sexta-feira, 14 de maio de 2010

Cautela e caldo de peixe



As duas semifinais da Copa do Brasil trouxeram partidas emocionantes em sentidos diferentes. No jogo do Serra Dourada, a cautela deu a tônica do confronto entre Atlético Goianiense e Vitória. No Olímpico, o medo de levar gols foi às favas, e o caldo de peixe desandou na vitória do Grêmio sobre o Santos.

O primeiro lado para o qual desandaram as coisas veio do lado gremista. Aos 14 minutos, Victor (considerado um goleiro injustiçado na convocação da Seleção Brasileira) saiu mal numa cobrança de escanteio, e permitiu que André abrisse o placar. Seis minutos depois, Douglas errou na saída de bola e Paulo Henrique Ganso deixou André livre para fazer seu segundo gol. Os pés de Jonas pioraram as coisas ainda mais. O atacante teve a oportunidade de diminuir o placar numa cobrança de pênalti, mas chutou muito mal e permitiu que Felipe fizesse a defesa.

A desvantagem no placar acabou, contraditoriamente, trazendo a serenidade ao time de Silas no intervalo. O Grêmio voltou com mais calma e disposição, e a experiência fez a diferença contra os meninos da Vila Belmiro. Aos 12 minutos, Douglas (que falhara muito no primeiro tempo) iniciou jogada que terminou em gol de Borges.

Seis minutos depois, os mesmos jogadores foram importantíssimos no empate gremista. O primeiro roubou a bola de Rodrigo Mancha e lançou Jonas. O atacante serviu seu companheiro, Borges, que colocou a bola no fundo da rede de Felipe.

A inexperiência santista desandou tanto que chegou ao banco de reservas. Dorival Júnior cometeu um dos piores erros como treinador: apontar explicitamente um culpado pelo fim da vantagem no Olímpico. Nove minutos depois de colocar Rodrigo Mancha em campo (no lugar de Marquinhos), o técnico tirou o volante para a entrada de Rodriguinho. Imaturidade de um e tristeza do outro, que desferiu socos à cadeira do banco de reservas.

Perdido, o Santos assistiu à sua defesa permitir mais dois gols do Grêmio - um de Jonas, aos 22, e um de Borges aos 30. Mas, num lampejo de lucidez, chegou ao terceiro gol sete minutos depois, em passe de Paulo Henrique Ganso para um belo chute de Robinho.

Os santistas precisam de uma vitória simples para chegar à final da Copa do Brasil. Mas resta saber se com uma desvantagem diante de uma equipe de tradição e bem armada por Silas, vai ter força e maturidade para conseguir se sobressair. E que a maturidade venha também de seu comandante.



Se o caldo de peixe desandou num jogo de muitos gols, a partida de Goiânia trouxe um resultado magro depois de 90 minutos. E, mais uma vez, o Atlético Goianiense fez valer a superioridade de dentro de casa, onde o time não levou nenhum gol na sua trajetória da Copa do Brasil.

Numa partida muito fraca tecnicamente, Geninho e Ricardo Silva montaram suas equipes com a clara preocupação de não levar gols. E ela fez a diferença no resultado final. Mesmo com uma formação ofensiva que trazia boas chances em contra-ataques, o Vitória sentiu seus desfalques e viu o ataque formado por Júnior e Neto Berola ficar isolado, em meio à marcação do rubro-negro goiano.

A ansiedade em não levar gol foi tanta que até mesmo no único momento em que a bola chegou ao fundo da rede, ela entrou de maneira teimosa. A conclusão de Rodrigo Tiuí tocou a trave e o travessão antes de a torcida no Serra Dourada gritar gol.

Após a primeira parte da semifinal ter sabor de cautela e de caldo de peixe, na semana que vem acontecem os duelos decisivos - Santos e Grêmio na Vila Belmiro, Vitória e Atlético Goianiense no Barradão. Na próxima quinta-feira, o Brasil vai saber quais times farão melhor sua receita, e aqueles que sentirão a azia de ficar pelo caminho.

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