terça-feira, 4 de maio de 2010

A festa em três cores



No post de ontem, O tempo e o placar... evidenciou a coincidência de dois campeões estaduais terem seus uniformes em vermelho e preto - o Atlético Goianiense e o Vitória da Bahia. Na postagem que segue, há dois tricolores que superaram suas adversidades e, ao final, chegaram à conquista de seus respectivos estaduais.

Ambos superaram seus rivais históricos, e no último jogo tiveram derrotas com sabor de vitória. O Grêmio foi campeão sobre o Internacional, enquanto o Fortaleza saiu vitorioso na decisão contra o Ceará. A comemoração veio em três cores no Campeonato Gaúcho e no Campeonato Cearense.

GRÊMIO, CAMPEÃO ESTADUAL DO RIO GRANDE DO SUL DE 2010

Linha de montagem. Foi neste tipo de processo que o Grêmio trabalhou desde o início de 2010. Mesmo tendo praticamente a mesma equipe da temporada anterior, o trabalho de montar a equipe foi obrigatório. Afinal, os gremistas passaram por um 2009 frustrante, com eliminação prematura no Estadual e um Campeonato Brasileiro com fraco desempenho.

A grande mudança gremista começou na filosofia de jogo da equipe. A contratação de Silas, treinador responsável pelo sucesso do Avaí na elite do futebol brasileiro do ano anterior, destoou completamente do padrão de jogo gaúcho. Em vez dos esquemas defensivos, que priorizavam a força do Rio Grande do Sul, o técnico fez o Grêmio partir para o ataque.

E passou por situações histriônicas no início da temporada: mesmo com uma sequência de jogos invicto, Silas era alvo de vaias e de muita contestação. A bronca era tanta que a torcida chegou a vibrar como se fosse um gol quando o atacante William (um dos jogadores que o técnico trouxe do Avaí) se contundiu.

A resposta veio no campo. Alheio à tendência de priorizar torneios mais importantes (como fez Jorge Fossati, técnico do Internacional, arquirrival gremista), Silas usou o Campeonato Gaúcho com sabedoria. Sim, em virtude da má qualidade dos estaduais - em especial do Gauchão, onde impera a dupla Gre-Nal, ainda mais com a decadência do Juventude e do Caxias - não dá para avaliar se o time está muito bem ou se é engano de início de temporada. Mas, numa equipe que busca padrão de jogo e vem com novos jogadores, o ideal é ver sempre o desempenho deles em campo.

Foi assim que o Grêmio conquistou a Taça Fernando de Carvalho (equivalente ao primeiro turno). Após uma primeira fase com dificuldade, o time superou seus adversários e, na final, jogou de igual para igual com o surpreendente Novo Hamburgo, e usando o time titular. No segundo turno, a Taça Fábio Koff, a equipe caiu nas semifinais, perdendo duas invencibilidades no mesmo dia - 15 jogos sem derrota em 2010 e 51 jogos sem derrota no seu estádio, o Olímpico - no jogo contra o Pelotas.

No entanto, os gremistas superaram todas as adversidades (tanto de fora de campo quanto de dentro das quatro linhas, com as sucessivas contusões de seus jogadores) e ganharam graças ao seu equilíbrio emocional e ao equilíbrio tático da equipe. Depois de se caracterizar como um atacante que perdia muitos gols, Jonas finalmente conseguiu colocar a bola para o fundo da rede. Principalmente, por estar bem acompanhado de outros artilheiros - Borges (injustamente execrado por Ricardo Gomes no São Paulo) e Leandro.

Deu Grêmio no Rio Grande do Sul, após uma vitória por 2 a 0 no Beira-Rio e uma derrota por 1 a 0 no Olímpico. E o bom futebol venceu um adversário mal em seu desempenho e em seus nervos (a botinada de Taison em Jonas no finzinho do jogo decisivo foi a concretização do quanto o Internacional está perdido neste ano de 2010). O título gremista pode ser o começo de um novo padrão de futebol gaúcho.



FORTALEZA, CAMPEÃO ESTADUAL DO CEARÁ DE 2010

Num ponto de vista mais superficial, os espectadores louvariam a graça do futebol em relação à decisão do Campeonato Cearense. O Fortaleza, time que teve um final de ano melancólico ao cair para a Terceira Divisão do Campeonato Brasileiro, conquistou um título sobre o Ceará, mais novo representante do futebol nordestino na Primeira Divisão.

Mas, apesar deste panorama com tanta disparidade no cenário nacional, o Fortaleza é que vinha de três conquistas consecutivas no Campeonato Estadual (duas sobre o Icasa e uma sobre o Ceará). E, na decisão, com a vantagem de 1 a 0 do primeiro jogo, a equipe treinada por Zé Teodoro mostrou sua maior arma: o esquema defensivo.

E graças a ele, conseguiu segurar a derrota de 2 a 1, mesmo com tamanha pressão do time do Ceará. O resultado foi suficiente para levar a disputa para os pênaltis. Neste momento, fez diferença a frieza do Fortaleza. A festa se tornou tricolor no Castelão, após a vitória por 3 a 1 nas cobranças de pênalti.

De um lado, o Ceará mostra que precisa de muito mais calma e de jogadores de maior qualidade para que sua passagem na Série A (que não acontecia desde 1993) não acabe rapidamente. Do outro, o agora tetracampeão cearense Fortaleza mostra que tem forças para enfrentar o árduo desafio da Terceira Divisão do Campeonato Brasileiro.

Nenhum comentário: