segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

QUATRO LINHAS, o seu DEBATEBOLA no You Tube!

GIRO PELOS ESTADUAIS



BOTAFOGO



FLUMINENSE



FLAMENGO



VASCO

domingo, 30 de janeiro de 2011

A gangorra do San-São





O primeiro San-São de 2011 trouxe as duas equipes paulistas em papéis trocados em relação ao Paulistão do ano passado. Em 2010, o São Paulo se preparava para a disputa da Taça Libertadores da América, enquanto o Santos se esmerava para tentar os títulos do Estadual e da Copa do Brasil. Hoje, os santistas estão na expectativa pelo início da competição sul-americana, e o São Paulo tenta melhorar sua autoestima com as conquistas do Campeonato Paulista (que não vence desde 2005) e do inédito título da Copa do Brasil. Mas a partida da Arena Barueri mostrou outras inversões de valores.

Se Adilson Batista era designado pejorativamente como “Professor Pardal” por fazer escalações e substituições mirabolantes nos times que treinou, em seu primeiro clássico pelo Santos ele ajustou a equipe para neutralizar desde o meio-de-campo as opções ofensivas do adversário – afinal, os erros da zaga limitada (formada por Durval e Edu Dracena) custaram os três pontos no empate em 3 a 3 com o São Caetano na Vila Belmiro. O “Professor Pardal” do San-São foi Paulo César Carpegiani, que no primeiro tempo “inventou” Fernandão jogando como quarto homem do meio-de-campo e deixou o veloz Dagoberto na estática função de centroavante. A consequência foi o Santos dominar boa parte do primeiro tempo – tanto pelo erro tático de Carpegiani quanto pela superioridade física em relação ao “pesadão” São Paulo – e, aos 10 minutos, Robson cruzar para a área e Elano, entre os zagueiros, desviar de cabeça para a rede.

No segundo tempo, Carpegiani tentou corrigir seu erro, abandonando o esquema de três volantes ao tirar Zé Vítor e colocar o meia Marlos. Beneficiado pelo recuo excessivo (e perigoso) do Santos, o São Paulo cresceu na partida, pressionou, ficou em cima, só que não conseguiu finalizar. Quem finalizou foi Maikon Leite, após novo erro da zaga são-paulina, que ficou desatenta e permitiu que o atacante ficasse frente a frente com o goleiro Rogério Ceni para fazer 2 a 0 aos 28 minutos. Em resposta à vontade e à persistência são-paulina, os santistas apresentaram sua eficácia e o poder de fogo de seu bom elenco. Bom elenco, uma característica típica do São Paulo de outros anos, mas que o Morumbi está demorando para apresentar em 2011.

O San-São da Arena Barueri comprovou também a disparidade do efeito da ausência do “camisa 10″ de cada equipe. Num Santos que vem se armando bem para o ano da busca pela Libertadores, o retorno de Paulo Henrique Ganso traz a expectativa da presença de um jogador habilidoso, para colocar o talento lado a lado com a eficiência mostrada até agora no Paulistão (é líder, ao lado do Palmeiras, com quatro vitórias e um empate). A estreia de Rivaldo – prevista para quinta-feira, contra o Linense – ganha ares de urgência no São Paulo, que não consegue organizar boas jogadas no meio-de-campo e fica à mercê de bolas alçadas na área ou de lançamentos para a corrida de Fernandinho e Dagoberto. Do jeito que o time do Morumbi está atuando, por mais que “dê um chocolate na partida” (como declarou Rogério Ceni após o jogo), se o São Paulo não tiver uma referência de criatividade na equipe vai ficar difícil acertar a receita de levar o clube de volta às grandes competições internacionais.

sábado, 29 de janeiro de 2011

Fraturas expostas




No contexto do futebol brasileiro, a demissão de Paulo César Gusmão soou como uma consequência natural da série de resultados desastrosos do Vasco no início de Campeonato Carioca. Demissão lógica, pois, apesar de ter em mãos um elenco de pouca qualidade, PC não mostrou pulso firme sobre sua equipe e, desde o Campeonato Brasileiro de 2010, o time vascaíno tinha uma postura retranqueira, de quem parecia satisfeito com empates (que foram muitos no Brasileirão). Mas a sequela do Estadual ficou ainda mais exposta, pois as estrelas Carlos Alberto e Felipe se tornaram negociáveis aos olhos da diretoria.

Após ser fundamental durante a disputa da Segunda Divisão do Campeonato Brasileiro, Carlos Alberto se tornou ídolo da torcida do Vasco e símbolo do início da reestruturação do clube. A diretoria moveu mundos e fundos para comprar seu passe junto ao Werder Bremen, da Alemanha, e apostou todas as fichas em sua liderança como capitão. Entretanto, o ranço de imaturidade típico de passagens suas por outros clubes voltou a tomar conta de seu futebol, e seu espírito de luta deu espaço à série de lesões que demoravam um período acima do esperado para suas recuperações.

Formado nas divisões de base do clube, Felipe chegou junto com a recordação de uma geração vitoriosa que entre 1997 e 2000 ganhou uma Copa Mercosul, um Campeonato Estadual, dois Campeonatos Brasileiros e uma Taça Libertadores da América. Mas sua qualidade do passe e a habilidade para os dribles já não têm o mesmo encanto, pois foram superados por uma lentidão que se torna apatia em alguns momentos - caso do terceiro gol que o Vasco tomou do Nova Iguaçu, iniciado após um erro seu no qual ficou estático enquanto o adversário tentava uma jogada. E na derrota para o Boavista, o camisa 6 andava em campo, a ponto de ser substituído aos 34 minutos do primeiro tempo.

