quarta-feira, 22 de julho de 2009

O fantasma mora ao lado



Depois de não sobreviver ao desgaste de estar há três temporadas e meia no comando do São Paulo, o técnico Muricy Ramalho acertou sua volta ao futebol paulista. O Palmeiras é a tentativa de prosseguir sua bela trajetória no futebol brasileiro.

O treinador vai começar o trabalho no alviverde paulista com algumas responsabilidades. A primeira delas vem da torcida palmeirense, que provavelmente não vai exigir menos do que o título para Muricy. Afinal, as últimas três temporadas fizeram os torcedores do São Paulo tripudiarem sobre seus adversários de estado diante da soberania em nível nacional.

A outra vem de dentro do Palmeiras. As incertezas sobre quem comandaria o time após a demissão de Vanderlei Luxemburgo fizeram Jorginho se manter no banco da equipe. E coincidiu de sob a batuta do auxiliar a equipe conseguir chegar aos primeiros lugares do Campeonato Brasileiro.

Com o torneio chegando à décima-terceira rodada hoje, será que Muricy Ramalho conseguirá manter a estabilidade atual do Palmeiras? Bom, é inquestionável o talento do técnico à frente das equipes que comandou (em especial no São Paulo). Entretanto, o desafio ficou ainda maior, pois o fantasma do desemprego mora ao lado, exatamente no mesmo banco de reservas do Muricy.

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O tempo e o placar... passará por um período de recesso. Este blogue volta a ser atualizado na segunda-feira, dia 10 de agosto.

terça-feira, 21 de julho de 2009

Litros de insanidade



O final de semana havia sido péssimo para o Fluminense (derrota por 4 a 1 para o Goiás no Maracanã e penúltimo lugar no Campeonato Brasileiro), e começou esta semana com aceno de uma crise ainda maior graças ao presidente Roberto Horcades. Em entrevista à revista Isto É, o jornalista questionou se o atacante Fred poderia estar melhor se, assim como Ronaldo, estivesse com 15 quilos a mais. Horcades respondeu que jogaria melhor "se deixasse de beber 15 litros".

Seja verdade ou não, a ironia do atual dirigente tricolor não podia vir em pior época. Em plena "lua-de-fel" com o patrocinador Unimed - que em mais um ano abre os cofres para contratar um time excelente no papel e vê a equipe naufragar - o Fluminense agora expõe um problema que seria interno.

Sim, é bem verdade que Fred está muito aquém do que prometia quando chegou do francês Lyon. Entretanto, queixas deste nível, com a acusação séria de alcoolismo a um atleta, só demonstram a irresponsabilidade de Roberto Horcades. Coisas que desagradam deveriam ficar restritas aos muros da Laranjeiras.

A inconveniente declaração de Roberto Horcades fez com que os litros de insanidade escoassem do lado de fora do Fluminense. Resta saber se esta roupa suja exposta aos olhos da imprensa esportiva vai ter sérias consequências, como a saída de Fred, autor de quatro gols no Campeonato Brasileiro. O (até o momento pouco) poder de fogo tricolor ficaria ainda pior para as próximas rodadas.

segunda-feira, 20 de julho de 2009

Os pequenos grandes



Dois times considerados "pequenos" mais uma vez surpreenderam a rodada do Campeonato Brasileiro. A mais agradável de todas veio do interior de São Paulo. Mesmo com a saída do antigo artilheiro Pedrão, o Barueri apresentou um novo goleador. Val Baiano fez todos os gols da vitória por 4 a 0 sobre o último lugar do torneio - o Náutico.

O Avaí continua com uma campanha irregular, mas a virada por 3 a 1 contra o Sport em plena Ilha do Retiro deu uma boa credibilidade, em especial porque elevou a equipe ao décimo-quarto lugar na classificação. Mesmo com a derrota para o Palmeiras no Palestra Itália, o Santo André segue em nono lugar, a quatro pontos da zona de classificação para a Libertadores.



Outra equipe que respirou na rodada do fim de semana foi o São Paulo. Depois de se arrastar nos últimos lugares, o time saiu do clássico San-São com dois gols redentores de Washington. Momentaneamente, a crise saiu dos lados do Morumbi.

A crise agora ganha tons azuis, para os lados de Minas Gerais. Passada a derrota na final da Taça Libertadores da América, o Cruzeiro chegou à zona de rebaixamento com a derrota por 2 a 1 para o Corínthians no Mineirão. Sinal amarelo.



O alerta vermelho ficou ainda mais forte em dois times de tradição do Rio de Janeiro. O Fluminense mais uma vez teve falhas na zaga, desta vez diante do Goiás, que abriu 4 a 1 no Maracanã. A desorganização é tanta que dias depois da efetivação de Vinícius Eutrópio como técnico, agora a diretoria anunciou a contratação de Renato Gaúcho para o comando. O Botafogo pecou novamente por sua mania de sair na frente e logo optar por recuar. Assim, cedeu o empate em 2 a 2 diante do Flamengo, e prosseguiu com o tabu de não vencer o rubro-negro numa competição nacional há três anos.



O Sul também teve uma rodada de clássicos. No Gre-Nal, o tricolor gaúcho voltou a vencer o colorado depois de três jogos no ano - e de virada, por 2 a 1. O "Atletiba" foi digno de um 0 a 0, pela nota triste do vandalismo dos torcedores. Foram 15 bombas arremessadas por torcedores das duas equipes.

Sem gols também terminou o jogo do outro Atlético. O Galo de Minas sentiu a ausência de Diego Tardelli e Júnior (o que mostra a fragilidade da equipe para o decorrer do torneio), mas conseguiu segurar o ímpeto do quarto colocado, o Vitória, no Barradão. O time prossegue na liderança, mas agora ao lado do Palmeiras - a vantagem do Atlético Mineiro fica no saldo de gols.

Mas o quarteto de cima precisa ficar atento. O Barueri já está empatado com a equipe baiana na quarta colocação. Com um campeonato tão oscilante, a zebra do interior paulista pode decidir passear em território nacional, apequenando ainda mais muitos grandes do país.

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O tempo e o placar... traz os dois extremos da décima-segunda rodada do Campeonato Brasileiro.

O CHUTAÇO

Na verdade, os chutaços. Foram quatro gols de Val Baiano, que chegou aos mesmos oito gols dos artilheiros Felipe (do Goiás) e Roger (do Vitória). É o Barueri chegando aos pouquinhos.

A FURADA

A impressão é de que nenhuma equipe teme o Fluminense, independente do campo. Mesmo em desvantagem inicial no placar, o Goiás tomou conta do jogo e levou o tricolor de volta para as Laranjeiras com mais uma goleada no Campeonato Brasileiro. Até quando isto vai continuar?

domingo, 19 de julho de 2009

Por tempo determinado



A típica rotina de troca de técnicos no Campeonato Brasileiro gerou uma situação curiosa na equipe do Palmeiras. Com a demissão de Vanderlei Luxemburgo, a diretoria do alviverde tenta acertar com alguns nomes de ponta e por enquanto deixa como interino o auxiliar Jorginho. Mas eis que o "tapa-buraco" chegou, ontem, com o 1 a 0 diante do Santo André, à sua quarta vitória no torneio. E com um detalhe: caso Atlético Mineiro e Internacional tropecem contra seus adversários (respectivamente, o Vitória da Bahia e o Grêmio), ele leva a equipe à liderança do torneio.

