quarta-feira, 16 de junho de 2010

POST ESPECIAL - Estigma interminável



Sim, O tempo e o placar ainda é um blogue destinado a falar do futebol brasileiro. Mas, excepcionalmente, hoje a análise de jogo é de uma partida que não envolve a Seleção Brasileira diretamente.

No entanto, este que vos escreve acredita que o que aconteceu no jogo entre Espanha e Suíça é uma lição que deve ser sempre repetida no Brasil. Que favoritismo não ganha jogo, a torcida já sabe desde a Copa de 1950. Muitos escretes canarinhos também ficaram pelo caminho em outras edições nas quais eram apontados como favoritos absolutos - 1982, 1986 e 2006 são algumas delas.

Nesta Copa, o Brasil não faz jus a seu favoritismo. Mas, caso venham bons resultados, o título de favorito pode vir. Por isto, é bom todos ficarem atentos sobre o jogo de Dublin. Inclusive a seleção de Dunga.


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Análise de jogo: Espanha 0 x 1 Suíça (Moises Mabhida, 11h, horário de Brasília)

A Copa do Mundo encerra sua rodada inaugural com a confirmação de que ela tem sua própria lógica. E a falta de lógica do futebol, que é capaz de fazer da desacreditada Suíça vencedora do confronto com uma Espanha favoritíssima ao título, ganha contornos ainda mais dramáticos. A "sensação" da Copa foi derrubada em sua partida de estreia, e o timaço espanhol corre o risco de ser mais uma "Fúria" sem poder de decisão no momento de maior responsabilidade.

A Espanha entrou em campo em Durban para fazer um jogo que se resumiria a uma palavra: ataque. Do outro lado, vinha a seleção tradicionalmente conhecida pelo esquema do "ferrolho" (no qual os jogadores desempenham meramente funções defensivas), e que na Copa do Mundo de 2006 ficou marcada por um dado curioso: foi eliminada nas quartas-de-final, sem levar nenhum gol no tempo normal. E na primeira etapa, a Suíça restringiu seu campo de ação ao setor defensivo.

O meio-de-campo espanhol tocava a bola aliando dribles à precisão de passes, obrigando o time suíço a se defender como podia. Os primeiros minutos pareciam um cartão de visitas do talento de Busquets, Xabi Alonso, Xavi e Iniesta. Mas os dois Davids - David Silva e David Villa - permaneciam isolados no ataque, e as chances não chegavam ao gol de Benaglio. A falta de oportunidades do ataque foi tanta que somente aos 23 minutos veio a primeira defesa do goleiro suíço. E em chute do zagueiro Piqué.

Os espanhóis permaneciam incansáveis no ataque, mas os chutes a gol vinham sempre de fora da área - o mais próximo em chute de David Villa, que, na hora da conclusão, optou em tentar por cobertura, mas a bola foi muito alta. O time de Vicente del Bosque passava os primeiros 45 minutos de sua Copa do Mundo em branco. Mas com a certeza de que não empalideceu em nenhum momento no Estádio Moises Mabhida. E teria a segunda chance de comprovar sua Fúria logo depois do intervalo.

Mas em fúria ficaram seus torcedores aos seis minutos do segundo tempo. Por um instante, os papéis se inverteram no palco sul-africano. Diante de tantas lições de habilidade na primeira etapa, a Suíça encontrou um lampejo de bom toque de bola na partida. Benaglio cobrou tiro de meta, a bola desviou num jogador do meio-de-campo e chegou à arrancada de Derdiyok. Gelson Fernandes entrou na área e, aproveitando que Piqué e Puyol não prestaram atenção nos ensinamentos da zaga adversária, chutou prensado na saída do gol de Casillas.

A pressão espanhola se tornou ainda maior, em especial porque os marcadores da Suíça davam sinais de cansaço. Com um banco de reservas que seria titular absoluto em qualquer outra seleção da Copa, Vicente Del Bosque desfilou seus atacantes no gramado. Primeiro, com Fernando Torres no lugar do volante Busquets. E, em seguida, com a troca de David Silva por Navas.

A bola chegou ao gol de Benaglio inúmeras vezes, e ele abafava o grito dos torcedores da Espanha a cada defesa. Até que Xabi Alonso acertou um belíssimo chute de fora da área. Mas a melhor chance da equipe acabou com o barulho do travessão. E o barulho, de fato, ficava restrito às vuvuzelas.

Aos poucos, o desgaste deixava a defesa espanhola parecendo um queijo suíço. Nos espaços cedidos pelos espanhóis, Derdiyok conseguiu chegar ao caminho do gol de Casillas. Mas desta vez, o chute (que também saiu prensado pelos marcadores) bateu na trave. Foi a única travessura da Suíça após estar em vantagem no placar. Bastou ficar em seu campo, aproveitando a tensão dos adversários, para conseguir os três pontos.

Numa partida que prometia ser histórica em futebol fascinante e em quantidade de gols, a segunda parte foi descartada. E, por ironia, o gol veio de uma seleção conhecida por seu esmero em se defender (e que chegou a cerca de oito horas e meia sem que um goleiro buscasse a bola de dentro de seu gol em uma Copa do Mundo).

À Espanha, resta juntar os cacos da frustração da derrota por 1 a 0 (e da perda de Iniesta, que saiu contundido no final do jogo e foi substituído por Pedro) e tentar nas duas partidas restantes justificar o epíteto de Fúria. Embora uma vitória sobre a fraca seleção de Honduras não ser a mesma coisa. Mais do que derrubar seus adversários. Mais do que comprovar o bom futebol que a elevou a grande favorita do torneio. A Espanha entrará em campo a partir de agora para enfrentar o estigma de "seleção que amarela na decisão" que ostenta em sua camisa desde sua primeira participação numa Copa do Mundo.

2 comentários:

CON disse...

UAUUUU!!! Tô aprendendo tudo de futebol por aqui!!! rs
Beijos azuisss

Jeferson Cardoso disse...

Favoritismo não ganha jogo. Queria era estar de férias para ver os jogos.
Jefhcardoso do http://jefhcardoso.blogspot.com