quarta-feira, 24 de junho de 2009

A derrota do jornalismo esportivo



Um verdadeiro gol contra o fim da obrigatoriedade do diploma de jornalismo para que se exerça a profissão. O empenho de inúmeros estudantes é jogado no lixo mais uma vez, para que se sobressaia um pensamento contraditório das empresas: a de que passa mais credibilidade um especialista no assunto (um economista, por exemplo) do que um jornalista formado. A área que promete ser a mais sentida é a do jornalismo esportivo.

Com o aval definitivo do Supremo Tribunal Federal, agora os jornais e as emissoras de rádio e de televisão podem escancarar suas portas para a contratação de comentaristas ligados ao esporte. Afinal, o que chama audiência? Um jogo de vôlei com análises de um jornalista ou de Tande? Uma partida de basquete com comentários de um estudioso ou do Oscar? Um jogo de futebol tendo como comentarista uma pessoa formada ou o Romário?

Sim, é bem verdade que alguns dos comentaristas presentes no jornalismo esportivo brasileiro têm seus devidos valores - mas, provavelmente, por méritos próprios, por decidirem estudar e se aprofundar na área. Entretanto, é lamentável ver comentaristas como o ex-jogador Neto e o ex-árbitro Oscar Roberto de Godói tomando espaço de jornalistas na TV Bandeirantes. É visível o despreparo de nomes como Júnior, na TV Globo, e do ex-treinador Valdir Espinosa, no canal a cabo Sportv.

Na televisão, escolha de pessoas ligadas a esporte para participar de eventos esportivos acaba não sendo favorável nem para a própria emissora. Cada vez mais, os ex-atletas aceitam participar das transmissões com o intuito de mostrar que ainda estão ligados aos esportes nos quais fizeram carreira. Foi graças ao jornalismo esportivo que o ex-zagueiro Mauro Galvão conseguiu um espaço na gerência do Grêmio, e que o ex-atacante Müller se tornou um dos diretores do Santo André. O emprego de jornalista deve ir além de mera catapulta para outros ramos.

A decisão do STF sacramentou o empobrecimento da cobertura esportiva, tão combalida pela política de ter na equipe "especialistas de outras áreas, com talento reconhecido" (palavras do vice-presidente das Organizações Globo, João Roberto Marinho). Agora, os jornalistas que quiserem se aventurar pela área de esporte terão mais um grande adversário.

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