segunda-feira, 7 de junho de 2010

Gritos dissonantes



Análise de jogo: Santos 4 x 0 Vasco (16h, Vila Belmiro)

O gramado da Vila Belmiro apresentou no domingo a primeira partida explícita entre dois extremos do Campeonato Brasileiro. Em meio ao equilíbrio da competição, Santos e Vasco revelaram uma distância gritante de talento entre duas equipes. O time santista, gritando a certeza de ser um grupo forte, de qualidade para brigar pelo título. O time vascaíno, gritando a insegurança de não ter saídas para mudar sua situação no Brasileirão. O placar? Santos 4 a 0, com dois gols de André, um de Maranhão e um de Madson.

O primeiro tempo insinuou um falso equilíbrio entre as equipes. Do lado santista, a ausência da dupla Neymar e Robinho parecia alterar o jogo dos meninos da Vila. Paulo Henrique Ganso não conseguia iniciar jogadas, e nos poucos acertos a dupla formada por Madson e André não aparecia. Com esquema fechado, o Vasco partia pouco para o ataque, e o esquema de Celso Roth trazia uma formação curiosa: improvisado na lateral-direita, Thiago Martinelli se restringia à marcação. Cabia ao jovem Allan a responsabilidade de subir por aquele lado, o que deixou capenga o meio-de-campo.

Isolado na criação, Jéferson não se apresentava para tabelas com Philippe Coutinho. Na partida, "a joia de São Januário" foi alçada tanto a responsável direta pela criatividade quanto por colocar a bola na rede. Numa mesma semana, a diretoria vascaína dispensou Dodô, Élton se machucou na derrota para o Guarani quinta-feira e, no dia do jogo com o Santos, Rafael Coelho teve problemas estomacais. Sobrou para o jovem Nílson, um grandalhão de 17 anos, complementar o elenco titular do Vasco na partida.

Após meia hora de passes errados de ambos os lados, os acertos santistas começaram a acontecer. Na sua primeira grande oportunidade da tarde, André surgiu entre os zagueiros e chutou à direita de Fernando Prass. A bola foi na trave e voltou para as mãos do goleiro vascaíno. Os santistas passaram a dominar o meio-de-campo diante de um Vasco que começava a se perder na Vila Belmiro.

A passividade foi tanta que chegou até ao goleiro Fernando Prass (na maioria das vezes, poupado dos erros de seus outros 10 companheiros de cada jogo). Num primeiro momento, ele apenas olhou a bola cruzando rasteira por sua área, do passe de André que encontrou Léo. O lateral tocou para Wesley, e Dedé salvou em cima da linha. O camisa 1 do Vasco segurou a bola e se preparou para repor com os pés. Mas esqueceu que Léo estava voltando ao campo, e permitiu que ele o surpreendesse. Numa tentativa de se recuperar, Prass acabou cometendo pênalti. André cobrou e converteu. 1 a 0 Santos, aos 34 minutos. E o time vascaíno começava a dar sinais de entrega.

Apenas um esboço do que viria nos 45 minutos finais. Depois da bronca de Dorival Júnior, que reclamou do mau primeiro tempo, o Santos voltou com mais disposição depois do intervalo. Nem mesmo a contusão de Rodriguinho numa dividida aérea com Dedé foi capaz de fazer a pressão santista diminuir. Afinal, mal seu substituto, Maranhão, entrou em campo, ele já fez o segundo gol, num chute no ângulo.

Três minutos depois, Celso Roth fez duas alterações na equipe vascaína. A dupla de criação Jéferson e Philippe Coutinho saiu, para a entrada dos meias ofensivos Fumagalli e Magno, respectivamente. O panorama da frente do Vasco não mudou muito. Enquanto isto, o time carioca levava seu terceiro gol. Em jogada iniciada por Madson (jogador que vestia a camisa do adversário em 2008 no ano em que ele caiu para a Segunda Divisão), André entrou livre para colocar a bola no fundo da rede.

