quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Categoria na trincheira


SANTOS, CAMPEÃO DA COPA DO BRASIL DE 2010

Análise de quarta - Vitória da Bahia 2 x 1 Santos (Barradão, 21h50)

Mesmo com o gramado do Barradão trazendo buracos e lama numa noite de chuva em Salvador, o Santos mais uma vez jogou com a técnica e o regulamento para ser campeão, desta vez Copa do Brasil. O segundo título dos "meninos da Vila" em 2010 (o primeiro foi o Campeonato Paulista) também veio com uma derrota no jogo decisivo. Mas, além de trazer novamente em campo uma equipe que tem vocação de atacar, os santistas mostraram um grupo de jogadores com maturidade suficiente para fazer sua categoria sair vencedora numa trincheira.

E não foi fácil. Com um time inferior tecnicamente, no qual se destaca a mescla de bom futebol do veterano meia Ramón e o talento promissor do meia-atacante Elkesson, o Vitória partiu para o ataque em busca de tirar a vantagem da equipe santista - que vencera por 2 a 0 no confronto da Vila Belmiro. Aproveitando que o ponto fraco do Santos era justamente a defesa, a equipe baiana recorreu a cruzamentos para a área, na espera de que uma bola sobrasse diante da dupla Júnior e Schwenck. Foi assim que vieram as primeiras oportunidades da partida, numa cobrança de falta de Ramón defendida por Rafael aos cinco, e em uma cabeçada de Júnior aos oito. Os momentos de disputa entre Schwenck e Júnior e os zagueiros Edu Dracena e Durval foram constantes.

Entretanto, uma baixa comprometeu os planos do técnico Ricardo Silva. O lateral-direita Nino se contundiu e precisou ser substituído. Sem substituto para a posição, o treinador foi obrigado a improvisar o zagueiro Gabriel no lado direito, e a equipe rubro-negra perdeu um excelente trajeto rumo ao gol santista. O lateral-esquerda do alvinegro praiano, Alex Sandro, parecia inseguro na partida e não apoiava nem defendia bem - ao ponto de, durante o jogo, o meia Wesley ter de fazer a função dele naquele lado. Com Nino, o Vitória teria um jogador a mais no ataque por sua direita.

Passada a primeira armadilha do jogo no Manoel Barradas (o nervosimo dos "meninos da Vila"), o Santos conseguiu ter calma para administrar sua vantagem graças à liderança de Robinho, que soube ajudar seus companheiros a cadenciarem a partida. Aos poucos, a rajada constante de bolas alçadas à área da equipe paulista deu lugar à troca de passes que entortava os jogadores do Vitória. Em meio ao gramado enlameado, surgiam, aos olhos dos 35 mil espectadores, jogadas bem trabalhadas que em poucos segundos deixavam os meninos diante do gol de Viáfara. Duas chances de Robinho e uma de André, na segunda metade da etapa inicial.

De tanto cruzar para a área adversária, o time baiano colocou a bola no fundo da rede aos 32. Egídio cruzou da esquerda e Schwenck, de cabeça, desviou fora do alcance de Rafael. Mas Carlos Eugênio Simon anulou o gol, por impedimento do atacante. Por ironia, os baianos acabaram o primeiro tempo feridos por uma estratégia semelhante à deles. Ao ver que as tentativas habilidosas de seus companheiros Paulo Henrique Ganso, André, Robinho (e também as suas) não vinham surtindo efeito, Neymar escolheu a opção do cruzamento. No rebote de uma cobrança de bola parada, o atacante cruzou da esquerda, na medida para Edu Dracena cabecear sem qualquer chance de Viáfara alcançar. 1 a 0 Santos, aos 44 minutos. E a esperança em vermelho e preto no Manoel Barradas diminuía ainda mais ao fim do primeiro tempo. O Vitória teria 45 minutos para vencer por três gols de diferença.

A segunda etapa trouxe um panorama inverso dos 45 minutos iniciais. Apesar de ter apenas três mil torcedores no Barradão, era o som da torcida do Santos que ecoava no estádio. Também era a equipe santista que tomava a iniciativa do ataque, com toque de bola ainda mais intenso porque a chuva da capital baiana parou, e o gramado começou a secar.

Só que a história se inverteu também do lado ofensivo rubro-negro. Elkesson fez um lançamento com categoria para Ramón na direita. O camisa 10 tocou de cabeça e o zagueiro Wallace chutou forte, para a bola acabar no fundo da rede de Rafael. 1 a 1, aos 12 minutos, e o Vitória agora estava a três gols de sua primeira conquista nacional.

A partida voltou a ficar equilibrada, principalmente depois que o apagado André foi substituído por Marquinhos. A batalha passou a traçar o embate entre o grande volume de jogo que o Vitória, empurrado por seus torcedores, impunha ao adversário, e o poder de fogo mais eficaz do Santos, que obrigou a zaga e o goleiro Viáfara a evitarem oportunidades claras de Marquinhos e de Paulo Henrique Ganso, respectivamente.

Ainda com a desvantagem de três gols de sua equipe, o técnico Ricardo Silva resolveu deixar seu meio-de-campo mais jovem. Ramón, cansado, foi substituído por Renato. E um chute dele parou na trave santista aos 25 minutos. A pressão rubro-negra ficou ainda mais forte com a queda de rendimento do ataque do Santos. Sete minutos depois da bola na trave, os baianos tiveram mais um lampejo decisivo de categoria na partida. Neto Coruja lançou Júnior na direita e o camisa 9 tocou na saída de Rafael. O Vitória ganhava a vantagem de 2 a 1, mas ainda precisava marcar duas vezes para colocar a mão na taça.

Na reta final da partida, os dois treinadores alteraram os setores ofensivos de seus times. Ricardo Silva tirou o meia Bida para colocar o atacante Anaílton, e deixou sua equipe à espera de mais gols. Dorival Júnior mexeu duas vezes no ataque.Neymar saiu para a entrada de Marcel, atacante para dar um gás novo e conseguir prender a bola no campo adversário. Robinho foi substituído pelo volante Rodriguinho nos minutos finais, na tentativa de segurar o ímpeto do Vitória. Mas, apesar das mudanças, o placar não sofreu nenhuma alteração.

Em meio a toda a valorização d campanha do Vitória - mais um dos times desacretidados que chega à final de uma Copa do Brasil - não se pode negar que o "time de guerreiro" superou o time santista nos 90 minutos do Barradão graças aos momentos em que encontrou categoria nos pés de seus jogadores. Entretanto, foi através da prioridade à categoria que o Santos dos "meninos da Vila" conseguiu sair campeão, mesmo na trincheira que se tornou o gramado do Manoel Barradas na noite de Salvador.


OS GOLS DE SANTOS 2 x 0 VITÓRIA DA BAHIA



OS GOLS DE VITÓRIA DA BAHIA 2 x 1 SANTOS

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