sábado, 28 de fevereiro de 2009

Gre-Nal, a centenária tradição no futebol gaúcho



Conhecido por seu futebol competitivo, raçudo e muitas vezes violento, o futebol gaúcho sempre teve o seu destaque no cenário do futebol. No entanto, com uma ou outra exceção, o Rio Grande do Sul somente consegue ter destaque nacional com dois times de sua capital.

GRÊMIO e INTERNACIONAL são os únicos times do Sul a ter grande destaque no futebol brasileiro. Salvo o título de Copa do Brasil do Juventude em 1999, o território nacional praticamente associa este estado à bipolaridade em títulos da dupla Gre-Nal.

A tradição começou na década de 1970: o Inter se tornou o maior campeão brasileiro da década, vencendo os títulos de 1975, 1976 e 1979 (este, quando foi o único time do país a ganhar o certame nacional sem perder nenhum jogo), num time com jogadores como Falcão e Elias Figueroa. Na década seguinte, o Grêmio conseguiu seu primeiro título brasileiro, em 1981. No ano de 1983, a equipe venceu a Taça Libertadores da América e o (na época erroneamente chamado, pois o torneio trazia somente um confronto entre o melhor da América do Sul e o melhor time da Europa) Mundial Interclubes, com uma equipe na qual se destacavam o zagueiro Ponce de León e o atacante Renato Gaúcho.

O Grêmio foi o primeiro time a dar mais atenção à inicialmente desacreditada Copa do Brasil, da qual é uma das grandes campeãs (venceu os torneios de 1989, 1994, 1997 e 2001). Seu sucesso nesta competição de "mata-mata" (a imprensa esportiva usa esta denominação ao falar de torneios nos quais os vencedores são definidos fase a fase em dois jogos decisivos por vez) deu ao Grêmio a designação de "time copeiro". Esta expressão ganhou ainda mais força em 1995, quando o time ganhou pela segunda vez a Taça Libertadores da América - a equipe foi vice-campeã "mundial" naquele. Além do sucesso na Copa do Brasil, os tricolores gaúchos também venceram o Campeonato Brasileiro de 1996. Enquanto isto, o Inter se destacaria somente na Copa do Brasil de 1992, da qual foi campeão com um gol gerado de um pênalti discutível contra o Fluminense.

A primeira década do milênio seria a redenção do Internacional depois de duas décadas, e desta vez o "troco" veio no cenário internacional. Em 2006, o time venceu a Taça Libertadores da América e ganhou seu primeiro Mundial de Clubes com uma vitória por 1 a 0 sobre o Barcelona de Ronaldinho Gaúcho. No ano seguinte, os colorados foram campeões da Recopa Sul-Americana (torneio disputado em dois jogos entre o campeão da Libertadores e o campeão da Copa Sul-Americana - no caso, o mexicano Pachuca). Com o título da Copa Sul-Americana conquistado no ano passado contra o argentina Estudiantes, o colorado gaúcho conseguiu uma grande proeza: até o momento, é a única equipe brasileira que foi campeã de todos os títulos oficiais que um clube da América do Sul pode ter.

A saborosa rivalidade do Gre-Nal completará este ano um século. Em 18 de julho de 1909, no Estádio da Baixada (na época propriedade gremista), o tricolor gaúcho goleou o Inter por 10 a 0. Desde então, vieram 374 partidas, com vantagem colorada no confronto: são 139 vitórias do Internacional contra 118 do Grêmio e 117 empates. As partidas foram válidas não só pelo Campeonato Gaúcho - competições nacionais como o Brasileiro e a Copa do Brasil, a interestadual Sul-Minas e até a Copa Sul-Americana foram disputadas com as maiores equipes gaúchas em campo.

A tradição do Gre-Nal é tanta que invariavelmente um dos dois está na final do Gauchão. No ano em que se completa 100 anos do confronto, o primeiro turno do Estadual gaúcho não foge à regra da tradicional disputa entre Grêmio e Internacional. Os colorados levam ligeira vantagem de títulos em relação aos gremistas no Estadual - são 38 contra 35 - o que torna a disputa ainda mais acirrada também entre as torcidas.

Em partida realizada na quinta-feira passada, o Internacional superou o Novo Hamburgo com uma vitória por 2 a 0. Na sexta, mesmo utilizando uma equipe recheada de reservas (dois dias antes, os titulares jogaram na estreia da Taça Libertadores), o Grêmio venceu o Veranópolis por 1 a 0, proporcionando mais um confronto no ano do centenário do duelo Gre-Nal - o primeiro foi em 8 de fevereiro, vitória colorada por 2 a 1 em jogo realizado na cidade de Erechim.

Mais do que a tradição centenária do embate entre Grêmio e Internacional, os "Gre-Nais" mostram a supremacia dos dois times em território do Rio Grande do Sul. Resta aos jogadores que defendem estas respectivas equipes atuarem a cada jogo com mais garra, como forma de suprir a ausência de outros clubes expressivos no estado.

sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

Libertadores, o Brasil em busca de fazer a América



Objeto de cobiça de todo clube sul-americano, a Taça Libertadores da América chega à sua edição de número 50, mantendo o mesmo charme que cerca a seleta competição há tanto tempo. São as melhores equipes de toda a América do Sul (e três equipes mexicanas) duelando jogo a jogo para ver quem é o melhor time do continente.