Aos 19 minutos, o meio-de-campo do Vasco apareceu com força. Mas com força bruta. Em seu primeiro lance no jogo, Fumagalli deu uma tesoura em Wesley e foi expulso. Sem ter o que fazer com sua equipe, Celso Roth honrou seu espírito defensivo e se preocupou em fazer o time evitar uma derrota maior, ao trocar o atacante Nílson pelo volante Léo Gago. Não adiantou muito. Aos 28 minutos, Zezinho cruzou da linha de fundo e Fernando Prass somente assistiu ao chute de Madson balançar sua rede.

Os 15 minutos finais deixaram visíveis os extremos de futebol das equipes. O Santos mantinha seu bom toque de bola e a categoria de seu elenco em busca de ataque, enquanto o Vasco recorria aos chutões. Mais do que o 4 a 0 que apareceu no placar, a colocação depois das sete rodadas no período de antes da Copa do Mundo comprova o abismo entre os dois times.

Os santistas chegam ao quarto lugar no Campeonato Brasileiro, mesmo escalando o time reserva em alguns jogos (em virtude da prioridade à Copa do Brasil, ba qual o Santos faz a final com o Vitória em dois jogos a partir do fim de julho). O Vasco se mantém no penúltimo lugar, e supera em pontos apenas o Atlético Goianiense - time que também subiu para a Série A no ano passado, mas que não participava da elite desde a Copa União de 1987. Para os vascaínos, pior do que o massacre durante os 90 minutos é saber que não há mais palavras para gritar nas arquibancadas pedindo alguma mudança.

*****

O tempo e o placar... traz o que houve de melhor e de pior na sétima rodada do Campeonato Brasileiro.

O CHUTAÇO

Quatro vitórias consecutivas, duas delas fora de casa sobre adversários muito difíceis de vencer nos domínios deles. A vitória por 3 a 0 sobre o Avaí no Ressacada comprova que o FLUMINENSE ganhou um espírito de luta e um esquema tático bem eficiente nas mãos de Muricy Ramalho. Um alento para a torcida que depois de muito tempo pode se orgulhar pelas boas atuações no Campeonato Brasileiro.

A FURADA

Apesar de estar no meio da classificação, o futebol do CRUZEIRO termina o primeiro ato do Campeonato Brasileiro com um futebol hesitante, que frustra a torcida celeste neste primeiro semestre. Não bastasse a eliminação da Taça Libertadores da América, a equipe teve resultados pouco expressivos (até mesmo nas vitórias do Campeonato Brasileiro) e encerra a época pré-Copa com uma derrota por 2 a 1 para o lanterna da competição. Serão 45 dias de muito trabalho na Toca da Raposa.

*****

RESULTADOS - SÉTIMA RODADA

Sábado

Vitória 1 x 0 Atlético Paranaense (Barradão)
Avaí 0 x 3 Fluminense (Ressacada)
Flamengo 1 x 2 Goiás (Maracanã)

Domingo

Atlético Mineiro 0 x 1 Ceará (Mineirão)
Santos 4 x 0 Vasco (Vila Belmiro)
São Paulo 3 x 1 Grêmio (Morumbi)
Botafogo 2 x 2 Corínthians (Engenhão)
Guarani 1 x 0 Prudente (Brinco de Ouro da Princesa)
Atlético Goianiense 2 x 1 Cruzeiro (Serra Dourada)
Internacional 1 x 1 Palmeiras (Beira-Rio)

Um comentário:

O autor disse...

O atual elenco vascaíno não honra as tradições e a História do clube. Limitadíssimo e sem vontade, faz do time tetracampeão brasileiro ser o principal candidato a ser rebaixado para a Série B, de onde voltou neste ano. Isso pelo menos até o fim da Copa.

Em agosto, o clube deve fechar com novos nomes e os atacantes Nunes e Zé Roberto devem estrear. Mas só isso não basta. Tem de haver mudança de postura por parte de alguns atletas. Celso Roth é um bom nome para isso, mas vem tbm decepcionando...

Que fase, hein Dinamite?

Passe la no www.diarioesportivogolaco.blogspot.com

Abraços