Agora, a dirigência palmeirense fica numa dúvida cruel: efetivá-lo no comando do time ou preservar seu posto de auxiliar e recorrer a um nome mais conhecido no mercado brasileiro? Num esporte tão imprevisível acenam duas possibilidades para o a situação de Jorginho (até, claro, vir um outro nome para responder pelo Palmeiras). A primeira, de ele sair ovacionado pela torcida e a cada deslize do próximo treinador, as arquibancadas gritarem seu nome. E, a segunda, de resultados negativos acontecerem depois que ele for confirmado como técnico. A mesma torcida e a crítica esportiva que valorizam seus resultados podem dizer que ele perdeu a seriedade após ganhar um cargo de mais importância - ou, quem sabe, podem acusá-lo de tremer diante da maior responsabilidade.

No início do ano, o Grêmio passou pela mesma situação com Marcelo Rospide - solução momentânea depois da saída de Celso Roth - que ajudou a equipe a passar da primeira fase da Taça Libertadores da América. O tricolor gaúcho optou por preservá-lo, e contratou Paulo Autuori para o restante de 2009.

Pelo visto, o Palmeiras tende a seguir o exemplo gremista, talvez pelo receio de numa época de crise não perder dois cargos ao mesmo tempo (com sua demissão, sairia tanto um bom técnico quanto um bom auxiliar). Ainda mais que a transição de comando palmeirense revelou que o time pode recorrer a um técnico que funcione por tempo determinado.

sábado, 18 de julho de 2009

Retaliações da "lei"



A vitória de 3 a 0 do Vasco sobre o ABC em São Januário foi maculada por uma duvidosa conduta do árbitro goiano Luiz Alberto Bites. O juiz deu uma bronca no meia Philippe Coutinho após ele arriscar um drible de calcanhar sobre um dos adversários do time potiguar. Mais do que o absurdo de ameaçar um atleta por tentar uma jogada bonita, foi o argumento de Luiz Alberto para sua atitude: "preservar o jogador, para evitar que ele saísse machucado".

A inversão de valores, representada por atitudes não muito éticas dos treinadores e a ausência de pudor ao mandar bater ou ao escalar jogadores somente para "incomodarem" seus adversários e forçar expulsões, chegou ao apito nacional. A graciosidade do futebol brasileiro, com seus dribles e suas artes, agora vem sendo coibida também pela arbitragem. Com as rivalidades cada vez mais acirradas, os árbitros ajudam a deturpar uma finta e a tornarem o lance uma ofensa pessoal.

Revelação do Vasco e com o passe vendido à Internazionale de Milão, Philippe Coutinho foi tratado com a mesma rispidez de um zagueiro violento. E tudo somente pela "violência" de arriscar um bom drible quando seu time vencia por 3 a 0.

É por estas e outras que atletas brasileiros estão indo cada vez mais cedo para o exterior - e Coutinho será o próximo, no meio do ano que vem. Com a maior autoridade de uma partida de futebol tolhindo a liberdade de atletas que enchem os olhos da torcida, o mercado parece cada vez mais restrito para quem ainda arrisca fazer arte no esporte mais popular do Brasil.

sexta-feira, 17 de julho de 2009

Brindes e garrafadas



Com o encerramento da Copa do Brasil e da Taça Libertadores da América, agora o futebol nacional toma conta da programação do calendário brasileiro. Além dos jogos de fim de semana, nas próximas semanas a quarta e a quinta-feira trarão uma rodada do Campeonato Brasileiro.

A décima-primeira rodada começou no mesmo dia da final entre Cruzeiro e Estudiantes - em uma nova manobra da TV Globo, que designou os jogos Flamengo e Palmeiras e Internacional e Fluminense para o mesmo horário do jogo no Mineirão. E os dois cariocas saíram de campo derrotados.



O rubro-negro carioca atribuiu a má partida às condições do gramado, que teria ficado desnivelado depois do show de Roberto Carlos (ocorrido no sábado anterior). Mas a falta de nível veio do futebol do Flamengo, que ficou facilmente envolvido pelo Palmeiras e praticamente assistiu ao adversário jogar no primeiro tempo - com direito a sofrer gols de Cleiton Xavier e Ortigoza. O gol de pênalti de Adriano na segunda etapa até fez a equipe esboçar uma reação, só que mais uma vez os flamenguistas esbarraram na boa defesa palmeirense. Apesar da terceira vitória em quatro jogos, o técnico Jorginho prossegue como "interino", enquanto a equipe espera acertar com um treinador de ponta. Não costuma-se dizer que em time que está ganhando não se mexe?



Interino promovido a treinador com a queda de Carlos Alberto Parreira, Vinícius Eutrópio terá muito trabalho à frente do Fluminense. Pela segunda vez fora de casa, o tricolor das Laranjeiras permitiu que o Internacional abrisse dois gols de vantagem. O time carioca conseguiu chegar ao empate, mas acabou perdendo por 4 a 2 (com dois gols de Taison, que parece estar reencontrando o bom futebol) e chegou ao penúltimo lugar na classificação, empatado em número de pontos com o Botafogo (que não jogou no meio de semana, porque o jogo com o Cruzeiro foi adiado para o fim de agosto) e Avaí. O time catarinense ultrapassou o tricolor no saldo de gols após surpreender o Goiás com uma vitória por 2 a 0 em pleno Serra Dourada. As Laranjeiras continuam trazendo frutos bem amargos.

Enquanto o Avaí se arrasta nas últimas posições da tabela, os outros clubes que chegaram no ano passado da Série B continuam a pregar peças nas equipes tradicionais. Com o empate em 3 a 3 na Vila Belmiro diante do Santos (que acabou com sabor de derrota, pois o time estava vencendo por 3 a 1), o Barueri chegou ao quinto lugar. A um ponto dele, em sétimo lugar, está o Santo André, que graças ao gol de Vinícius venceu o Atlético Paranaense no Estádio Bruno José Daniel. As primeiras 11 rodadas são dignas de novas comemorações dos "recém-chegados" da Segundona.

Outro representante do Paraná, o Coritiba conseguiu superar suas limitações e continua a espantar o fantasma da zona de rebaixamento. De virada, com direito a um belo gol de Marcelinho Paraíba, o Coxa derrotou o Grêmio por 2 a 1 e chegou à zona de classificação da Copa Sul-Americana.



Em mais uma grande partida, o atacante Ronaldo foi decisivo para a vitória do Corínthians sobre o Sport no Pacaembu. Num jogo de sete gols, o Timão venceu por 4 a 3. Por pouco, Vandinho não colocou água no chope corintiano, com dois gols que igualaram a partida em 3 a 3. O reserva Moradei deu a vitória ao alvinegro paulista a 11 minutos do fim e fez a equipe chegar ao sexto lugar no torneio.

