terça-feira, 19 de maio de 2009

Autuori e a teoria em campo



Desde as décadas de 1980 e 1990, o futebol brasileiro vem sofrendo alterações consideráveis dentro de campo. Saltam aos olhos dos torcedores times com esquemas defensivos e a ascensão de zagueiros e volantes destinados a dar botinadas nos adversários - e, pasmem, estes jogadores bons são valorizados porque "anulam" craques. Mas as mudanças não ficam restritas às quatro linhas do futebol brasileiro. O banco de reservas também sofreu uma curiosa alteração.

Geralmente, os torcedores e dirigentes confiavam o comando de suas equipes a ex-jogadores, afinal, por eles já viverem o cotidiano dos gramados, seria mais fácil controlar um time e armar uma equipe em busca da vitória. O futebol só abria exceções a pessoas anteriormente ligadas a futebol, como foi o caso do preparador físico Carlos Alberto Parreira, que se consagraria em 1994, ao levar a Seleção Brasileira ao seu quarto título na Copa do Mundo.

Provavelmente, a carreira vitoriosa de Parreira tenha aberto espaço para uma vertente de treinadores que nunca usou chuteiras chegar ao comando de uma equipe. Alguns deles são acadêmicos, como o ex-aluno do curso Educação Física na Universidade de Caxias do Sul, Celso Roth, hoje treinador do Atlético Mineiro.

E como é o caso de Paulo Autuori, que passou a comandar o Grêmio ontem. Botafogo, Cruzeiro e São Paulo são os clubes brasileiros que conseguiram bons resultados sob o comando deste carioca formado em Educação Física e Administração Esportiva e que fez um Curso de Treinadores de Futebol pela UERJ.

Ontem, na segunda edição do programa Bate bola, na ESPN Brasil, os comentaristas chamaram a atenção para a felicidade com a qual a direção do tricolor gaúcho o anunciou como o novo técnico para o Campeonato Brasileiro. Eles ressaltaram que a reação positiva era impensável em outros momentos, pois costumava-se torcer o nariz para treinadores formados em "academia", por trazerem muitos aspectos teóricos para suas equipes.

O novo treinador gremista tem o grande desafio de colocar sua teoria em campo e fazer com que o Grêmio tenha a prática de boas vitórias, tanto no Brasileirão quanto na Taça Libertadores da América. Caso contrário, a direção do tricolor gaúcho deixará Paulo Autuori de recuperação (e como todo técnico no Brasil é interino, ela pode acontecer antes mesmo do final do ano).

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