terça-feira, 10 de agosto de 2010

Fragilidade anunciada



A tradição gaúcha mais uma vez prevaleceu no Grêmio. Diante do Campeonato Brasileiro que a equipe gremista vem apresentando, o cenário promissor, no qual Silas prometia deslanchar sua carreira, se transformou num contexto que justificou de uma vez por todas a desconfiança da torcida sobre ele.

O Grêmio iniciou o ano com uma campanha hesitante no Gauchão, o que fez com que o time fosse alvo de muitos protestos, de vaias e até de uma situação inusitada: no jogo contra o Votoraty, pela Copa do Brasil, os gremistas presentes no Olímpico vibraram quando o atacante William se contundiu. Entretanto, a resposta às dúvidas sobre Silas veio com a conquista do Campeonato Gaúcho.

Mesmo com o título, a situação entre Silas e os torcedores do Grêmio ficava no limite, e isto se refletia também no grupo de jogadores. William e outros que tinham atuado no ano anterior pelo Avaí, no qual Silas era o comandante, eram invariavelmente desprestigiados.

Num contexto tão delicado, qualquer resultado adverso poderia degringolar numa crise sem precedentes. E foi assim que o Grêmio perdeu seu rumo. Com a eliminação para o Santos na semifinal da Copa do Brasil, os jogadores gremistas pareceram assimilar uma forte depressão. Os resultados pararam de vir, em especial após a parada da Copa do Mundo, e a situação ficou insustentável.

A demissão de Silas foi um episódio ensaiado desde o início do técnico no comando do Grêmio. Técnicos com esquemas que priorizam a velocidade e a técnica, como foi o Avaí de 2009, não têm força no futebol gaúcho. A intolerância gremista mais uma vez veio de maneira violenta, e derrubou um treinador que ousou tentar um novo padrão de futebol para o tricolor do Rio Grande do Sul.



Num clube tão apegado às suas tradições, era inevitável que, após este período atípico na história gremista viesse um nome visto com bons olhos em azul, branco e preto. Renato Gaúcho é o novo homem à frente do Grêmio, e traz com ele o carinho da torcida, pois, como jogador, ele deu o Mundial Interclubes de 1983. Resta saber se, em nova função, Renato vai ter forças e o abraço da torcida para aumentar a vasta tradição de títulos do tricolor gaúcho.

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