A certeza de que o Vasco perdeu sua identidade fica mais clara porque ambos no ano passado foram usados para favorecer o marketing do clube. Carlos Alberto e Felipe estiveram à frente da propaganda do projeto para arrecadar sócios "O Vasco é Meu". Abaixo, o vídeo:



Amanhã, um Vasco esfacelado enfrenta o arquirrival Flamengo, que vem embalado por três vitórias e pela expectativa de, na próxima quarta, passar a ter em campo Ronaldinho Gaúcho. Sem Carlos Alberto e Felipe, os vascaínos colocam em campo os limitados meias Enrico e Jéferson, e no banco de reservas o time terá o comando de Gaúcho. Um panorama provisório, ao menos enquanto não aparece nenhuma perspectiva de jogadores de qualidade para levantar de vez a equipe vascaína.

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Entra em campo a renovação da comunicação esportiva! Pode chegar e entrar...

Destaque dos Estaduais e Libertadores da América



Flamengo



Botafogo



Vasco da Gama



Fluminense

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Qualquer semelhança...





Não é surpreendente que o Flamengo derrote o Americano e que o Botafogo dê uma goleada no Madureira. Também não surpreende que as duas equipes estejam com 100% de aproveitamento na Taça Guanabara após três confrontos contra equipes de menor tradição. A mesmice que chamou atenção na noite desta quarta-feira foi a sequência de coincidências nas situações que decidiram os dois jogos. Expulsões, lambanças das zagas e substituições eficazes favoreceram os vencedores, que tiveram partidas com qualidade abaixo do esperado.

A expulsão do atacante Felipe aos 19 minutos do primeiro tempo (após duas faltas duras e infantis) fez com que o já limitado time do Americano se postasse definitivamente na defesa. Mesmo assim, só aos 23 minutos do segundo tempo o Flamengo chegou ao seu primeiro gol, graças a um corte de Carlão para o próprio gol que gerou um bate e rebate, no qual Wanderley definitivamente balançou a rede. Três minutos depois, uma displicência da zaga do time de Campos permitiu cobrança rápida de Vander, dando passe para Renato Abreu que, num cruzamento rasteiro, deu a bola para Wanderley marcar seu segundo gol.

Wanderley, que logo após o jogador do Americano ter sido expulso entrou em campo no lugar do lateral Egídio. Uma substituição ousada, mas que contribuiu para um problema no meio-de-campo flamenguista: embora estivesse deslocado para a ala esquerda, Renato Abreu sempre tendia a jogar pelo meio, o que deixou ainda mais escassas as oportunidades de ataque do Flamengo. Com as entradas de Fierro e Marquinhos nos lugares de Fernando e Thiago Neves, respectivamente, Vanderlei Luxemburgo corrigiu outro erro. Além de estar bem marcado, o estreante bateu cabeça com Vander na criação de jogadas, o que deixou o setor não só com pouquíssima mobilidade ofensiva como também obrigou Fernando e Williams a se lançarem à frente – mas ambos não possuem grande qualidade de passe. Com Fierro, a troca de passes melhorou, e com Marquinhos a equipe ganhou em velocidade, tendo fôlego suficiente para superar o bloqueio do time de Campos, mesmo depois de quase se deixar dominar pela ansiedade no primeiro tempo e, na primeira metade da segunda etapa, apresentar um futebol apático e sem objetividade. A equipe tem de fazer valer sua maior qualidade, que é a de ter um bom número de jogadores habilidosos no meio-de-campo.

O Botafogo também tentou honrar seu favoritismo desde o início, e logo aos 15 minutos uma lambança da zaga do Madureira foi decisiva: no cruzamento de Lucas, Victor Silva chutou para o próprio gol, o goleiro Cléber defendeu parcialmente mas a bola caiu nos pés de Herrera, que chutou. Em vantagem, a equipe passou a atuar de maneira mais displicente e permitiu que o adversário chegasse com perigo. Mas ao fim do primeiro tempo, veio uma expulsão decisiva: no chute de Antônio Carlos, Douglas Assis impediu o gol com seu braço. E do pênalti, veio o segundo gol, marcado por Loco Abreu.

Após ver o time acomodado em boa parte da segunda etapa, Joel Santana trocou de lateral-direita – Lucas por Alessandro – e, em resposta à hostilidade da torcida com a substituição, o jogador marcou o terceiro gol. A poucos minutos do fim, Caio, que entrou no intervalo em lugar do zagueiro João Filipe, sacramentou a goleada. Goleada perigosa, que não pode mascarar os problemas do Botafogo. A defesa, que no ano passado fez uma boa temporada, demonstra insegurança em seus primeiros jogos no Estadual, enquanto seu poder ofensivo fica combalido pela omissão de Renato Cajá na criação de jogadas.

Botafogo e Flamengo não podem ficar à mercê da expectativa por seus novos contratados. O alvinegro espera pelo lateral Márcio Azevedo, pelo volante Arévalo e pelo meia Everton. O rubro-negro conta os dias para a estreia de Ronaldinho Gaúcho. Mas, se o Estadual é uma pré-temporada de luxo, por que não desde cedo planejar a equipe para que ela esteja 100% tanto na classificação da competição quanto em seu desempenho em campo? Afinal, não é em todo o jogo que as coincidências são tão favoráveis.

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Texto publicado originalmente no blogue do jornalista Lédio Carmona.

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

O presente condena



Por décadas, a instituição do Club de Regatas Vasco da Gama teve sua imagem associada a Eurico Miranda - dirigente com ares de ditador e conhecido por artimanhas escusas que beneficiavam o clube. Após muitos anos (dois deles na expectativa da realização de eleições), a oposição conseguiu derrubá-lo do poder, e colocar Roberto Dinamite, maior ídolo da história do Vasco, na presidência.

