quinta-feira, 17 de junho de 2010

O passado só condena



Um meia habilidoso e dono da camisa 10, entre dois volantes e um jogador disciplinado taticamente. Numa Copa do Mundo, justo quem tem habilidade não corresponde, faz partidas bem abaixo do esperado e é a decepção da seleção. Não, esta história não se passa em 2010. Mas a trajetória de Raí em 1994 se assemelha com a situação envolvendo Kaká no atual momento do Brasil.

A diferença é que o motivo da queda de rendimento de Kaká é o período que ficou afastado dos campos, em virtude de uma pubalgia (Raí estava em má fase tecnicamente no período da Copa). Apesar de ter jogado algumas partidas pelo Real Madrid e participar dos treinos da Seleção Brasileira, é visível sua falta de ritmo de jogo. E a Copa do Mundo não é o momento ideal para ter uma recuperação.

A situação fica ainda pior numa comparação do meio-de-campo de 1994 com o de 2010. No ano do tetra, Mauro Silva e Dunga eram bons cães de guarda, e Zinho tinha certa categoria. A entrada de Mazinho deixou o setor muito defensivo, mas eficaz nos passes para os fora-de-série Romário e Bebeto. No time de hoje, Felipe Melo é botinudo e Gilberto Silva geralmente toca a bola para os lados. Elano alterna bons e maus momentos, mas costuma sumir em algumas partidas. Considerado substituto imediato de Kaká, Júlio Baptista se caracteriza por sua força, mostrando que há um abismo entre ele e o camisa 10 da Seleção Brasileira. Robinho e Luís Fabiano são atacantes acima da média, mas nada comparado à dupla de 1994.

Portanto, antes de a torcida brasileira começar a pedir a barração de Kaká, é melhor torcer para que ele recupere seu bom futebol a partir do jogo com a Costa do Marfim. O risco de o desfecho vitorioso de 1994 se repetir com o atual camisa 10 no banco de reservas é mínimo. Daquela Copa, a seleção de Dunga herdou apenas os defeitos.

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