terça-feira, 10 de agosto de 2010

Vítima de uma obsessão



Às vezes, um título é capaz de maquiar todos os defeitos que uma equipe apresenta em seu desempenho no gramado. Mas uma derrota numa decisão consegue ser fatal para evidenciar toda uma sequência de erros que foram deixados de lado no caminho até a final. E é nesta situação que se encontra o Vitória da Bahia. Uma semana depois da perda da Copa do Brasil para o Santos, e no dia seguinte à derrota para o Vasco em São Januário, Ricardo Silva foi demitido.

Enquanto esteve no cargo de técnico, Ricardo padeceu de alguns problemas de organização do Vitória. Desde os vistos mais constantemente em equipes com pouca tradição nacional, como a ausência de um elenco que passe acima do razoável e o risco de seu jogador mais habilidoso ser um veterano (no caso, o meia Ramón), até erros de planejamento que vieram para o rubro-negro baiano em 2010.

Priorizar a disputa da Copa do Brasil é uma opção eficaz quando se tem um grupo de reservas capaz de ser bem-sucedido em outras competições. Mas não era o caso do Vitória, que, se em seu time titular trazia poucos, como os meias Ramón e Elkesson, no banco de reservas acabava encontrando menos possibilidades ainda de formar uma equipe com bom nível técnico.

A confiança em contar com o bom retrospecto no Barradão pareceu atrapalhar a equipe também no primeiro jogo da final. Na Vila Belmiro, o Vitória permitiu que o Santos perdesse inúmeras oportunidades, e tudo foi camuflado porque o placar ficou "apenas" em 2 a 0.

Mas, sem dúvida, o grande motivo que levou à demissão de Ricardo Silva foi o mal do qual ainda sofrem alguns times que estão em busca de consolidação em território brasileiro. A final contra o Santos era apenas o segundo momento na história em que o clube chegava a uma decisão de um campeonato nacional - a primeira tinha sido em 1993, no Campeonato Brasileiro, quando o Vitória foi derrotado pelo o Palmeiras. A situação ficava ainda mais delicada na rixa de torcedores do Vitória com os do seu arquirrival Bahia. Por mais que o adversário desde 2003 não dispute a Primeira Divisão - e nos anos de 2006 e 2007 tenha disputado a Série C do Brasileirão - o Bahia tem em sua história os troféus da Taça Brasil de 1959 e do Campeonato Brasileiro de 1988.

Por isto, o Vitória se apegou cegamente à possibilidade do título na Copa do Brasil, não se preocupando com problemas que vinham ao seu redor e, o que é pior, fazendo pouco caso das partidas do Campeonato Brasileiro. A torcida acolheu o rubro-negro baiano, com os gritos de "time de guerreiro" após o jogo final com o Santos no Barradão. Mas, em nenhum momento, a diretoria do clube se preocupou em dar munição para Ricardo Silva ter outras formas de guerrerar com os adversários.



Em compensação, seu sucessor, Toninho Cecílio (que vinha treinando o Grêmio Prudente neste Brasileirão), terá mais opções de elenco no comando do Vitória. A diretoria confirmou as contratações de Eduardo, Thiago Humberto, Henrique e, talvez a maior delas, Kléber Pereira. Agora é a dúvida que paira sobre o Barradão: a ausência de bons jogadores teria sido um boicote a Ricardo Silva?

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