terça-feira, 31 de agosto de 2010

A cartilha dos ídolos



Uma das definições para a palavra ÍDOLO no dicionário diz "pessoa a quem se tributa respeito ou afeto excessivos". No futebol, todos os clubes têm em suas listas jogadores que ficaram na história por títulos, gols e espírito de luta. Entretanto, devido à falta de qualidade das equipes atuais, alguns jogadores de qualidade questionável vêm sendo dignos de idolatria fulminante.



O caso mais recente é o do zagueiro Dedé, do Vasco. O jogador chegou a São Januário para compor elenco o Brasileiro da Série B, em 2009, depois de ter certo destaque na disputa do Campeonato Estadual do mesmo ano, pelo Volta Redonda. No ano passado, ele atuou em poucas partidas pelo time vascaíno, e no início deste ano ficou marcado negativamente, pois num treino entrou numa dividida forte que tirou de combate o meia Carlos Alberto.

Na troca de treinadores, Dedé acabou promovido a titular da zaga vascaína e, com o tempo, passou a ter seu nome gritado pela torcida durante as partidas. Após a chegada do técnico Paulo César Gusmão, o zagueiro virou sinônimo de raça e de segurança - coisa que há muitos anos não era comum no setor defensivo da equipe - e tem se destacado neste período após a Copa do Mundo, pois vem ajudando o Vasco a manter uma invencibilidade (ainda que com uma sequência de empates) na volta do Campeonato Brasileiro.



Outro jogador que chama atenção pela idolatria da torcida vem do Fluminense. No líder do Campeonato Brasileiro, o atacante Washington se tornou o grande ídolo em meio à constelação que se formou na equipe de 2010. Mesmo que tenha contribuído para a derrota mais sofrida do tricolor das Laranjeiras (perdendo um pênalti na decisão da Taça Libertadores da América, contra a LDU).

Da onde sai o carisma dos ídolos de hoje? Da raça? Do respeito à camisa que está vestindo? Em uma época na qual equipes se formam e se desfazem com constância, é cada vez mais raro um atleta ter sua imagem atrelada a apenas um clube. Até jogadores que declaram ter um time de coração às vezes mudam de ares para um grande rival. Hoje ídolo do Flamengo, Petkovic já vestiu as camisas de Vasco e Fluminense. Emerson, atacante de destaque no Fluminense, se declarou flamenguista em sua passagem pela Gávea no ano anterior.



E a idolatria dos dias de hoje? É capaz de fazer vista grossa para insucessos? Sim, Adriano foi campeão brasileiro com o Flamengo em 2009. Mas isto é capaz de apagar os problemas extracampo gerados por ele e que afundaram o rubro-negro numa crise em 2010, que culminou na perda do Campeonato Estadual e da Taça Libertadores da América, além de iniciar um dominó no qual não sobrou muita coisa do time vencedor do ano anterior?



Edmundo é outro exemplo disto. Cultuado no Vasco pela grande atuação campanha que levou o clube ao terceiro título brasileiro, em 1997, seu nome era sempre gritado em momentos de dificuldade das equipes vascaínas no gramado, e ele chegava como salvador. No entanto, dos pés de Edmundo, vieram pênaltis decisivos desperdiçados na decisão do Mundial de Clubes de 2000 (contra o Corínthians), na semifinal da Taça Guanabara de 2008 (contra o Flamengo) e na Copa do Brasil de 2008 (contra o Sport Recife). Além de expulsões, confusões e períodos de ausência de títulos.

O atual torcedor de futebol não precisa se acostumar somente ao constante entra-e-sai de jogadores e ao fato de um jogador que era rival atuar no seu clube de coração de uma hora para outra. A cartilha do futebol brasileiro agora deu à palavra "ídolo" um significado bem mais abrangente do que ser decisivo dentro de campo.

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Quatro linhas, 30 de agosto de 2010



A bola não para!

O PROGRAMA QUATRO LINHAS está na área, com mais um DEBATEBOLA. Passeiam pelo gramado:

OS ESTÁDIOS DA COPA DE 2014

BRASILEIRÃO, SÉRIE A

BRASILEIRÃO, SÉRIE B

E UM GIRO PELO FUTEBOL INTERNACIONAL


Numa linha de passe entre FERNANDO DINIZ E VINÍCIUS FAUSTINI

PARTE 1



PARTE 2



Duração total: aproximadamente 64 minutos.

domingo, 29 de agosto de 2010

Doses de realismo



Análise de jogo: Guarani 2 x 1 Flamengo (Brinco de Ouro da Princesa, 16h)

Poucos minutos separaram o Flamengo dos três pontos e da falsa impressão de que os erros da equipe foram embora apenas com a demissão de Rogério Lourenço. Mas, aos 46 e aos 48 minutos, o rubro-negro (sob o comando do treinador interino Toninho Barroso) sofreu os gols que selaram a derrota por 2 a 1 para o Guarani, no jogo do Brinco de Ouro da Princesa.

Não há dúvidas de que o time demonstrou alguma melhora em relação às partidas anteriores, em especial porque Correia ficou quase que exclusivamente na marcação, deixando Renato Abreu e Petkovic livres para avançar. Só que esta melhora no esquema ficou em evidência de fato por outro motivo: a chegada de Diego. O atacante, que veio do Olimpyacos da Grécia, deu um novo poder ofensivo ao Flamengo, tanto na armação de jogadas quanto em finalizações. A mais perigosa foi aos 11 minutos, um chute rasteiro que Emerson jogou para escanteio. No entanto, aos 30 minutos do primeiro tempo, o jogador sofreu uma entorse no tornozelo esquerdo e saiu de campo. Em seu lugar, entrou o volante Toró.

Tendo apenas Val Baiano para compor o ataque, os rubro-negros voltaram a confirmar que seu poder incisivo traz muitas limitações - em especial porque Petkovic não tem mais tanto fôlego e Renato Abreu ainda ressente de uma boa forma, depois de seu retorno do Qatar. Todas as bolas acabavam passando pelos pés de Léo Moura, como forma de desafogar o meio-de-campo do Flamengo. Com isto, o Guarani aos poucos foi se ajeitando ofensivamente, apostando na correria do meia Mário Lúcio, no oportunismo do atacante Rômulo e no talento do atacante Mazola. Entretanto, a qualidade de Mazola algumas vezes era derrotada por um preciosismo, no qual saía arriscando dribles e acabava desarmado.

Após tantas pressões fracassadas pela incapacidade do Bugre ultrapassar a defesa flamenguista, aos 34 minutos veio o grande momento de Mazola. Numa bola perdida por Williams, Baiano lançou o camisa 11. Mazola dominou, foi em direção à área, driblou Marcelo Lomba e foi derrubado na linha da grande área. O juiz Arilson Bispo da Anunciação marcou falta fora da área e deu cartão amarelo ao goleiro flamenguista (interpretando de maneira duvidosa que ele não era o último homem no lance). Na cobrança, Baiano desperdiçou a oportunidade, chutando por cima do gol.

O Guarani foi driblado pelo nervosismo, e aos poucos permitiu a chegada do Flamengo ao redor de seu gol. Chutes de Williams, Renato Abreu e Petkovic passaram com perigo perto de Emerson. E a equipe conseguiu balançar a rede. Mas ainda não foi desta vez que um jogador do ataque voltou a marcar pelo rubro-negro. Petkovic cobrou escanteio, o zagueiro Jean subiu entre a zaga bugrina e desviou de cabeça para o gol. 1 a 0 Flamengo, aos 47 minutos.

A instabilidade emocional do Guarani voltou depois do intervalo, mesmo com a saída do meia Mário Lúcio para a entrada do atacante Reinaldo. O time treinado por Vágner Mancini parecia entregue, em especial porque seu melhor jogador, Mazola, continuava bem marcado. O Flamengo seguiu pressionando com tranquilidade, através de Petkovic e Léo Moura, e esteve bem perto do segundo gol. Que viria, se não fosse a má pontaria de Val Baiano, mais uma vez perdendo chance clara de cabeça, ao completar cruzamento do lateral Juan.

Toninho Barroso precisou mexer novamente por questões físicas - Léo Moura, debilitado por uma gripe e sobrecarregado na parte ofensiva, foi substituído por Rafael Galhardo. O time flamenguista perdeu seu poder ofensivo, mas ainda assim esta deficiência não doía aos olhos da torcida, porque era amenizada pela inoperância do Guarani. Apesar de Mancini colocar em campo mais dois atacantes - Geovane e Ricardo Xavier nos lugares do meia Baiano e do atacante Rômulo, respectivamente - os atletas bugrinos se perdiam em seus erros.

Num raro momento de perigo perto da zaga rubro-negra, o Guarani recebeu uma torta compensação, que só revelou o despreparo do árbitro Arílson Bispo da Anunciação. Confirmado o erro no lance do pênalti que virou cobrança de falta no primeiro, o juiz não hesitou em transformar em pênalti um lance no qual o bugrino Ricardo Xavier tinha feito falta em Rafael Galhardo. O próprio Ricardo Xavier cobrou rasteiro, mal, no meio do gol, e Marcelo Lomba defendeu com os pés. Aos 33 minutos, a partida prosseguia com vantagem flamenguista.

Cinco minutos depois, novamente o Flamengo esteve perto do segundo gol. Mas a proximidade se diluiu em fracasso, novamente devido à má pontaria de Val Baiano, que perdeu diante de Emerson. O camisa 18 recebeu passe sensacional de Petkovic, mas chutou por cima das traves do goleiro do Guarani. No minuto seguinte, Toninho Barroso tirou o jogador, para colocar o veloz Diego Maurício.

O time campineiro se debandou para o ataque, até conseguir um escanteio. Na cobrança de Geovane, Jean permitiu que Ailson desse uma cabeçada no meio da área, fora do alcance de Marcelo Lomba. 1 a 1, aos 46 minutos. Dois minutos depois, uma bola espirrada sobrou para Reinaldo, que chutou. A bola resvalou em Jean antes de chegar ao fundo da rede do camisa 29 do Flamengo. 2 a 1 Guarani.

Na tarde quente de Campinas, o Flamengo passou por 90 minutos latentes do sonho de que sua equipe se ajeitaria apenas com a saída de Rogério Lourenço. Sob os olhos de seu novo treinador, Silas (que no Campeonato Brasileiro de 2009 fez uma excelente campanha com o Avaí e neste ano foi mal com o Grêmio), a equipe passou a partida inteira com o placar de 1 a 0 tapando problemas crônicos - Léo Moura e Petkovic estarem sobrecarregados e a esperança momentânea do ataque ser Diogo, um recém-contratado sem ritmo de jogo. Em dois minutos, caíram sobre os ombros do novo técnico as evidências de que ele terá muito trabalho à frente do rubro-negro.

