terça-feira, 10 de agosto de 2010

Enquanto era tempo



Ao contrário de todos os assalariados do país, um treinador de futebol é o único que não precisa chegar a segunda-feira para saber se continua empregado. Na décima-terceira rodada do Campeonato Brasileiro, várias foram as mudanças de comando nos clubes. Algumas por desgaste, outras por desespero com a parte de baixo da tabela. Mas o Ceará, novamente, apresentou uma troca de treinadores atípica.

Durante a parada para a Copa do Mundo, o Vozão perdeu Paulo César Gusmão, que fez a arriscada manobra de abandonar o vice-líder do torneio para assumir o Vasco, na época penúltimo colocado. No lugar de PC, entrou Estevam Soares, nome de oscilações muito bruscas em sua carreira - em especial nas temporadas mais recentes.

Após fazer um início de campeonato promissor no ano passado com o então Grêmio Barueri (hoje Grêmio Prudente), Estevam aceitou o convite de comandar um Botafogo desesperado contra o rebaixamento. No limite, após vitórias heroicas nas últimas rodadas - diante de Internacional, São Paulo e Palmeiras, que terminaram nas primeiras posições - o alvinegro carioca se manteve na Primeira Divisão. No entanto, em 2010 a equipe não só começou hesitante no Campeonato Estadual como sofreu uma goleada por 6 a 0 para o Vasco, no Engenhão. A consequência foi a demissão dele.

Estevam Soares teve a oportunidade de se redimir de sua última imagem em outro alvinegro, de menor tradição no cenário nacional, mas com uma carreira emergente para o estado na história do Campeonato Brasileiro. Entretanto, nos seis jogos do período pós-Copa, veio uma ausência de vitórias do Ceará, com duas derrotas e quatro empates (o mais recente no domingo, um 0 a 0 com o lanterna Atlético Goianiense, no Castelão).

Não, o Ceará ainda não está em situação delicada no Campeonato Brasileiro. Ele apenas desceu uma posição em relação à primeira parte do torneio (caiu do segundo para o terceiro lugar). Mas, diante do panorama que Estevam Soares parecia desenhar para o time cearense no restante da competição, foi melhor a diretoria não esperar a vinda de momentos mais críticos para o Vozão, que disputa a Série A do Brasileirão depois de 17 anos.



O novo comandante é Mário Sérgio, técnico bastante contestado, acusado de priorizar a força bruta nos times que treina, e que não tem em seu currículo nenhum título no comando de uma equipe. A saída de Estevam Soares aconteceu enquanto era tempo. Mas será que os diretores do Ceará não se precipitaram em confiar o time a um treinador com este histórico?

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