segunda-feira, 31 de maio de 2010

Más impressões



Análise de jogo: Botafogo 1x1 Vasco (18h30, Engenhão)

Num jogo marcado por erros coletivos de ambas as equipes, dois talentos individuais permitiram que a partida do Engenhão não passasse em branco para cerca de 20 mil torcedores presentes em Botafogo e Vasco. Ernani fez o gol vascaíno após uma bela jogada, e Herrera marcou o gol botafoguense em cobrança de pênalti. Dois lampejos em meio a uma sucessão de maus tratos à bola durante 90 minutos no clássico do Rio de Janeiro.

A partida prometeu equilíbrio desde o início. O botafoguense Herrera, em chute para fora diante de Fernando Prass, e uma cabeçada do vascaíno Nílton que passou perto do gol de Jefferson foram as primeiras tentativas das equipes. Reflexos de erros de ambas as zagas, que revelavam seus problemas crônicos logo nos primeiros minutos. Os três zagueiros do Botafogo batiam cabeça em jogadas aéreas dos adversários, enquanto a dupla do Vasco parecia displicente em alguns lances.

Armado de maneira mais ofensiva - com os alas Alessandro e Somália mais próximos do ataque, e o meio-de-campo trazendo a ofensividade de Túlio Souza e Lúcio Flávio - o Botafogo aos poucos ficou mais presente na área vascaína. E aos 10 minutos, veio um novo desperdício de ataque alvinegro. Lúcio Flávio adentrou na área mas, diante do gol, preferiu cavar um pênalti. O árbitro Carlos Eugênio Simon mandou o jogo prosseguir.

Apesar de investir em Jéferson (um jogador mais habilidoso no meio-de-campo do Vasco), o time ainda encontrava dificuldades de se lançar ao ataque. O trio de volantes se limitava a evitar os ataques botafoguenses, com Jumar e Rafael Carioca não tendo nenhum talento de passe. Nílton, o jogador considerado mais habilidoso entre os três, mostrava raça, mas acertava poucos passes e pouquíssimos chutes precisos a gol. Escalado no ataque, Philippe Coutinho tinha de voltar ao meio para tentar jogadas com Jéferson.

Ironicamente, no primeiro passe certo que deu na noite, Jumar sentiu um problema na coxa. Aos 20 minutos, Souza entrou em seu lugar. O volume de jogo vascaíno cresceu, mas demorou um pouco para chegar ao gol alvinegro. Erros de passe primários e uma tendência a dribles pouco objetivos eram facilmente neutralizados. Até que, aos 26 minutos, veio o lampejo vascaíno no Engenhão. Philippe Coutinho tocou para Ernani. O lateral-esquerda aproveitou uma sucessão de falhas botafoguenses e entrou na área para tocar na saída de Jefferson.

O time do Botafogo tornou a pressionar o adversário e, numa cobrança de escanteio, um erro vascaíno deu margem à individualidade decisiva do alvinegro. Lúcio Flávio cobrou rasteiro, Dedé tentou chutar pela linha de fundo e a bola bateu na mão de Nílton, que estava caído. Simon marcou pênalti. Herrera bateu com categoria, empatando o jogo aos 35.

O segundo tempo começou com superioridade do Vasco. Aos cinco minutos, Élton colocou Jéferson na cara do gol. O meia colocou no fundo da rede de seu xará Jefferson, mas o gol foi anulado, pois o bandeira afirmou que Élton puxou a camisa do zagueiro Fahel. Nos lances seguintes, Nílton e Jéferson também desperdiçaram chances claras.

Mas logo a partida ficou equilibrada novamente. Com a boa entrada de Edno no lugar de Túlio Souza, o Botafogo chegou com mais frequência ao ataque. O camisa 11 botafoguense mal entrou em campo e deu um chute perigoso que Fernando Prass espalmou. Só que o ataque pouco ajudava. Herrera parecia desgastado, enquanto Caio fazia uma péssima partida.O "talismã" de Joel Santana era facilmente neutralizado pela dupla Dedé e Titi (este entrou no lugar de Cesinha, que saiu contundido no intervalo).