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GUARANI 2 x 1 FLAMENGO

Local: Estádio Brinco de Ouro da Princesa (em Campinas).

Árbitro: Arílson Bispo da Anunciação (BA) / Auxiliares: Alessandro Matos (FIFA-BA) e Erich Bandeira (FIFA-PE).

Gols: Jean, aos 47 minutos do primeiro tempo, Ailson aos 46 e Reinaldo aos 48 minutos do segundo tempo.

Cartões amarelos: Marcelo Lomba, Toró, Galhardo (Flamengo), Baiano, Mazola (Guarani)

GUARANI - Emerson, Rodrigo Heffner, Rodrigão, Ailson e Márcio Careca; Maycon, Paulo Roberto, Baiano (Geovane) e Mário Lúcio (Reinaldo); Mazola e Rômulo (Ricardo Xavier). Técnico: Vágner Mancini.

FLAMENGO - Marcelo Lomba, Léo Moura (Rafael Galhardo), Jean, Ronaldo Angelim e Juan; Willians, Corrêa, Renato Abreu e Petkovic; Diogo (Toró) e Val Baiano (Diego Maurício). Técnico: Toninho Barroso.

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Resultados da rodada

Sábado (28)

18h30

Vasco 1 x 1 Cruzeiro (São Januário)
Santos 2 x 0 Goiás (Pacaembu)
Ceará 2 x 2 Grêmio Prudente (Castelão)
Internacional 2 x 0 Botafogo (Beira-Rio)

Domingo (29)

16h

Atlético Mineiro 1 x 2 Palmeiras (Ipatingão)
Corínthians 2 x 1 Vitória da Bahia (Pacaembu)
Guarani 2 x 1 Flamengo (Brinco de Ouro da Princesa)

18h30

Fluminense 2 x 2 São Paulo (Maracanã)
Atlético Goianiense 2 x 2 Avaí (Ressacada)
Atlético Paranaense 1 x 1 Grêmio (Arena da Baixada)

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O tempo e o placar...
elege o que houve de melhor e de pior na rodada:

O CHUTAÇO

Com três vitórias consecutivas, o SANTOS, que estava questionado depois das saídas de Robinho, André e André, e da contusão de Paulo Henrique Ganso, mostrou que pode ser um dos melhores do Brasil. Alheio ao título da Copa do Brasil (que credenciou a equipe à vaga na Libertadores de 2011), o time santista ainda tem forças para tentar a Tríplice Coroa neste ano.

A FURADA

O ATLÉTICO MINEIRO segue sem conseguir desempenho à altura de seu elenco para o Campeonato Brasileiro. Onde foi parar o bom futebol e a tradição de Vanderlei Luxemburgo para montar boas equipes em competições nacionais?

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Com este post, O tempo e o placar... completa 400 POSTAGENS. Muito obrigado a todos os que leram, escreveram, comentaram e estiveram aqui, construindo este espaço dedicado ao futebol brasileiro.

sábado, 28 de agosto de 2010

Chamas do amadorismo



O Flamengo brincou com fogo ao entregar para Rogério Lourenço o comando do time principal. E, no final (decretado ontem, com a demissão dele), todos se queimaram. Zico, Rogério, jogadores e, principalmente, a instituição do rubro-negro carioca, que mais uma vez viu seu futebol levado por uma sequência de erros, dentro e fora do campo.

Passada a crise do primeiro semestre (que teve como ápice a demissão do técnico Andrade), o Flamengo promoveu Rogério Lourenço a treinador do time principal, alheio ao fato de ele não ter experiência como técnico de jogadores profissionais. Rogério tivera destaque treinando as divisões de base do rubro-negro e, no ano passado, levara a Seleção Brasileira Sub-20 à final do Mundial (perdido nos pênaltis para Gana).

Logo em seu primeiro trabalho como profissional, o técnico ficou encarregado de levar o time, mesmo abalado por uma crise, à conquista da Taça Libertadores da América. Mas a eliminação na competição sul-americana (ocorrida graças a uma derrota para o limitado time do Universidad de Chile em pleno Maracanã) queimou a esperança de o Flamengo voltar ao topo do mundo.

A dupla de ataque Adriano e Vágner Love saiu. Outros jogadores da base campeã brasileira de 2009 também foram embora. Zico chegou para ser diretor de futebol do Flamengo. Para a parte ofensiva, foram contratados os questionados Val Baiano, Cristian Borja e Leandro Amaral. Os resultados no Campeonato Brasileiro, que vinham de forma razoável durante a parada da Copa do Mundo, se tornaram cada vez mais escassos no pós-Copa. Em especial, com relação ao ataque. À exceção da vitória por 3 a 1 sobre o Grêmio Prudente, na terceira rodada, os flamenguistas só balançaram a rede no máximo uma vez a cada 90 minutos.

Com um remendo de time, Rogério Lourenço encontrou dificuldades para relacionar até mesmo 18 jogadores por partida. Provavelmente, isto tenha comprometido também o esquema de jogo da equipe, que invariavelmente ficou dependente de bons momentos de Petkovic - jogador que se tornou insubstituível, mesmo que seus 38 anos não permitam mais um futebol de qualidade durante 90 minutos. Outros atletas, como Kléberson e o repatriado Renato Abreu, se arrastam em campo, mas apesar distos seguem como titulares e demoram para ser substituídos. E quando o treinador altera a equipe, erra em boa parte de suas alterações.



Desde as primeiras rodadas do Campeonato Brasileiro, a torcida se acostumou a queimar o nome de Rogério Lourenço com os gritos de "fora, Rogério". E Zico, a todo custo, persistiu na ideia de mantê-lo no comando do Flamengo. Uma persistência que comprometeu até mesmo seu nome, diante do medo de errar que ele demonstrou ter em relação ao técnico.

Finalmente, acabou vencido pela pressão das arquibancadas, e tirou Rogério Lourenço do cargo. E agora? Zico ainda vai continuar com sua credibilidade inabalada mesmo depois de vir a público e dizer que os torcedores ajudaram a demitir o treinador? Ou seria uma forma de jogar a decisão para a torcida?

De qualquer forma, a queda de Rogério Lourenço apenas confirma que clubes de grande expressão não podem entregar o cargo de técnico a um nome inexperiente. As queimaduras parecem irreversíveis na carreira do ex-treinador. Mas, pelo menos, a diretoria do Flamengo tem chance de se salvar, tanto pelas contratações de expressão dos atacantes Diogo e Deivid quanto pela possibilidade de encontrar um nome mais convincente para treinar a equipe. Claro, com urgência, antes que o incêndio do amadorismo se alastre ainda mais na Gávea.

Sem máscara



Emerson Leão não é mais o treinador do Goiás. A frase em questão nem é tão inédita no futebol brasileiro, pois basta trocar o nome da equipe para lembrar que Leão recentemente coleciona insucessos, polêmicas e brigas em todas as equipes que dirige. Entretanto, agora o técnico saiu única e exclusivamente pelos maus resultados do esmeraldino, que, depois da derrota por 3 a 0 para o Fluminense no Serra Dourada, chegou ao último lugar na classificação do Campeonato Brasileiro.

A rixa política que assola o Goiás não deixou espaço para Leão mostrar suas irritações e controvérsias com dirigentes, e ficou visível aos olhos dos torcedores suas limitações como técnico. Não bastasse a falta de um padrão de jogo para o time goiano, alguns jogadores de pouca qualidade, como Jonílson, Wellington Monteiro e Everton Santos, foram promovidos a titulares absolutos. Em compensação, boas esperanças de gol, como Bernardo e Romerito, foram deixados de lado, e a equipe se tornou ainda mais inofensiva no ataque.

É bem verdade que as limitações do esmeraldino não disponibilizavam um grande time para Emerson Leão montar - consequências de uma política que esvazia cada vez mais o alviverde goiano. Mas os equívocos do treinador comprometeram ainda mais o desempenho do Goiás, relegado a um time no qual apenas há um resquício de vontade entre seus jogadores.



Da passagem de Leão pelo Serra Dourada, ficam apenas duas lembranças. A do lamentável episódio do Barradão, no qual ao fim do jogo contra o Vitória, o técnico se envolveu numa briga e agrediu um radialista de uma emissora, e o fim do mito de que Emerson Leão é um bom treinador mas atrapalhado por cartolas em todos os clubes que treina.

Talvez este seja um raro momento no qual Emerson Leão é coadjuvante numa crise sem precedente que levou um clube à lanterna do Campeonato Brasileiro. Só que, desta vez, o futebol foi apresentado aos erros de Emerson Leão à beira do campo.

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Quatro linhas, 27 de agosto de 2010



Satisfação!

O DEBATEBOLA QUATRO LINHAS entra em campo, com um esquema tático que mescla debate e irreverência sobre tudo o que rola nos gramados do Brasil e do mundo. Estão em questão:

A CONTUSÃO DE PAULO HENRIQUE GANSO

CAMPEONATO BRASILEIRO, SÉRIE A

CAMPEONATO BRASILEIRO, SÉRIE B

E UM GIRO PELAS NOTÍCIAS DO FUTEBOL INTERNACIONAL


Com o quarteto fantástico formado por FERNANDO DINIZ, FERNANDO QUARESMA, PEDRO MARQUES E VINÍCIUS FAUSTINI.

É só dar o PLAY que a comunicação está no ar!

PARTE 1



PARTE 2



Duração: aproximadamente 93 minutos.

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Pés atados



Análise de quarta: São Paulo 0 x 0 Vasco (22h, Morumbi)

Pouco mais de 10 mil pessoas tiveram disposição para assistir ao embate entre São Paulo e Vasco no Morumbi. De quente, apenas a noite paulistana, em momento atípico de veranico em pleno inverno. No gramado, sobrou apenas a frieza do mau panorama do confronto duas equipes que estão de pés atados diante de suas limitações. Os são-paulinos, em meio a uma crise na qual a torcida vê, depois de anos disputando títulos, um grupo de jogadores limitados e em má fase. Apesar da motivação da equipe estar em ascensão no Campeonato Brasileiro, os vascaínos a cada partida penam com a falta de um centroavante de ofício, capaz de transformar as jogadas em gol. Os zeros no placar soaram como justos para ambos os lados.

