - e durante as obras para os Jogos Pan-Americanos chegou a ser palco de clássicos como o duelo entre Flamengo e Fluminense.

A questão do público não é problema para estas equipes, que têm torcida em todo o Rio de Janeiro e em todo o país. O problema é que a dupla Fla-Flu não só acaba perdendo sua identidade de time da capital, como também faz com que o desgaste seja maior, devido à viagem de cerca de três horas a cada jogo.

O Duque de Caxias foi quem mais sofreu com esta perda de identidade. Nas primeiras partidas pelo Campeonato Brasileiro da Série B, seus jogos foram marcados para o Estádio da Cidadania. Se a equipe não recebe tanto público na capital, a situação fica ainda mais difícil na Cidade do Aço.

O futebol carioca sofre por não ter alternativas mais concretas para compensar a ausência do Maracanã. O Rio de Janeiro comprova, através de seus estádios, que o amadorismo continua crônico no estado. A adaptação dos órfãos do Maracanã promete ser bem difícil.

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Quatro linhas, 10 de setembro de 2010




A bola não para!

O novo jornalismo esportivo brasileiro está na área. O Quatro linhas segue atacando na Internet em mais um DEBATEBOLA! E hoje, no ar:

AS FINANÇAS DOS GRANDES CLUBES BRASILEIROS

BRASILEIRÃO, SÉRIE A

BRASILEIRÃO, SÉRIE B

GIRO PELO FUTEBOL INTERNACIONAL


Com o quadrado mágico FERNANDO DINIZ, FERNANDO QUARESMA, PEDRO MARQUES E VINÍCIUS FAUSTINI!

É só dar o PLAY que a comunicação está no ar!

PARTE 1 (aproximadamente 57 minutos)



PARTE 2 (aproximadamente 27 minutos)

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Retaliações criativas



Não chegou a completar um mês da chegada do meia Deco ao Fluminense, e já vêm as primeiras críticas à maneira como ele chegou ao clube. A primeira alternativa de Muricy Ramalho foi trocar o 3-5-2 pelo esquema 4-4-2. Entretanto, nas partidas em que o treinador usou esta formação tática, o tricolor teve más atuações, e teve uma sequência de resultados fracos.

A crítica esportiva creditou esta piora no desempenho à mudança no esquema, alegando que o Fluminense ficou mais exposto defensivamente. Foi assim que o time das Laranjeiras acabou entrando numa situação contraditória, apontada por Tostão em sua crônica de hoje na Folha de S. Paulo. Numa época em que o Brasil começa a rever seus conceitos defensivos que estiveram em campo pelo menos nos quatro anos em que Dunga esteve no comando da Seleção Brasileira, é irônico que a mesma imprensa que quer criatividade exija que Muricy Ramalho sacrifique Conca ou Deco em prol de não tomar gols.

É bem verdade que Deco ainda não está voando em campo com a camisa tricolor (embora esteja em melhor forma que outros medalhões dos adversários cariocas, casos de Felipe, do Vasco, e de Renato Abreu, do Flamengo). No entanto, a entrada do camisa 20 na equipe titular traz dois benefícios. Além de acrescentar muita criatividade ao time, a entrada dele faz com que Conca não fique sobrecarregado na criação de jogadas - problema crônico no Fluminense desde que o argentino chegou ao clube.

A esperança é de que Muricy Ramalho não se deixe levar pelos tropeços que virão no Campeonato Brasileiro, e continue a bancar a escalação da dupla de armadores. Seria um alento para o futebol nacional que pelo menos uma das equipes que surgem como candidatas ao título não fique se preocupando somente em "não perder".

terça-feira, 7 de setembro de 2010

Agressão ao futebol



Depois da participação frustrante no Campeonato Brasileiro de 2009, o Atlético Mineiro tomou algumas medidas típicas de quem sonha ganhar tudo o que disputar no ano seguinte. Contratou um técnico de vasto currículo - Vanderlei Luxemburgo - e investiu pesado tanto na manutenção de jogadores bem-sucedidos, como Ricardinho e Diego Tardelli, quanto na contratação de atletas considerados de alto nível no futebol brasileiro (casos de Fábio Costa, Réver, Mendez, Daniel Carvalho e, em especial, de Diego Souza).

Mas agora o time atleticano sofre os ônus desta vontade de montar um esquadrão. Após um primeiro turno de Campeonato Brasileiro desastroso, no qual terminou na zona de rebaixamento, a diretoria do Atlético demonstrou que não sabe lidar nem mesmo com uma equipe de grande porte. Em meio ao desespero da situação, o presidente Alexandre Kalil deu a seguinte declaração:

“Acho que os jogadores têm que se cuidar sim. O Atlético não é brinquedo. E se tomarem um cacete na madrugada não vai fazer mal nenhum”.



