quarta-feira, 12 de maio de 2010
Os dois extremos da unanimidade
Em poucos meses, Adriano experimentou os dois extremos da unanimidade. Na sua volta ao Flamengo, veio a recuperação de uma depressão e de seu futebol, e seus gols levaram o clube a um título brasileiro. No início do ano seguinte, as farras e os problemas de fora de campo afetaram seu desempenho nas partidas, e por muitas vezes derrotaram suas atuações.
"Quando o Flamengo contratou Adriano, sabia que levaria o pacote todo: bebidas, farras, mulheres", esta foi a máxima corriqueira da imprensa no início de 2010. Talvez o Flamengo só não dimensionasse que tudo acontecesse tão rapidamente. O clube da Gávea bancou o retorno dele ao Brasil após ele cogitar abandonar a carreira quando estava na Internazionale de Milão. Foram algumas partidas e a volta dos gols com a camisa do rubro-negro carioca.
Com a equipe jogando para ele, Adriano foi o artilheiro do Campeonato Brasileiro (e o Flamengo se sagrou vencedor depois de 17 anos sem títulos na competição) e, com isto, recebeu algumas regalias no ano seguinte. Dentre elas, ser poupado de algumas partidas consideradas "de menor importância" e não precisar treinar pela manhã.
Vieram um Campeonato Estadual pífio e a ausência em alguns jogos importantes na caminhada da Taça Libertadores da América (onde o Flamengo sofreu para passar de fase num grupo tecnicamente fraco). E Adriano era considerado uma presença cada vez mais constante em bailes funk da Chatuba e na favela da Vila Cruzeiro.
Também aparecia com um destaque cada vez maior sua vida pessoal, no namoro cheio de turbulências com Joana Machado. Incidentes como a moça querer depredar o carro do namorado, e Adriano precisar amarrá-la numa árvore para que ela se acalmasse, desfilaram pelo gramado. O camisa 10 flamenguista a cada partida tinha presenças discretas em campo.
Seus gols invariavelmente vinham de pênalti, e, sofrendo com as críticas da imprensa e as desconfianças da torcida, Adriano resolveu até parar de comemorar seus gols. Mesmo assim, Dunga estendeu a mão ao jogador e convocou Adriano para o amistoso entre Brasil e Irlanda. No último jogo antes da convocação final, ele seria titular, pois Luís Fabiano desfalcava a equipe por contusão. Adriano apareceu apenas em uma cobrança de falta, e de resto se arrastava com a camisa do Brasil.
Na entrevista coletiva ontem, após a convocação, Dunga falou que deu várias oportunidades para o jogador do Flamengo. Provavelmente, o jogo de Londres contra a Irlanda tenha sido o decisivo. Sim, a Seleção Brasileira fez uma partida muito fraca, mas Adriano pareceu não fazer muita força para se destacar com a camisa amarela.
Na volta ao Brasil, veio um bom período sem entrar em campo, e uma volta frustrante na decisão da Taça Rio. No jogo contra o Botafogo, pela primeira vez em sua carreira Adriano desperdiçou um pênalti, defendido pelo goleiro Jefferson. Naturalmente, não é o primeiro jogador a errar uma cobrança. Mas a cobrança errada foi a certeza de que ele não estava bem psicologicamente.
De dezembro de 2009 a 11 de maio de 2010, Adriano foi uma unanimidade às avessas. De herói de uma conquista, jogador recuperado emocionalmente e no campo, foi unânime a ideia de que o jogador do Flamengo não merecia estar na lista dos 23 jogadores convocados por Dunga para a Seleção Brasileira. Realmente, não dá para se sujeitar às chuvas e às trovoadas do Imperador durante uma competição tão importante quanto uma Copa do Mundo.
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