Poder de finalização é o que não falta ao São Paulo, pois tem o oportunista Ricardo Oliveira em seu ataque. Entretanto, os jogadores que restaram para a disputa do Brasileirão ainda não encontraram entrosamento suficiente para formar um time ao menos competitivo. O companheiro de ataque de Ricardo Oliveira, Fernandinho, continua com o mau hábito de prender a bola de maneira excessiva. No meio-de-campo, Casemiro tem certa qualidade na marcação mas, assim como Rodrigo Souto, padece de uma melhor troca de passes. Deslocar Richarlyson para ficar mais próximo do ataque soa como desespero, diante da timidez que ele vem apresentando ao tentar jogadas. A aposta no jovem Marcelinho é válida, ele tem potencial, só que não pode ser "queimado" com a responsabilidade de ser o único a pensar com habilidade do tricolor paulista. Em especial se os laterais Jean e Júnior César não aparecem de maneira incisiva.

O Vasco se desenha de maneira oposta à atual situação do time paulista. Há homens com boa qualidade para a troca de passes e o início de jogadas, como Felipe, Zé Roberto e Éder Luís. No entanto, quando os dois últimos são os atacantes da equipe, revela-se uma carência na finalização. Ambos têm velocidade e um bom poder de buscar jogadas rumo ao ataque. Só que passam longe da área adversária, e não representam tanto perigo para os zagueiros.

Neste contexto, aliado ao fato de o São Paulo ser o mandante da partida, desde o início só o tricolor paulista chegou perto do gol. A primeira chance, aos três minutos, quando Ricardo Oliveira chutou e Fernando Prass, diante do atacante são-paulino, fez ótima defesa. Ainda na primeira etapa, Oliveira teve outras duas oportunidades - uma defendida por Prass e outra rebatida pelo zagueiro Fernando. Uma bola no travessão em cobrança de falta de Jean completou o repertório de chutes a gol dos são-paulinos.

Os vascaínos armaram uma estratégia interessante de contra-ataque, e seu esquema estava previsto para oscilar entre o 3-5-2 quando era atacado e o 4-4-2 quando organizava jogadas ofensivas. Mas duas falhas afetaram o desempenho na frente. A insistência do técnico Paulo César Gusmão em escalar Felipe na lateral-esquerda não só deixou a saída de bola mais lenta como também a ausência de ritmo de jogo comprometeu seus bons passes. Outro problema foi gerado pelo desfalque de Carlos Alberto (cumprindo um jogo de suspensão, depois do STJD condená-lo a duas partidas sem atuar, devido à expulsão contra o Vitória da Bahia). A opção de escalar Allan para a posição rendeu em velocidade, mas o camisa 35 se revelou muito atabalhoado nas jogadas, tropeçando em seus erros e atrapalhando algumas boas oportunidades. Éder Luís e Zé Roberto apenas recebiam bolas lançadas sem qualquer direção - a maioria rechaçada pelos zagueiros. De qualquer forma, a boa atuação defensiva dos zagueiros Dedé e Fernando, do "zagueiro-volante" Nílton e dos volantes Rafael Carioca e Rômulo levaram para o intervalo o alívio de o time não ter tomado gols.

Os dois treinadores voltaram com substituições para o segundo tempo. No Vasco, Paulo César Gusmão tentou melhorar os passes, tirando Allan para colocar Fumagalli. No São Paulo, Sérgio Baresi trocou o volante Casemiro por Carlinhos Paraíba, na tentativa dele ser mais um homem com qualidade de passe no meio-de-campo. Contundido, Ricardo Oliveira deu lugar a Fernandão. O time perderia qualidade na finalização, mas ganharia uma ótima opção para jogadas aéreas.

A tentativa aérea apareceu antes do primeiro minuto. Júnior César cruzou, Fernandão e o zagueiro vascaíno Fernando foram para a bola, e o atacante do São Paulo caiu na área, pedindo pênalti. O árbitro Carlos Eugênio Simon não marcou. O São Paulo seguiu chutando de qualquer lugar da intermediária vascaína, mas nenhuma delas tinha perigo suficiente para acionar Fernando Prass.

Rogério Ceni se limitava a repor a bola em tiros de meta ou a receber recuos da zaga são-paulina, que via uma atuação segura da dupla Xandão e Miranda. Afinal, a única chance frontal ao seu gol foi desperdiçada pela falta de domínio de Fumagalli, que não aproveitou o bom passe de Fagner.

Sérgio Baresi fez sua última alteração, depois de mais uma tentativa de ataque de Fernandinho se perder por sua insistência em prender a bola. O camisa 12 saiu para a entrada de Dagoberto, jogador cuja escalação foi praticamente imposta pelos chefes de torcidas organizadas, que entraram no Centro de Treinamento do clube durante a semana para tirar satisfações com atletas e o treinador. Ele tentou algumas tabelas com Marcelinho e Fernandão, mas não conseguiu acrescentar muito ao time.

Paulo César Gusmão quis dar velocidade à equipe, trocando Zé Roberto por Jonathan. Mas o lateral-direita Fagner continuava preso à marcação (e tinha bons momentos diante do ataque adversário), enquanto Nílton se atrapalhava toda vez que arriscava uma jogada ofensiva e Fumagalli não acertava um passe sequer. Sobrava ficar à espera de disputar uma bola rechaçada. Nos minutos finais, Felipe, cansado, pediu para sair. Em seu lugar, entrou Irrazábal, que compôs de maneira convincente a lateral-esquerda e até arriscou algumas tentativas ofensivas, mas não de maneira suficiente para conseguir mudar o panorama vascaíno.

O empate em 0 a 0 foi visto com certo alívio pelos vascaínos. O Vasco ganhou um ponto fora de casa, diante do tradicional rival São Paulo, após uma partida na qual foi dominado durante os 90 minutos. Mas estes não são argumentos suficientes para deixar de lado os problemas que a equipe ainda apresenta. A má forma de Felipe continua a interferir no bom andamento das jogadas ofensivas, com erros constantes de passes e falta de fôlego tanto para ser ala quanto para ajudar os demais companheiros. Por mais que Zé Roberto e Éder Luís sigam incansáveis, a falta de um jogador com a função de colocar a bola na rede torna inútil toda qualidade que a equipe vascaína agora tem na sua parte ofensiva - que tire do zero ao menos o número de finalizações num jogo. Além disto, a dependência da presença de Carlos Alberto permanece no time do Vasco, mesmo com tantas contratações.

Mas, sem dúvida, o placar de 0 a 0 chegou com a força de uma derrota para o São Paulo. Nem tanto pelo adversário que encontrou em campo, e sim pelas chances perdidas durante a partida (a maior delas com Fernandão, a quatro minutos do fim, defendida com reflexo por Fernando Prass). A iminência de se aproximar da zona de rebaixamento vem de maneira intensa. Com um elenco cada vez mais retaliado - e, o que é pior, pela saída em massa de jogadores que não corresponderam - o tricolor paulista está às vésperas do fim do primeiro turno do Campeonato Brasileiro sem padrão de jogo e até mesmo sem um treinador (Sérgio Baresi foi contratado para ser interino). Ao final da partida, o clube ainda amargou ouvir a torcida dar gritos de "ão, ão, ão, Segunda Divisão". Bem, pelo menos por enquanto, a certeza da Série B ainda está restrita aos gritos da arquibancada.

SÃO PAULO 0 x 0 VASCO

Estádio: Morumbi

Renda e Público: R$ 226.723,59 / 10.802 pagantes

Árbitro: Carlos Eugênio Simon (FIFA-RS) / Auxiliares: Paulo Ricardo Silva Conceição (RS) e Julio Cesar Rodrigues Santos (RS).

Cartão amarelo: Rômulo e Dedé (Vasco).

SÃO PAULO - Rogério Ceni; Jean, Xandão, Miranda e Junior Cesar; Casemiro (Carlinhos Paraíba), Rodrigo Souto, Richarlyson e Marcelinho; Fernandinho (Dagoberto) e Ricardo Oliveira (Fernandão). Técnico: Sérgio Baresi.

VASCO - Fernando Prass, Dedé, Fernando e Nílton; Fagner, Rafael Carioca, Rômulo, Allan (Fumagalli) e Felipe (Irrazábal); Zé Roberto (Jonathan) e Éder Luís. Técnico: Paulo César Gusmão.

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

O poder da recuperação



O futebol brasileiro enumera algumas histórias de jogadores outrora limitados que encontram um instante de destaque - seja por uma partida bem-sucedida ou por um gol decisivo. Mas alguns atletas conseguem encontrar regularidade bem superior à que seu futebol prometia, quando iniciaram suas respectivas carreiras.

O exemplo mais recente vem do Fluminense. Em 2009, Mariano chegou ao tricolor das Laranjeiras, depois de ter certo destaque com a camisa do Atlético Mineiro. No entanto, em suas primeiras apresentações o lateral foi muito aquém do esperado, e passou a ser execrado pela torcida a cada jogo.

Mas, aos poucos, Mariano foi se destacando em meio ao "time de guerreiros" que evitou o rebaixamento no Campeonato Brasileiro do ano passado, e hoje é considerado uma das peças mais importantes do elenco tricolor. Desde a chegada de Muricy Ramalho e da ascensão do time das Laranjeiras no Brasileirão, o lateral-direita até se tornou cotado pela imprensa para ser convocado à Seleção Brasileira.

A possibilidade de uma convocação ainda soa como questionável, mas por motivos alheios ao bom momento do camisa 2 no Fluminense. A Seleção Brasileira vem de uma frustração na Copa do Mundo, passa por uma fase de renovação sob o comando de Mano Menezes e, principalmente, vê uma carência em algumas posições. Entretanto, se um dos argumentos para convocar um jogador é o momento dele em seu clube, Mariano já poderia estar em uma eventual lista do Brasil.

A única certeza dos caminhos que levaram à recuperação do seu futebol é que eles vieram das mãos de Muricy Ramalho. Uma opção para desvendar o mistério seria o fato de ele ser um jogador bem disciplinado taticamente, e que cresceu também graças ao bom momento dos bons jogadores que vestem a camisa do Fluminense. A outra que surge é do técnico perceber o talento do lateral e fazer um esquema tático no qual o camisa 2 também consegue se destacar.