Com Dinamite, o Vasco foi rebaixado para a Série B em 2008, passou por um ano de reconstrução em 2009, um ano insosso em 2010 e em 2011 começa o ano de maneira negativa. Em seus dois primeiros jogos no Estadual, a equipe perdeu para o Resende, por 1 a 0 em São Januário, e para o Nova Iguaçu, por 3 a 2 no Estádio Raulino de Oliveira. Feitos históricos para os adversários, pois nunca antes nestes confrontos o Vasco tinha saído derrotado. A consequência do mau desempenho em campo apareceu nas arquibancadas e chegou aos muros de São Januário, com ofensas a Felipe e Carlos Alberto (os jogadores de destaque do atual elenco) e o apelo "queremos time".

Mas, em meio a todas as pichações, pairou a pergunta: "Eurico afundou, o que mudou?". O que mudou é que, depois da caravela que naufragava em maremotos de escândalos, sujeitos a tempestades de acusações, a nau da Era Roberto Dinamite parece perdida, à deriva com tanto amadorismo em todas as áreas. Planejamento feito às pressas e aquém da grandeza do Vasco, poucas e precárias contratações, treinadores contratados em caráter emergencial e que chegam para comandar um elenco cheio de carências, um fraquíssimo e desorganizado departamento jurídico e departamento médico de qualidade duvidosa. Muitas coisas que aconteciam também na Era Eurico Miranda, mas que o atual presidente prometeu que deixariam de ter no Vasco da Gama.

Enquanto isto, o Vasco capenga nas primeiras rodadas do Campeonato Carioca e, a menos de uma semana do duelo com o grande rival Flamengo, não sabe se terá forças para ganhar do Boavista no meio de semana. Um panorama distante da "equipe forte que brigaria por títulos" prometida por Roberto Dinamite desde 2008.

A sensação é de que o Vasco andou para trás - em especial pela postura da atual diretoria, que tanto se isenta, culpando a má administração e os erros de Eurico Miranda - e vai regredir enquanto houver esta briga política no clube. Com tanta falta de disposição de seu elenco e com uma sucessão de jogadores limitados passando por São Januário, talvez o torcedor vascaíno tenha mesmo é de olhar para trás, pois assim tornará a encontrar motivos para sorrir.

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Satisfação! O DEBATEBOLA QUATRO LINHAS chega à área do You Tube, em mais um ataque à Internet!

O DEBATEBOLA QUATRO LINHAS está em nova frente. Depois de um ano no ar, agora estamos no You Tube. Um programa muito mais dinâmico, no qual você escolhe a ordem que deseja ouvir nossa mesa-redonda. No cardápio de hoje:

GIRO DE NOTÍCIAS



FLAMENGO



VASCO DA GAMA



FLUMINENSE



BOTAFOGO


Com FERNANDO DINIZ, FLÁVIO DE SÁ E VINÍCIUS FAUSTINI.

domingo, 23 de janeiro de 2011

Um peixe mais que vivo




Em relação ao time que conquistou o Campeonato Paulista de 2010, o Santos perdeu Wesley, André e Robinho para o exterior, viu o técnico Dorival Júnior ir embora por uma crise interna e, atualmente, convive com as ausências do Paulo Henrique Ganso, lesionado, e de Neymar, que está na Seleção Brasileira Sub-20. Mas, apesar de tantas baixas, o time continua no caminho das vitórias graças ao lema de Adilson Batista: objetividade.

Objetividade que foi simbolizada na partida contra o Grêmio Prudente por Robson, que vestiu a camisa 10. Enquanto Ganso não se recupera, Robson, emprestado ao Avaí na temporada passada, mantém o meio-de-campo de Santos com um ritmo acelerado pela boa troca de passes, que faz com que seus companheiros se revelem jogadores decisivos. Primeiro com Elano, que aproveitou falha da zaga (o meia também marcou o segundo gol, em cobrança de pênalti). Depois com Keirrison, que estava sumido na partida mas foi eficaz quando aproveitou a dividida de Robson com o goleiro Sidnei e fez o terceiro gol. Por fim, numa cobrança de falta o camisa 10 encontrou Maicon Leite livre entre os zagueiros, e o atacante só teve o trabalho de tirar a bola do alcance do goleiro.

O Prudente chegou a assustar, com um gol de Rômulo (de pênalti) e um gol olímpico de Bruno Ribeiro, só que seu desempenho refletiu os problemas que assolam o clube. Após o rebaixamento para a Série B do Campeonato Brasileiro, o time demitiu o treinador Rogério Micale e hoje foi treinado interinamente pelo auxiliar Fábio Giuntini. Auxiliar que pode ser efetivado, mas também pode ser substituído a qualquer momento. Com tanta instabilidade, como traçar um objetivo claro? Seu objetivo no Paulistão parece ser mesmo o de brigar para não cair – também no Estadual.

Graças à objetividade de sua equipe, o Santos chegou a três vitórias em três jogos, com 11 gols marcados. Os santistas seguem à risca o planejamento feito por Adilson Batista – acumular “gordura” de pontos para poupar jogadores que disputarão a Taça Libertadores. Até o momento está dando certo, mas novos desafios prometem dar problemas ao treinador. A saída de Zé Love, vendido esta semana ao Genoa, deixa o Santos com apenas Keirrison como centroavante de ofício. O outro atacante titular, Maicon Leite, tem um pré-contrato assinado com o Palmeiras, e deve ir embora em junho. Como lidar com os próximos percalços?