Primeiramente, um presidente não deve se posicionar de maneira tão incisiva em relação a atletas publicamente. Isto só aumenta a dimensão de uma crise, e torna o clima no clube ainda mais pesado. Em especial quando é cercado de estrelas, pois a disputa de egos fica insustentável ,com a vontade de um deles se sagrar como o herói que livrou o time do pior.



Ao jogar sua raiva para a torcida, Kalil esqueceu-se de que a paixão do torcedor não só faz com que ele tome as dores do que acontece ao seu clube de coração, como também leve ao pé da letra as declarações da diretoria. Com um representante falando em tom agressivo, cogitando até que não faria mal "tomar um cacete", alguns mais exaltados podem chegar às vias de fato, achando que esta será a única solução para que o time se acerte em campo.

Num cenário no qual há tantas campanhas para evitar que a violência continue no futebol, é inadmissível que um presidente de clube acredite que este caminho vá mesmo acertar o Atlético. A experiência de Alexandre Kalil à frente do clube mineiro sabe que até mesmo uma equipe recheada de estrelas também pode não funcionar.

O Atlético Mineiro tem um segundo turno inteiro para melhorar sua campanha. Mas aprendendo com seus erros do primeiro turno. Porque as palavras inconvenientes de Alexandre Kalil não só ferem os jogadores atleticanos. Elas agridem o futebol, mais uma vez jogado a táticas tortuosas de torcedores passionais elevados a dirigentes.

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Quatro linhas, 6 de setembro de 2010





Satisfação!

O Quatro linhas hoje tem a estreia do versátil GUSTAVO SANTOS. O multimídia da palavra entra em campo, numa triangulação com FLÁVIO DE SÁ E VINÍCIUS FAUSTINI.

E hoje, passam pelo gramado:

CAMPEONATO BRASILEIRO, SÉRIE A

CAMPEONATO BRASILEIRO, SÉRIE B

UM GIRO PELO FUTEBOL INTERNACIONAL


Basta dar o PLAY que a comunicação está no ar.

Duração: 67 minutos.

domingo, 5 de setembro de 2010

Chutaços e furadas do primeiro turno do Brasileirão



A cada rodada do Campeonato Brasileiro, O tempo e o placar... traz, além das análises de jogos, uma seleção com o que houve de melhor e de pior nos jogos da competição. Entretanto, no domingo em que o primeiro turno do Brasileirão chega ao final, este blogue faz um panorama dos CHUTAÇOS e das FURADAS que rolaram pelos gramados do país nesta primeira metade do torneio.

Agora, começam os melhores e os piores momentos de 2010:


OS CHUTAÇOS



EQUIPES

FLUMINENSE - Após um início oscilante, o tricolor das Laranjeiras ajeitou sua equipe e tornou-se dificílimo batê-lo tanto como mandante quanto como visitante. Finalmente, os investimentos da Unimed vêm trazendo resultados mais convincentes dentro campo, graças ao comando de MURICY RAMALHO, que se revela especialista em armar times mesmo não tendo tantos grandes jogadores à sua disposição.

CORÍNTHIANS - Apesar de algumas falhas no decorrer do primeiro turno, conseguiu uma boa arrancada nos últimos jogos e agora está a um ponto do líder Fluminense (além de ter um jogo a menos). O grande mérito da equipe é que sobreviveu a uma parada da Copa do Mundo, a uma troca de treinador e à inconstância de sua estrela, Ronaldo.

BOTAFOGO - Talvez uma das surpresas deste primeiro turno - mesmo sendo o vencedor do Campeonato Estadual deste ano, suas participações nos campeonatos nacionais deixaram a desejar nas últimas temporadas - o alvinegro revelou ter uma equipe constante, bem armada defensivamente e com uma bela gama de opções ofensivas.

CEARÁ - Recém-chegado da Série B, o Vovô fez um início de Campeonato Brasileiro avassalador. Nas primeiras rodadas antes da parada para a Copa do Mundo, foram cinco vitórias em sete jogos. Uma pena que este poder de fogo se esvaiu apenas com a saída do técnico Paulo César Gusmão.

VASCO e ATLÉTICO PARANAENSE - Inicialmente apontados na lista de times que brigariam para não cair, ambos conseguiram se ajeitar aos poucos e deram arrancadas importantíssimas no Campeonato Brasileiro. Os paranaenses terminaram o primeiro turno em sétimo lugar, e os vascaínos estão na oitava colocação.

INTERNACIONAL - Os colorados têm um dos melhores elencos do Brasil. Enquanto seus titulares estavam com as atenções voltadas para a Taça Libertadores da América, os reservas de luxo faziam grandes partidas, e se tornavam também muito difíceis de bater. Mesmo depois da conquista da competição sul-americana, a equipe gaúcha mostra sua sede de títulos, e não deixa de lado o Campeonato Brasileiro, mesmo credenciado para a Libertadores do ano que vem.