O jogo de ontem garantiu mais um pouco do champanhe para o Atlético Mineiro. A vitória por 2 a 0 sobre o São Paulo no Mineirão não só manteve a liderança no Campeonato Brasileiro como também aumentou a alegria do meio de semana, por acontecer no dia seguinte ao vice-campeonato do Cruzeiro na Libertadores.



Mas a garrafada da rodada veio de um momento lastimável do gramado brasileiro. Após o empate em 1 a 1 com o Vitória nos Aflitos (gols do artilheiro Roger, que chegou ao seu oitavo gol, e de Gilmar para o clube de Recife), o Náutico chegou ao último lugar na estreia do técnico Geninho. Ao final da partida, uma garrafa foi direcionada ao treinador do time baiano Paulo César Carpegiani e acertou o rosto de um radialista. Triste exemplo do destempero causado pelas más apresentações do Timbu pernambucano.



Resta ao Náutico juntar os cacos de suas más atuações para ter tempo de chegar a dezembro com motivos de comemorar, pelo menos, sua manutenção na Série A. Infelizmente, O tempo e o placar... gostaria de não precisar mostrar imagens como esta. Afinal, os brindes e garrafadas têm de ficar restritos aos gritos da arquibancada.

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O tempo e o placar... mostra o que houve de melhor e de pior na décima-primeira rodada do Campeonato Brasileiro.

O CHUTAÇO

O meia Andrezinho cobrou falta que abriu o placar para o Internacional e fez um golaço digno dos aplausos do Beira-Rio. Mais uma vez, o jogador se revela um "carrasco" de times cariocas - depois da dupla Fla-Flu, só falta o Botafogo ser surpreendido pelo seu futebol.

A FURADA

Coincidiu de o mesmo jogo estar nos dois extremos do que houve de melhor e de pior na rodada do Brasileirão. Pela segunda vez, o atacante Fred esqueceu a bola e deixou o destempero falar mais alto em uma partida. Sua troca de socos com Magrão foi deplorável e mais uma vez contribuiu para uma derrota tricolor.

quinta-feira, 16 de julho de 2009

Mineirazzo



Mais um gramado brasileiro ficou amaldiçoado com o estigma de uma equipe nacional frustrar sua torcida em uma competição internacional. 59 anos depois da fatídica final da Copa do Mundo de 1950 no Maracanã, o Mineirão foi palco de uma decepção para o futebol brasileiro. Desta vez, com o Cruzeiro, que permitiu a virada do Estudiantes e desperdiçou a oportunidade de conquistar seu terceiro título na Taça Libertadores da América.

Com o empate em 0 a 0 em La Plata na quarta-feira passada, o Cruzeiro entrou no campo do Mineirão com dois adversários a mais. O primeiro minou o time de Adilson Batista durante a semana: o favoritismo conquistado com o empate na Argentina, resultado que aparentemente daria maior facilidade à equipe na decisão "em casa". O segundo surgiu no primeiro tempo. A tensão causada pelo rótulo de favorito à conquista pesou os pés dos jogadores, que não conseguiam encontrar meios de furar o bloqueio da zaga argentina.

Foi preciso um chute de fora da área aos seis minutos do segundo tempo para trazer um alento aos mais de 60 mil torcedores da Celeste. Henrique arriscou de fora da área e contou com o desvio de Desábato para abrir o placar no Mineirão. Entretanto, a vantagem fez o Cruzeiro cochilar e, cinco minutos depois, permitir o empate com Fernández.

A igualdade no jogo voltou a afobar os cruzeirenses e, aos 27 minutos, "La Brujita" Verón mostrou seu poder de decisão ao fazer cruzamento certeiro para cabeçada de Boselli. O Estudiantes abriu 2 a 1 e começou a fazer o tradicional esquema de equipes argentinas em partidas decisivas. Muita catimba, atitudes sutilmente usadas para atrasar o jogo e, nos minutos finais, gastar substituições somente para ganhar mais tempo.

A apatia de Ramires, que depois de ótimas apresentações com a Seleção Brasileira na Copa das Confederações veio com expectativa de fortalecer o Cruzeiro nas últimas partidas, simbolizou a ideia de que ontem os cruzeirenses não mereciam sair de campo com o título. Uma equipe que somente usou sua força e seu toque de bola quando estava derrotado, fatalmente perderia para a afobação à qual se deixou entregar. Sim, é bem verdade que o chute no travessão de Thiago Ribeiro era digno de um golaço. No entanto, era muito pouco para quem duelava contra uma equipe argentina pelo título da maior competição sul-americana.

59 anos depois da Seleção Brasileira viver o dia do "Maracanazzo" na derrota por 2 a 1 para o Uruguai, Minas Gerais foi o cenário da queda do favoritismo do Cruzeiro diante do Estudiantes. E o "Mineirazzo" teve os mesmos ingredientes da tragédia anterior: aparente favoritismo, tensão causada pelo rótulo de superioridade técnica, e até mesmo uma virada capaz de calar um estádio. Infelizmente, mais uma vez quem saiu perdendo foi o futebol brasileiro.

quarta-feira, 15 de julho de 2009

Segunda-feira 13





Se os filmes de terror costumam associar a sexta-feira 13 à data de situações macabras, para os treinadores do Brasil o dia 13 foi tenebroso por ser justamente numa segunda-feira. Três técnicos perderam seus cargos no dia seguinte a mais uma rodada de insucesso de cada clube que eles treinavam.

A única queda "esperada" veio do lado do Náutico. Após uma boa arrancada no início do Campeonato Brasileiro (chegando a estar entre os quatro melhores do Brasil), o Timbu entrou em vertiginosa decadência e na última rodada chegou ao penúltimo lugar do torneio. Márcio Bittencourt perdeu o cargo após a derrota por 4 a 1 para o Palmeiras e em seu lugar entrou Geninho. Apesar de seu nome ser um diminutivo de "gênio", aparentemente não há genialidade que salve o clube pernambucano de um fim trágico em dezembro.

Sim, é bem verdade que o Santos passou um verdadeiro vexame ao sair do Barradão com uma derrota por 6 a 2 para o Vitória da Bahia. Mas a demissão de Vágner Mancini foi um passo precipitado da diretoria santista. O time está em décimo-primeiro lugar (faixa de classificação para a Copa Sul-Americana) e vinha tentando buscar uma regularidade no torneio. Infelizmente, mais uma vez a diretoria do Peixe optou por sucumbir aos caprichos da torcida. Para evitar que o ataque de ovos podres dos torcedores respingassem em seus paletós, os dirigentes recorreram à saída mais fácil - mas nem por isso eficaz - de mudar de comando.

