segunda-feira, 17 de maio de 2010

Nada a reservar



Análise de jogo: Vasco 0x0 Palmeiras (18h30, São Januário)

Numa rodada cheia de times reservas por todos os lados, Vasco e Palmeiras se enfrentaram em São Januário com suas equipes titulares, e em busca de dias melhores em 2010. Ao final dos 90 minutos, os dois comprovaram que não têm nada a reservar para as suas torcidas, e o empate em 0 a 0 foi o placar mais lógico para este confronto. Com o resultado, o Palmeiras chegou a quatro pontos ganhos e o Vasco pontuou pela primeira vez no Campeonato Brasileiro.

17 meses depois de sua última partida na Série A do Campeonato Brasileiro (quando a derrota por 2 a 0 para o Vitória culminou no rebaixamento para a Série B em 2008), o Vasco voltou a se apresentar na elite do futebol brasileiro diante de sua torcida. E os ecos do retorno à Primeira Divisão foram simbolizados em uma faixa: "O sentimento não vai parar. Mas o sofrimento tem que parar". A faixa de protesto, que também pedia melhores jogadores e um técnico de ponta, era em alusão à campanha "O sentimento não pode parar", símbolo do período vascaíno na Segunda Divisão em 2009.

Quando a bola rolou, outros símbolos de Série B pesaram na atuação do Vasco. Vontade, muita vontade, de um time competitivo que aproveita o mando de campo para dominar a partida. Os vascaínos buscavam ter volume de jogo e acuavam os palmeirenses em sua defesa. Mas, com o esquema equivocado escalado por Gaúcho, a qualidade ficava restrita aos pés de Philippe Coutinho. Nilton distribuía pontapés, Léo Gago errava inúmeros passes e Souza acabava sendo um dublê de lateral-direita (como o volante Jumar foi escalado no improviso na posição, o Vasco não contava com ele para apoiar o ataque). Erros primários, comuns no time de 2009.

Com a categoria no meio-de-campo restrita a Coutinho, a zaga do Palmeiras se sobressaía em todas as jogadas. Mesmo com tanta pressão, o alviverde paulista sofreu perigo apenas em chutes de fora da área, como os de Souza, Philippe Coutinho e Léo Gago. Os palmeirenses revelaram sua fragilidade defensiva em alguns momentos - como numa bola mal rebatida por Marcos que a zaga se desdobrou para evitar chance de Philippe Coutinho, ou num momento em que o goleiro trombou com o meia Cleiton Xavier, mas Souza, com o gol vazio, deu um chute por cima do travessão - enquanto seu ataque permanecia inofensivo.

A única oportunidade do Palmeiras no primeiro tempo veio a sete minutos do fim. Numa desatenção de Thiago Martinelli, Márcio Araújo entrou na área, driblou Fernando Prass e se atirou na tentativa de cavar pênalti. O árbitro Wilton Pereira Sampaio mandou seguir. Mas foi só. No último lance antes do intervalo, Élton arriscou uma bicicleta que passou por cima do gol de Marcos.

O Vasco voltou com o mesmo esquema e os mesmos erros para o segundo tempo. A urgência pedida na faixa de protesto chegava aos torcedores, que reclamavam a cada jogada mal-sucedida. Perigosamente acomodado com o resultado, o Palmeiras se limitava a defender, em especial porque seu setor de meio-de-campo se assemelhava ao do adversário. Os volantes oscilavam entre passes errados e chutões, e o lampejo de qualidade partia dos pés de Cleiton Xavier.

Vendo o tempo passar e o gol não acontecer, Gaúcho decidiu mexer duas vezes no time aos 18 minutos. Rafael Carioca entrou no lugar de Nílton, que, vivendo um ano ruim com a camisa do Vasco, foi para o banco de reservas batendo boca com os torcedores presentes na social de São Januário. Na outra alteração, uma tardia tentativa de deixar o time mais ofensivo: o volante Souza deu lugar ao meia Magno. Neste momento, já eram constantes os gritos de "Fora, Gaúcho!" nas arquibancadas.

Aos poucos, os vascaínos ficavam cansados, e o time não tinha pernas para chegar ao gol adversário. Gaúcho ainda trocou o parceiro de ataque de Élton - Caíque por Rafael Coelho - mas a correria do atacante pouco adiantou naquele momento da partida. Do lado do Palmeiras, houve até algumas tentativas de ataque. Mas o time de Antônio Carlos Zago permanecia numa displicência imensa, acomodado com o empate.

Talvez, inconscientemente os palmeirenses concordassem que o empate em 0 a 0 era o mais justo para a apresentação de Vasco e Palmeiras em São Januário. No embate entre o Vasco sem padrão de jogo e o Palmeiras sem vontade, os dois saíram perdendo. Afinal, com as equipes que apresentam hoje em campo, eles não têm nada de bom a reservar no Campeonato Brasileiro. E o que é pior: ao contrário de outros adversários que tiveram resultados negativos na rodada, os dois não têm a desculpa de que atuaram com times reservas.

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O tempo e o placar... traz o que houve de melhor e de pior na segunda rodada do Campeonato Brasileiro de 2010.

O CHUTAÇO

No time misto que o Internacional colocou em campo contra o Goiás, se sobressaiu o poder de fogo do atacante WALTER. Muita disposição, boas jogadas e dois belos gols marcados na virada por 3 a 2 contra os goianos, no Serra Dourada.

A FURADA

Além da imensa furada que foi assistir à partida entre VASCO E PALMEIRAS (o jogo em destaque hoje na rodada), a apresentação de WASHINGTON no São Paulo deixou ainda mais claros os motivos pelos quais ele está na reserva. Há tempos o atacante tem feito más partidas, desperdiçando chances claras de gol e errando tudo o que tentou. Ao final, o jogador declarou-se desmotivado por hoje ser a terceira opção de ataque de Ricardo Gomes. É bem provável que a torcida concorde que é hora de ele se despedir do Morumbi.

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