Desde que começou a ter cinco vagas por edição, o Brasil destina o direito de disputar a Libertadores aos quatro primeiros colocados do Campeonato Brasileiro e ao campeão da Copa do Brasil do ano anterior. Entretanto, o quarto colocado do Brasileirão passa por uma fase denominada "Pré-Libertadores", na qual disputa a vaga na fase inicial do torneio em dois jogos com equipe de outro país. Para o PALMEIRAS, a competição começou mais cedo. No dia 28 de janeiro, o alviverde paulista teve uma estreia incontestável - 5 a 1 sobre o boliviano Real Potosí, em São Paulo. No segundo jogo, em 5 de fevereiro, nova vitória palmeirense em terras bolivianas: 2 a 0.

Com isto, a equipe foi credenciada para fazer parte do Grupo 1 da competição, e logo em seu primeiro jogo teve o maior adversário deste 2009. Coube ao Palmeiras estrear na fase classificatória da Libertadores contra o campeão da edição de 2008 - o equatoriano LDU, que na final derrubara o Fluminense, com uma vitória por 4 a 2 em Quito e mesmo depois de uma derrota por 3 a 1 no tempo normal, conseguiu a vitória nos pênaltis e o título da taça, pelo placar de 3 a 1. Vindo de uma série invicta de jogos no Campeonato Paulista, os palmeirenses decepcionaram sua torcida ao estrearem na "fase de grupos" com uma derrota por 3 a 2. O primeiro passo da tentativa de repetir o feito de dez anos antes (em 1999, o Palmeiras foi campeão da Taça Libertadores) não foi dos melhores.

No mesmo grupo do Palmeiras está outro brasileiro. Credenciado com a vaga depois do título da Copa do Brasil, o SPORT RECIFE voltou à competição 21 anos depois de sua única participação no torneio. Em 1988, o time pernambucano conseguiu sua vaga em meio ao imbróglio envolvendo o Clube dos 13 e a CBF. No ano de 1987, o Clube dos 13 realizou a Copa União independentemente da Confederação Brasileira de Futebol. Mas a entidade desportiva definiu que, após o final da competição, Flamengo e Internacional, respectivos campeão e o vice do Módulo Verde (equivalente à primeira divisão) deveriam disputar um quadrangular com Sport e Guarani, o campeão e o vice do Módulo Amarelo (segunda divisão da Copa União). Flamengo e Internacional se recusaram a fazer o quadrangular e, com isto, a CBF levou os dois melhores do Módulo Amarelo para a Libertadores de 1988.

Em seu primeiro jogo do torneio de 2009, o clube de Recife conseguiu um ótimo resultado: vitória por 2 a 1 sobre o chileno Colo-Colo, no Chile. É uma boa estreia para a equipe que pretende se igualar às "companheiras de jornada" nesta Libertadores. Dos cinco times brasileiros que estão no torneio este ano, somente ele nunca foi o melhor da América.

Maior campeão brasileiro (com o título do ano anterior, conseguiu chegar ao posto de hexacampeão do certame, sendo que seus últimos três foram consecutivos) e equipe brasileira com mais títulos sul-americanos (1992, 1993 e 2005), o SÃO PAULO volta à Libertadores como um dos grandes favoritos ao título. No entanto, sua estreia no Grupo 4 não foi das mais animadoras: um modesto empate em 1 a 1 com o colombiano Independiente de Medellín, no Morumbi.

Campeão em 1976 e 1997, o CRUZEIRO voltou à Libertadores por ter sido o terceiro colocado no Brasileirão de 2008. O time teve bom desempenho nas duas primeiras rodadas do Grupo 5. Na sua primeira partida, a equipe mineira venceu facilmente o argentino Estudiantes, no Mineirão, pelo placar de 3 a 0. No segundo jogo, o empate em 1 a 1 com o boliviano Universitario de Sucre acabou sendo um bom resultado, diante da violência que seus jogadores sofreram durante toda a partida.

Vice-campeão brasileiro no ano passado, o GRÊMIO tenta repetir os sucessos de 1983 e 1995 iniciando sua trajetória no Grupo 7. Assim como o campeão brasileiro São Paulo, sua estreia foi decepcionante. Além do empate sem gols contra o Universidad de Chile, o Olímpico assistiu a um festival de gols perdidos do time gaúcho - foram 13 oportunidades, ora neutralizadas por defesas do goleiro, ora por zagueiros tirarem a bola em cima da linha, ora pela trave.

São jogos curiosos como este que dão ainda mais charme à Taça Libertadores da América - marcada por partidas acirradíssimas, cercadas de catimba e de histórias - e fazem com que ela seja tão atrativa para os loucos por futebol quanto para os clubes (os prêmios são milionários e o título dá ao campeão o direito de disputar o Mundial Interclubes no final do ano). Um dado curioso: se o torneio acaba com uma equipe mexicana vencedora, o vice-campeão é automaticamente designado para representar a América no Mundial. O México é somente convidado do torneio sul-americano.

São Paulo, Grêmio, Cruzeiro, Palmeiras e Sport Recife são as armas brasileiras nesta batalha pela América do Sul. Os melhores do Brasil no ano passado são os times que em 2009 tentarão fazer a América e, quem sabe, levar o país ao topo do mundo.