Mas a situação mais surpreendente veio das Laranjeiras. Depois do 1 a 0 sofrido para o Santo André no Engenhão, o técnico Carlos Alberto Parreira perdeu seu cargo de técnico do Fluminense. Nem mesmo seu vasto currículo (que inclui a Copa do Mundo de 1994) e o pedido de tempo para um trabalho a longo prazo foram suficientes para que ele prosseguisse no comando do tricolor. Agora, ele se junta a Vanderlei Luxemburgo, Muricy Ramalho e Nelsinho Baptista na lista de treinadores considerados "respeitáveis" que estão desempregados. Que sina!

A saída do Fluminense para encontrar um novo comandante foi bastante questionável. Em vez de buscar novos nomes, a diretoria decidiu efetivar Vinícius Eutrópio a técnico do clube. Vinícius está há alguns anos no tricolor, fazendo trabalho com divisões de base e também sendo auxiliar-técnico - o que pode ser valioso, pois ele conhece bem o universo da equipe carioca. No entanto, esta atitude pode trazer algumas dores de cabeça. Num eventual insucesso do time, Eutrópio corre o risco de ser despedido, e, além de ficar sem técnico, o Flu também não terá mais um auxiliar de confiança.

Passada a segunda-feira 13, torcida e técnicos esperam que não haja mais tanto rodízio no comando dos clubes. Caso contrário, a instabilidade proporcionada pela dança das cadeiras afetará as várias camisas do futebol brasileiro.

segunda-feira, 13 de julho de 2009

Diversidade na dianteira



A décima rodada do Campeonato Brasileiro mostrou que o torneio não está só equilibrado na classificação geral. Ao contrário da soberania paulista que ocorreu nas edições mais recentes, o "G-4" da competição traz representantes de quatro estados do futebol nacional disputando ponto a ponto o posto de líder.

O Atlético Mineiro aproveitou-se do fato de o arquirrival Cruzeiro entrar no gramado do Mineirão somente com reservas, e saiu de campo com um 3 a 0. A quebra de um tabu de mais de dois anos sem vitória nos clássicos teve um sabor ainda mais doce porque o então líder Internacional saiu da Arena da Baixada com uma derrota por 3 a 2 para o outro Atlético do campeonato - o Paranaense. Ao menos até a rodada de quarta-feira, o galo canta mais alto que o colorado gaúcho.



A terceira colocação vem da Bahia, estado no qual aconteceu a maior goleada da rodada. O time de Paulo César Carpegiani marcou quatro gols em 27 minutos e no segundo tempo terminou com uma goleada de 6 a 2 diante do Santos. Do rubro-negro baiano saiu também o mais recente artilheiro do campeonato: Roger, que chegou aos sete gols, ao lado de Felipe, do Goiás (que passou em branco nesta derrota, com o 1 a 0 que a equipe levou do Sport na Ilha do Retiro, graças a um gol vindo de pênalti duvidoso).

O futebol paulista, outrora considerado reduto de bom futebol, está representado somente pelo Palmeiras, que mesmo ainda com o treinador interino Jorginho no comando venceu o Náutico por 4 a 1 no Palestra Itália. O Timbu pernambucano se afundou ainda mais na competição, chegando ao penúltimo lugar do Campeonato Brasileiro.

Perto do alviverde paulista, vem uma equipe do interior de São Paulo: o surpreendente Barueri, que mais uma vez conquistou três pontos diante do bom time do Coritiba por 3 a 1 na Arena Barueri. Barueri e Santo André prosseguem entre os dez primeiros colocados. Com vaga na Taça Libertadores da América já garantida pelo título da Copa do Brasil, o Corínthians ainda parece de ressaca pela conquista, como mostrou a derrota por 3 a 0 para o Grêmio.



É justamente o São Paulo que destoa no campeonato. O tricampeão consecutivo trocou de técnico mas ainda não reencontrou o bom futebol. Em pleno Morumbi, o tricolor levou um sufoco e acabou sendo satisfatório o empate diante do Flamengo. Num jogo com um pênalti convertido para cada lado, o que chamou atenção mais uma vez Adriano. Não pela boa cobrança de pênalti sem chances para o goleiro Dênis. O Imperador surpreendeu por não comemorar seu gol marcado no Morumbi - uma forma de respeitar seu antigo clube, no qual fez um bom primeiro semestre de 2008.



Em sétimo lugar na classificação geral, o Flamengo destoa dos outros dois times do Rio de Janeiro. O Botafogo venceu o "jogo de seis pontos" diante do Avaí na Ressacada com dois gols em lances de bola parada, mas mesmo assim prossegue seu calvário na zona de rebaixamento. E, agora, o alvinegro tem a companhia de seu conterrâneo Fluminense, que perdeu por 1 a 0 para o Santo André no Engenhão (com um gol contra de Wellington Monteiro) e nesta segunda-feira sentiu a perda de Carlos Alberto Parreira. A calma que ele ansiava para fazer seu trabalho foi extremamente prejudicada pelo imediatismo de um Campeonato Brasileiro por pontos corridos.



O Botafogo em décimo-sétimo e o Fluminense em décimo-oitavo mostram como o futebol do Rio de Janeiro cada vez mais sentindo em campo as consequências do amadorismo de seus dirigentes. O exemplo da queda do Vasco de 2008 não foi suficiente para as demais equipes.

Do lado das Laranjeiras, Parreira teve seu desequilíbrio na corda bamba. Em General Severiano, Ney Franco chegou ao seu primeiro ano como comandante do Botafogo sem razões para comemorar. Até quando os torcedores cariocas terão de conviver com a mesmice de um estado que se conforma em fazer mera figuração no Campeonato Brasileiro? É lamentável que num torneio com diversidades em seu grupo com os quatro primeiros colocados, o Rio de Janeiro ocupe duas vagas na lista dos quatro últimos lugares. É hora de diversificar.

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O tempo e o placar... elege o que houve de melhor e de pior na décima rodada do Campeonato Brasileiro.

O CHUTAÇO

O equilíbrio do Campeonato Brasileiro continua muito fascinante, comprovando a graciosidade da competição nacional. A diferença do líder (Atlético Mineiro) para o décimo (Santo André) é de apenas sete pontos. Qualquer situação imprevisível pode mudar toda e qualquer direção do torneio.

A FURADA

Geralmente, quem vai para o gol numa pelada é porque não costuma ser bom com os pés. O exemplo não foi levado muito a sério entre os goleiros do Campeonato Brasileiro. Dênis (do São Paulo), Douglas (do Santos) e Andrey (do Cruzeiro) provavelmente não lembraram de seus tempos de peladeiros e tiveram furadas profissionais que comprometeram as partidas de seus respectivos clubes. Nenhuma das equipes saiu vencedora - o resultado "menos pior" foi do São Paulo, que arrancou um empate em 2 a 2 com o Flamengo.

sábado, 11 de julho de 2009

Amor pela camisa... à brasileira



A regulamentação da Lei Pelé, que no início do século permitiu aos jogadores que fizessem constantes trocas de clube, tornaram mero teatro algumas atitudes, como o atleta beijar a camisa e dizer que torce por determinado time "desde criancinha". Entretanto, aos poucos vêm surgindo formas deles mostrarem suas preferências futebolísticas.

