domingo, 2 de maio de 2010

Lições de gente grande



SANTOS, CAMPEÃO ESTADUAL DE SÃO PAULO DE 2010

A primeira parte da temporada de 2010 fez a torcida brasileira se fascinar com o Santos. A nova geração dos "meninos da Vila" foi simbolo do futebol bonito - marcado por dribles, goleadas e até comemorações irreverentes. Mas, na final do Campeonato Paulista, todos estes detalhes ficaram de fora do Pacaembu. Os meninos deixaram o papel de moleques e aprenderam uma lição de gente grande: até mesmo os favoritos têm de suar para conquistar um título.

Mesmo perdendo por 3 a 2 para o Santo André, o Santos sagrou-se campeão paulista de 2010. Como o alvinegro praiano tinha a melhor campanha do torneio, ele tinha vantagem de poder perder por um gol de diferença, por causa da vitória por 3 a 2 na primeira partida.

Além dos dois gols de diferença para tirar, o Santo André entrou em campo no mesmo papel inglório que deram à Itália em 1982 (a vitória da seleção italiana sobre o Brasil é definida por muitos como o triunfo do futebol violento sobre o "futebol-arte"). Mas precisou de apenas 35 segundos de partida para mostrar que seu futebol também é vistoso, sem burocracias. Cicinho recebeu bola de Branquinho, driblou Felipe e chutou. A bola resvalou no joelho de Nunes, que abriu o placar. Primeira lição santista: os primeiros e os últimos cinco minutos de cada partida são os momentos nos quais os jogadores estão mais desatentos. E a desatenção dos zagueiros permitiu que a vantagem ficasse mais limitada para o Santos.

Cerca de sete minutos depois, Neymar recebeu passe de Robinho e, em mais uma de suas jogadas de talento, passou por três jogadores do Santo André antes de empatar o jogo. Mas o Santos tem seus dois setores dignos do futebol de outrora. Ao mesmo tempo que o ataque é sobrecarregado de categoria e não se contenta com poucos gols, a defesa falha constantemente, e permite as chances adversárias. Foram três chances consecutivas do Ramalhão - numa delas, aos 17, Carlinhos cruzou e Rodriguinho, de cabeça, colocou a bola no fundo da rede de Felipe. Mas a bandeirinha Maria Eliza Barbosa, erradamente, assinalou impedimento. Até que, aos 19, depois de uma cobrança de escanteio, Alê desviou de cabeça e colocou o time azul em vantagem novamente.

Três minutos depois, os meninos santistas tiveram mais uma lição: a de que não se pode cair na provocação de um jogador de outro time. Alê fez falta em Neymar e os jogadores do Santo André foram para cima do juiz Sálvio Spinola. Paulo Henrique Ganso foi discutir com o zagueiro Alê e, as duas equipes começaram uma confusão generalizada. Ao final, foi expulso um jogador de cada lado: o zagueiro santista Léo e o atacante Nunes, do Ramalhão.

Aos 31 minutos, veio mais um lampejo de bom futebol santista. Robinho tocou para Paulo Henrique Ganso que, de calcanhar, deixou Neymar livre para marcar seu segundo gol. Mas o recreio acabou logo depois: o meia Branquinho arrancava pela esquerda quando Marquinhos deu um carrinho violento no jogador. Carrinho por trás e desnecessário (por ser na linha que divide o gramado e terem outros marcadores santistas por perto) é cartão vermelho na certa. E, graças a Marquinhos, o Santos terminava o primeiro tempo com um jogador a menos.

A um minuto do fim do tempo regulamentar, a zaga do Santos deu mais uma aula de desatenção e praticamente assistiu ao passe de Bruno César para Branquinho marcar o terceiro gol. O primeiro tempo terminou em 3 a 2 para o Santo André, mesmo resultado que o Santos teve no primeiro jogo, domingo passado.

No segundo tempo, o Santos comprovou sua disposição para nunca abdicar do ataque e, mesmo com nove jogadores em campo, buscou o empate. Mas, na marra, a defesa teve de aprender a segurar as pontas quando o time vai para frente. Aos cinco minutos, Bruno César deu mais um lindo passe que encontrou Rodriguinho na área. Livre, o atacante driblou Felipe e chutou. O volante Arouca salvou no limite, colocando a bola para escanteio.

Aos poucos, o Santo André começou a perder o fôlego, e muitas das jogadas da equipe do ABC paulista eram facilmente neutralizadas. Com a troca de Robinho por André, o atacante contribuiu para que o Santos prendesse mais a bola na área adversária. E, fugindo dos princípios da equipe no ano, o alvinegro praiano estava presente no campo do Ramalhão, mas sem ameaçá-lo de maneira ofensiva.

Se o time do Santos vinha tendo lições de gente grande, o técnico Dorival Júnior ainda fez questão de deixar as coisas mais difíceis para seus jogadores. Aos 32 minutos, Dorival lembrou seu passado recente como treinador do Vasco e fez uma substituição defensiva no time santista. Neymar deu lugar a Roberto Brum. E o que era chance de receber pressão do Santo André se tornou concreto minutos depois. Roberto Brum fez um carrinho violento no meia Pio, e, assim como Marquinhos no primeiro tempo, foi expulso de campo direto, sem levar um cartão amarelo antes. O Santos ficava com oito jogadores em campo.

O treinador santista estava prestes a cair em outro erro, e fazer uma substituição que deixava o Santos ainda mais encolhido, quando viu o "discípulo" superar o "professor". Dorival Júnior anunciou a Paulo Henrique Ganso que ele ia sair de campo, mas o jogador disse que não, que estava disposto a continuar na partida. Dominado pelo nervosismo, Dorival acabou tirando de campo André (que entrara no segundo tempo) para, em seu lugar, entrar o zagueiro Bruno Aguiar.

O Santos se resumia então a tentar prender a bola em qualquer lugar do gramado - como, em geral, fazem times experientes que estão em vantagem de resultado. Ao Santo André, coube a luta por tentar um resultado histórico para o time. Seus jogadores abandonaram o estigma de ser "um time pequeno numa final de campeonato" e tentaram o tempo todo. No último lance de perigo, Rodriguinho chutou da marca do pênalti e, com o goleiro batido, viu acabar na trave a chance do quarto gol do Santo André

Ao final da partida, o Santos pôde dar a volta olímpica com a certeza de que sua campanha fez por merecer a conquista do Campeonato Paulista. Sem dúvida, foi a melhor equipe da temporada de estaduais de 2010. Mas, graças a um Santo André guerreiro que tiveram como adversário (e que, certamente, fará um bom Campeonato Brasileiro da Série B), os "meninos da Vila" aprenderam uma lição de gente grande: time que quer ser campeão precisa de, além do talento, ter muito jogo de cintura diante da catimba do adversário e da pressão de torcedores. Resta saber se, no decorrer do ano, o Santos terá mais possibilidades de apresentar sua maturidade na prática.

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BOLA PRO MATO



A surpreendente arrancada do Sport Recife no primeiro jogo da final do Campeonato Pernambucano pode ter sido positiva para o time do Náutico. Após abrir 3 a 0 dentro dos Aflitos, o Timbu se acomodou e deixou o rubro-negro marcar dois gols nos últimos 22 minutos.

Tendo meramente a vantagem do empate, e sabendo do poder de fogo que tem seu adversário, o alvirrubro de Recife vai entrar em campo na Ilha do Retiro com mais atenção e, também, querendo partir para o ataque. Ainda mais que o Náutico tem grandes chances de impedir o pentacampeonato pernambucano do Sport Recife.

Um comentário:

玉の輿度チェッカー disse...

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