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

Botafogo vence e fará final alvinegra contra o Resende no Maracanã




Um gol de Fahel (na foto, comemorando seu gol) aos 42 minutos da primeira etapa decretou mais alguns dias de carnaval para a torcida do Botafogo. Graças à cabeçada do volante alvinegro depois de escanteio cobrado por Maicosuel, a equipe saiu de campo com a vitória por 1 a 0 sobre o Fluminense no Maracanã, e volta a campo no domingo para disputar com o Resende o título da Taça Guanabara.

Após uma partida muito disputada, o Botafogo, que começou o campeonato desacreditado por trazer uma equipe completamente diferente da que defendeu o alvinegro no ano anterior, saiu de campo vitorioso, e acreditando que pode chegar à sua quarta final consecutiva no Estadual - foi campeão em 2006 e vice nos últimos dois anos. Para os 39.622 presentes no Maracanã em plena quarta-feira de Cinzas, as emoções surgiram desde o primeiro minuto de partida.

Foi neste instante que o Fluminense desperdiçou grande chance de abrir o placar, em chute de Thiago Neves que Emerson cortou para escanteio. Aos três, a resposta botafoguense: Léo Silva lançou Maicosuel, que caiu na área pedindo pênalti.

Aos poucos, o Fluminense passou a ter maior posse bola, aproveitando os constantes erros do time alvinegro. No entanto, as melhores chances vieram do lado do Botafogo, em chutes de Maicosuel, aos sete, e de Reinaldo, aos nove, que obrigaram o goleiro Fernando Henrique a fazer duas grandes defesas.

O Botafogo passou a equilibrar as ações, e a partida ficou muito centralizada no meio-de-campo. O jogo novamente teria um momento de perigo somente aos 27 minutos. Enquanto a equipe de General Severiano pedia falta de Edcarlos em Fahel, Conca lançou Everton Santos na intermediária, o que obrigou o goleiro Renan a sair da área e, de cabeça, mandar a bola para escanteio. Do meia argentino também surgiram outras duas chances de marcar para o tricolor - a primeira, em chute de fora da área que passou rente à trave, e a segunda ao aproveitar lançamento de Everton Santos, em cabeçada que foi por cima do gol de Renan.

Aos 41 minutos, o lateral Mariano falhou e Reinaldo entrou livre na área do Fluminense. Novamente a bola parou nas mãos de Fernando Henrique. No minuto seguinte, a insistência botafoguense foi premiada. Depois de cobrança de escanteio de Maicosuel, o volante Fahel subiu sozinho e desviou, de cabeça, para o fundo das redes: 1 a 0 Botafogo.

Na volta dos times para o segundo tempo, o Fluminense retornou mais ofensivo e teve duas chances claras perdidas por Leandro Amaral. Aos oito, o camisa 7 aproveitou cruzamento do lateral Leandro, mas ao cabecear a bola foi travada pela zaga. Dois minutos depois, o atacante tricolor entrou sozinho na grande área e chutou rasteiro. Renan defendeu e, no rebote, Leandro Amaral tentou encobrir o goleiro, mas chutou à esquerda do gol.

Tentando tornar a equipe mais ofensiva, o técnico René Simões sacou o volante Diguinho para a entrada do atacante Tartá. Diguinho saiu sob vaias da torcida botafoguense - no final do ano passado, ele saiu da equipe alvinegra e disse que "no Fluminense teria mais oportunidade de ganhar um título". Ney Franco fez sua primeira troca logo em seguida: saiu Léo Silva e entrou Batista.

O tricolor continuou sua pressão e aos 21, Everton Santos chutou por cima o que seria a igualdade no placar. Cinco minutos depois, novas substituições em ambos os lados. No Fluminense, Leandro Bomfim entrou no lugar de Conca. No Botafogo, Maicosuel, com cãimbras, deu lugar a Lucas Silva. Aos 27, por pouco o zagueiro Juninho entrega o empate ao Fluminense, quando quase cortou para dentro do gol chute de jogador tricolor.

Quatro minutos depois, Leandro Amaral entrou livre na grande área, mas seu passe foi cortado pela zaga alvinegra. Aos 32, também com cãimbras, Leandro Guerreiro saiu para a entrada de Túlio Souza no Botafogo.

Nos 10 minutos finais, o Fluminense continuou pressionando, buscando principalmente jogadas pelas laterais. Como a entrada de Tartá não havia surtido efeito até o momento, René Simões colocou em campo mais um atacante: no lugar de Leandro Amaral (que completou seu sexto jogo sem balançar as redes - e ainda não marcou com a camisa do Fluminense em 2009), a aposta do treinador foi em Roger.

Aos 39, em rebote de cobrança de falta pífia de Thiago Neves, o cruzamento de Leandro obrigou Renan a sair do gol para tirar a bola da área. O Botafogo se defendia cada vez mais, fazendo muitas faltas na intermediária (mal aproveitadas pelo tricolor) ou tentando ao máximo prender a bola.

Em um dos momentos no qual prendia a bola, o Botafogo errou e proporcionou contra-ataque tricolor. Everton Santos chutou, mas a bola desviou em Fahel e foi para a linha de fundo aos 43. Aos 45, Renan quase assustou a torcida botafoguense, ao soltar a bola de uma cobrança de falta - mas logo ele se recompôs e segurou-a. No minuto seguinte, Thiago Neves fez excelente jogada pela direita, mas ao lançar para Tartá, a bola saiu muito forte.