Foi assim com o atacante Adriano. Após passar por problemas extracampo na Itália, o Imperador rescindiu seu contrato com a Internazionale, e fez as malas para o Rio de Janeiro. A imprensa esportiva louvou o retorno dele, tanto por ser a volta de um jogador de nível internacional quanto pela "verdadeira" atitude de beijar a camisa do Flamengo.

O rubro-negro carioca é a razão da paixão de um recente jogador que saiu do clube. Como o Flamengo não pôde pagar o preço pedido pelo Porto, o meia Ibson teve de fazer as malas para Portugal. No entanto, como apontaram os jornalistas Jorge Luiz Rodrigues e Maurício Fonseca na coluna Panorama esportivo (do jornal O Globo) de hoje, ele era pretendido pelo Internacional.

O colorado usaria uma brecha do regulamento do Campeonato Brasileiro - que permite que um jogador se transfira para outro time do país durante o torneio, se tiver atuado em até seis partidas - para ter Ibson em seu elenco neste segundo semestre. O dirigente do Porto, Fernando Gomes, teria ligado para o jogador pedindo que ele não enfrentasse o Internacional algumas rodadas atrás, pois chegaria à sua sétima partida e não poderia mais atuar em nenhum outro clube na competição. Ibson respondeu que só aceitaria jogar no Brasil com a camisa do Flamengo.

Sim, de fato parece uma irresponsabilidade um atleta tapar os ouvidos para as demais propostas de clubes brasileiros - ainda mais que a tendência é a de que o Porto repasse Ibson para algum clube da Rússia, país no qual muitos jogadores daqui tentaram a sorte e não se adaptaram. Mas a atitude do ex-meia rubro-negro demonstra que em algumas ocasiões os jogadores de futebol não priorizam os salários astronômicos e nem passam por cima de rivalidades (nos dias de hoje, ficou corriqueiro um jogador vestir em momentos de sua carreira camisas de clubes considerados arquirrivais).

Ibson mostra que nem tudo está perdido na graça do futebol brasileiro. E o amor à camisa está dando um jeito de sobreviver no Brasil.

sexta-feira, 10 de julho de 2009

Poesia restrita ao campo



Após mais uma de muitas declarações infelizes do Rei do Futebol, Romário afirmou que "Pelé calado é um poeta". Foi uma forma irônica do camisa 11 mostrar o quanto Pelé merece respeito pelas coisas que fez em campo, mas peca pela pouca qualidade de suas declarações fora dele. Todos os jogadores almejam chegar ao sucesso que Pelé teve como atleta. Entretanto, Ronaldo nesta semana deu pitacos dignos de um Pelé... de fora de campo.

A polêmica teve início em relação à contestação da pesquisa que aponta a torcida do Flamengo como maior do país. Ronaldo, atualmente no Corínthians, deu a entender que os corintianos foram prejudicados pela pesquisa do IBOPE e que o alvinegro paulista teria maior número de seguidores na arquibancada do que o rubro-negro carioca. Seria mera traquinagem, se não fosse o fato de o jogador no início do ano ter feito as malas e se mudado para o Parque São Jorge após passar o ano de 2008 no Flamengo recuperando-se de suas sucessivas contusões.

A boca do Fenômeno deixou em maus lençóis o Corínthians e até o homem que ocupa a cadeira presidencial do Brasil, ao revelar uma suposta ajuda do presidente Lula para que o Timão construa seu próprio estádio. Esta atitude não seria, por acaso, inconstitucional da parte do presidente? Oficialmente, um líder de um país não pode usar de seu poder somente movido pela paixão clubística. Mas a face boquirrota de Ronaldo foi além.

No programa Bem, amigos, do canal a cabo Sportv, o atacante também usou motivos chulos para que o esquema de concentração fosse abolido: associou sua insatisfação a um eventual problema de flatulência de seus colegas de quarto. Em especial, o ex-lateral da Seleção Brasileira, Roberto Carlos.

Desde o início do ano, Ronaldo tem respondido às críticas sobre estar fora de sua forma física, e às acusações de que seu bom futebol agora tivesse se tornado rascunho, da única forma que sabe: com gols. Espera-se que depois desta semana de declarações infelizes, o atacante volte a deixar sua poesia restrita ao campo. Afinal, o Fenômeno revelou mais uma semelhança com Pelé: Ronaldo calado é um poeta.

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BOLA PRO MATO

Mais uma derrota em final de um torneio - a Recopa Sul-Americana, com um surpreendente 1 a 0 no Beira-Rio e um sonoro 3 a 0 em Quito, diante do equatoriano LDU. Será que o bom time do Internacional está ruindo ou apenas se revelou uma equipe sem chegada?

quinta-feira, 9 de julho de 2009

Paredão celeste



Nos primeiros 90 minutos da final da Taça Libertadores da América, a ausência de gols foi fundamental para o Cruzeiro. Agora, o time volta ao Brasil precisando somente de uma vitória simples para se tornar o campeão sul-americano de 2009. No empate em 0 a 0, o goleiro Fábio se revelou o paredão celeste que segurou a pressão do Estudiantes no Estádio Ciudad de La Plata.

Deixando o receio causado pela epidemia da gripe suína de fora do gramado, o Cruzeiro entrou no campo argentino com o objetivo explícito de não tomar gols. O técnico Adílson Batista seguiu a cartilha de congestionar o meio-de-campo (em especial nos primeiros 15 minutos) e timidamente arriscar-se ao ataque, contando com o bom futebol do meia Ramires e da dupla de ataque Kléber e Wellington Paulista.

E o esquema deu certo. As oportunidades do Estudiantes vieram somente em lances de bola parada - principalmente porque o craque do time, Verón, não estava em sua forma ideal. Ainda em recuperação de uma contusão, o jogador incomodou em venenosos chutes a gol. E em todos estavam as mãos de Fábio para espantar "La Bruja" Verón e qualquer bruxaria que poderia vir da equipe argentina.

Graças a ele, aos poucos os argentinos perderam a calma e começaram a ter uma sucessão de erros em suas jogadas. O desespero no ataque começou a dar brechas na defesa do Estudiantes e, se não fosse o gol incrivelmente perdido pelo atacante Kléber, a vantagem cruzeirense talvez pudesse ser maior na partida do Mineirão.

Mas o resultado em 0 a 0 pareceu justo pelos altos e baixos que o Cruzeiro apresentou na partida. Baixos, pelas oportunidades desperdiçadas no ataque (em especial, pela tenebrosa atuação de Wellington Paulista). O camisa 9 só tropeçou em suas próprias pernas como também passou o jogo revezando entre cavar e cometer faltas.

Os altos momentos vieram através do 1,85m de Fábio, que se agigantou no gol cruzeirense e fez pelo menos cinco defesas difíceis. A garantia do "Paredão Celeste" no primeiro jogo faz o Cruzeiro voltar a Minas Gerais com a tranquilidade de, após neutralizar o ímpeto do Estudiantes, munir seu bombardeio para uma "caça às bruxas" na batalha final da próxima quarta-feira.

