terça-feira, 24 de agosto de 2010

A era do desencanto?



Campeão da Taça Libertadores da América, vencedor do Mundial de Clubes e tricampeão consecutivo do Campeonato Brasileiro (feito raro, e que tornou o clube o primeiro a ganhar por seis vezes a competição). Certamente, o torcedor são-paulino não poderia imaginar que, após tantos títulos no início de milênio, a segunda década dos anos 2000 começaria da maneira tão delicada quanto o atual panorama do São Paulo.

Não bastasse o clima de fim, de festa com a eliminação da Taça Libertadores da América, agora o time passa por um longo período de insucesso no Campeonato Brasileiro. Os resultados não vêm, e o São Paulo (mesmo com sua equipe titular) amarga a décima-quinta colocação, a dois pontos da zona de rebaixamento. Para completar, seu camisa 10, Hernanes, se transferiu para o futebol italiano.

Com uma estrutura infinitamente superior à dos demais clubes brasileiros e uma boa quantia para armar uma equipe de nível internacional, o São Paulo dá a impressão de nunca ter se preparado para momentos de adversidade. Até mesmo em seu momento de crise, o clube do Morumbi tende a disfarçá-la com uma suposta "organização". Após a demissão de Ricardo Gomes (uma aposta mal-sucedida que demorou muito tempo para sair do cargo), os dirigentes chegaram ao ponto de contratar um treinador apenas para ser interino - Sérgio Baresi.

Recentemente, o centro de treinamento foi aberto para os torcedores exigirem um desempenho melhor dos jogadores que vestem a camisa do tricolor paulista. Um protesto concedido pela diretoria são-paulina, que agora sofre com a debandada de atletas outrora superestimados que fizeram parte de seu elenco. Afinal, até mesmo clubes bem estruturados têm seus lampejos de amadorismo.

O amadorismo que caiu sobre o São Paulo em 2010 foi em relação ao planejamento de seu elenco. Jogadores limitados, como Rodrigo Souto, Cléber Santana, Jorge Wagner e Dagoberto, tiveram até alguns momentos bem-sucedidos, mas logo foram muito valorizados. Um investimento maior em jogadores do nível do zagueiro Alex Silva e do atacante Ricardo Oliveira talvez não fizesse o clube ter hoje o oscilante Fernandão como um de seus referenciais de bom futebol.

A soberania são-paulina cedeu espaço a um desencanto, diante de apostas que se revelaram equivocadas. E o erro ganha uma dimensão maior, porque sua diretoria não sabe lidar com o inesperado. Nem mesmo a possibilidade de um resultado positivo contra o Vasco amanhã pode amenizar este dissabor que corre no gramado do Morumbi. Resta saber se a ótima tendência a organizar demais agora vai se transformar num circulo vicioso que ata os pés dos jogadores que vestem a camisa do São Paulo.

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