Resta saber se o poder de recuperação de Mariano será efêmero ou não com a camisa do tricolor carioca. Mas, sem dúvida, o lateral do Fluminense já se consagrou como um dos muitos jogadores que conheceram os extremos, da hostilidade ao aplauso, num clube de grande expressão.

terça-feira, 24 de agosto de 2010

A era do desencanto?



Campeão da Taça Libertadores da América, vencedor do Mundial de Clubes e tricampeão consecutivo do Campeonato Brasileiro (feito raro, e que tornou o clube o primeiro a ganhar por seis vezes a competição). Certamente, o torcedor são-paulino não poderia imaginar que, após tantos títulos no início de milênio, a segunda década dos anos 2000 começaria da maneira tão delicada quanto o atual panorama do São Paulo.

Não bastasse o clima de fim, de festa com a eliminação da Taça Libertadores da América, agora o time passa por um longo período de insucesso no Campeonato Brasileiro. Os resultados não vêm, e o São Paulo (mesmo com sua equipe titular) amarga a décima-quinta colocação, a dois pontos da zona de rebaixamento. Para completar, seu camisa 10, Hernanes, se transferiu para o futebol italiano.

Com uma estrutura infinitamente superior à dos demais clubes brasileiros e uma boa quantia para armar uma equipe de nível internacional, o São Paulo dá a impressão de nunca ter se preparado para momentos de adversidade. Até mesmo em seu momento de crise, o clube do Morumbi tende a disfarçá-la com uma suposta "organização". Após a demissão de Ricardo Gomes (uma aposta mal-sucedida que demorou muito tempo para sair do cargo), os dirigentes chegaram ao ponto de contratar um treinador apenas para ser interino - Sérgio Baresi.

Recentemente, o centro de treinamento foi aberto para os torcedores exigirem um desempenho melhor dos jogadores que vestem a camisa do tricolor paulista. Um protesto concedido pela diretoria são-paulina, que agora sofre com a debandada de atletas outrora superestimados que fizeram parte de seu elenco. Afinal, até mesmo clubes bem estruturados têm seus lampejos de amadorismo.

O amadorismo que caiu sobre o São Paulo em 2010 foi em relação ao planejamento de seu elenco. Jogadores limitados, como Rodrigo Souto, Cléber Santana, Jorge Wagner e Dagoberto, tiveram até alguns momentos bem-sucedidos, mas logo foram muito valorizados. Um investimento maior em jogadores do nível do zagueiro Alex Silva e do atacante Ricardo Oliveira talvez não fizesse o clube ter hoje o oscilante Fernandão como um de seus referenciais de bom futebol.

A soberania são-paulina cedeu espaço a um desencanto, diante de apostas que se revelaram equivocadas. E o erro ganha uma dimensão maior, porque sua diretoria não sabe lidar com o inesperado. Nem mesmo a possibilidade de um resultado positivo contra o Vasco amanhã pode amenizar este dissabor que corre no gramado do Morumbi. Resta saber se a ótima tendência a organizar demais agora vai se transformar num circulo vicioso que ata os pés dos jogadores que vestem a camisa do São Paulo.

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Quatro linhas, 23 de agosto de 2010





Satisfação!

A bola não para, e o Quatro linhas está na área com mais um DEBATEBOLA na sua Internet. Passam por nosso gramado:

CAMPEONATO BRASILEIRO, SÉRIE A

CAMPEONATO BRASILEIRO, SÉRIE B

UM GIRO PELOS CAMPEONATOS BRASILEIROS DAS SÉRIES C E D

FUTEBOL INTERNACIONAL


Com o trio de ataque FLÁVIO DE SÁ, FERNANDO DINIZ E VINÍCIUS FAUSTINI

Basta dar o PLAY que a comunicação está no ar!

Duração: 71 minutos.

sábado, 21 de agosto de 2010

Eterna promessa


Análise de jogo: Botafogo 1 x 0 Avaí (18h30, Engenhão)

Não são apenas os jogadores de futebol que prometem ter futuro brilhante, mas sofrem uma carreira inteira com o fardo da expectativa ter se tornado mal-sucedida aos olhos dos torcedores. Algumas partidas têm todos os motivos para prometer um bom duelo no gramado, mas se perdem em maus tratos constantes à bola. Foi assim com Botafogo e Avaí. O jogo seria entre o quarto e o terceiro colocados no Campeonato Brasileiro, respectivamente, e os dois melhores ataques até o início da partida (25 gols para cada lado). Mas, ao final, os mais de 35 mil presentes saíram do Engenhão, depois de assistir a 90 minutos de fraco nível técnico e com o gol da vitória alvinegra marcado por um zagueiro.

No camarote do estádio, o técnico da Seleção Brasileira, Mano Menezes, somente teve como confirmação que a justiça foi feita aos convocados de ambas as equipes. De relevante no primeiro tempo, apenas os goleiros - Jefferson, do Botafogo, e Renan, do Avaí -tiveram destaque, pela segurança com a qual atuaram debaixo das traves.

Na primeira etapa, o destaque foi Renan, com uma boa defesa em cobrança de falta de Renato Cajá e com a segurança com a qual saiu do gol para evitar as jogadas aéreas do Botafogo. O time catarinense sentia a consequência de um elenco cercado de limitações. Desfalcado do volante Rudnei e dos meias David e Caio, suspensos, o Avaí ainda teve alguns jogadores poupados pelo desgaste da partida da Copa Sul-Americana, quarta-feira contra o Santos. Antônio Lopes, que se desdobrara para escalar uma equipe ao menos convincente, não via nem rascunho de time, em especial porque Vandinho, promessa de gols, estava apagado em campo.

O apagão acontecia também do lado adversário. O setor ofensivo do Botafogo não conseguia armar boas jogadas com Renato Cajá e Maicosuel, e a bola pouco chegava a Herrera e Jobson. Mas o insucesso de Maicosuel com a bola rolando foi todo ofuscado por um decisivo momento de bola parada. O Mago cobrou uma falta para a área e, entre os defensores adversários, Fábio Ferreira deu uma cabeçada certeira, deixando o goleiro imóvel enquanto a bola ia para o fundo da rede. 1 a 0 Botafogo, aos 31 minutos.

Os últimos minutos trouxeram um pouco mais de emoção à partida. Neste momento, o outro goleiro de Seleção Brasileira teve destaque aos olhos de Mano Menezes. Jefferson defendeu bola espirrada na dividida entre Cristian e Antônio Carlos e que chegou ao seu gol com perigo. A vitória parcial do alvinegro carioca ia para o intervalo.

O técnico Antônio Lopes decidiu dar um pouco mais de experiência ao remendado Avaí, na volta para o segundo tempo. Leandro Bonfim deu lugar ao veterano Sávio, para que o time conseguisse apresentar um pouco mais de qualidade no seu passe. Entretanto, os jogadores do time catarinense não conseguiam driblar a lentidão da partida, que nos primeiros 15 minutos só teve certa emoção novamente em cobrança de falta de Renato Cajá que passou perto do gol.

A melhor chance do Avaí também surgiu através de um lance de bola parada. Gabriel aproveitou cobrança de escanteio certeira de Sávio e deu uma cabeçada. Jefferson defendeu parcialmente, e antes de a bola chegar à rede, Fábio Ferreira salvou em cima da linha. E só. Nem mesmo a troca de atacantes - Cristian por Válber e Vandinho por Leonardo - deu novo ânimo ao ataque da equipe de Santa Catarina.

Foi necessária a intervenção de Joel Santana para dar sangue quente ao Botafogo no restante do jogo.O treinador colocou o atacante Caio e o meia-atacante Edno nos lugares do meia Renato Cajá e do atacante Herrera, respectivamente, e o time botafoguense levou perigo ao gol de Renan por duas vezes. Em chute de Somália que passou rente à trave, e em conclusão de Jobson que foi desarmada por Diego Orlando.

A poucos minutos do final, Maicosuel (depois de atuação aquém do esperado), deu lugar a Loco Abreu, mas o uruguaio não conseguiu nenhuma conclusão ao gol. As tentativas do Botafogo se resumiram a um cruzamento mal-sucedido de Marcelo Cordeiro e a dois chutes distantes das traves do Avaí - um de Marcelo Mattos e outro de Caio.

Quando o árbitro Nielson Nogueira Dias decretou o encerramento da partida, a vitória por 1 a 0 sacramentou que o Botafogo fica por mais uma rodada na zona de classificação para a Libertadores. Uma excelente compensação a uma torcida que compareceu em peso para assistir a um jogo cercado de gols e de emoções. Mas voltou para casa com o dissabor do futebol que ficou somente na promessa.

*****

BOTAFOGO 1 x 0 AVAÍ

Estádio: Engenhão (Rio de Janeiro)

Árbitro: Nielson Nogueira Dias / Auxiliares: Jossemmar Jose Diniz Moutinho (PE) e Ubirajara Ferraz Jota (PE)

Renda: R$ 821.830 / Público: 30.664 pagantes (35.518 presentes).

Gol: Fábio Ferreira, aos 31 minutos do primeiro tempo.

Cartões amarelos: Leandro Bonfim, Emerson, Bruno Silva (Avaí), Marcelo Mattos e Jobson (Botafogo).

BOTAFOGO - Jefferson, Antônio Carlos, Leandro Guerreiro e Fábio Ferreira; Somália, Marcelo Mattos, Renato Cajá (Caio), Maicosuel (Abreu) e Marcelo Cordeiro; Jobson e Herrera (Edno). Técnico: Joel Santana.

AVAÍ - Renan; Marcos, Gabriel, Emerson e Pará; Diogo Orlando, Bruno, Batista e Leandro Bonfim (Sávio); Cristian (Valber) e Vandinho (Leonardo). Técnico: Antônio Lopes.

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Quatro linhas, 20 de agosto de 2010



A bola não para!

O novo jornalismo esportivo brasileiro está na área, com mais um DEBATEBOLA. Toda bola que rolou na semana de futebol do Brasil e do mundo está em destaque hoje no Quatro linhas. Os destaques são:

O TÍTULO DO INTERNACIONAL NA LIBERTADORES

O BRASIL NA COPA SUL-AMERICANA

CAMPEONATO BRASILEIRO, SÉRIE A

CAMPEONATO BRASILEIRO, SÉRIE B

E UM GIRO PELO FUTEBOL INTERNACIONAL


Com o quadrado mágico formado por FERNANDO DINIZ, FERNANDO QUARESMA, PEDRO MARQUES e VINÍCIUS FAUSTINI, e a participação especial de JOÃO THOMAZ, O DALTON DA PARAÍBA. Hoje, ele testemunhou ao vivo o trabalho dos nossos repórteres-comentaristas, e ainda falou alguns comentários muito interessantes.