No desespero, o goleiro Fernando Henrique foi para a área botafoguense tentar o empate. Na sobra de um escanteio, ele teve chance de chutar, mas a bola resvalou na zaga e, por pouco, o Botafogo não conseguiu um contra-ataque que poderia gerar o segundo gol do time.

Mas toda a pressão tricolor de nada adiantou. Numa semifinal "perdida no detalhe", segundo Luiz Alberto, o zagueiro e capitão do Fluminense, a quarta-feira teve final cinza para o tricolor das Laranjeiras. A final, agora, será em preto e branco na Taça Guanabara de 2009.

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FLUMINENSE 0x1 BOTAFOGO

Gol: Fahel, aos 42 minutos do primeiro tempo.

FLUMINENSE - Fernando Henrique; Mariano, Luiz Alberto, Edcarlos e Leandro; Fabinho, Diguinho (Tartá), Thiago Neves e Conca (Leandro Bomfim); Everton Santos e Leandro Amaral (Roger). Técnico: René Simões.

BOTAFOGO - Renan; Emerson, Juninho e Wellington; Alessandro, Leandro Guerreiro (Túlio Souza), Fahel, Leo Silva (Batista), Maicosuel (Lucas Silva) e Thiaguinho; Reinaldo. Técnico: Ney Franco.

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Amigos, com o texto de hoje, este que vos escreve faz a primeira cobertura pós-jogo do blogue O tempo e o placar.... Gostaria da opinião sincera de vocês, para saber o que vocês acharam desta reportagem. Desde já, obrigado a todos.

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

Quero ser grande



O carnaval agora é cinza, mas a folia do Campeonato Estadual de 2009 certamente será lembrada em muitos outros carnavais de uma cidade do interior do estado. Beneficiado pelo imbróglio judicial que tirou seis pontos do Vasco na fase classificatória da Taça Guanabara, o Resende fez história ao vencer o Flamengo - franco favorito do Cariocão e até aquele momento o único time invicto na competição - por 3 a 1 diante de 27 mil torcedores no Maracanã.

No abre-alas da semifinal carioca, o festejado time rubro-negro capitaneado por Cuca foi deixado de lado, e todos os confetes e serpentinas se direcionaram ao modesto time de fora da capital. A súbita ascensão do Resende (que no dia primeiro de março tem chance de novamente surpreender, quando enfrentará na final da Taça Guanabara o vencedor da outra semifinal, Botafogo e Fluminense) aponta um panorama curioso que vem acontecendo no futebol carioca.

Desde 2003, quando o Estadual passou a ter o formato de nos dois turnos os finalistas serem conhecidos em confrontos diretos nas semifinais (primeiro de um grupo contra o segundo do outro), as equipes consideradas "pequenas" ganham destaque, tomando o lugar de algum dos quatro grande clubes do Rio - à exceção do ano passado, um campeonato atípico, no qual em todos os jogos os "pequenos" tiveram de jogar na casa dos "grandes". Americano, Cabofriense, Friburguense, Volta Redonda e Madureira figuraram entre os primeiros lugares dos recentes estaduais, e os dois últimos citados chegaram à final do torneio, sendo derrotadas no fim, respectivamente, por Fluminense e Botafogo.

O crescimento dos "clubes pequenos" (que também aconteceu em função da queda de qualidade dos gigantes do Rio de Janeiro) teve outras consequências no futebol carioca. Se, por um lado, os destaques nos nanicos muitas vezes ganham oportunidade de vestir uniformes mais tradicionais, do outro jogadores que não têm vez nos grandes se revelam excelentes jogadores de time pequeno.

Por não ter dinheiro suficiente para investir em jogadores mais conhecidos, o Vasco nos últimos anos foi o time que destinou seu foco de contratações nos atletas que apareciam no Campeonato Estadual. No ano passado, inclusive, o clube cedeu vários de seus jogadores ao Duque de Caxias (com a ressalva esdrúxula de que eles não poderiam atuar contra o time de São Januário). Da equipe da Baixada, subiu de produção o meia Madson, que foi novamente incorporado à equipe e lutou bastante em campo, mas não evitou a queda da equipe vascaína para a Série B do Brasileirão de 2009. Atualmente, o meia defende o Santos.

No entanto, Madson é uma exceção neste caso de jogadores que têm oportunidade de jogar em equipes de maior expressão no Rio - eles só têm bom rendimento quando defendem as cores de equipes pequenas. Um exemplo disso é o atacante Muriqui.

Em 2005, Muriqui despontou como uma promessa de gols no ataque do Vasco. Entretanto, contusões e um suposto problema de alcoolismo o afastaram do sucesso no clube. O atacante voltaria a ter destaque no Estadual do ano passado, quando seus gols chamaram atenção nas partidas do Madureira - dois deles na vitória do time sobre o próprio Vasco, por 2 a 1, em São Januário.

