quinta-feira, 3 de junho de 2010

Febre das vitórias



Análise de quarta: Palmeiras 0 x 1 Flamengo (21h50, Pacaembu)

No frio da noite de São Paulo, Vágner Love teve frieza suficiente para dar ao Flamengo três pontos na partida contra o Palmeiras. Após passar todo o jogo ouvindo hostilidades da torcida adversária (o atacante saiu do time alviverde no final do ano passado, após um Campeonato Brasileiro frustrante), aos 42 minutos do segundo tempo ele deu a vitória por 1 a 0 para o time da Gávea.

Mas na primeira etapa, o camisa 9 rubro-negro se assemelhou ao restante dos jogadores das duas equipes. Palmeiras e Flamengo distribuíam passes errados pelo gramado do Pacaembu. Nas duas vezes em que ficou diante dos defensores palmeirenses, Love escorregou. Seus deslizes ficavam ainda mais evidentes porque era o único atacante no esquema de Rogério Lourenço. Por mais que Vinícius Pacheco e Petkovic fossem opções ofensivas, os dois não estavam numa noite inspirada e pouco apareciam com perigo.

No Palmeiras, o time continuava a seguir as características de seu técnico. Ainda sob o comando do interino Jorge Parraga, os jogadores não se ajeitavam no esquema que era imposto, em especial pela contradição com o pensamento de um campeonato por pontos corridos. Se a equipe precisa ganhar seus jogos como mandante, por que colocar um esquema com apenas um atacante? Ewerthon, em má fase no alviverde paulista, também não parecia a opção ideal.

Apesar do panorama tão negativo, o Palmeiras teve uma leve superioridade nos primeiros 45 minutos. O meio rubro-negro se resumia a defender, e os alas Léo Moura e Juan não avançavam muito para o ataque. A dupla de laterais palmeirense Vítor e Eduardo tinha liberdade para arriscar jogadas rumo à grande área, mas na maioria das vezes os dois perdiam os lances para seus próprios erros.

As chances do Palmeiras acabaram sendo minguadas, com Cleiton Xavier, Ewerthon e Márcio Araújo. E ainda assim foram muitas diante da passividade rubro-negra no primeiro tempo, que se resumiu a um ou outro chute distante do gol de Marcos.

Na volta do intervalo, Rogério Lourenço não fez substituições. A única mudança que ele queria era a de atitude. E ela surgiu, dos pés de Petkovic. Diante do gol, o sérvio chutou para boa defesa de Marcos. Palmeiras e Flamengo passaram a fazer uma partida mais equilibrada, mas era o rubro-negro que tinha mais chances de gol. Em especial porque a marcação palmeirense se afrouxava, e permitia a chegada dos meias flamenguistas até perto de Vágner Love.

No entanto, ainda era pouco. E aos 18 minutos, Vinícius Pacheco deu lugar a Diego Maurício. Com Pet começando a ficar cansado, a entrada do jovem meio-de-campo daria um bom contraste entre categoria e velocidade. O esquema do treinador flamenguista durou apenas cinco minutos. Ao receber uma bola, Petkovic recebeu um pisão no tornozelo, dado por Pierre. O novo camisa 10 saiu de campo carregado e aos prantos. O questionado Michael entrou na partida.

Vendo o Flamengo partir para o ataque - e ter um gol de Vágner Love anulado por impedimento - Jorge Parriaga tentou dar sangue novo ao time paulista. Cleiton Xavier e Lincoln foram substituídos por Vinícius (de 16 anos, jogador mais jovem a vestir a camisa do clube numa partida profissional em toda a história do Palmeiras) e Patrick, respectivamente, e o time teve duas chances. Uma com Vinícius e outra com Ewethon. E só.

Logo o time palmeirense esfriou suas tentativas de vitória e parecia satisfeito com o empate no Pacaembu. A equipe se limitava a cadenciar o jogo e tentar, sem muita força, que o bloqueio flamenguista fosse neutralizado. Só que uma ducha de água quente acabou calando o Palmeiras. A três minutos do fim, Vágner Love chegou na esquerda da pequena área e passou por três defensores, até deixar a bola no fundo da rede. Marcos nem teve tempo de pular para tentar uma defesa.

O Palmeiras deixou o Pacaembu (ao lado da Arena Barueri, sua nova casa, pois o Palestra Itália estará fechado para reformas nos próximos anos) derrotado por duas razões. Por não ser capaz de ter vibração e sangue quente, e aceitar passivamente um resultado diferente da vitória como mandante. E também por hostilizar um atacante adversário que sua torcida tinha conhecimento de causa para saber que era sinônimo de perigo de gol. A segunda derrota na competição deixa o time no meio da classificação, com oito pontos ganhos.

O Flamengo subiu do décimo-segundo para as primeiras colocações no Campeonato Brasileiro, e agora está com nove pontos ganhos. Ao final da partida, os torcedores constataram mais uma vez que o espírito de luta de Vágner Love é fundamental em muitos momentos da equipe. E a provável despedida dele (a chance do CSKA, da Rússia, prorrogar o empréstimo até o momento é ínfima) vai comprometer a vibração em vermelho e preto. Mais do que se reforçar, o Flamengo precisa manter estável sua febre de buscar as vitórias até o último minuto.

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