Basta dar o PLAY que a comunicação está no ar!

PARTE 1 - LIBERTADORES, SUL-AMERICANA E CAMPEONATO BRASILEIRO, SÉRIE A



PARTE 2 - CAMPEONATO BRASILEIRO, SÉRIE B E FUTEBOL INTERNACIONAL



Duração total: 80 minutos

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Predestinação colorada



INTERNACIONAL, CAMPEÃO DA TAÇA LIBERTADORES DA AMÉRICA DE 2010

"Segue sua sina de vitórias". Nunca um verso do hino do Internacional foi tão condizente com o time colorado quanto na noite do segundo título da Taça Libertadores da América. As coincidências da primeira conquista, em 2006, com o trajeto de 2010 foram ofuscadas pela predestinação dos personagens da finalíssima no Beira-Rio.

Se houve algum momento de coincidência, ele ficou restrito ao primeiro tempo da partida, mas por guardar semelhanças com o primeiro jogo da decisão, em Guadalajara. Após alguns minutos de nervosismo de seus jogadores, o Internacional começou a conseguir boas jogadas de ataque. Vieram boas oportunidades, saídas principalmente dos pés de Kléber e de Tinga para a corrida de Taison e Rafael Sóbis. O Chivas Guadalajara chegou à intermediária adversária com mais frequência do que na primeira partida. Entretanto, ainda tinha poucas oportunidades para quem almejava ganhar um título internacional no campo adversário.

Mesmo assim, a história quis se repetir. Pressão insistente colorada, muito volume de jogo, tentativas próximas à área, e o gol veio do lado mexicano. A predestinação veio de maneira negativa para Tinga. O jogador, que vinha se destacando no meio-de-campo, errou o tempo da bola e proporcionou um contra-ataque. Desprevenida, a zaga colorada permitiu um cruzamento na esquerda, e Fabián, após uma dividida, chutou com força. Como acontecera no México, Renan somente olhou a bola balançar sua rede. 1 a 0 Chivas Guadalajara, aos 42 minutos.

A segunda etapa prometia ter o mesmo panorama do que foi a primeira partida - Inter persistindo no ataque, em busca do resultado. No entanto, desta vez o cenário ganharia requintes mais intensos. A derrota parcial levava o jogo para a prorrogação, e a possibilidade de uma disputa de pênaltis para a América do Sul conhecer seu novo campeão. A torcida, com mais de 53 mil pagantes, estaria ao lado da equipe mesmo na situação limite que até o momento se desenhava?

A predestinação colorada esperou 16 minutos do retorno do intervalo para entrar em campo novamente. Autor dos gols que encaminharam a conquista da Libertadores de 2006 (sobre o São Paulo), Rafael Sóbis retornara ao Internacional quatro anos e duas recuperações de cirurgia depois. Para consolidar a recuperação também de seu oportunismo. Quando o lateral Kléber cruzou da esquerda, a bola passou por Tinga, mas na dividida com o zagueiro, Sóbis conseguiu empatar a partida em 1 a 1.

O Internacional seguiu no ataque, e teve as boas oportunidades com Taison e Rafael Sóbis defendidas pelo goleiro Michel. Logo em seguida, um momento de preocupação passou pelo Beira-Rio: Rafael Sóbis caiu no chão e ficou com as mãos nas costas, se contorcendo. Por linhas tortas, a predestinação colorada entrava em campo, de duas maneiras.

Com o técnico Celso Roth, que substituiu Sóbis por Leandro Damião, e com o atacante que entrara na partida. Após uma dividida no meio-de-campo, Damião avançou pela direita, aproveitou a ausência de defensores do Chivas e, da entrada da área. chutou. A bola ainda desviou na mão de Michel antes de parar no fundo da rede. Internacional 2 a 1, aos 30.

O treinador Jose Luis Real ainda tentou mudar o panorama de sua equipe, colocando em campo Escarlate e Vázquez nos lugares de Ponce e Baéz, respectivamente. Só que Arellano logo em seguida perdeu a cabeça, ao fazer uma falta desleal em D'Alessandro. O árbitro Oscar Ruiz o expulsou direto.

E Celso Roth ainda estava num momento predestinado. Taison, contundido, deu lugar a Giuliano, reserva em momento iluminado, que entrou nas partidas para decidir as classificações contra o Estudiantes e o São Paulo. E do camisa 11 fez uma jogada individual, driblando jogadores do Chivas Guadalajara e chutou a bola no fundo da rede de Michel. Foi o sexto gol do jogador na Libertadores. Inter 3 a 1, aos 44.

Três minutos depois, os mexicanos diminuíram, após uma cobrança de falta parar na trave colorada e, na sobra, Araújo colocar a bola na rede de Renan. Mas o placar de 3 a 2 já era suficiente para dar a Taça Libertadores da América pela segunda vez à equipe. O Internacional quebra um tabu recente dos times brasileiros em decisões de Libertadores - desde o Palmeiras, que venceu o colombiano Deportivo Cali na final em 1999, um time brasileiro não superava um adversário de outro país numa decisão da competição sul-americana. O Palmeiras em 2000, o São Caetano em 2002, o Santos em 2003, o Grêmio em 2007, o Fluminense em 2008 e o Cruzeiro em 2009 tiveram insucessos nas finais.

Mas, além de levar o Brasil novamente ao topo da América do Sul meses depois do insucesso da Seleção Brasileira na Copa do Mundo, o Internacional consolida o excelente trabalho que vem sendo feito no time do Beira-Rio durante a primeira década do século XX. Trata-se de uma equipe de alto nível técnico e que não está sujeita a alterações bruscas proporcionadas pelo "mercado da bola". Além das duas edições da Libertadores, o colorado conquistou nos anos 2000 a Recopa Sul-Americana em 2007 e a Copa Sul-Americana de 2008. E ainda tem a possibilidade de repetir 2006 por completo, ganhando também o Mundial de Clubes da FIFA, a ser realizado em dezembro nos Emirados Árabes. Mais um bom desafio à "sina de vitórias" do colorado gaúcho.

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

A Via Crucis goiana



A poucas rodadas do final do primeiro turno, os Brasileirões das Séries A e B continuam a mostrar um equilíbrio típico dos pontos corridos, com vários focos de disputa entre os 20 clubes de cada competição. Entretanto, um centro de futebol traz o ponto de desequilíbrio aos olhos do futebol nacional: o estado de Goiás. Goiás e Atlético Goianiense são os dois últimos da Primeira Divisão, enquanto na Segundona, o Vila Nova encerra a lista de classificação.

2010 era um ano de grandes expectativas para o futebol de Goiás, por ter duas equipes do estado na Série A do Campeonato Brasileiro. Entretanto, o momento promissor das equipes goianas logo cedeu espaço a uma discussão sobre o nível técnico dos times do estado, ainda durante a disputa do Campeonato Goiano.



O Goiás já tinha sido motivo de uma frustração imensa para sua torcida no ano anterior. Após um primeiro turno avassalador, o desempenho da equipe caiu vertiginosamente, a ponto de ficar no limite da parte de baixo da tabela. O momento ficou ainda mais crítico pois a queda de rendimento coincidiu com a chegada de Fernandão, que veio como a grande contratação do esmeraldino para a temporada.

Após terminar o Brasileiro de 2009 com um modesto nono lugar, o Goiás teve um mau começo na temporada de 2010, quando chegou a ficar na última colocação do Campeonato Goiano. O mau desempenho fez o clube ser o primeiro dentre os 20 clubes da Primeira Divisão a demitir um treinador - Hélio dos Anjos saiu para a entrada de Jorginho. Com Jorginho, o alviverde se recuperou a ponto de disputar a semifinal. Mas foi eliminado pelo Atlético, depois de um empate em 0 a 0 e uma derrota por 4 a 2.

Sem Fernandão (que saiu para atuar no São Paulo), o esmeraldino se remendou para o Campeonato Brasileiro do jeito que sabe, aproveitando "sobras" de clubes de maior expressão, neste ano Palmeiras e Atlético Mineiro. Também mudou de treinador, trazendo o vitorioso mas controverso Emerson Leão. E o time, que pedia mudanças, acabou mudando para pior. Até mesmo jogadores promissores, como o zagueiro Rafael Tolói, o meia Amaral e o atacante Romerito caíram de produção, a ponto de a vitória não ser mais garantida nem no Serra Dourada.

O alento veio na Copa Sul-Americana, na qual o time passou para a segunda fase eliminando o Grêmio no Olímpico, depois de um empate em 1 a 1 em Goiânia e uma vitória por 2 a 0 em Porto Alegre. No entanto, a equipe gremista vinha de uma sequência de resultados negativos, passava por uma mudança de comando (Renato Gaúcho estreava como técnico, em substituição a Silas), e um gol legítimo do tricolor gaúcho foi mal anulado quando o Goiás vencia por 1 a 0. Peripécias do futebol que em outros momentos podem não fazer diferença nas partidas. Em especial, se nelas vierem novas atuações ruins dos esmeraldinos.



Mesmo sendo considerada uma equipe de nível técnico inferior em relação aos outros clubes que estão na Série A, não há dúvidas de que a torcida do Atlético Goianiense vive uma imensa frustração com a participação do clube nesta aguardada volta. Em especial porque, nos últimos dois anos, o rubro-negro viu um intenso trabalho ser bem sucedido tanto na Série C em 2008 (quando sagrou-se campeão) quanto na Série B em 2009, quando conseguiu a quarta vaga para a elite do Campeonato Brasileiro.

A euforia dos atleticanos ainda teve bons motivos para prosseguir no ano de 2010. O time foi soberano na disputa do Campeonato Goiano, mostrando um futebol bem superior aos tradicionais rivais Goiás e Vila Nova e, na final, venceu as duas partidas contra o Santa Helena - por 4 a 0 e 3 a 1. Além disto, o Dragão de Goiânia chegou às semifinais da Copa do Brasil, parando apenas no Vitória da Bahia.

No entanto, logo no início do Brasileirão os torcedores perceberam que estes "sucessos" do primeiro semestre eram apenas ilusões. O Campeonato Goiano, que sempre teve sua qualidade discutível, pareceu pior neste ano, com tamanha falta de qualidade até dentre os maiores vencedores do torneio - o Goiás, com 22 títulos, e o Vila Nova, com 15 conquistas.