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Publicada originalmente por Vinícius Faustini no blogue do jornalista Ledio Carmona.

sábado, 22 de janeiro de 2011

Futebol o ano inteiro



A faixa levada no Beira-Rio pela torcida do modesto Santa Cruz - clube de futebol da cidade de Santa Cruz do Sul (localizada a 150 km de Porto Alegre) - pedia "futebol o ano inteiro", privilégio distante de um time que atualmente não está em qualquer divisão do Campeonato Brasileiro. Só que este pedido também se estende ao Inter B, time reserva que o Internacional colocou para representá-lo nas primeiras rodadas do Campeonato Gaúcho, enquanto o grupo titular de Celso Roth faz sua preparação para a Taça Libertadores da América. Afinal, os jogadores têm poucas oportunidades entre os titulares e procuram fazer de seu desempenho no Estadual algo mais relevante do que entrar em campo apenas para não comprometer a imagem colorada na competição.

A luta é inglória, pois o Internacional não coloca nem seu treinador titular à beira do gramado - o auxiliar Enderson Moreira é o responsável pelo comando do Inter B. Como conseguir destaque se o próprio Celso Roth nem acompanha o início do Gauchão? Com a perspectiva pela Libertadores, a torcida a princípio não dá ênfase às vitórias no Campeonato Gaúcho, mas é impiedosa no caso de derrota ou eliminação para um time considerado pequeno (como aconteceu este ano com o atual Inter B, criticado após a derrota na estreia para o Cruzeiro de Porto Alegre, clube que voltou à Primeira Divisão depois de 32 anos).

Do outro lado, times como o Santa Cruz entram em campo ansiosos para que o ano não acabe com o final do Estadual. Uma boa colocação na competição pode render uma vaga no Campeonato Brasileiro na Série D, e para conseguir bons resultados, a ideia é aproveitar que os grandes Grêmio e Internacional estão ainda em preparação ou dando mais destaque à briga pela Libertadores para conseguirem três pontos. A inatividade por muitos meses significa prejuízo financeiro, nenhuma perspectiva de maior destaque em cenário nacional e planejamento complicado - o clube de Santa Cruz do Sul, por exemplo, teve de contratar 24 jogadores em 45 dias. Com isto, jogadores razoáveis como o meia Maicon Gaúcho e o atacante Cecéu precisarão procurar novo caminho com o fim da competição.

Após uma partida equilibrada, os colorados venceram, com gol de cabeça de Ricardo Goulart após cruzamento de Massari. O potencial de ambos e também de jogadores como o volante Augusto e o meia Marquinhos deu ao colorado sua segunda vitória em três rodadas - e a liderança provisória, que pode se tornar definitiva se o Lajeadense tropeçar na partida com o Veranópolis. Mas será que o desempenho deles é suficiente para que o Internacional dê ao seu futebol muito mais oportunidades do que as partidas do Estadual?

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Texto de Vinícius Faustini publicado originalmente no blogue do jornalista Ledio Carmona.

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Quem parte, quem chega, quem fica...




Amigos,

reproduzo aqui uma crônica que considero importante na minha trajetória de jornalista esportivo. Trata-se de uma emoção muito grande que tive hoje, quando o jornalista e Ledio Carmona abriu espaço para um texto meu em seu blogue - que fica no Globo Esporte.com.

O texto de hoje é uma análise sobre a estreia do Fluminense no Campeonato Estadual, contra o Bangu, em jogo que aconteceu no Engenhão. A partida pode não ter tanta importância. Mas, certamente, será inesquecível para este jornalista que vos escreve.

Vinícius Faustini


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QUEM PARTE, QUEM CHEGA, QUEM FICA...

Vitória sofrida por 1 a 0 sobre o Bangu, com gol de Fred a nove minutos do fim do tempo regulamentar. Parece pouco para um Fluminense que, 45 dias antes, encerrou a caminhada de 2010 como campeão brasileiro. Mas o resultado do Engenhão pareceu ser irrelevante para a parte tricolor que esteve na rodada dupla da primeira rodada do Campeonato Carioca (antes de Bangu e Fluminense, Botafogo e Duque de Caxias estrearam na competição). Para uma equipe que dedicará 2011 ao sonho da conquista da Taça Libertadores da América, o Estadual é mera formalidade ou chance de conseguir entrosamento. A estreia do Flu serviu para mostrar todos os passos deste novo ano.

Quem vai é Washington, que dias antes anunciou que abandonaria a carreira e agora saía de cena sob os aplausos dos torcedores e a reverência do Fluminense, que deu a ele uma camisa do clube com a frase “Coração valente e tricolor. Muito obrigado”. Quem chega é Souza, ex-jogador do Grêmio, que nos 38 minutos em campo mostrou seus extremos como jogador – da habilidade na troca de passes e da velocidade que deu ao poder ofensivo do time até a afobação e a rispidez na hora de tentar desarmar um adversário. Em três minutos, duas faltas para cartão e uma expulsão.

Os que ficaram em campo são conhecidos do elenco campeão brasileiro, mas sem o mesmo ritmo de jogo e, principalmente, sem a concentração que tiveram na busca pelo título.

Da desconcentração, vieram muitos erros primários de passes (alguns deles na arriscada jogada de lançar a bola de uma lateral para a outra) no setor defensivo e atuações bem abaixo do esperado – com destaque negativo para o meia Deco, mais uma vez omisso na criação de jogadas. Diante deste panorama, o gol só veio depois do esforçado time do Bangu – comandado por Ricardinho, Somália e Pipico – ver sua insistência nos chutes parar nas mãos decisivas de Ricardo Berna e ter sua velocidade vencida pelo cansaço, ainda mais depois que o zagueiro Raphael foi expulso.

