terça-feira, 16 de junho de 2009

Salvo pelo ponto



Foi preciso um ponto eletrônico acordar o árbitro inglês Howard Webb para a Seleção Brasileira não deixar uma zebra faraônica passar pela sua história. O Brasil empatava com o Egito em 3 a 3 quando Lúcio chutou para o gol e a bola bateu em Al Muhamad e foi para fora. O juiz apontou escanteio, mas, ajudado pela "consciência" em seu ouvido, conseguiu enxergar que, de fato, houve pênalti para a Seleção Brasileira. A boa cobrança de Kaká amenizou a estreia preocupante, mas não pode rechaçar os deslizes do time de Dunga.

Nos primeiros 45 minutos, a vantagem de 3 a 1 - conquistada com gols de Kaká, Luís Fabiano e Juan, com Zidan descontando - mostrava a superioridade e o poder de reação da equipe. Mesmo quando sofreu o gol de empate três minutos depois de abrir o placar, o Brasil jogava melhor, e por sua tradição (e pela falta de tradição do Egito), a goleada era um caminho praticamente certo.

Mas o desvio de rota foi mudado aos nove e aos 10 minutos do segundo tempo. Com gols de Shawki e Zidan, respectivamente, o Egito empatou em 3 a 3 o confronto. Em vez de usar sua soberania técnica, o Brasil misteriosamente ficou apático, praticamente assistindo ao Egito jogar (e pressionar, ainda mais depois que a seleção egípcia passou a contar com três atacantes). Nem mesmo as entradas de André Santos, Ramires e Alexandre Pato deixaram a Seleção Brasileira mais veloz. Todos pareciam jogar em ritmo de treino, e de um treino ruim.

Mesmo marcado de uma forma discutível para todas as confederações (e talvez para a FIFA), o pênalti aos 45 minutos do segundo tempo foi indiscutivelmente o salvador da atuação abaixo do esperado do time de Dunga. O goleiro Júlio César afirmou que o cansaço da viagem até a África do Sul atrapalhou a partida da Seleção Brasileira. Pode ser. Mas é muita coincidência que o Brasil mais uma vez jogue mal diante de uma seleção considerada inferior - vide os empates em 0 a 0 contra Bolívia e Colômbia pelas Eliminatórias da Copa do Mundo. Só há duas saídas para este mistério: ou os jogadores se desmotivam diante de adversários menos tradicionais (pois o Brasil já fez excelentes partidas em amistosos com Portugal, ao final do ano passado, e Itália, no início de 2009), ou Dunga não consegue um esquema tático adequado para furar a barreira de times mais defensivos.

Talvez por isto o narrador Galvão Bueno tenha propagado durante a transmissão de Brasil e Egito a ideia de que os Estados Unidos (próximos adversários na Copa das Confederações) são difíceis de ser batidos. Porque, se fosse um adversário considerado "galinha morta", fatalmente a Seleção Brasileira se acomodaria e teria dificuldades para chegar à vitória.

Além dos Estados Unidos na quinta, o Brasil enfrenta a Itália (campeã da Copa do Mundo de 2006) na primeira fase da Copa das Confederações. Dois jogos teoricamente mais difíceis do que o Egito. Destas vezes, a Seleção Brasileira não pode ficar à mercê de um ponto eletrônico para salvá-la de um mau resultado.

Um comentário:

Anônimo disse...
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