Antes de ser eliminado pelo Vitória, a única equipe de muito destaque que o Atlético enfrentou na Copa do Brasil foi o Palmeiras. Os outros times que os goianos eliminaram foram Assu (do Rio Grande do Norte), Bahia e Santa Cruz. Nenhum da Primeira Divisão.

E na época em que houve a disputa com os palmeirenses nas quartas-de-final, o alviverde vinha de um péssimo Campeonato Paulista, e passava por uma crise com o técnico Antônio Carlos Zago. A classificação goiana para as semifinais veio numa disputa de pênaltis na segunda partida, realizada no Serra Dourada. Das 10 cobranças das duas equipes, apenas três penalidades foram convertidas. O nivelamento por baixo contribuiu para que o Atlético acreditasse que poderia fazer um Campeonato Brasileiro de maneira convincente, deixando tudo nas costas do bom jogador Robston. Mas, com jogadores de qualidade duvidosa em seu elenco, casos de Pituca, Rodrigo Tiuí e Anaílson, não há treinador capaz de dar uma dignidade de Primeira Divisão ao rubro-negro de Goiânia.



A calamidade goiana não ficou restrita à Série A. Só que a situação do Vila Nova na Segunda Divisão nem é tão inesperada para seus torcedores. Fora da elite desde o longínquo ano de 1985, o clube também perdeu a tradição de ser o único goiano a fazer frente à tradição do Goiás no Campeonato Estadual. Sua conquista mais recente na competição veio em 2005.

Com dificuldades, a equipe se classificou para as semifinais do Campeonato Goiano. E a possibilidade do título se esvaiu de maneira surpreendente, após as duas derrotas para o modestíssimo Santa Helena - por 3 a 1 em pleno Serra Dourada e por 4 a 2 no Estádio Pedro Romualdo Cabral, em Santa Helena de Goiás.

O Campeonato Brasileiro da Série B não vinha com boas expectativas. Além do fraco primeiro semestre, o Tigre de Goiânia fez uma participação muito oscilante no torneio do ano anterior (e muito aquém do esperado para uma equipe que em 2008 chegou perto de se credenciar à Primeira Divisão). Mas a inconstância de 2009 vem cedendo espaço a uma equipe que constantemente faz partidas de fraquíssimo nível técnico.

Nem o apelo de ter no elenco o atacante Roni - revelado no próprio Vila Nova e que tem passagem por clubes de destaque como Fluminense, Cruzeiro, Flamengo e Santos - serve de estímulo para torcida e jogadores. Afinal, o outro atleta com certa "bagagem" no futebol brasileiro é o goleiro Max, que atuou pelo Botafogo. De resto, apenas uma coleção de jogadores itinerantes que não conseguiram se firmar nem em equipes de menor qualidade.

Dos 14 jogos, apenas duas vitórias (sobre Icasa e América de Natal, ambos clubes próximos da zona de rebaixamento) e uma sucessão de derrotas, dentre elas as sonoras goleadas por 3 a 0 para o Santo André e por 4 a 0 diante do Bahia, as duas em pleno Serra Dourada. Mesmo que consiga um resultado positivo na próxima sexta contra o ASA, em Goiânia, o Vila Nova ainda estará a pelo menos cinco pontos de sair da degola para a Terceira Divisão.

Outrora promissor celeiro de jogadores de qualidade que migravam para todos os cantos de futebol do Brasil e do mundo, o estado de Goiás agora assiste a uma verdadeira Via Crucis de seus representantes no futebol brasileiro. Os Campeonato Brasileiro da Primeira Divisão acaba em dezembro, e o e da Segunda Divisão tem fim em novembro. Mas os calvários de Goiás, Atlético e Vila Nova ainda não parecem ter data marcada para um desfecho.

terça-feira, 17 de agosto de 2010

O Risco-Flu



Líder do Campeonato Brasileiro, com quatro pontos de vantagem sobre o vice-líder e a 11 pontos do primeiro time fora da zona de classificação que, a princípio, credencia para a Taça Libertadores da América de 2011. Time muito bem armado, com treinador com experiência vitoriosa em pontos corridos. No elenco, jogadores de destaque como Conca, Fred, Emerson, Washington, Belletti. E ainda veio a contratação de Deco, brasileiro naturalizado português, consagrado meia da seleção de Portugal, do Barcelona e do Chelsea. Há espaço para a torcida tricolor pensar em "risco" diante de um panorama tão promissor?

À exceção de eventuais peripécias que fazem o futebol ser imprevisível, pouquíssimos clubes parecem fazer frente ao que o Fluminense tem hoje. Entretanto, o risco que o tricolor corre é em relação à falta de pensamento a longo prazo que a patrocinadora Unimed impõe ao clube.

A ficha dos recém-contratados tricolores chama atenção. Deco, 32 anos (fará 33 em 27 de agosto). Belletti, 34 anos. Washington, 35 anos. A ideia de ter jogadores experientes - em especial quando eles têm um nome consagrado no futebol brasileiro e no exterior - é interessantíssima. Quando dá certo, apresenta resultados como o atual primeiro turno do Fluminense. No entanto, no mesmo ano em que foi montada esta nova Máquina Tricolor, foram embora jovens jogadores, como Maicon e Alan, além de Wellington Silva, que já tem sua venda sacramentada para o Arsenal, da Inglaterra.



Se a base do Fluminense em Xerém é um reduto de jogadores promissores (da qual saíram nomes como os laterais Marcelo, do Real Madrid, e Rafael, do Manchester United, ou o meia Carlos Alberto, que hoje veste a camisa do Vasco), por que não tentar conciliar os atletas formados no clube com os medalhões que a Unimed ajuda a trazer? É bem verdade que os empresários e até a ambição dos próprios jogadores contribuem para a saída tão prematura deles. Mas um elenco repleto de celebridades com a bola no pé ajuda a querer ficar no time no qual todos foram revelados?

Sim, o Fluminense parece ter o ano de 2010 muito bem encaminhado. Não dá ainda para dizer que o título está garantido, mas a vaga na competição mais importante do futebol sul-americano parece bem próxima, de acordo com o que o time vem jogando em campo. Entretanto, apesar do tricolor das Laranjeiras ser a equipe da moda, o futuro ainda soa incerto. Haverá geração talentosa para substituir o time de Conca, Fred, Emerson e Cia. com o mesmo talento? São respostas que não virão em 90 minutos.

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Quatro linhas, 16 de agosto de 2010



A bola não para!

O novo jornalismo esportivo está na área, com o seu DEBATEBOLA QUATRO LINHAS. Hoje, passeando pelo gramado, nossos repórteres-comentaristas fazem análises dos seguintes assuntos:

CAMPEONATO BRASILEIRO, SÉRIE A

CAMPEONATO BRASILEIRO, SÉRIE B

UM GIRO PELAS SÉRIES C E D

A EXPECTATIVA DA DECISÃO DA LIBERTADORES

... E UM GIRO PELOS PRINCIPAIS CAMPEONATOS INTERNACIONAIS


Com o trio de ataque formado por FERNANDO DINIZ, NANDO QUARESMA E VINÍCIUS FAUSTINI.

Basta dar o PLAY que a comunicação está no ar. Hoje, em duas partes!

PARTE 1



PARTE 2



Duração total: 85 minutos.

domingo, 15 de agosto de 2010

A curto prazo



Análise de jogo - Flamengo 1 x 0 Ceará (18h30, sábado, Maracanã)

Uma sofrida vitória por 1 a 0 sobre o então terceiro colocado do Campeonato Brasileiro, que tinha a melhor defesa da competição. Grandes méritos cercaram os três pontos que o Flamengo conseguiu no Maracanã nesta noite de sábado, em especial pelo contexto de um time que não vencia há quatro jogos e não balançava a rede há três rodadas. Entretanto, mesmo com o resultado a curto prazo, os rubro-negros ainda penam para encontrar motivos que mereçam um sorriso largo ao falarem de seu clube de coração, em meio a tantas ressalvas feitas à atuação de seus jogadores.

A começar pela vitória magra diante de um oponente tão limitado. Embora estivesse entre os três primeiros, o Ceará passa por uma turbulência no período pós-Copa do Mundo. Após a saída de Paulo César Gusmão durante a Copa - ele largou o alvinegro cearense para treinar o Vasco - Estevam Soares aceitou o convite de comandar a equipe. Mas, passado um período com quatro empates e duas derrotas, ele foi demitido, e o Vozão contratou Mário Sérgio, técnico de qualidade contestável (por seus esquemas que priorizam a força e deixam a qualidade técnica em segundo plano) e sem tradição de títulos. Nas quatro linhas, a situação para os cearenses também ficou mais delicada. Com um elenco limitado, o time não encontrou substitutos para o volante Careca, suspenso, e a dupla de ataque Misael e Erick Flores - o primeiro contundido e o segundo, por ser atleta emprestado pelo Flamengo, não pode atuar num confronto com o clube dono de seu passe. Em suma, o pior ataque da competição veio ainda mais combalido para a partida no Rio de Janeiro.

Só que o ataque também era combalido do lado rubro-negro. Não bastasse Val Baiano ainda estar visivelmente acima do peso, o clube ainda estreava Leandro Amaral, atacante que ficou cerca de um ano sem atuar devido, a uma contusão delicada que o afastou dos campos ainda quando jogava no Fluminense. O Flamengo também reestreava o meia Renato Abreu, repatriado depois de três anos atuando no futebol árabe, e se ressentia da falta de mobilidade de seu meio-de-campo também por causa da má atuação de Petkovic. Tanto que, mesmo com as limitações do adversário, era o Ceará que pressionava no início da partida.

Mas o Vovô se resumia a uma correria sem qualquer objetividade, e nem mesmo a avenida que Michael deixava no lado esquerdo (o jogador substituiu Juan, vetado horas antes da partida por causa de problemas intestinais) para Oziel lançar à área foi capaz de dar melhores oportunidades à dupla de ataque Tony e Washington. O Ceará chegava ao gol de Marcelo Lomba através de cobranças de falta, como a de Michel.