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BOLA PRO MATO

Diante de um Fluminense completamente perdido, Ronaldo mostrou seu cartão de visitas e fez três dos quatro gols na vitória por 4 a 2 do Corínthians. Do outro lado, Fred deu mais uma prova de descontrole emocional ao ser expulso de maneira infantil, justo no momento em que o time das Laranjeiras diminuira para 3 a 2 um jogo no qual encerrou o primeiro tempo com a desvantagem de três gols. A atitude do atacante simbolizou o momento delicado pelo qual o Fluminense vem passando.

quarta-feira, 8 de julho de 2009

Campeão em segundo plano



Mais uma vez, a imposição da Rede Globo na tabela dos torneios causou uma situação esquisita na quarta-feira de futebol. No mesmo dia em que o Cruzeiro vai até a Argentina para disputar o primeiro jogo na final da Taça Libertadores da América, contra o Estudiantes, foi marcada hoje uma partida entre Corínthians e Fluminense, pela nona rodada do Campeonato Brasileiro.

A emissora usou este recurso por um motivo não muito louvável: partidas envolvendo equipes de outros estados não têm audiência satisfatória nas capitais de São Paulo e Rio de Janeiro. Por isto, a TV Globo passou por cima do valor das partidas, e dois grandes estados ficarão privados de assistir à final da Taça Libertadores.

Uma semana depois de seu título na Copa do Brasil, o Corínthians vai para o segundo plano numa noite de futebol, servindo como tampão de audiência para a TV Globo. Enquanto isto, os amantes de futebol de alguns estados terão de recorrer à TV a cabo para assistir a uma partida internacional.

A busca pela audiência banaliza de novo o futebol brasileiro, colocando um jogo de estepe na quarta que ficaria melhor no fim de semana. Corínthians e Fluminense não mereciam este papel, ainda mais a equipe corintiana, logo uma semana depois de uma conquista nacional.

terça-feira, 7 de julho de 2009

Sonho da volta pra casa



O calendário vai passando e o Campeonato Brasileiro está prestes a chegar à época da "janela" do torneio. Trata-se do período no qual o mercado exterior pode contratar jogadores que atuam no Brasil - geralmente os que despontam nos primeiros meses de Brasileirão. Entretanto, este "fenômeno" causado pelo reinício das temporadas europeias traz uma consequência interessante para o mercado: o repatriamento de atletas brasileiros.

Seduzidos pelos euros da União Europeia ou pelos dólares e petrodólares do futebol árabe, muitos jogadores anseiam pelo meio do ano para conseguirem passaporte rumo ao exterior (ainda mais com uma Seleção Brasileira que tem um treinador mais atento aos "estrangeiros"). Mas nem todos são bem-sucedidos em outros gramados, seja por falta de adaptação ao novo país ou pela ausência de oportunidades em equipes que trazem muitas estrelas. A solução para recuperar a autoestima acaba mesmo sendo voltar para a pátria.

O olhar para o exterior, aos poucos, também se tornou rentável para os clubes brasileiros. Quando a equipe não se encaixa em campo e não se pode contratar no Brasil por causa do regulamento da CBF, o dirigente começa a observar jogadores que estão espalhados pelo mundo, até encontrar algum em condições para voltar a vestir uma camisa brasileira. E, com o mercado em tamanha expansão, os times vêm encontrando reforços tanto em países com clubes de ponta (como a Itália, a Inglaterra e a Espanha) quanto em locais com pouquíssima tradição no futebol, casos de Hungria, Ucrânia e até Uzbequistão.

Também se tornou corriqueira a iniciativa de ter como reforço a volta de quem deu glórias à equipe e saiu para se consagrar em outros países. Foi o caso do novo reforço do Corínthians. Depois de passar pelo Arsenal, da Inglaterra, e pelo Valencia, da Espanha, o volante Edu acertou seu retonro ao alvinegro paulista, como forma de esquecer os problemas da última temporada no futebol espanhol (quando passou por sucessivas contusões). Parado há algum tempo também por causa do período de férias da Europa, o jogador de 31 anos declarou que terá de passar por uma curta pré-temporada, para voltar a ter ritmo de jogo.

Campeão brasileiro em 1998 e 1999 e vencedor do Mundial de Clubes de 2000 no Corínthians, Edu espera retornar a bons momentos em campo. E, graças à "janela" do Campeonato Brasileiro, o volante se torna mais um jogador que realiza o "sonho da volta pra casa".

segunda-feira, 6 de julho de 2009

Atletas de fim de semana




A nona rodada do Campeonato Brasileiro redimiu os times gaúchos das decepções do meio de semana. Após perder a Copa do Brasil para o Corínthians na quarta-feira, o Internacional se tornou líder do campeonato (beneficiado pelo empate em 1 a 1 entre Atlético Mineiro e Botafogo no Mineirão) ao vencer o Náutico nos Aflitos. Nem mesmo o pênalti perdido por D'Alessandro impediu a vitória por 2 a 0, com dois gols de Nilmar. Eliminado pelo Cruzeiro na semifinal brasileira da Taça Libertadores da América, o Grêmio enfim acertou o pé e fez quatro gols, com a dupla Herrera e Maxi López. O Atlético Parananse se manteve na zona de rebaixamento com a derrota por 4 a 1 (Rafael Moura fez o gol do Furacão).

O outro paranaense do Campeonato Brasileiro conseguiu galgar muitos degraus neste domingo. Marcos Aurélio e Ariel fizeram o 2 a 0 do Coritiba diante do São Paulo. O tricolor paulista segue ladeira abaixo e, como boa parte dos treinadores brasileiros, Ricardo Gomes encontrou "qualidades" apesar da derrota. Mais uma tentativa de tapar o sol com a peneira.



Dois artilheiros tiveram momentos diferentes neste fim de semana. Enquanto Obina mostrou estar de volta ao caminho do gol (marcando dois no 3 a 0 do Palmeiras sobre o Avaí), Kléber Pereira segue sem balançar as redes. Graças a um gol de Paulo Henrique a dois minutos do fim, o Santos venceu o Sport na Vila Belmiro e se manteve entre os 10 primeiros da classificação.



O Flamengo chegou a ficar por um dia entre os quatro melhores do torneio, ao vencer o Vitória por 2 a 1 - mas a vitória palmeirense deixou o time da Gávea em quinto lugar. No ambiente flamenguista ainda chama atenção o atrito da torcida com Juan - nem com o gol que abriu o placar no Engenhão o lateral escapou das vaias. Em dia de pouca inspiração de Adriano (que faltou ao treino na semana passada por causa de uma diarreia), o "Sheik" Emerson se sobressaiu ao fazer o gol de desempate do time flamenguista sete minutos depois do rubro-negro baiano chegar à igualdade, com um gol de Roger. Diante do preço alto que o Porto pediu pelo passe de Ibson, o jogo de sábado pode ter sido o último nesta segunda passagem pela equipe carioca. Infelizmente, sua despedida pode ficar maculada pelo pênalti desperdiçado durante a partida.