Em compasso de espera até a estreia na Libertadores – dia 9 de fevereiro, contra o Argentinos Juniors – quem mostrou que quer ficar mesmo foi o meia-atacante Tartá. Além de boas arrancadas, o cruzamento para o gol de cabeça de Fred foi espetacular. No mais, o Fluminense também parece esperar a chegada do recém-contratado goleiro Diego Cavalieri e os retornosde Conca e de Emerson. Considerado um dos melhores elencos do Brasil, o tricolor de Muricy Ramalho terá de mostrar capacidade de manter o bom nível de seu futebol, mesmo com o entra e sai de jogadores a cada rodada.

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Para esquecer a década perdida



A vitória por 4 a 1 sobre o Ituano não surge apenas como a expectativa de uma arrancada no Campeonato Paulista (após um empate sem gols e com vaias na estreia contra o Botafogo de Ribeirão Preto). O Palmeiras começa a segunda década do século XXI tentando esquecer os anos 2000.

De títulos, o Palmeiras comemorou apenas um Paulistão e um Campeonato Brasileiro - o da Série B, no ano seguinte à amargura de cair para a Segunda Divisão. Muito pouco para um clube de tradição de um dos maiores estados do futebol brasileiro. E fora de campo, uma sequência de atritos políticos, capazes de superar até mesmo a sequência de treinadores de qualidade - Vanderlei Luxemburgo, Muricy Ramalho e, atualmente, Luiz Felipe Scolari.

A herança de 2010 é um contexto extremamente delicado: elenco marcado por picuinhas capitaneadas pelos atacantes Kléber e Valdívia. Com o agravante de que a dupla é a grande esperança de melhora para a temporada de 2011, enquanto o restante do plantel traz jogadores limitados. Para completar, o grande reforço do ano chega ao Palestra Itália em junho - Maikon Leite, que vem do Santos. Como reencontrar o Palmeiras com os restos de uma década perdida?

O continuísmo foi execrado na eleição que aconteceu esta semana - o opositor Arnaldo Tirone vai suceder o desastroso mandato de Luiz Gonzaga Belluzzo. Com o novo presidente, vem o sonho de um novo pensamento para o futebol do Palmeiras. Para que a velha tradição palmeirense se sobressaia em todas as competições.

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Fôlego para os "nanicos"



A rivalidade regional continua a motivar a realização dos campeonatos estaduais, mas, um vício ainda persegue estas competições. Reforços que não foram regularizados, contratações sacramentadas e aguardadas para as próximas rodadas, e a expectativa de priorizar torneios mais rentáveis ou de maior importância fazem com que muitos clubes não entrem com força máxima nos primeiros jogos. É nesta hora que os pequenos valorizam literalmente suas forças - com o melhor condicionamento físico para as disputas nos estados.

Enquanto os times grandes estão em rotina intensa de jogos até dezembro, os "nanicos" (à exceção dos que hoje disputam a Segunda Divisão do Campeonato Brasileiro) vão ficando no meio do caminho das competições nacionais das Séries C e D - e alguns nem conseguem vaga nos Campeonatos Brasileiros. Com isto, seus treinadores têm mais tempo e muito mais calma para entrosar as equipes (pois o vai e vem do mercado da bola não chega com tanto impacto a estes clubes), e seus jogadores chegam aos estaduais no ápice da forma, porque a preparação não aconteceu afobadamente e, em vez de um número desgastante de partidas, seu calendário se resume a fazer um ou outro jogo-treino.

Mal o ano começou e alguns "nanicos" já conseguiram fazer com que o fôlego se sobressaísse à sua ausência de técnica nos estaduais. No Campeonato Baiano, a favoritíssima dupla Ba-Vi começou com derrota na competição - o Bahia perdeu por 2 a 1 para o Serrano, enquanto o Vitória foi derrotado por 1 a 0 para o Colo Colo. No Campeonato Paranaense, o Arapongas venceu o Atlético na Arena da Baixada por 1 a 0, e o Corínthians (filial do clube paulista) ganhou por 3 a 1 do Paraná no Durival de Brito.

Só que as maiores surpresas vieram na rodada inicial do Campeonato Gaúcho. A dupla Gre-Nal, que este ano está credenciada a disputar a Taça Libertadores da América, não conseguiu vencer equipes que em 2011 retornaram à Primeira Divisão do Campeonato Gaúcho. O Grêmio não passou de um empate em 2 a 2 com o Lajeadense, que há 12 anos estava na Série B do Gauchão, e o Internacional perdeu por 1 a 0 para o Cruzeiro de Porto Alegre, clube que voltou à elite do Rio Grande do Sul depois de 32 anos. O impacto dos Pampas ganha maiores proporções por uma curiosidade: mesmo com gremistas e colorados poupando jogadores ou falando que não dão prioridade ao Estadual, qualquer resultado negativo contra um adversário de menor expressão tem uma repercussão imensa entre torcedores e crítica esportiva.

Exemplos como o das primeiras rodadas mostram que os estaduais podem ser surpreendentes, e quebram o estigma de que estas competições são previsíveis e só serão interessantes nas fases finais. "Nanicos" de todos os estados estão dispostos a deixarem de ser meros sacos de pancadas neste roteiro de início de temporada.