A surpreendente pressão do time cearense aos poucos foi se esvaindo na contradição do time que ao mesmo tempo é capaz de ter a melhor defesa e o pior ataque na competição. O time recuou, e o Flamengo começou a tentar suas investidas, em jogadas iniciadas pelo lateral-direita Léo Moura e pelo meia Williams. No entanto, a dificuldade de passar pelos defensores adversários só dava oportunidades em lances de bola parada, como numa cobrança de escanteio de Petkovic, no qual Diego evitou um gol olímpico.

O gol, que parecia não querer sair de nenhum dos lados, surgiu apenas a um minuto do fim do primeiro tempo, e de maneira duvidosa. Williams deu uma arrancada, passou por um zagueiro e Anderson roubou a bola. O árbitro Wagner Reway interpretou a intervenção empurrão do jogador cearense, e marcou pênalti. Três jogos e 44 minutos depois, os flamenguistas voltaram a ver a bola na rede com um gol rubro-negro, numa cobrança na qual Petkovic deslocou Diego. 1 a 0 Flamengo.

A volta para o segundo tempo deixou as qualidades e os defeitos das equipes comprovadas pela forma como os dois se comportavam no ataque. Com maior volume de jogo, o Ceará cercava a área rubro-negra, mas se ressentia de um talento mais incisivo no ataque. Ao Flamengo, restavam lances de bola parada, como o belo cartão de visitas de Renato Abreu (apelidado por alguns torcedores como "Renato Bomba"), que deu um chutaço defendido por Diego com muita dificuldade. Aos trancos e barrancos, o Vovô ia aparecendo com perigo, e em lances de Camilo e Washington que passavam perto do gol de Marcelo Lomba.

Àquela altura, o Flamengo ia perdendo ainda mais sua mobilidade. E Rogério Lourenço decidiu substituir Leandro Amaral, naturalmente cansado pela falta de ritmo de jogo, para tentar dar mais velocidade com Vinícius Pacheco. Originalmente com mais características de meia do que de atacante, o jogador acabou deixando o rubro-negro mais defensivo, e o Ceará ganhou mais força de ataque, principalmente depois que o interino Sérgio Araújo trocou sua lateral-direita, substituindo Oziel por Diogo.

A equipe nordestina aos poucos foi ganhando um poder ofensivo maior, depois que Geraldo e Wellington Amorim substituíram João Marcos e Tony, respectivamente. Sem referência de ataque e com seus meias de criação Renato Abreu e Petkovic sem forças, o Flamengo deu maiores espaços e se viu acuado em pleno Maracanã. Só que o cerco dos jogadores do Ceará seguia sem sucesso.

Em vez de fazer alterações para tentar liquidar a partida - e quebrar um incômodo tabu do Flamengo no Brasileirão de 2010, de ter marcado mais de um gol num jogo apenas na vitória por 3 a 1 sobre o Grêmio Prudente na terceira rodada - o técnico Rogério Lourenço mexeu na equipe apenas aos 38 minutos. E para colocar um zagueiro em campo. Após uma partida fraquíssima, Michael foi trocado por David. Minutos depois, mais uma troca defensiva, ao tirar de campo Val Baiano e colocar o lateral Rafael Galhardo.

Quando o árbitro encerrou o jogo, a frieza dos três pontos na classificação foi motivo de alívio para um Flamengo que queria resultado a curto prazo e buscava uma vitória motivadora, ao menos um alento para dar à equipe em formação um pouco de esperança para o restante do Campeonato Brasileiro. Só que os cerca de 20 mil torcedores presentes no Maracanã ainda sorriem amarelo, à espera de uma equipe de futebol mais convincente, digna de uma bom trabalho a longo prazo. De preferência, sem novas ressalvas.

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FLAMENGO 1 x 0 CEARÁ

Estádio: Maracanã (Rio de Janeiro).

Renda: R$ 559.875,00 / Público: 20.696 pagantes

Árbitro: Wagner Reway-MT.

Auxiliares: Emerson Augusto de Carvalho-SP (Fifa) e Carlos Berkenbrock-SC (Fifa).

Gol: Petkovic (de pênalti) aos 44 minutos do primeiro tempo.

Cartões amarelos:
Willians, Renato Abreu e Petkovic (Flamengo); Michel e Anderson (Ceará).

FLAMENGO - Marcelo Lomba, Léo Moura, Wellinton, Ronaldo Angelim e Michael (David); Correa, Willians, Renato Abreu e Petkovic; Leandro Amaral (Vinicius Pacheco) e Val Baiano (Rafael Galhardo). Técnico: Rogério Lourenço.

CEARÁ - Diego, Oziel (Diogo), Anderson, Fabrício e Ernandes; Heleno, Michel, João Marcos (Geraldo) e Camilo; Tony (Wellington Amorim) e Washington. Técnico: Sérgio Araújo.

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O tempo e o placar... estende seu post publicado no início do domingo e, após o fim da rodada, traz o que houve de pior e de melhor nos jogos deste fim de semana.

O CHUTAÇO

O FUTEBOL CARIOCA conseguiu quatro triunfos com seus quatro representantes na Série A. No sábado, o BOTAFOGO chegou à sua terceira vitória consecutiva no Campeonato Brasileiro, na partida traiçoeira diante do Atlético Goianiense, e FLAMENGO, mesmo com todas as ressalvas do jogo com o Ceará, voltou a vencer depois de algumas rodadas em branco. No domingo, o VASCO mostrou uma equipe compacta, segura em todos os seus setores, e mereceu a vitória sobre o Grêmio Prudente (sua primeira como visitante no Brasileirão) e o FLUMINENSE continua com sua soberania em campo e nas arquibancadas - cerca de 60 mil tricolores estiveram no Maracanã para assistir à vitória sobre o Internacional. Fluminense líder, Botafogo em quarto, Flamengo e Vasco em sétimo, separados por saldo de gols. O Rio de Janeiro tem um horizonte muito distante do que a crítica esportiva previa.

A FURADA

É natural que um jogador se sinta frustrado quando, na vice-liderança, vê o primeiro colocado se distanciar no número de pontos. Mas é estranho que, ao final do jogo que o Corínthians perdeu para o Avaí por 3 a 2, o volante ELIAS diga que o árbitro Péricles Bassols tenha favorecido os catarinenses somente para beneficiar o Fluminense. Bassols já cometeu atitudes duvidosas no gramado, pode-se questionar a qualidade dele soprando o apito. Só que dizer que foram premeditadas as ações dele no Ressacada é, no mínimo, uma declaração infeliz.

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RESULTADOS - DÉCIMA-QUARTA RODADA

Sábado

18h30
Atlético Goianiense 0 x 2 Botafogo (Serra Dourada)
Palmeiras 2 x 0 Atlético Paranaense (Pacaembu)
Atlético Mineiro 3 x 1 Guarani (Ipatingão)
Flamengo 1 x 0 Ceará (Maracanã)

Domingo

16h

Avaí 3 x 2 Corínthians (Ressacada)
São Paulo 2 x 2 Cruzeiro (Morumbi)
Prudente 1 x 2 Vasco (Prudentão)
Fluminense 3 x 0 Internacional (Maracanã)

18h30

Vitória 4 x 2 Santos (Barradão)
Grêmio 2 x 0 Goiás (Olímpico)

sábado, 14 de agosto de 2010

TEXTO DE CONVIDADO - Paixão americana



Neste sábado, O tempo e o placar... abre espaço para um convidado de fora do meio futebolístico. Diante de tantas atitudes inexplicáveis que o futebol faz torcedores, jogadores, treinadores e dirigentes tomarem, este blogue recorreu à psicanálise para encontrar um pouco de lógica no esporte bretão.

Com a palavra, o médico e psicanalista PAULO BONATES, que, além de ter excelentes contribuições no jornal A Gazeta, do Espírito Santo, e em outras páginas eletrônicas, sofre da paixão chamada América Futebol Clube. Através dela, Bonates tenta explicar outras inexplicáveis paixões.

Boa leitura a todos,

Vinícius Faustini


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Dizem que a única essência humana é a paixão. Muda-se de país, de mulher, de homem, de tudo mas não toca na paixão por um time. Não se tem força ou sei lá o que para mudar de time e o time não muda. Muito menos por você. Mas a paixão não perece.

É obrigatória esta insólita modalidade de amar intensamente. O bravo povo brasileiro só luta por paixão. De nada adianta a vangloriada consciência nazista, fascista ou freudiana. Só a paixão te toca, de excita ou te amacia. Dunga tinha sua paixão e sobre isso nada podia fazer. Nem eu nem você.

A paixão por ser paixão, não consegue enxergar o óbvio, no caso da seleção Neymar, Ganso, Pato. Se conseguisse paixão não seria. Isso não transforma o Dunga em uma pessoa competente: estava a defender a paixão. A paixão e os apaixonados são inexorável e necessariamente estúpidos e irracionais, claro..

Quem poderá impedir a torcida de apaixonar-se por Lula. Seja lá o que seja ou o que for o exercício da paixão mantém a vida. Não conheço ou creio em adjetivos completando o verbo viver. Muito menos apaixonar-se, ou se deixar apaixonar ou o que quiserem as metáforas da poesia.

Dunga apaixonou-se por Josué, meio de campo que jogava em Caruaru tanto quanto Otelo morreu de amores por Desdemona, ou Barrichello pela cortesia do deixar passar. Difícil compreender, fácil de explicar. São coisas da vida, nós é que precisamos aprender. Quem conta a historia feliz ou infelizmente é o vencedor. O abominável criador do nazismo produziu paixão. Simplesmente paixão. E enlouqueceu a Alemanha Tão impactante quanto a sua namorada que no cinema mal tocava você, e você, delirava ou não?

Mudando de conversa, agorinha mesmo na hora de votar queira ou não, a paixão elege. Os espertos marqueteiros que abandonam esta modalidade de instinto como tema central das campanhas – produzindo mentiras ou não – perdem. Perder é pior do que tudo que existe. Por exemplo, o vice-campeão, é o primeiro a perder. Não deflagra a mínima quantidade de paixão necessária para mover montanhas protegidas pela lógica e ciência.

Como alguém que torce pelo América do Rio e está condenado a torcer, torcer, torcer até morrer, como reza o hino do clube.


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O tempo e o placar... recomenda o blogue de Paulo Bonates - COMO EU IA TE DIZENDO:

http://comoeuiatedizendo.blogspot.com

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Quatro linhas, 13 de agosto de 2010





Satisfação!

Mesmo sendo sexta-feira 13, nenhuma superstição tira do ar o DEBATEBOLA QUATRO LINHAS! O novo jornalismo esportivo brasileiro ataca na Internet, com tudo o que rolou na semana do futebol do Brasil e do mundo.

