terça-feira, 8 de junho de 2010

Válvulas de escape



No último jogo antes da estreia na Copa do Mundo, a Seleção Brasileira finalmente mostrou alguma coisa de diferencial em relação à burocracia do time de Dunga. Não que a vitória por 5 a 1 sobre a modesta Tanzânia tenha revelado um surpreendente poder de fogo do Brasil. Mas, pelo menos, a equipe promete ter algumas válvulas de escape para a competição.

Foi um primeiro tempo hesitante, no qual os dois gols de Robinho roubaram a cena que, até o momento, era do goleiro Gomes (o salvador diante de tantas lambanças criadas pelo lado esquerdo do Brasil). Kaká ficou sobrecarregado na criação de jogadas e passou os 45 minutos iniciais oscilando entre buscar ritmo de jogo e evitar uma nova contusão.

Dentre as substituições do intervalo, uma mudança de Dunga foi providencial para o Brasil. A saída de Felipe Melo (que alternava sua atuação entre dar passes para trás ou expor as travas de suas chuteiras) para a entrada de Ramires foi providencial.

O meio-de-campo brasileiro ganhou mobilidade e contribuiu para a Seleção Brasileira se aproximar bem mais do ataque. Tanto que Ramires marcou dois gols nos 45 minutos que teve em campo. Mais do que nunca, é inadmissível deixar um volante habilidoso como o jogador do Benfica no banco de reservas, como substituto de mais um botinudo que recebeu no colo a camisa amarela.

No decorrer da segunda etapa, a torcida também sentiu segurança com uma solução que vem do banco. Lateral-direita de ofício, Daniel Alves mais uma vez entrou bem no meio-de-campo, dando a mobilidade que Elano não conseguiu durante o período que teve em campo. E do improviso, Dunga criou uma alternativa para amenizar momentos de apreensão do Brasil.

A crítica especializada certamente vai convencionar que se tratam de "jogadores de segundo tempo", e Dunga vai usá-los como "talismãs" durante os jogos na Copa do Mundo. Mas, do jeito que o Brasil atuou no amistoso com a Tanzânia, é bem provável que eles se tornem figuras fáceis nas partidas da competição. Pelo menos da falta de criatividade, a Seleção Brasileira ainda tem chance de escapar.

Um comentário:

O autor disse...

Concordo com o que diz no texto, e acho, inclusive, que a maior válvula de escape da seleção hoje não atende pelo nome de Daniel Alvez, muito menos Julio Baptista, mas sim de Ramires.

Mesmo o volante ex-Cruzeiro sendo considerado por Dunga como um meia, Ramires tem atuado muito bem pelo lado direito do campo e sua versatilidade chega até a confundir a marcação adversária...

Abraços