SELEÇÃO DO PRIMEIRO TURNO

1 - FERNANDO PRASS (Vasco) - O goleiro vascaíno se tornou uma das peças mais importantes na ascensão vascaína durante o primeiro turno. Com reflexo, coragem e uma segurança que adquiriu com o decorrer do campeonato, mostrou que seu talento não aparecia apenas na Série B.

2 - MARIANO (Fluminense) - Outrora execrado pela torcida tricolor, Mariano cresceu muito nesta temporada pelo Fluminense. Passes e cruzamentos precisos que municiaram o setor ofensivo da equipe.

3 - ALEX SILVA (São Paulo) - Destacou-se em meio à decepcionante campanha são-paulina no primeiro turno. Um zagueiro seguro, que aparece com perigo também na área adversária.

4 - ANTÔNIO CARLOS (Botafogo) - Sob o comando de Joel Santana, seu futebol cresceu muito, e se tornou importante no período sem derrotas pelo qual o Botafogo passou.

6 - KLÉBER (Internacional) - Com o decorrer da competição, se tornou um dos jogadores mais requisitados para iniciar as jogadas de ataque do colorado. Seus cruzamentos são muito precisos.

5 - SANDRO (Internacional) - Excelente na proteção à zaga e com muita habilidade para sair jogando. Infelizmente, foi um dos jogadores que saíram do país para atuar no futebol europeu.

8 - WILLIAMS (Flamengo) - Grande roubador de bola, vem se destacando também pelo seu esforço com a camisa do clube. Já que o time rubro-negro não consegue armar muitas jogadas, ele inicia constantemente tentativas ofensivas.

11 - CONCA (Fluminense) - O craque do Campeonato Brasileiro, carregou o Fluminense nas costas durante todo o primeiro turno. Bom nos passes e excelente nas jogadas de bola parada, contribuiu muito para os gols de Fred, Emerson e Washington.

10 - PAULO HENRIQUE GANSO (Santos) - O melhor camisa 10 do país nos últimos anos. Moveu o time santista para o ataque todas as vezes em que esteve em campo, com muita categoria e inteligência.

7 - EMERSON (Fluminense) - Pouco tempo depois de seu retorno ao futebol carioca (atuou pelo Flamengo na temporada anterior), o Sheik voltou a esbanjar talento no ataque, desta vez vestindo a camisa do Fluminense. A maneira como encaixou na equipe tricolor deu tão certo que alguns consideram que o time sofre de "Emerson-dependência" quando ele está de fora.

9 - BRUNO CÉSAR (Corínthians) - Num ataque capitaneado por Ronaldo e que traz jogadores badalados como Iarley, Souza e Dentinho, o ex-jogador do Santo André, Bruno César, se tornou uma peça fundamental para o Corínthians. Tanto que, mesmo jogando como meia-atacante, este blogue optou por escalá-lo no ataque, para não fazer tanta injustiça a um dos atuais artilheiros do Campeonato Brasileiro.

TÉCNICO - PAULO CÉSAR GUSMÃO (Ceará e Vasco) - Único técnico invicto até o momento no Campeonato Brasileiro (18 jogos, com 10 vitórias e 8 empates). Antes da Copa do Mundo, levou o modesto Ceará a uma surpreendente vice-liderança, perdendo apenas no critério do saldo de gols para o Corínthians. Depois do torneio, levou o Vasco, penúltimo colocado, ao oitavo lugar na classificação. Seu maior mérito é recuperar o futebol de seus jogadores.

Menções honrosas: Jefferson (goleiro, Botafogo), Jonathan (lateral-direita, Cruzeiro), Réver (zagueiro, Atlético Mineiro), Dedé (zagueiro, Vasco) e Carlinhos (lateral-esquerda, Fluminense); Jucilei (volante, Corínthians), Hernanes (volante, São Paulo), Maicosuel (meia, Botafogo) e Montillo (meia, Cruzeiro); Elias (atacante, Atlético Goianiense) e Neymar (atacante, Santos). Técnico: Celso Roth (Vasco e Internacional).

AS FURADAS



EQUIPES

FLAMENGO, SÃO PAULO, ATLÉTICO MINEIRO e GRÊMIO - Antes do início da competição, estes clubes despontaram como favoritos, e cada um por um motivo. O Flamengo, por ser o campeão da edição anterior e ter uma hegemonia de boas colocações nas temporadas anteriores. O São Paulo é o maior vencedor da década no Brasileirão. Atlético Mineiro e Grêmio vieram com bons elencos, mas não se ajeitaram em nenhuma rodada da competição. Todos fizeram campanhas frustrantes

FUTEBOL GOIANO - No ano em que têm dois representantes na Série A, os goianos padecem com o mau futebol de ATLÉTICO GOIANIENSE e GOIÁS. Ao menos um dos dois passou a rodada na zona de rebaixamento durante o primeiro turno. O rubro-negro pena com um planejamento falho, que não consegue dar um passo maior do que a perna de quem, em 2008, estava na Série C. O esmeraldino sente as consequências de uma crise política, e vê uma equipe razoável ser "queimada" a cada jogo.

