quinta-feira, 13 de maio de 2010

Minutos finais



Análise de quarta: Flamengo 2 x 3 Universidad de Chile (19h30, Maracanã)

Os cerca de 72 mil flamenguistas que foram ao Maracanã na noite de quarta-feira de Taça Libertadores da América provavelmente prefeririam ver somente os minutos finais de cada tempo, na partida contra o Universidad de Chile. Aos 38 do primeiro tempo, veio um gol de Adriano, e aos 44 minutos do segundo tempo, um gol de Juan. Mas no restante da partida, o Flamengo foi apático e saiu de campo com uma derrota por 3 a 2 para La U. Agora, o time da Gávea precisa vencer por dois gols de diferença no Estádio Santa Laura, em Santiago, para chegar às semifinais da competição internacional.

Apesar de jogar com o apoio da torcida, o Flamengo começou a partida nervoso. Não só pelos erros de passe, como também em algumas jogadas os flamenguistas pareciam displicentes. Numa de suas displicências, veio o primeiro gol do Universidad de Chile. Em jogada de área, a zaga cortou mal e a bola sobrou para Victorino abrir o marcador.

Aos trancos e barrancos, o Flamengo tentava se lançar ao ataque, mas parava na boa marcação dos chilenos - em especial quando os meias Vargas e Iturra voltavam para marcar, impedindo as subidas de Léo Moura e Juan. Só aos 12 minutos veio a primeira chance rubro-negra. Vágner Love aproveitou cruzamento de Léo Moura e cabeceou, a bola desviou na cabeça do zagueiro Olarra e acertou o travessão.

Notando a apatia de seu meio-de-campo, aos 20 minutos Rogério Lourenço fez sua primeira alteração. Rômulo, um dos que mais parecia disperso em campo, saiu para a entrada de Michael. A tentativa era de ter mais uma opção na saída para o ataque. Kléberson vinha fazendo uma partida satisfatória, mas estava muito sobrecarregado nas jogadas (e isto era mais visível porque o camisa 15 há algum tempo não era usado exclusivamente nesta função de criação).

Mas as coisas se complicariam ainda mais. Quatro minutos depois, um contra-ataque gerou cruzamento na área do Flamengo. A zaga parou na linha burra de impedimento e viu Bruno subir para fazer a defesa. Mas o goleiro se embolou com Olarra, e o zagueiro colocou a bola no fundo da rede numa jogada polêmica - o cotovelo de Olarra teria atrapalhado Bruno a fazer a defesa. O juiz Carlos Amarilla deu gol, o segundo de La U no Maracanã.

Os jogadores do time chileno começaram a se fechar na defesa, e permitiram maior posse de bola do Flamengo. Aos poucos, o time carioca vinha chegando mais perto da área adversária. Mas, invarivavelmente, o time partia para jogadas no meio-de-campo, e via suas tentativas bloqueadas por uma zaga muito bem postada.

O alívio veio somente numa jogada da lateral. Aos 38 minutos, Kléberson fez um cruzamento certeiro na cabeça de Adriano. O atacante colocou a bola no fundo da rede de Miguel Pinto e, depois de alguns meses, voltou a comemorar um gol com a camisa do Flamengo.

O time parecia, finalmente, ter entrado no jogo. Muitas bolas lançadas para a correria e algumas chances claras desperdiçadas por ansiedade da dupla de ataque rubro-negra - Vágner Love, duas vezes, e uma de Adriano, em chutes por cima do travessão.

Mas no intervalo, o gol parecia muito mais próximo da equipe do Flamengo - em especial depois que, aos 46 minutos, Iturra foi expulso ao fazer um carrinho violento em Williams. A tarefa parecia menos complicada também depois que Rogério Lourenço deixou sua equipe ainda mais ofensiva, quando tirou Maldonado (que fazia uma partida desastrosa, com muitos passes errados e erros de marcação) e colocou em campo Petkovic.

Foram precisos dois minutos do segundo tempo para que a realidade do Maracanã mostrasse o contrário. As mudanças do meio-de-campo para a frente eram promissoras para os 45 minutos finais, mas o setor defensivo seguia na mesmice. O bom meia Montillo entrou livre na área e cruzou rasteiro para Fernández. Ele colocou a bola no fundo da rede de Bruno.

O panorama que se seguiu foi uma partida de ataque contra defesa. Com a vitória nas mãos e 10 homens em campo, La U se recuou e o Flamengo ganhou mais chances de chegar ao gol. A primeira delas veio dos pés de Petkovic, que cruzou para Adriano, de cabeça, jogar seu segundo gol no travessão.

Os flamenguistas tomavam conta da partida, mas tropeçavam em seu cansaço e no erro primário de querer fazer jogadas individuais e resolver tudo sozinho. A torcida, que não deixou a impaciência de lado nem mesmo com a entrada de Petkovic, chegou ao seu limite aos 26 minutos da segunda etapa. Rogério Lourenço sentiu as vaias dos 72 mil torcedores quando chamou para o jogo o atacante Dênis Marques. E quando ele entrou para a saída de Kléberson, o técnico ouviu os gritos de "burro" que ecoaram o Maracanã.

A tentativa de colocar mais um atacante na área do Flamengo não pareceu bem-sucedida. Nem tanto pela falta de qualidade de Dênis Marques, mas pelos sucessivos erros cruciais na área (como o lance em que Vágner Love escorregou) e pelos fracos chutes a gol. Aos poucos, o Universidad de Chile foi arriscando alguns ataques. Em ambos, Bruno foi decisivo para evitar uma derrota com contagem pior.

Mas o gol veio do lado do Flamengo. Aos 44 minutos, Juan arriscou um chute de fora da área, a bola desviou no zagueiro e passou por baixo do goleiro Miguel Pinto. Um sorriso de alento para a torcida rubro-negra, que viu a obrigação do time para o jogo em Santiago ficar menos complicada. Agora, os rubro-negros vão ao Chile e precisam fazer dois gols de diferença no time do Universidad de Chile, que estará desfalcado de cinco atletas (cedidos para as seleções do Chile e do Uruguai na preparação para a Copa do Mundo de 2010).

Certamente, a torcida rubro-negra espera que no embarque para o Chile viaje o poder de superação que passeou nos minutos finais do Maracanã. A apatia que tomou conta de boa parte do jogo do Flamengo não pode passar nem perto do saguão de embarque.

Um comentário:

Leonardo Valejo disse...

O pior do jogo de ontem é que o time todo não jogou bem e o Universidad do Chile jogou apenas o suficiente. Até Bruno que salvou a equipe em certos momentos, falhou no 2º gol mesmo com um leve toque do jogador chileno.

Abraço
Leonardo Valejo