Após boas atuações no Estadual de Pernambuco, o atacante Valdir Papel chegou ao Vasco em abril de 2006. Sua presença não fazia grande diferença até um lance pelo qual ele será eternamente lembrado de maneira negativa pelos vascaínos. No segundo jogo da final da Copa do Brasil daquele ano, o Vasco precisava derrotar o Flamengo por três ou mais gols de diferença para ganhar o campeonato (o time da Gávea vencera o primeiro jogo por 2 a 0). Com 17 minutos de jogo, Papel deu um carrinho violento no lateral Leonardo Moura, e sua atitude infantil custou um cartão vermelho e a posterior dispensa no clube - e, para a equipe cruzmaltina, a derrota para o Flamengo por 1 a 0. Dois anos depois, o jogador teria visibilidade no Madureira.

Na contramão dos casos de Muriqui e Valdir Papel, o Estadual de 2008 mostrou o fugaz destaque do atacante Alexsandro. Atuando pelo Resende, Alexsandro marcou um dos gols do time que chegou a abrir 2 a 0 sobre o Flamengo no Maracanã - o time interiorano não resistiria à pressão e terminaria o jogo com uma derrota por 4 a 2. No intervalo, o atacante declarou que seu gol (de pênalti) era a "vingança" de um torcedor botafoguense que não gostou da provocação flamenguista na final da Taça Guanabara - os rubro-negros criaram a comemoração do "chororô", porque os jogadores alvinegros reclamaram da arbitragem naquela partida. Meses depois, Alexsandro foi contratado por seu time de coração, mas após alguns jogos, caiu no esquecimento.

Atualmente, o interior é a saída para muitos jogadores que estão prestes a pendurar as chuteiras mas ainda acham que podem render em campo. Somente neste Estadual, pode-se acompanhar as atuações do zagueiro Júnior Baiano (pelo Volta Redonda) e dos atacantes Sorato (no Tigres do Brasil) e Viola (atualmente no Resende).

A ida de um "pequeno" que vai para um "grande" não fica restrita às quatro linhas. O banco de reservas também faz parte deste rodízio carioca. Técnico responsável por levar o Volta Redonda ao vice-campeonato em 2005, Dario Lourenço foi contratado com status de grande treinador pelo Vasco. Depois de 12 rodadas no Brasileiro e vendo o time amargar a presença na zona de rebaixamento, Lourenço foi demitido do clube.

Alfredo Sampaio tentou o mesmo caminho. Após boas passagens no comando de Cabofriense e Madureira, o técnico chegou ao Vasco no ano passado para ser auxiliar de Romário (em sua primeira empreitada no banco de reservas). Com o desentendimento entre o Baixinho e o presidente Eurico Miranda, Alfredo passou a responder como treinador do clube. Mas a derrota para o Volta Redonda por 2 a 1 em São Januário, aliada a desavenças com Edmundo, causaram sua demissão.

Nesta Taça Guanabara de 2009, brilhou a estrela de mais um jogador que está num clube pequeno mas "quer ser grande". O atacante Bruno Meneghel (foto) é, até o momento, o artilheiro do Estadual, mas já entrou para a história do clube por outro motivo: ele ajudou a construir a vitória do Resende sobre o Flamengo.

Após o jogo, Meneghel acusou a antiga diretoria do Vasco de desprezar seu futebol. Segundo o atacante, Romário confiava em seu potencial e dizia que ele era bom jogador. Mas no dia seguinte à saída do ex-camisa 11, Bruno nunca mais teve oportunidade nem de ficar na reserva. Na primeira chance, deixou o clube.

Bem, apesar de ter feito muitos gols na primeira parte do campeonato, Bruno Meneghel também vem aparecendo pelo grande número de chances desperdiçadas em campo. Somente na partida do sábado de carnaval, foram dois gols perdidos.

Hoje o Rio de Janeiro conhecerá o clube credenciado a disputar com o Resende a final da Taça Guanabara. No próximo domingo, o futebol escreverá mais uma página desta saga que vem acontecendo com frequência no campeonato carioca. Mesmo tendo sido escrita através das linhas tortas do "tapetão", a trajetória atual do Resende ajuda a sobreviver a graça das histórias do futebol - que tem um vasto espaço para os "fracos" que derrubaram os mais fortes em tradição.

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

Futebol pandeiro










Já faz muitos fevereiros que o Brasil é conhecido como a terra do carnaval e do futebol. Estas duas celebrações do povo, inclusive, trazem muitas coisas em comum. Tanto a folia de Momo quanto o esporte bretão têm um lugar definido para serem realizados (o carnaval, no sambódromo e o futebol, nos estádios), mas os sentimentos envolvendo as escolas de samba e os times de futebol se estendem às arquibancadas e chegam às ruas, aos bairros, à cidade e ao país. E, atualmente, as vibrações em torno dos resultados acontecem com transmissão do rádio e da TV.

A diferença vem somente no momento da decisão. O resultado do futebol vai sendo desenhado meses a fio, em partidas que acontecem em campeonatos que se arrastam durante muito tempo para, ao final, premiar ou não o trabalho realizado pelo clube que mais triunfou em campo. Já a "temporada" carnavalesca deve ser toda desenhada para correr de maneira perfeita durante um dia - ou melhor, em cerca de uma hora (geralmente este é o tempo de passagem de uma escola na avenida) - e seu resultado é conhecido dias depois do desfile, de acordo com as notas de uma comissão de especialistas.