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Lampejos de imaturidade



As notícias sobre a estreia da equipe Sub-20 do Brasil no Sul-Americano do Peru evidenciam a grande atuação de Neymar - que marcou os quatro gols da vitória por 4 a 2 sobre o Paraguai. O atacante merece todos os holofotes, em especial quando seu talento se torna decisivo para a Seleção Brasileira. Mas suas luzes não podem ofuscar alguns momentos imaturos que os comandados de Ney Franco tiveram em seu primeiro jogo na competição.

Quando o Brasil abriu dois gols de vantagem, alguns jogadores passaram a abusar de firulas e tentativas de jogadas bonitas. O caso mais grave foi o de Lucas. Em vez de chutar a bola para o gol (aproveitando que o goleiro Ovando tinha saído desesperadamente aos seus pés), o meia quis dar um drible para deixar o camisa 1 paraguaio no chão. Isto permitiu que o goleiro do Paraguai evitasse o terceiro gol brasileiro.

A tranquilidade do primeiro tempo foi traiçoeira para a equipe de Ney Franco. O Brasil voltou para a segunda etapa disperso, e começou a cometer erros em seu setor defensivo. Do erro veio a rispidez, simbolizada pelo volante Zé Eduardo. Em duas faltas nos primeiros dois minutos, a Seleção Brasileira ficou com um jogador a menos.

Pouco depois, a displicência do goleiro Gabriel gerou um escanteio. Nele, a zaga permitiu que a cobrança passasse por todos os defensores até chegar, limpa, para que o zagueiro Viera desviasse a bola para o fundo da rede. Para a sorte brasileira, um chutão se transformou numa bola dividida entre Lucas e Gómez na área do Paraguai. Na sobra, de um bate e rebate entre Neymar e Ovando saiu o terceiro gol do Brasil. Três minutos depois do terceiro, Rafael Galhardo aproveitou dispersão da zaga do Paraguai e fez um bom lançamento para Neymar fazer um golaço.

Só que, mesmo com a vantagem, a Seleção Brasileira passou por outro problema gerado pela imaturidade. Com a partida liquidada, os paraguaios começaram a abusar da violência. E, aos poucos, os brasileiros caíram na provocação adversária, e usaram jogadas violentas como resposta. O resultado foi mais uma expulsão brasileira - a do atacante Henrique, quatro minutos depois do Paraguai diminuir o placar para 4 a 2 (com Montenegro, aproveitando falha da zaga).

Os três pontos vieram neste começo do sonho brasileiro para conseguir a vaga nos Jogos Olímpicos de Londres, em 2012. Mas, em meio à euforia de uma vitória com placar elástico, a comissão técnica brasileira precisa aproveitar o Sul-Americano para que a Seleção Sub-20 deixe para trás estes lampejos de imaturidade. Afinal, assim como Neymar declarou: "Quanto mais o brasileiro apanha, mais ele quer jogar futebol". E os meninos do Brasil têm de continuar a gostar do jogo de correr atrás do ouro olímpico.

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Sem ressaca, o DEBATEBOLA QUATRO LINHAS entra em campo para sua primeira partida de 2011!




Satisfação!

O DEBATEBOLA QUATRO LINHAS está de volta, nos seus primeiros tratos à bola para o promissor ano de 2011. É só dar o PLAY que você ouve tudo sobre:

A EXPECTATIVA DO INÍCIO DO CAMPEONATO CARIOCA


- Os reforços dos quatro grandes
- As vitórias de Vasco, Flamengo, Fluminense e Botafogo em seus amistosos
- Pitacos sobre os clubes de menor porte do Rio de Janeiro

CAMPEONATO PAULISTA

CAMPEONATO GAÚCHO

CAMPEONATO PARANAENSE

CAMPEONATO BAIANO


Com a dupla FERNANDO DINIZ e VINÍCIUS FAUSTINI dando ritmo de jogo à informação.



Duração: 64 minutos.

Para fazer o download e escutar em seu CELULAR, IPHONE, IPOD E COMPUTADOR, faça o download no link:

http://bit.ly/hyAeFu

domingo, 16 de janeiro de 2011

Amanhã é dia da volta do QUATRO LINHAS!



Satisfação!

Amanhã começa a temporada de 2011 do DEBATEBOLA QUATRO LINHAS. A perspectiva é de novidades e de muito futebol para contar neste novo ano do futebol com nossos repórteres-comentaristas.

Aguardem, porque a comunicação em breve voltará ao ar!

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Em busca da solidariedade mineira





"O mineiro só é solidário no câncer". A frase que Nelson Rodrigues atribuiu ao escritor Otto Lara Resende vem sendo o pretexto para jogadores que não tiveram uma temporada no Botafogo procurarem novos ares para seu futebol. Após o atacante Jobson ser apresentado como reforço do Atlético Mineiro, o volante Leandro Guerreiro vai atuar em 2011 pelo Cruzeiro.

Dentre os dois ex-alvinegros, a contratação mais arriscada é a atleticana. Não se trata do receio de Jobson voltar a ter problema com drogas. O problema é a sequência de atos de indisciplina que o atacante apresentou durante a temporada de 2010, sob o comando de Joel Santana. Se a equipe do Atlético Mineiro já demorou tanto tempo para se entrosar no Campeonato Brasileiro do ano passado, a chegada de um jogador que semeou problemas internos em seu antigo clube pode levar o trabalho de Dorival Júnior novamente à estaca zero.

No caso de Leandro Guerreiro, o problema não é a falta de disciplina. Em sua passagem pelo Botafogo, o volante ficou estigmatizado por fazer parte de uma geração que "quase" ganhou títulos. Além da sequência de três decisões estaduais perdidas para o Flamengo, com Guerreiro o alvinegro carioca começava bem nas edições do Campeonato Brasileiro mas terminava distante das primeiras colocações. A superstição fica ainda mais adversa para o Cruzeiro pois seu atual técnico, Cuca, foi durante muito tempo comandante desta "geração botafoguense".

