quinta-feira, 27 de maio de 2010

Sinal amarelo



Análise de quarta: Cruzeiro 1x0 Botafogo (Mineirão,21h50)

Na noite em que usou uniforme amarelo em homenagem à Seleção Brasileira, o Cruzeiro apresentou um futebol semelhante às atuações do Brasil de Dunga em alguns momentos. Um futebol burocrático, pífio, mas eficiente. O gol de Thiago Ribeiro foi suficiente para vencer o Botafogo no Mineirão e permanecer entre os quatro primeiros do Campeonato Brasileiro.

O início de partida foi promissor para os 8.501 pagantes. De um lado, um Cruzeiro que se lançava ao o ataque com velocidade e apostava na qualidade de sua dupla de ataque - Thiago Ribeiro e Kléber. Do lado adversário, um Botafogo bem armado com três zagueiros e usando os alas Alessandro e Somália para chegar aos homens de frente. Sim, homens de frente, pois os botafoguenses não contavam com nenhum de seus atacantes. Loco Abreu está com a seleção do Uruguai na preparação para a Copa do Mundo, enquanto Caio e Herrera estão suspensos por causa das expulsões diante do Goiás (os dois trocaram empurrões dentro do campo do Engenhão).

O Cruzeiro acuou o Botafogo. As chances iam se perdendo diante da zaga adversária, ou terminavam em chutes bisonhos de Kléber (mais uma vez em má atuação). Mas, aos 18 minutos, veio o gol. Jonathan fez uma boa jogada na linha de fundo e encontrou Thiago Ribeiro no meio da área. O atacante só desviou a bola para o fundo da rede de Jefferson. 1 a 0 Cruzeiro.

Em vez de aproveitar o bom momento na partida, o time de Adilson Batista se acomodou. Aos poucos, a marcação no meio-de-campo se afrouxou e permitiu que o Botafogo se aproximasse da defesa celeste. Mas o time de Joel Santana esbarrava em suas limitações, que ficaram mais evidentes com a ausência de atacantes natos. A tendência de Edno e de Renato Cajá era se limitar a buscar jogadas.

De tanto pressionar no fim da primeira etapa, os botafoguenses tiveram sua melhor chance aos 43 minutos. Somália chegou com perigo na esquerda e foi derrubado na grande área. Pênalti. Ainda abalado psicologicamente por desperdiçar suas mais recentes cobranças, o camisa 10 Lúcio Flávio designou Renato Cajá para bater a penalidade máxima. Cajá cobrou à meia altura e Fábio pulou para espalmar a bola.

O segundo tempo trouxe um jogo fora do itinerário habitual das partidas. Mesmo com sua equipe jogando como visitante, Joel Santana não hesitou em substituir o volante Sandro Silva pelo jovem atacante Alex. O Botafogo partiria para o ataque em pleno Mineirão. O Cruzeiro deixou de seguir o roteiro de time em vantagem que aproveita exposição do adversário num esquema ofensivo. A equipe mineira se defendeu ao redor de sua área, e praticamente passou 45 minutos assistindo às tentativas do alvinegro carioca.

E foram muitas. Mas a maioria delas parou nas mãos do goleiro Fábio - a tentativa de conclusão de Fahel após cabeçada de Antônio Carlos, um chute cruzado de Alex, entre outras. Aos poucos, o camisa 1, único a ostentar o tradicional azul e branco do Cruzeiro, se sobressaía ao futebol amarelado, tão amarelado quanto a cor do uniforme de seus companheiros de equipe.

A impaciência da torcida mineira se acentuava a cada minuto. E a ausência de poder ofensivo acabou descontada no treinador, chamado de "burro" em suas substituições. Primeiro, quando Roger foi substituído por Pedro Ken - uma substituição por cansaço, mas vista como uma queda de qualidade no passe do meio-de-campo. E da segunda vez, quando o autor do gol saiu de campo. Guerrón entrou no lugar de Thiago Ribeiro, e o atacante equatoriano só foi notado aos 33 minutos, em um chute forte que Jefferson defendeu com dificuldade. A um minuto do fim, Alessandro chutou rasteiro, à esquerda do gol de Fábio. Foi a derradeira chance do Botafogo.

O jogo do Mineirão terminou com sinal amarelo para ambas as equipes. O Cruzeiro saiu sob vaias, símbolos da insatisfação da torcida por assistir a um futebol sem nenhuma demonstração de vontade. O Botafogo teve sua primeira derrota no Campeonato Brasileiro e deixou escapar a chance de se manter nas primeiras posições da classificação. A equipe volta para o Rio de Janeiro consciente de que ainda precisam reforços para sanar as limitações de um elenco que não soube se sobressair a um bom time. Mesmo quando ele jogou para o gasto.


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AVISO:

Nas rodadas de meio de semana, O tempo e o placar... vai continuar a publicar suas análises de quarta. Mas as seções de O CHUTAÇO e A FURADA sairão apenas na crônica de sexta.

Estas crônicas também são publicadas na página eletrônica Almanaque Virtual. Lá, eles não permitem que este que vos escreve faça textos sobre jogos do Fluminense. Aos leitores tricolores fica a promessa de que assuntos da equipe serão debatidos neste espaço. O blogue também aceita sugestões de reportagens, de torcedores do tricolor das Laranjeiras e de todas as outras equipes.

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