OS PIORES DO PRIMEIRO TURNO

1 - FELIPE (Santos) - Não bastassem as falhas constantes, teve mais destaque do lado de fora do campo, quando respondeu de maneira grosseira a um torcedor no Twitcam. O torcedor chamou o goleiro de "mão de alface", e o Rafael declarou que o salário do rapaz é menor do que a ração que ele dá para o cachorro.

2 - ÉLDER GRANJA (Vasco) - Lento na marcação e péssimo no apoio. Não soube acertar nenhum cruzamento nos momentos que esteve em campo. Foi barrado e afastado do elenco vascaíno.

3 - EDU DRACENA (Santos) - Chega atrasado em todas as divididas e abusa da violência.

4 - PAULÃO (Grêmio Prudente) - Não bastassem os erros dentro de campo, foi responsável por três pontos perdidos pelo Grêmio Prudente. No jogo contra o Flamengo, ele foi escalado de maneira irregular. E a equipe foi derrotada pelo placar de 3 a 1.

6 - PARÁ (Avaí) - Jogador limitadíssimo, teve más passagens no Vasco e no Paraná, e acabou no Avaí, para degringolar o lado esquerdo da equipe.

5 - BELLETTI (Fluminense) - A pior contratação do Fluminense. É notado apenas quando leva cartão amarelo. De resto, só fica em evidência sua péssima forma.

8 - PITUCA (Atlético Goianiense) - Distribui botinadas a torto e a direito, mantendo a tradição do que fazia na Série B de 2009.

7 - FELIPE (Vasco) - Contratado como o grande reforço do Vasco para o Campeonato Brasileiro, só apresentou lentidão e muitos, mas muitos passes errados. Foi escalado como ala na partida contra o Fluminense, e um erro seu iniciou a jogada de um dos gols do adversário.

11 - RENATO ABREU (Flamengo) - Talvez seja um mal de todos os jogadores que vieram das Arábias. Assim como o vascaíno Felipe, Renato Abreu se arrasta em campo, e passou o primeiro turno até sem sua boa pontaria.

9 - RAFAEL MOURA (Goiás) - Dono do apelido de "He-Man", foi notado apenas por sua força física, quando brigou com a imprensa baiana depois de uma partida contra o Vitória da Bahia.

10 - VAL BAIANO (Flamengo) - Por sua ausência de gols, por sua falta de forma física e por acabar com a paciência dos flamenguistas toda vez que atuou com a camisa rubro-negra.

TÉCNICO - EMERSON LEÃO (Goiás) - Não soube motivar o time esmeraldino a ter um melhor desempenho na competição, mesmo tendo um elenco que traz jogadores de qualidade. Saiu sem brigar com a diretoria do Goiás, o que deixou em evidência seus erros como técnico.

Menções nem um pouco honrosas: Rafael (goleiro, Fluminense), Alessandro (lateral-direita, Botafogo), Wesley (zagueiro, Vitória da Bahia), Jairo Campos (zagueiro, Atlético Mineiro) e Michael (lateral-esquerda e meia, Flamengo); Jonílson (volante, Goiás), Kléberson (volante, Flamengo), Fahel (volante, Botafogo) e Douglas (meia, Grêmio); Washington (atacante, Ceará) e Rodrigo Tiuí (atacante, Atlético Goianiense). Técnico: Estevam Soares (Ceará)

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RESULTADOS DA RODADA


Sábado

18h30

Corínthians 5 x 1 Goiás (Pacaembu)
Botafogo 2 x 2 Grêmio (Engenhão)
Ceará 0 x 2 Vasco (Castelão)

Domingo

16h

Avaí 0 x 1 Atlético Paranaense (Ressacada)
Palmeiras 2 x 3 Cruzeiro (Pacaembu)
Flamengo 0 x 0 Santos (Maracanã)
Guarani 2 x 1 Fluminense (Brinco de Ouro da Princesa)

18h30

Atlético Goianiense 4 x 1 Vitória da Bahia (Serra Dourada)
Atlético Mineiro 2 x 3 São Paulo (Ipatingão)
Internacional 2 x 0 Grêmio Prudente (Beira-Rio)

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O espaço dos comentários está aberto pra vocês. Façam suas seleções, digam quais chutaços e furadas chamaram atenção de vocês neste primeiro turno, e recordem os bons e maus momentos da primeira parte do Brasileirão de 2010.