Não há dúvida que ambos têm qualidade para atuar em Atlético Mineiro e Cruzeiro. Além de atuar como volante, em algumas partidas Leandro Guerreiro é eficiente na zaga. Seu sobrenome faz jus à sua maior característica - o empenho para defender a camisa que veste. Jobson é um atacante veloz e, quando joga com seriedade, sabe ser decisivo - e poder de decisão é o que o time do Atlético precisa, para voltar a ter destaque no cenário nacional.

Por mais que o ano de 2010 tenha sendo infeliz para Leandro Guerreiro e Jobson no Botafogo, a solidariedade mineira pode trazer um bom recomeço para suas respectivas carreiras. Só que os dois precisam ter consciência de que as torcidas de Cruzeiro e Atlético são solidárias apenas enquanto a vibração e o respeito sobressaem no desempenho em campo. Em especial diante da grande rivalidade que cerca os dois grandes do futebol de Minas Gerais.

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

O estado do esquecimento



A realização de Campeonatos Estaduais permanece como um ritual exclusivo do calendário do futebol brasileiro, mesmo com eles se revelando a cada ano competições deficitárias de público, de renda e de emoção para os torcedores. Só que a intenção de alavancar os clubes e jogadores de cada estado vai se perdendo a cada ano, pois alguns regionalismos são esquecidos pela televisão. Na busca pela audiência do jornalismo esportivo, vale até descartar as equipes locais, para colocar no ar os confrontos de regiões de maior destaque nacional.

É o caso da TV Globo, que em vez de utilizar suas afiliadas para a transmissão de todos os Campeonatos Estaduais, anunciou que exibirá apenas competições de dez estados - Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Goiás, Pernambuco, Ceará e Bahia. A pesquisa de torcidas por região foi usada como critério para os torneios considerados mais importantes. O Paulistão será retransmitido para o Centro-Oeste ,e o Campeonato Carioca passará também no Espírito Santo, no Distrito Federal, em boa parte do Nordeste e na região Norte.

Enquanto isto, os demais campeonatos ficam ainda mais abandonados do que os estaduais de mais destaque - afinal, os escolhidos da televisão ao menos recebem cotas para a transmissão das partidas. Por que não usar a TV para tentar ajudar os demais campeonatos?

É bem verdade que há regiões com torcida soberana para cariocas e paulistas. No entanto, esta soberania não poderia ter sido conquistada pela imposição de uma emissora - em especial quando ela se dá ao luxo, por exemplo, de, no ano de 2010, excluir de sua grade um Estadual com uma rivalidade de destaque, como o Campeonato Baiano. Talvez fosse interessante deixar a programação mais maleável, para que houvesse horários disponíveis para exibir tanto as competições que são chamarizes de audiência quanto para dar ênfase às competições locais.

No comodismo da luta pela audiência, a TV Globo reduz o futebol brasileiro a dez estados, enquanto as outras 17 competições confronto com um descaso que não fica restrito aos gramados. A televisão perde profissionais que poderiam ser valorizados no jornalismo esportivo, somente porque as competições foram riscadas do mapa. E os Campeonatos Estaduais caem mesmo no estado do esquecimento.

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Os novos dribles de Ronaldinho Gaúcho



"Me imagino podendo jogar bem e dar muitos dribles para alegrar a torcida". A expectativa de que, em seu retorno ao Brasil, Ronaldinho Gaúcho tenha trazido na bagagem seu bom futebol não é o único motivo pelo qual seus dribles serão essenciais. Além de seu talento ser suficiente para elevar o Flamengo de 2011 à tradição do clube, o jogador ainda precisará passar por outros desafios com a camisa rubro-negra.

O primeiro deles é driblar sua disparidade em relação a boa parte do elenco rubro-negro. Até o momento, o Flamengo encontrou somente na contratação do meia Thiago Neves um companheiro de qualidade para que R10 seja produtivo ofensivamente. Botinelli ainda é uma incógnita, e jogadores como Renato Abreu e Deivid deixam muito a desejar em relação a Gaúcho.

Outro desafio é se adequar à rotina do calendário brasileiro. Como o Brasil é o único país a disputar campeonatos estaduais, Ronaldinho Gaúcho voltará a conviver com viagens ao interior do estado (que muitas vezes podem ser desgastantes) e, principalmente, a atuar em gramados de qualidade inferior. Infelizmente, nesta lista de gramados de pouca qualidade está incluído o Engenhão - estádio que sediará por três anos os grandes jogos do Rio de Janeiro, e que tem como característica um gramado esburacado.

O desgaste se estende ao Campeonato Brasileiro. A competição passa por um período considerável no qual os jogos acontecem às quartas e aos domingos. Rotina que também acontece na Europa, mas os clubes brasileiros não têm tanta estrutura para que os atletas aguentem esta sequência de jogos.

Mas, em vez das tantas coisas para driblar, a torcida flamenguista certamente vai priorizar que Ronaldinho Gaúcho encare de frente seu maior desafio: a pressão de vestir a camisa 10 do Flamengo em todos os jogos, e conseguir marcar presença principalmente em grandes decisões. Se R10 foi objetivo ao dizer que "o Flamengo é o Flamengo" na coletiva do Hotel Copacabana Palace, firulas não serão suficientes para fazer os rubro-negros reverenciarem seu futebol.