Do lado do Vasco, Philippe Coutinho seguia incansável na busca de jogadas, enquanto Jéferson demonstrava sinais de cansaço e Élton se resumia a trombar com os zagueiros botafoguenses. As oportunidades vinham em chutes de fora da área, a maioria sem qualquer direção ao gol.

Os erros aconteciam em massa dos dois lados. Trocas de passe mal feitas na parte ofensiva contribuíam para dar um panorama equivocado de que os zagueiros dos dois times estavam num dia inspirado. Celso Roth tentou dar ao Vasco um pouco de gás no meio-de-campo, mas a substituição de Jéferson por Magno só deixou a torcida impaciente diante das firulas do camisa 17.

Joel Santana também tentou levar o Botafogo para a frente. Mas a falta de um bom banco de reservas comprometeu sua boa intenção. A troca de Alessandro por Marcelo Cordeiro (fazendo com que Somália passasse da ala esquerda para a ala direita, pois o jogador que entrou atua pela esquerda) só gerou correria diante de seus companheiros cansados. Por mais que tenha características ofensivas, Renato Cajá não era o nome ideal para substituir Caio - que saiu vaiado.

Os dois treinadores acabaram assistindo a um jogo estranhíssimo, no qual cada equipe ficava acuada em sua defesa, e permitiam uma brecha imensa no meio-de-campo. A última tentativa mais clara de gol veio numa jogada individual vascaína. O lateral Élder Granja partiu para o ataque, aproveitou os buracos do lado esquerdo botafoguense e chegou diante de Jefferson. Mas no momento decisivo, seu chute saiu fraco.

A partida teve um final simbólico para Botafogo e Vasco. Seus dois autores de bom futebol causaram últimas impressões desagradáveis. Herrera, diante do gol vascaíno, chutou uma bola por cima do travessão. Ernani, da intermediária, arriscou um chute potente, mas a bola passou bem distante das traves botafoguenses.

Com o empate, o Botafogo continua em quinto lugar, com oito pontos e o dissabor de mais uma vez deixar escapar a oportunidade de ficar entre os quatro primeiros do Campeonato Brasileiro (em especial porque seu adversário direto, o Avaí, tinha empatado com o Vitória no sábado, em Santa Catarina). O Vasco passou mais uma rodada fora da zona de rebaixamento, mas no limite, com os mesmos cinco pontos do Grêmio Prudente, mas tendo um saldo de gols superior em um gol.

No gramado do Engenhão, o público carioca viu as consequências de problemas que o Rio de Janeiro tem a cada edição do Brasileirão. Elencos limitados, times sem padrão de jogo definido ou que vão sendo montados durante uma competição. E, a cada partida, as equipes do estado ficam reféns de lampejos individuais dos que entram em campo. Um panorama bem mais imprevísivel do que apontar favorito em clássico. A única parte previsível é esperar que venham momentos de más impressões.

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O tempo e o placar... traz o que houve de melhor e de pior na quinta rodada do Campeonato Brasileiro:

O CHUTAÇO

13 pontos ganhos em 15 disputados. Não há dúvidas de que o CORÍNTHIANS tem um time pronto, competitivo para brigar pelo título do Campeonato Brasileiro. A vitória sobre o Santos por 4 a 2 mostra a seriedade do time nestes primeiros sete jogos antes da Copa do Mundo.

A FURADA

O ATLÉTICO PARANAENSE reflete em campo o amadorismo de sua atual diretoria. O treinador permanece no cargo com aviso prévio, pelo menos até acertar com um novo nome para o comando. Como motivar os jogadores sabendo que as coisas vão mudar em breve? O resultado: derrota por 4 a 1 para o Internacional.

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RESULTADOS

Sábado

Flamengo 1x1 Grêmio (Maracanã)
Palmeiras 0x0 Prudente (Arena Barueri)
Avaí 0x0 Vitória (Ressacada)

Domingo

Corínthians 4x2 Santos (Pacaembu)
Guarani 0x0 São Paulo (Brinco de Ouro da Princesa)
Atlético Mineiro 1x3 Fluminense (Mineirão)
Internacional 4x1 Atlético Paranaense (Beira-Rio)
Ceará 1x0 Cruzeiro (Castelão)
Atlético Goianiense 1x3 Goiás (Serra Dourada)
Botafogo 1x1 Vasco (Engenhão)

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