sábado, 7 de agosto de 2010

Mania de grandeza



Técnico de futebol é a profissão mais instável no Brasil. Entretanto, o período de Ricardo Gomes no comando do São Paulo sacramentou a longevidade da corda bamba. Desde a primeira partida, o treinador parecia com os dias contados no cargo, tanto por seu talento ser considerado aquém da dimensão de sua responsabilidade quanto pela condicional na qual ele foi submetido - só ficaria se levasse a equipe novamente à Libertadores.

Maior vencedor da história do Campeonato Brasileiro (e tricampeão consecutivo da competição na década de 2000), o São Paulo passou a ter uma obsessão por conseguir a hegemonia também na Taça Libertadores da América. Só que, depois do título de 2005, nenhum dos campeões nacionais do tricolor paulista conseguiu ganhar a dimensão sul-americana. O insucesso no exterior custou, por exemplo, o fim da vitoriosa passagem de Muricy Ramalho no Morumbi em meados do ano passado.

Em seu lugar, a diretoria são-paulina contratou Ricardo Gomes, uma aposta, por sua ausência de conquistas no futebol nacional. Em cerca de um ano, o treinador colecionou a perda do Campeonato Brasileiro de 2009 e a eliminação do Campeonato Paulista de 2010. Mas tudo foi perdoado, em função de um prêmio de consolação: com o terceiro lugar no Brasileirão, a equipe estava credenciada para disputar a Taça Libertadores da América.

A diretoria do São Paulo contornou a impaciência da torcida, que via a cada partida seu time não definir um padrão de jogo (ao ponto do técnico mudá-lo com a bola rolando), e bancou Ricardo Gomes porque, mesmo no limite, a equipe ia passando de fase no torneio mais importante do ano. Veio a derrota para o Inter, com resultados que até foram plausíveis para um confronto tão equilibrado como Internacional e São Paulo. Mas a forma como eles aconteceram foi inadmissível para a tradição são-paulina.

Após a covardia do tricolor no jogo do Beira-Rio, o time não demonstrou tranquilidade para compensar a derrota no Sul durante os 90 minutos do Morumbi. Assim como não conseguira compensar seus erros durante todo o período de Ricardo Gomes à frente do São Paulo. Nem toda a corda bamba na qual ele ficou tinha sido digna de justificar a conquista da América do Sul.

Talvez seja a hora do presidente Juvenal Juvêncio voltar a olhar para todos os lados na hora de escolher um treinador para o São Paulo. Passada a aposta mal-sucedida em Ricardo Gomes, o dirigente são-paulino deve ter percebido que há outros campeonatos a serem disputados por seu clube. O tricolor paulista, que em seu hino diz ser forte, grande, precisa amenizar sua mania de grandeza para reencontrar sua grandiosidade no gramado.

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