Dois times considerados "azarões" no início do campeonato terminaram a rodada entre os 10 primeiros. O Goiás aproveitou o fato do Cruzeiro poupar seus titulares para a final da Taça Libertadores da América - contra o argentino Estudiantes - e chegou ao sétimo lugar com o gol de Felipe. Com o mesmo número de pontos do representante goiano e do tradicional rubro-negro carioca prossegue o Barueri. No clássico do interior de São Paulo, o time arrancou a seis minutos do fim (graças a Val Baiano) um empate em 1 a 1 com o Santo André. Marcel havia aberto o placar para o Ramalhão no Estádio Bruno José Daniel.

A rodada do Campeonato Brasileiro encerra na quarta-feira, com o encontro de Corínthians e Fluminense no Pacaembu. Uma prova de fogo para os dois times mostrarem que não são meros atletas de fim de semana.

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O tempo e o placar... elege o que houve de melhor e de pior na nona rodada do Campeonato Brasileiro:

O CHUTAÇO

Mais dois gols em uma partida, e desta vez contra o Avaí no Ressacada. Obina chegou a cinco gols no campeonato, um gol a mais do que a dupla flamenguista Adriano e Emerson. Talvez a diretoria rubro-negra esteja arrependida do empréstimo. Enquanto isto, o atacante no Palmeiras parece que viu passarinho alviverde.

A FURADA

O Atlético Mineiro perdeu uma excelente oportunidade de se manter na liderança do Campeonato Brasileiro com o empate diante do então lanterna Botafogo. Pior do que o tropeço atleticano em pleno Mineirão é ver a equipe botafoguense se contentar em conquistar um ponto. Este que vos escreve fez uma análise da partida no texto O ponto que satisfaz, publicado no Almanaque Virtual. Abaixo, o link:

http://almanaquevirtual.uol.com.br/ler.php?id=19750&BRASILEIRAO:+ATLETICO-MG+X+BOTAFOGO+-+O+PONTO+QUE+SATISFAZ+

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BOLA PRO MATO

O Vasco teve um alento para seguir a Série B do Campeonato Brasileiro. O clube Werder Bremen acertou a prorrogação do empréstimo do meia por mais um ano. Espera-se que ele aproveite este tempo para fazer o time vascaíno voltar à Primeira Divisão.

domingo, 5 de julho de 2009

Cenas dos próximos capítulos



Após um novo empate em São Januário (0 a 0 com o Bragantino) na terça-feira, o Vasco terminou a oitava rodada do Campeonato Brasileiro da Série B em sétimo lugar - empatado com o Figueirense com 14 pontos, mas perdendo no critério de desempate por ter uma vitória a menos que o time de Santa Catarina. Agora, a equipe carioca corre o risco de sofrer uma derrota em sua escalação. O empréstimo do meia Carlos Alberto chegou ao fim, e o dono do passe, o time alemão Werder Bremen, até o momento não se manifestou em relação a prorrogá-lo até o fim do ano.

Na apresentação do time designado para levar o Vasco de volta à Primeira Divisão do futebol brasileiro, o presidente Roberto Dinamite confirmou que Carlos Alberto seria o encarregado da liderança em campo para este árduo trajeto. Conhecido por seu temperamento e pela fama de levar sucessivos cartões amarelos (só neste ano, já foram 15, além de duas expulsões), o meia mostrou-se disposto à missão, com um discurso que passava longe do perfil de indisciplinado, quando passou por clubes como Corínthians, São Paulo e Botafogo. Entretanto, o otimismo em relação ao projeto de estar em campo até dezembro parece cair por terra logo no início do mês de julho - justamente depois o Vasco passou por um junho tenebroso na Segunda Divisão, no qual não conseguiu nenhuma vitória.

O time, que se mostrou limitado com a sucessão de contusões de seus jogadores, se enfraqueceu ainda mais diante da queda de rendimento de atletas como Ramón, Nilton e Jéferson. Como o técnico Dorival Júnior conseguirá lidar com isto estando somente à beira do gramado? Sim, Carlos Alberto não é o nome ideal para um líder (pelo conjunto de sua obra), mas é visível a importância dele no atual time do Vasco, tanto pela liderança conquistada quanto pela melhora no toque de bola. Ainda mais num meio-de-campo que traz, dentre os jogadores, o brucutu Amaral e um sonolento Léo Lima.

A torcida vascaína espera que a novela envolvendo Carlos Alberto não tenha muitos capítulos. Caso contrário, um caminho que poderia ser tranquilo pelas rodadas da Série B pode ganhar tons mais dramáticos pela falta de talento de muitos dos jogadores que estão atualmente com a camisa do Vasco.

sábado, 4 de julho de 2009

Sem pilhas



Não bastasse estar em último lugar na classificação do Campeonato Brasileiro, o Botafogo pena com um dos problemas crônicos de uma equipe num campeonato de pontos corridos. A sucessão de contusões de jogadores considerados titulares e a ausência de reservas que passem credibilidade ao técnico Ney Franco e à torcida botafoguense.

Não será desta vez que a dupla de ataque titular se reencontrará em campo. Às vésperas de uma partida difícil - o Atlético Mineiro, líder do campeonato, no estádio Mineirão - o atacante Victor Simões sofreu uma contusão no treino, depois de uma disputa com Wellington Júnior. Na tentativa de conduzir o Botafogo de volta às vitórias, a Estrela Solitária será mesmo Reinaldo (que volta após contusão que sofreu no primeiro jogo da final do Estadual, contra o Flamengo).

Victor Simões se junta ao goleiro Renan e ao meia Léo Silva no departamento médico do alvinegro carioca. Em seus lugares, entrarão o fraco atacante Jean Coral, o goleiro Castillo (que, assim como Reinaldo, volta de uma contusão gravíssima) e o meia Thiaguinho, que há tempos não rende o esperado com a camisa botafoguense. O treinador também tirou Laio para escalar Renato.

Quatro alterações em relação à equipe mais recente, mas nenhuma mudança que seja animadora aos olhos do torcedor, que se apega às contratações dos atacantes André Lima (do São Paulo) e Otacílio Neto (do Corínthians) para acreditar em dias melhores no Campeonato Brasileiro. Quem sabe estes nomes tragam alguma pilha para o Botafogo ter força suficiente. E, em vez de apenas segurar a lanterna do campeonato, poder usá-la para achar uma luz no fim do túnel.

sexta-feira, 3 de julho de 2009

A trajetória se repete



O Grêmio repetiu a trajetória de seu rival gaúcho Internacional, na semifinal da Taça Libertadores da América, e acabou eliminado da competição. Só que o tricolor não soube aproveitar o diferencial em relação ao colorado na final da Copa do Brasil: com a derrota por 3 a 1 no Mineirão, a vitória por 2 a 0 era suficiente para o time ser o brasileiro na final do torneio sul-americano.

