sábado, 14 de agosto de 2010

TEXTO DE CONVIDADO - Paixão americana



Neste sábado, O tempo e o placar... abre espaço para um convidado de fora do meio futebolístico. Diante de tantas atitudes inexplicáveis que o futebol faz torcedores, jogadores, treinadores e dirigentes tomarem, este blogue recorreu à psicanálise para encontrar um pouco de lógica no esporte bretão.

Com a palavra, o médico e psicanalista PAULO BONATES, que, além de ter excelentes contribuições no jornal A Gazeta, do Espírito Santo, e em outras páginas eletrônicas, sofre da paixão chamada América Futebol Clube. Através dela, Bonates tenta explicar outras inexplicáveis paixões.

Boa leitura a todos,

Vinícius Faustini


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Dizem que a única essência humana é a paixão. Muda-se de país, de mulher, de homem, de tudo mas não toca na paixão por um time. Não se tem força ou sei lá o que para mudar de time e o time não muda. Muito menos por você. Mas a paixão não perece.

É obrigatória esta insólita modalidade de amar intensamente. O bravo povo brasileiro só luta por paixão. De nada adianta a vangloriada consciência nazista, fascista ou freudiana. Só a paixão te toca, de excita ou te amacia. Dunga tinha sua paixão e sobre isso nada podia fazer. Nem eu nem você.

A paixão por ser paixão, não consegue enxergar o óbvio, no caso da seleção Neymar, Ganso, Pato. Se conseguisse paixão não seria. Isso não transforma o Dunga em uma pessoa competente: estava a defender a paixão. A paixão e os apaixonados são inexorável e necessariamente estúpidos e irracionais, claro..

Quem poderá impedir a torcida de apaixonar-se por Lula. Seja lá o que seja ou o que for o exercício da paixão mantém a vida. Não conheço ou creio em adjetivos completando o verbo viver. Muito menos apaixonar-se, ou se deixar apaixonar ou o que quiserem as metáforas da poesia.

Dunga apaixonou-se por Josué, meio de campo que jogava em Caruaru tanto quanto Otelo morreu de amores por Desdemona, ou Barrichello pela cortesia do deixar passar. Difícil compreender, fácil de explicar. São coisas da vida, nós é que precisamos aprender. Quem conta a historia feliz ou infelizmente é o vencedor. O abominável criador do nazismo produziu paixão. Simplesmente paixão. E enlouqueceu a Alemanha Tão impactante quanto a sua namorada que no cinema mal tocava você, e você, delirava ou não?

Mudando de conversa, agorinha mesmo na hora de votar queira ou não, a paixão elege. Os espertos marqueteiros que abandonam esta modalidade de instinto como tema central das campanhas – produzindo mentiras ou não – perdem. Perder é pior do que tudo que existe. Por exemplo, o vice-campeão, é o primeiro a perder. Não deflagra a mínima quantidade de paixão necessária para mover montanhas protegidas pela lógica e ciência.

Como alguém que torce pelo América do Rio e está condenado a torcer, torcer, torcer até morrer, como reza o hino do clube.


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O tempo e o placar... recomenda o blogue de Paulo Bonates - COMO EU IA TE DIZENDO:

http://comoeuiatedizendo.blogspot.com

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