À medida que o futebol foi se tornando um esporte popular, a cada carnaval vinham novas músicas que começavam na voz da multidão presente na folia e depois ganhavam coro nas arquibancadas. É o caso da marchinha Mulata Bossa Nova ("Mulata Bossa Nova, caiu no Hully-Gully, e só dá ela..."), que ecoou em várias torcidas cariocas, como, por exemplo, na torcida Força Jovem, do Vasco da Gama, que canta: "a Força Jovem canta, galera se levanta, e só dá Vasco...". A marchinha Rema, remador, do verso "Se a canoa não virar, olê, olê, olá, eu chego lá..." também passou a ser cantada nos estádios, mas com uma paródia recorrendo a palavrões e a provocações agressivas do time que a entoa para seus respectivos rivais.

Outro grande exemplo de marchinha cantada em estádio veio na Copa do Mundo de 1950. No jogo entre a Seleção Brasileira e a Espanha, o Brasil derrotava os espanhóis pelo placar de 6 a 1 quando o estádio do Maracanã em peso cantou a música Touradas em Madrid. O único que não conseguiu cantá-la foi seu autor, Braguinha, que, emocionado por ouvir sua canção na voz de 200 mil pessoas, não se conteve e começou a chorar. Reza a lenda que torcedores brasileiros que estavam próximos a ele acharam que se tratava um espanhol chorando pela goleada que a Espanha sofreu.

Com o sucesso do desfile das escolas de samba no carnaval do Rio de Janeiro, algumas agremiações decidiram levar para a Marquês de Sapucaí um pouco da paixão dos gramados. O primeiro veio em 1995, quando a escola Estácio de Sá celebrou os 100 anos de fundação do Clube de Regatas Flamengo. Abaixo, a letra do samba-enredo Uma vez Flamengo...:

Cobra coral
Papagaio vintém
Vesti rubro-negro
Não tem pra ninguém

O céu rasgou
Na noite que reluzia
Um show de estrelas
Brilhou nos olhos
De um novo dia

A poesia
Enfeitada de luar
Encantou o Estácio, oh, paixão
Paixão que arde sem parar

É mengo, tengo
No meu quengo é só Flamengo
Uh! Tererê
Sou Flamengo até morrer

Seis jovens remadores
Fundam o grupo de regatas
Campeão, o seu destino, ô
É ganhar em terra e mar

Fazendo sol
Pode queimar, pode chover
Vou ver Fla-Flu
Fla-Vas vou ver

Diamante negro, Fio Maravilha
Domingos da Guia, Zizinho, Pavão
Gazela negra
Corre o tempo no olhar

Será que você lembra
Como eu lembro o mundial
Que o Zico foi buscar

Só amor
Na alegria e na dor,ô, ô
Parabéns dessa galera
Cem anos de primavera


Três anos depois, foi a vez do Clube de Regatas Vasco da Gama receber uma homenagem do samba pelos 100 anos de fundação. De Gama a Vasco, a epopeia da Tijuca levou a história da caravela cruzmaltina ao som da reverência criada pela Unidos da Tijuca:

Vamos vibrar meu povão,é gol, é gol
A rede vai balançar, vai balançar
Sou Vasco da Gama, meu bem
Campeão de terra e mar

Através da mão divina, amor
Naveguei, naveguei
O meu sonho de menino
Quis assim o meu destino
Portugal e toda a Europa encantei

Naveguei
E novos povos encontrei
Por tempestades e lendas eu passei
Para um almirante a coragem é a lei

Por tantos mares viajei
Na Índia, eu então cheguei
Veio o progresso nessa aventura
Descobertas e culturas

É nessa onda que eu vou
O povo vai recordar
Vem com a Unidos da Tijuca festejar

É nessa onda que eu vou
O povo vai recordar
Vem com a Unidos da Tijuca festejar...

Rio de Janeiro, brasileiro, meu irmão
Sou Vasco da Gama, tantas vezes campeão
Quando entra no gramado me alucina
Esse clube da colina, centenário de paixão
Estrela no céu a brilhar
Que faz essa galera delirar


O desfile das escolas de samba de São Paulo trouxe exemplos mais curiosos da ligação entre o futebol e o carnaval. Duas grandes torcidas organizadas resolveram festejar também na folia do carnaval paulista, levando a rivalidade também para o sambódromo paulistano.

De um lado, a Gaviões da Fiel, torcida do Corínthians fundada em 1969 e que no ano de 1975 passou a concorrer nos desfiles carnavalescos da cidade. Do outro, a Mancha Verde, que desde 1983 é a maior torcida do Palmeiras, mas somente 12 anos depois de sua fundação caiu no samba em São Paulo.

Além dos sambas temáticos das escolas, há um outro momento inusitado que o carnaval proporcionou nas arquibancadas. No Maracanã, Bangu e Coritiba decidiam a final do Campeonato Brasileiro de 1985. Apoiados por vascaínos, tricolores, flamenguistas e botafoguenses, os banguenses também cantaram o samba-enredo Ziriguidum 2001, que ficou conhecido na Sapucaí no início daquele ano através da Mocidade Independente de Padre Miguel. Mas em campo não adiantou nada: o time paranaense levou a melhor, e depois de empate em 1 a 1 no tempo normal, o "Coxa" ganhou seu único título brasileiro nos pênaltis.

"Bamba" em campo, o ex-jogador Júnior (atualmente comentarista da TV Globo) também se aventurou a passear pela praia do samba. Às vésperas da Copa do Mundo de 1982, ele lançou um compacto no qual interpretava a música Voa, canarinho.