E hoje, passeiam pelo gramado:

O AMISTOSO DA SELEÇÃO BRASILEIRA

O PRIMEIRO JOGO DA DECISÃO DA TAÇA LIBERTADORES DA AMÉRICA

A PARTICIPAÇÃO BRASILEIRA NA COPA SUL-AMERICANA

A EXPECTATIVA DA RODADA DO BRASILEIRÃO SÉRIE A

E UM GIRO PELA SÉRIE B E TAMBÉM PELO FUTEBOL INTERNACIONAL


Você fica na cara do gol com o trio de frente FERNANDO DINIZ, PEDRO MARQUES E VINÍCIUS FAUSTINI.

Duração: 95 minutos.

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Bolívar, o libertador colorado



Análise de quarta: Chivas Guadalajara (MEX) 1 x 2 Internacional (Estádio Omlife, 21h50 de Brasília)

No início do século XIX, o venezuelano Simón Bolívar ficou marcado na história por ser um dos grandes líderes de movimentos de independência da América do Sul e da América Central. O militar participou das independências de Venezuela, Peru, Bolívia, Colômbia e Panamá, e está associado ao mesmo honroso grupo de José de San Martin, Bernard O'Higgins, José Gervásio Artigas, Antônio José de Sucre, José Joaquin de Olmedo, José Miguel Carrera e Manuel Belgrano. Por deixarem a América independente de suas metrópoles, todos são reconhecidos como "Libertadores da América". Dois séculos depois, este se tornou o título da competição de futebol mais importante da América do Sul. E na edição de número 50 da Taça Libertadores da América, o sobrenome Bolívar voltou a surgir no cenário sul-americano.

No entanto, em vez de Caracas, a capital da Venezuela, a terra natal do novo Bolívar é Santa Cruz do Sul, no interior do Rio Grande do Sul. Enquanto Simón Bolívar era militar, Fabian Guedes (de apelido Bolívar) é o zagueiro do Internacional, time brasileiro que está na decisão do torneio sul-americano.O revolucionário liderou a luta pelas independências, e o jogador de futebol é o capitão do colorado, que luta pelo seu segundo título na Libertadores. Ambos usaram a cabeça por seus ideais. O venezuelano, ao ter as ideias que contribuíram para a libertação do continente americano. O brasileiro, pela cabeçada que desviou para a rede o segundo e decisivo gol na vitória de virada sobre o Chivas Guadalajara por 2 a 1, no México, território inimigo e cercado de percalços.

O primeiro que o Internacional enfrentou foi o tipo de gramado do Estádio Omnilife. Com a grama sintética, a bola corria com ainda mais velocidade, e jogadores que não tinham o costume de atuar neste tipo de campo poderiam sofrer ainda mais dificuldades para tocar a bola. Os colorados superaram. Tanto que dominaram a primeira etapa.

Grande volume de jogo e uma troca de passes intensa, comprovando que nem mesmo artimanhas escusas (típicas de jogos na Libertadores) como optar por um estádio com gramado não muito convencional para partidas de futebol conseguem superar o bom futebol. O Inter pressionava no ataque, apostando tanto no poder ofensivo do meia D' Alessandro quanto nos seus homens de frente, Taison e Alecsandro. Mas também apareciam com perigo seus bons laterais - Nei, na direita e, em especial, Kléber no lado esquerdo.

De Kléber veio o primeiro sobressalto dos torcedores gaúchos. Aos cinco minutos, ele recebeu passe de Taison e chutou da esquerda. A bola passou pelo goleiro Michel mas parou na trave direita. Aos 29, foi a vez do travessão impedir que o Internacional abrisse o placar, em boa cobrança de falta de Alecsandro.

A partida se desenhava de maneira atípica para um jogo de Libertadores que ocorria fora do Brasil. Mandante do jogo, o Chivas Guadalajara se via obrigado a ficar fechado na defesa, e o fazia com certa eficácia. Embora o Inter tivesse bastante posse de bola, os arremates ao gol foram escassos. O panorama ainda ficou mais complicado neste setor aos 33 minutos. Alecsandro, o atacante mais presente na área (Taison tem a característica de buscar mais as jogadas), saiu de campo contundido. Celso Roth colocou Everton no jogo.

A ausência de Alecsandro, aliada à aposta arriscada de depender do faro de gol de um reforço recém-contratado por ter feito um bom Campeonato Gaúcho pelo modesto Caxias eram empecilhos dignos de apreensão. Mas ainda faltava a ação negativa do segundo grande percalço da noite. O árbitro argentino Hector Baldassi é conhecido no futebol sul-americano por sua conduta um tanto quanto polêmica. Ele não tem o hábito de dar muitas faltas, deixa o jogo correr e, em alguns momentos, não tem pulso firme para tomar decisões sensatas. Como ocorreu durante o primeiro tempo. A bola estava na esquerda, com Kléber, mas Bautista deu uma cotovelada em D' Alessandro no meio do campo. Baldassi apenas advertiu verbalmente o jogador mexicano.

O mesmo jogador que começaria a mudar a história da decisão da Taça Libertadores da América. Os guerreiros colorados, que até então tinham feito uma partida impecável no sistema defensivo, permitiram que Fabián avançasse na direita, nas costas de Kléber. O meia mexicano cruzou, a zaga da equipe gaúcha ficou indecisa e, ao alcance dos olhos do capitão Bolívar, Bautista cabeceou de fora da área. Renan, mal posicionado, foi encoberto pela cabeçada. 1 a 0 Chivas Guadalajara, aos 46 minutos. E o time de Celso Roth ia para o intervalo com mais este percalço: a certeza de ter jogado melhor mas, num deslize, sair de campo com a desvantagem no placar.

O início do segundo tempo trouxe o mesmo panorama dos 45 minutos iniciais. O Internacional com mais posse de bola, mas sem capacidade de fazê-la chegar próximo à área. Tranquilo graças ao gol "achado" no finzinho da primeira etapa, o Chivas Guadalajara seguia na defesa, à espera dos contra-ataques para aniquilar a partida. Mesma tática bem-sucedida em boa parte de seu trajeto até a final da Libertadores. À exceção da semifinal contra o Universidad de Chile (na qual a equipe venceu o segundo jogo após um empate no primeiro confronto), o time mexicano eliminou, na ordem, o argentino Vélez Sarsifield e o peruano Alianza de Lima no saldo de gols, após ter feito uma vantagem de 3 a 0 no primeiro duelo contra cada equipe. A vontade de se fechar chegou ao técnico Jose Luis Real, que sacou o atacante Arellano para promover a entrada do volante Araujo na metade do segundo tempo.

Naquela altura, o Internacional padecia com seu poder de fogo inofensivo, a ponto dos chutes não saírem dos pés de seus atacantes. As oportunidades vieram com o lateral Nei, o volante Guiñazu e numa belíssima tentativa do meia D' Alessandro, em chute que passou rente à trave de Michel. Impaciente, Celso Roth tirou Everton, que se revelara incapaz de substituir Alecsandro à altura, e pôs em campo Rafael Sóbis. Um atacante habilidoso, e que, mesmo sem ritmo de jogo, sabe atrair a marcação adversária e aparece mais constantemente na área.

A presença dele fez a diferença dois minutos depois de entrar em campo. Com Taison e Rafael Sóbis na área, a zaga mexicana se descuidou pela primeira vez num cruzamento colorado. E o então apagado Giuliano (que começou a partida como titular porque Tinga foi expulso no jogo com o São Paulo) apareceu livre para desviar de cabeça a bola perfeitamente centrada por Kléber. 1 a 1, aos 28 minutos.

O empate soava como um bom resultado, pela vantagem de precisar de apenas uma vitória simples no confronto decisivo do Beira-Rio. E, em especial, pela carência de poder ofensivo que o Inter apresentava no México. Mas, na trajetória da Libertadores da América, estava escrito que um Bolívar voltaria a se destacar. Desta vez, na competição que leva para o futebol a homenagem ao militar Simón Bolívar.

Nei avançou na direita e sofreu falta. Na cobrança, D' Alessandro cruzou, Índio cabeceou na esquerda, e a bola chegou para Bolívar, no meio da área, desviar para o fundo da rede de Michel. 2 a 1 Internacional, aos 31 minutos. O capitão Bolívar libertava o esquadrão colorado do dissabor de não sair vitorioso de uma partida na qual sobrava em campo.

Os colorados ainda passaram os últimos minutos resguardando sua área, e Celso Roth chegou a deixar seu time mais defensivo, ao trocar Taison pelo volante Wilson Mathias. Só que nem as entradas de Escarlate e Dávila, respectivamente nos lugares de Fabián e Baéz, fez com que o Chivas Guadalajara voltasse a encontrar o caminho do gol. Não bastasse o esquema defensivo que propôs para sua equipe a partir da metade do segundo tempo, Jose Luis Real ainda escalou o perigoso Bautista, que era quarto homem do meio-de-campo no início do jogo, entre os zagueiros. E a dupla de zaga Índio e Bolívar demonstrou bastante segurança durante os 90 minutos.

Passados os percalços do México, o Internacional reencontra o Chivas Guadalajara na próxima quarta-feira, desta vez em território brasileiro, para a finalíssima da Taça Libertadores da América. O time tem a vantagem do empate - por ser a decisão da competição, o critério de "gol marcado fora de casa" das fases anteriores é descartado. O Chivas só é campeão direto se vencer por dois gols de diferença. Em caso de vitória por um gol da equipe mexicana, o jogo irá para a prorrogação e, persistindo o empate, o campeão aparecerá depois da disputa de pênaltis.

Entretanto, certamente no voo do retorno ao Rio Grande do Sul, o Internacional não deixou que a euforia da vitória do primeiro jogo embarcasse - em especial porque, na semifinal, o Chivas Guadalajara se classificou com uma vitória por 2 a 0 sobre a sensação do torneio, a Universidad de Chile, com uma vitória em Santiago, compensando um empate em 1 a 1 no México. O time de Celso Roth sabe que um resultado positivo virá somente se a equipe gaúcha atuar com a mesma seriedade apresentada em território mexicano.

Cabe ao Inter manter a Taça Libertadores na América do Sul. E será ainda mais simbólico para os latino-americanos ver um troféu ser erguido das mãos de um Bolívar. Do Bolívar, capitão do Internacional.