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Prováveis ofuscados





Na semana em que o Flamengo sacramentou a bombástica contratação de Ronaldinho Gaúcho e também assinou com o meia Thiago Neves (reforços que deixaram a equipe rubro-negra com mais qualidade para medir forças com o Fluminense no Campeonato Estadual), os outros dois grandes do Rio de Janeiro foram definitivamente jogados à probabilidade de serem ofuscados no Estadual de 2011. Botafogo e Vasco iniciam o ano prometendo usar o dinheiro dos patrocinadores para sanar dívidas financeiras, deixando suas respectivas equipes sem contratações de impacto e apostando no discurso de "manter a base" do ano de 2010.

O desejo de não desmantelar a equipe de um ano para o outro é bastante louvável. Mas, as "bases" de Botafogo e Vasco são suficientes para que ambas as torcidas possam acreditar numa boa temporada?

Com a equipe montada em 2010, o Botafogo foi vencedor dos dois turnos do Campeonato Estadual e ficou em sexto lugar no Campeonato Brasileiro (a quatro pontos do Grêmio, que, por terminar na quarta colocação, foi classificado para a Taça Libertadores da América de 2011). No entanto, a equipe de Joel Santana padeceu - em especial no Brasileirão - da falta de um elenco de melhor qualidade, que fosse capaz de manter a regularidade do time na competição.

O risco de entregar as chances do alvinegro a um bando de jogadores limitados parece bater à porta de General Severiano novamente. As poucas contratações que vieram até agora foram para tentar suprir carências restritas ao time titular. E a que promete ter o maior destaque é a negociação com o meia Everton, que fez um bom Campeonato Brasileiro de 2009 pelo Flamengo e agora está no futebol mexicano.

Contratar jogadores para amenizar carências do ano anterior é a mesma conduta do Vasco. A falta de um jogador de qualidade para formar a dupla de zaga com Dedé e a ausência de um bom finalizador no ataque ficaram em pauta no time vascaíno. De resto, a aposta em uma base que, aos olhos do clube, é convincente para disputar títulos.

Só que o 2010 do Vasco não foi nada convincente. Um Campeonato Estadual desperdiçado por erros de planejamento nas contratações e um Campeonato Brasileiro no qual a equipe se arrastou nas últimas colocações e, quando conseguiu ter fôlego (graças aos reforços de Felipe, Éder Luís e Zé Roberto), esbarrou em erros individuais e na postura defensiva de seu treinador Paulo César Gusmão. Da base que a diretoria considera promissora para disputar títulos, poucos valores merecem destaque. E nenhum deles está na lista de contratados para a temporada de 2011.

O fato de uma equipe se conhecer dentro de campo não parece suficiente para que Botafogo e Vasco façam boas campanhas - afinal, muitos de seus jogadores desconhecem qualidade. A conduta de não deixar a folha salarial onerosa com reforços de altos salários é válida (em especial devido aos problemas financeiros que os clubes têm). Mas consentir que o clube seja ofuscado desta maneira é um erro gravíssimo.

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Para a legenda dos leitores que desconhecem as "caras novas" de Botafogo e Vasco nas fotos do post. Vestindo a camisa do Botafogo, o lateral-esquerda Márcio Azevedo, que veio do Atlético Paranaense. Na companhia do vice-presidente José Hamílton Mandarino, o volante Eduardo Costa, que veio do francês Monaco e o atacante Misael, que no Campeonato Brasileiro de 2010 atuou pelo Ceará.

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

O campeão de audiência



O novo destino para o futebol de Ronaldinho Gaúcho se tornou a novela mais acompanhada pela imprensa esportiva neste início de 2011. Mas, em meio à trama rocambolesca - cercada de pistas falsas, viradas surpreendentes e propostas de todos os lados - o atleta acabou relegado em segundo plano no noticiário mundial. Quem roubou a cena em meio aos passes e impasses da negociação foi Assis, seu irmão e empresário.

Não há dúvida de que o retorno de Ronaldinho Gaúcho já seria uma notícia fantástica para o futebol nacional, independente do clube no qual ele vestisse a camisa. Só que Assis conseguiu dar uma dimensão ainda maior para a importância da volta de seu irmão. Em vez de meramente seguir o protocolo de levar o jogador para se apresentar ao clube que fez a proposta mais interessante, o empresário decidiu conduzir a negociação a passos lentos - o desligamento do Milan, a coletiva de imprensa no Rio de Janeiro e toda a trajetória do leilão entre Flamengo, Palmeiras e Grêmio pelo passe de R10.

A conduta de Assis foi digna do novo cenário do mercado da bola brasileiro, no qual jogadores são elevados a grandes artistas de espetáculo e são expostos na vitrine, para aguçar os desejos de clubes e idolatria de várias torcidas. Tudo escrito minuciosamente, para tornar o retorno de Ronaldinho Gaúcho ao Brasil como a grande notícia de 2011.

Como jogador, Ronaldinho Gaúcho recebeu o cuidado que se dá a um irmão. Além do empresário que negocia contratos e quer o melhor para a carreira do jogador, Assis mobilizou o jornalismo esportivo e fez com que R10, apesar de há tanto tempo convivendo com atuações aquém de sua qualidade, voltasse a ter a relevância de um grande nome.

A novela da negociação chega ao fim. Ronaldinho Gaúcho está prestes a vestir a camisa do Flamengo, e volta ao Brasil para uma trama muito interessante. Para R10, é a chance de redenção após temporadas fracassadas, num clube de grande torcida que está disposto a recebê-lo como ídolo. Para o Flamengo, é a volta de uma referência de qualidade, após um 2010 com tantos dissabores e problemas com estrelas. Um contexto encaminhado por Assis. A partir de agora, o empresário deixar o irmão encarregado de jogar um futebol campeão de audiência.