Mas, certamente, o maior momento da ligação entre os sambistas e os apaixonados por futebol foi criado em 1982. Em seu LP É melhor sorrir, Neguinho da Beija-Flor escreveu e gravou a canção O campeão (mais conhecida como Domingo), que conseguiu a proeza de ser "adotada" nos cantos de todas as torcidas organizadas dos grandes clubes do Rio de Janeiro. Até hoje, durante jogos realizados no Maracanã, as torcidas entoam este grito (naturalmente, após o "ôôô", eles gritam o nome do time que apóiam):

Domingo
Eu vou ao Maracanã
Vou torcer pro time que sou fã

Vou levar foguete e bandeira
Não vai ser de brincadeira
Ele vai ser campeão

Não quero cadeira numerada
Vou vibrar na arquibancada
Pra sentir mais emoção

Porque meu time
Bota pra ferver
E o nome dele
São vocês que vão dizer

Ô, ô, ô, ô, ô, ô, ô
Ô, ô, ô, ô, ô, ô, ô...


Num país que tem samba no pé - tanto nos passistas da escola de samba quanto na habilidade dos jogadores de futebol - nada mais justo do que O tempo e o placar... destinar um post de carnaval à moda futebolística. Afinal, o Brasil sempre pede passagem para a alegria que o "futebol pandeiro" tem a mostrar.

Um bom carnaval a todos!

Este blogue volta a ser atualizado na Quarta-Feira de Cinzas, dia 25 de fevereiro.

Sujeira varrida para cima do tapete





Infelizmente, o primeiro post de O tempo e o placar... a falar de fato sobre questões futebolísticas não vai se ater às jogadas feitas em campo pelos artistas do espetáculo. O "gramado" em destaque no futebol carioca nesta semana foi o Superior Tribunal de Justiça Desportiva, e, em vez de partidas e gols, foram votos judiciais que determinaram o futuro da Taça Guanabara, primeiro turno do Campeonato Estadual do Rio de Janeiro.

Tudo começou na partida entre Vasco e Americano, na primeira rodada. Uma liminar cassada pelo Brasiliense fazia com que o meia Jéferson tivesse que se reapresentar ao clube do Distrito Federal, de onde saiu graças a ordem judicial, por questões financeiras. Só que no dia do jogo, o clube cruzmaltino conseguiu outra liminar, que concedia ao novo camisa 10 sua escalação na estreia do Vasco no Estadual.

A situação parecia normalizada nas rodadas recentes. Mas a uma rodada do final da fase classificatória da Taça Guanabara, surgiu a acusação de que o jogador, em função do imbróglio dele com o Brasiliense, não tinha condições de entrar em campo, pois seu nome não havia sido inscrito a tempo no grupo que iria defender o Vasco no Carioca deste ano. Curiosamente, a denúncia partiu de um diretor do Duque de Caxias, e foi defendida com veemência por um advogado do Fluminense - a exigência era de que o clube recebesse a penalidade de seis pontos por causa da escalação do jogador irregular.

Houve um primeiro julgamento, e o Vasco sofreu uma derrota por 4 votos a 1. Os advogados do clube recorreram, ocorreu uma nova análise do recurso, e a punição foi novamente vitoriosa: 7 votos a 1. Com a perda dos pontos, o time de São Januário cedeu lugar ao Fluminense o posto de líder do grupo, e, de quebra, ainda classificou o modesto Resende em segundo lugar para as semifinais da Taça Guanabara.

Em meio a vitórias e derrotas no gramado e em decisões extracampo, a maior goleada quem sofre é a credibilidade do Campeonato Carioca. Após ter amargado na década de 1990 espetáculos deprimentes, o fim da primeira década do milênio indica um "continuísmo" da gestão do ex-presidente Eduardo Vianna, o "Caixa D'Água" (que tinha como forte aliado Eurico Miranda, e ambos mandavam e desmandavam nos bastidores do futebol do Rio).

Ironicamente, a primeira "vítima" da gestão de Rubens Lopes é o Vasco, clube presidido por Roberto Dinamite, que ganhou a condição de ídolo por suas glórias em campo mas agora vê seu prestígio atacado por interesses escusos de minarem seu poder como presidente. Isto fica evidente tanto pela presença constante do ex-ditador vascaíno Eurico Miranda nos corredores da Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro quanto por algumas contradições que apareceram em torno da escalação de Jéferson.

O Americano, que até as duas últimas rodadas era líder do campeonato, não pleiteou em nenhum momento a perda de pontos do Vasco - mesmo sendo, teoricamente, o mais interessado (ainda mais porque no final perdeu a vaga). Em sua estreia no clube, Jéferson fez uma péssima partida, e em nenhum momento afetou no resultado - que, inclusive, foi negativo para o time de São Januário. Por que tirar pontos em um jogo que originalmente não afetou a ordem final da classificação (sem os seis pontos perdidos, que classificariam o Vasco em primeiro e o Fluminense em segundo do grupo)?

Em seus primeiros meses após a queda para a Série B do Campeonato Brasileiro, o Vasco buscava forças para a reestruturação, e via em campo seus primeiros bons resultados - conquistados graças ao empenho dos jogadores e ao bom trabalho do técnico Dorival Júnior. É inadmissível que um trabalho sério, que deve ser realizado com cuidado no gramado, seja prejudicado por decisões tomadas no denominado "tapetão".

