segunda-feira, 25 de maio de 2009

Casas desarrumadas



O terceiro fim de semana com partidas do Campeonato Brasileiro vem desmentindo mais um mito da "lógica" do futebol brasileiro: a de que "jogar em casa" contribui para a equipe sair vitoriosa depois dos 90 minutos. Dos oito times que saíram de campo com três pontos, cinco estavam jogando no gramado adversário.

O resultado mais surpreendente veio do Sul do país. Pela segunda vez, o Atlético Paranaense perdeu em plena Arena da Baixada, desta vez por excesso de confiança. O time abriu 2 a 0 sobre o Náutico e acreditou que a segunda etapa seria mera cordialidade. Mas os pernambucanos mostraram empenho, não se intimidaram com o fato de serem "visitantes" e, no finzinho do jogo, conseguiram a virada para 3 a 2. Apesar da imprensa esportiva torcer o nariz pelo fato do time nordestino estar em segundo lugar na classificação (acreditando que se trata de um dos muitos "cavalos paraguaios" que aparecerão em 2009), os bons resultados de início de campeonato podem garantir que, ao menos, o Náutico esteja no ano que vem dentre os 20 melhores do país.

O outro pernambucano da Série A também teve seu jogo terminado em 3 a 2. Só que o Sport, na Ilha do Retiro, foi mais uma vítima da desarrumação de sua casa. O visitante importuno foi o Atlético Mineiro, que no primeiro tempo chegou a abrir a vantagem de 3 a 0, em dia inspirado do atacante Éder Luís. Na segunda etapa, o Leão da Ilha pressionou e conseguiu chegar perto da vantagem atleticana, mas mais uma vez saiu de campo derrotado. Ao que parece, os pernambucanos ainda estão jogando traumatizados pela eliminação na Taça Libertadores da América.

Arquirrival do Atlético, o Cruzeiro manteve sua boa fase no sábado, ao vencer o Vitória por 2 a 0, em grande atuação de Kléber. Ao lado do Corínthians (que venceu por 2 a 1 seu companheiro de estado, o Barueri) e do Grêmio (que ganhou por 2 a 0 de um Botafogo totalmente perdido depois que Maicosuel saiu definitivamente da equipe), a Raposa também não aceitou que a visita baiana fizesse festa no Mineirão.

No outro grande palco do país - o Maracanã - o Santos apresentou o outro artilheiro do Campeonato Brasileiro. Foi preciso o Fluminense estar com nove jogadores para que Kléber Pereira conseguisse balançar as redes tricolores por duas vezes. Sim, é bem verdade que o time da Vila Belmiro já havia conseguido virar o placar. No entanto, a entrada de Neymar (colocado na reserva para "não ser exposto") foi decisiva para que o Santos goleasse por 4 a 1 um Fluminense sem zaga e com deficiências em ambas as laterais.

No outro confronto entre cariocas e paulistas, o Rio de Janeiro conseguiu sua vitória. Após três jogos em branco, o Flamengo conseguiu encontrar dois gols, marcados por um atacante (posição crítica no time rubro-negro) - Josiel, considerado por alguns torcedores como "o Messias da Gávea". O texto da vitória do Flamengo sobre o Santo André, por 2 a 1, está na página eletrônica Almanaque Virtual:

http://almanaquevirtual.uol.com.br/ler.php?id=18933&O+ESCOLHIDO+RUBRO-NEGRO+

O primeiro clássico paulista do Campeonato Brasileiro acabou sendo o diferencial da rodada. Não só pelo empate sem gols entre Palmeiras e São Paulo, mas também porque no duelo quem brilhou mesmo foram os goleiros Marcos e Dênis. As mãos de "São" Marcos já foram exaltadas inúmeras vezes na imprensa, mas foi bom para a torcida são-paulina ver que o terceiro goleiro de seu time não sentiu a responsabilidade (caída no colo porque os dois goleiros, Rogério Ceni e Bosco, estão contundidos) e fechou o gol num jogo com tamanha rivalidade.

Pela terceira vez em três rodadas, o empate foi o resultado que o Avaí conseguiu no Campeonato Brasileiro - desta vez, diante do Coritiba, no Estádio Ressacada. No 2 a 2, o único "vencedor" foi mesmo Marcelinho Paraíba, que se juntou aos dois Kléber (o Kléber cruzeirense e o santista Kléber Pereira) na liderança da artilharia, com três gols marcados.

Alheio aos tropeços dos adversários, o Internacional no sábado já tinha mantido o seu primeiro lugar, usando a mesma estratégia de fazer com que seus titulares sejam reservas de luxo nas rodadas iniciais do Campeonato Brasileiro. Inter e Goiás faziam uma partida truncada até o atacante Taison entrar em campo e, em uma jogada de oportunismo, fazer o gol da vitória colorada no Serra Dourada.

Ao final da terceira rodada do campeonato, o Internacional é o único que ainda não teve sua casa desarrumada em nenhuma das partidas. Resta saber se o colorado terá fôlego para não se tornar mais um dos "cavalos paraguaios" que passeram em todos estes anos de Brasileirão com pontos corridos.

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O tempo e o placar... elege o que houve de melhor e de pior nesta rodada.

O CHUTAÇO

A grata surpresa do Náutico. Treinado por Waldemar Lemos, o time pernambucano vem mostrando muita disposição e, principalmente, não teme o favoritismo de seus adversários. Nesta rodada, a seriedade dos jogadores foi capaz de virar um jogo diante de uma Arena da Baixada toda em rubro-negro no Paraná.

A FURADA

A entrada criminosa de Eduardo Ratinho em Neymar no jogo entre Fluminense e Santos. A atitude do lateral simbolizou o descompasso no qual está o tricolor das Laranjeiras, desde o goleiro Fernando Henrique (que, sem trocadilho, troca as mãos pelos pés na hora de defender) até o meia Thiago Neves (a cada dia mais disperso nos jogos). Único jogador lúcido na equipe, Conca não consegue fazer com que a bola chegue a Maicon e Fred no ataque. Carlos Alberto Parreira terá muito trabalho.

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