A sucessão de gols perdidos no primeiro tempo (uma tônica gremista em toda a Libertadores) foi castigada em dois minutos. Aos 34 e aos 36, o atacante Wellington Paulista abriu 2 a 0 para a Celeste Mineira. Os gaúchos voltariam para o segundo tempo precisando fazer pelo menos cinco gols - fato que seus conterrâneos alvirrubros não conseguiram no dia anterior.

O nervosismo acabou se tornando um adversário para a equipe de Paulo Autuori, mas um gol do zagueiro Réver aproveitando cobrança de escanteio de Souza aos nove minutos deu um novo gás ao Grêmio. Só que o frio do Rio Grande do Sul tornou a gelar a noite gremista cinco minutos depois, quando Adílson deu uma entrada criminosa no meia cruzeirense Wágner. Em mais uma inversão de valores da torcida tricolor (que na semana passada coroara o atacante argentino Máxi López por chamar o volante do Cruzeiro, Elicarlos, de "Macaquito"), o volante saiu aplaudido pela torcida, que confundiu pancadaria com raça.

Tendo a tranquilidade do adversário, seus próprios nervos e o relógio como adversários, o Grêmio passou a tentar uma despedida digna nas semifinais da Taça Libertadores. E ela veio aos 29 minutos, com um belo gol de Souza que empatou a partida. 2 a 2, como foi o final da Copa do Brasil para o vice-campeão Internacional.

Em uma nova chance de ser campeão da Taça Libertadores da América, desta vez é o Cruzeiro que buscará repetir a trajetória do colorado gaúcho. Não o Inter que disputou a competição nacional de 2009. O exemplo a ser seguido pela Celeste é o time do fim do ano passado, que enfrentou o argentino Estudiantes (adversário cruzeirense na decisão da competição sul-americana) e trouxe mais uma vitória brasileira sobre um rival argentino. Teremos mais um grande confronto entre Brasil e Argentina nos gramados.

quinta-feira, 2 de julho de 2009

Redenção em branco e preto



Nem Nilmar, nem Ronaldo. O nome da finalíssima entre Internacional e Corínthians, no Beira-Rio, veio pela esquerda do alvinegro paulista. Três dias depois de sua última fraca atuação com a camisa da Seleção Brasileira na Copa das Confederações, o lateral André Santos se consagrou diante da torcida corintiana, ao fazer parte dos dois gols do Timão na noite. No primeiro, ao cruzar na cabeça de Jorge Henrique para o atacante abrir o placar. No segundo, aproveitando passe de Ronaldo para entrar na área e chutar nas redes do goleiro Lauro. Nem mesmo os dois gols de Alecsandro na segunda etapa seriam suficientes para tirar da equipe de São Paulo o seu terceiro título da Copa do Brasil (os outros foram em 1995 e em 2002).

Contratado ao Figueirense em 2008 (após passagens por clubes como Flamengo e Atlético Mineiro), André Santos já havia se destacado na Copa do Brasil daquele ano - quando o Corínthians foi derrotado pelo Sport na final - e ajudou a equipe a vencer a Série B do Campeonato Brasileiro. E ele foi um dos que mais ganhou com o grande trabalho proporcionado por Mano Menezes desde o ano passado. Na conquista do Campeonato Paulista de 2009, André ganhou o prêmio de lateral-esquerdo da competição e chamou a atenção de Dunga, que o escolheu para ser reserva de Kléber - curiosamente, seu adversário ontem, com a camisa do Internacional.

Sua boa atuação no Beira-Rio foi crucial para a história da Copa do Brasil deste ano. O cruzamento para Jorge Henrique veio no momento em que o Inter parecia mais próximo do gol. E, com a desvantagem no placar, os gaúchos precisariam fazer no mínimo quatro gols para tirar o título do Corínthians. Quando a torcida e a equipe coloradas estavam recuperando suas forças para voltar à busca, o pé esquerdo de André Santos acertou novamente. Desta vez, o gol. Chutaço que começou a fazer os corintianos arriscarem um "é campeão" ainda no primeiro tempo.

Na segunda etapa, Tite ousou em seu esquema, trocando o volante Glaydson pelo atacante Alecsandro. O reserva manteve a dignidade do Internacional e mostrou a característica que a equipe vem demonstrando neste ano: a de ter ótimas peças de reposição. Ele fez os dois gols que empataram a partida. Insuficientes para o título, mas que pelo menos mantiveram a imagem de time competitivo que o colorado tem.

Um 2 a 2 bem disputado, com chances perdidas dos dois lados e catimbas dignas de uma decisão entre paulistas e gaúchos. E em meio a tantos ingredientes, foi preciso que o reforço chegasse da África do Sul a tempo de voltar a vestir a camisa corintiana no jogo final do torneio. E, pelo visto, se a amarelinha da Seleção Brasileira ainda não foi o uniforme adequado na Copa das Confederações, a redenção veio em branco e preto para André Santos no último jogo da Copa do Brasil.

quarta-feira, 1 de julho de 2009

Reescrevendo uma história?



Com o fim da Copa das Confederações, a torcida madrilenha começou a vislumbrar um bom futuro para sua próxima temporada. O atual camisa 10 da Seleção Brasileira, Kaká, se apresentou no Santiago Bernabeu para que mais de 50 mil torcedores do Real Madrid festejassem sua contratação. O passe do jogador foi comprado junto ao Milan pela bagatela de 65 milhões de euros, em mais um investimento altíssimo do presidente Florentino Pérez (que retornou ao cargo recentemente).

Em seu retorno à presidência, Florentino quer se redimir do fiasco que foram "Os Galácticos" do Real Madrid no início do milênio. Entre 2001 e 2007, a equipe espanhola teve em seu elenco três jogadores considerados os melhores do mundo: o francês Zidane, o inglês David Beckham e o brasileiro Ronaldo. Mas a desorganização na dirigência madrilenha e os problemas causados por formar uma equipe somente de estrelas comprometeram as atuações do Real, que colecionou decepções para sua torcida.

Mesmo assim, Florentino voltou a usar a mesma estratégia de emocionar os torcedores do Real Madrid com a contratação de estrelas para a temporada 2009/2010 - e sem pudor de abrir seus cofres. A negociação de Kaká era a segunda maior da história do futebol mundial (somente a chegada de Zidane ao próprio Real, em 2001, tinha superado, com 68 milhões de euros), mas em seguida o presidente desembolsou 94 milhões de euros para tirar do inglês Manchester United o português Cristiano Ronaldo.

Ao menos desta vez Florentino Pérez acertou na escolha do jogador brasileiro para fazer parte dos "Galácticos". Além de apresentar um belo futebol, Kaká se destaca por uma conduta esportiva de muito trabalho em campo e é um jogador que não se deixou deslumbrar com seus milionários contratos. Ele chega ao Real Madrid com uma alta incumbência: a de reescrever uma história para a torcida madrilenha. Só que, certamente, a camisa 8 desta galáxia está em ótimos pés.