(NOTA: Na mesma semana das duas derrotas consecutivas no tribunal, o Vasco passou por outros dois episódios - funcionários reivindicando salários atrasados e a iminente ordem de despejo do centro de treinamento Vasco-Barra. Mas este assunto é para um próximo post, se vocês quiserem.)

São situações como esta que maculam ainda mais a já tão frágil imagem do Campeonato Carioca. "Espetáculos" como dois times dando volta olímpica no Maracanã (o Botafogo, com a taça que venceu na partida que deu o Estadual de 1990, e o Vasco, que se achou vencedor e improvisou uma caravela de papel), paralisação de turno (em 1997, imposta por Eurico Miranda, porque o Vasco havia cedido jogadores para a Seleção Brasileira na Copa América daquele ano) e constantes W.Os (no Estadual de 1998, quando Flamengo e Botafogo não fizeram seus jogos contra o Vasco, e o clássico Fla-Flu apresentou um inédito "W.O. duplo") pareciam ser somente recordações ruins, sepultadas na década anterior.

No entanto, a ressuscitação de órgãos extracampo permitindo alterar resultados obtidos dentro das quatro linhas pode ser a senha para a Federação de Futebol Estadual do Rio de Janeiro voltar à era de amadorismo, da corrupção e do descrédito com o torneio que organiza. A vitória no futebol conquistada através de decisões judiciais nada mais é do que varrer a sujeira para cima do tapete. Ou melhor, do "tapetão".

P.S.: esta crônica não entrará em assuntos como as acusações de que a arbitragem esteja favorecendo algum time do Rio - como a acusação de que o Flamengo foi beneficiado propositalmente nas partidas contra Friburguense e Bangu ou de que o Fluminense foi ajudado em seus jogos diante de Madureira e Americano. Não há como prová-las, e os deslizes dos "sopradores de apito" (termo usado por Fernando Calazans em suas colunas no jornal O Globo) têm muito mais a ver com deficiências técnicas de arbitragem.

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

Pontapé inicial!


Após me aventurar à frente de dois blogues - Diário de um salafrário (no qual apresento contos, crônicas e textos para teatro de minha autoria) e Emoções de Roberto Carlos (dedicado à carreira do artista que neste ano completa 50 anos de serviços prestados à Música Popular Brasileira) - hoje inicio mais um espaço virtual para dedicar minhas linhas. Desta vez, para falar um pouco do assunto que começa nas quatro linhas e vai até as discussões nas arquibancadas, nas mesas de bares e na imprensa brasileira.

Nelson Rodrigues certa vez definiu o Brasil como "a pátria em chuteiras". O "anjo pornográfico" estava certo. Somos milhões de comentaristas que se reúnem em torno do gramado, para depositarmos em cada partida as nossas esperanças, fazendo daqueles 90 minutos nossos motivos de alegria e de frustração, que são renovados pelo menos até a próxima partida.

Incentivado pelo amigo e irmão Daniel R. Ribas, este que vos escreve a partir do post de hoje não deixa seus comentários sobre futebol restritos às conversas de arquibancada. Este espaço trará alguns pontos de vista sobre as situações que ocorrem nas quatro linhas dos gramados do Brasil, abordando assuntos de dentro e de fora de campo do esporte bretão brasileiro.

A princípio, o blogue será totalmente dedicado ao FUTEBOL BRASILEIRO. Trata-se de uma questão pessoal, pois este que vos escreve não tem tanta paciência de acompanhar os insossos torneios europeus (e muito menos paciência de decorar os nomes estrangeiros) e, ao contrário do técnico Dunga, prefiro acompanhar as oscilações de jogadores e times que jogam do Oiapoque ao Chuí. Naturalmente, isto não impede que vez ou outra falemos sobre o futebol jogado nos outros cantos do mundo - e também aos jogos da Seleção Brasileira.

A escolha de O tempo e o placar... para título deste espaço virtual é uma reverência ao veículo de comunicação que ajudou o futebol a ficar mais emocionante. Graças aos locutores de rádio como Waldir Amaral, Jorge Cury e os "recentes" José Carlos Araújo e Luiz Penido, os que veem o jogo no estádio ouvindo suas narrações (ou aqueles que acompanham as partidas através de suas palavras) se acostumaram a ter o coração no bico da chuteira a cada lance desperdiçado - por mais que ele fosse bisonho aos olhos dos que acompanham pela televisão.

O tempo e o placar... foi uma expressão criada por Jorge Cury, saudoso locutor das rádios Globo e Tupi, que a cada cinco minutos de partida anunciava para os ouvintes: "E atenção para o tempo e o placar...". É nossa forma de mostrar que estamos atentos a todos os assuntos que giram em torno do futebol brasileiro.

Eis aí o O tempo e o placar..., no qual discutiremos sobre futebol do goleiro ao ponta-esquerda. Fiquem à vontade para comentar, para escalar os jogadores, para reclamar do árbitro, para demitir o técnico. Estaremos todos na torcida por trazermos mais um bom lugar de discussão sobre o futebol brasileiro.

Como diz a canção de início de transmissões das partidas de futebol da Rádio Globo:

Entram em campo os artistas do espetáculo, o show vai começar...