domingo, 13 de junho de 2010

Estratégia da desordem



Os primeiros dias de Copa do Mundo na África do Sul deram ao Brasil uma certeza: sim, o Brasil tem tudo para sediar a próxima edição do torneio, em 2014. Uma pena é que, para isto, os jornalistas tenham de nivelar por baixo a desorganização atual sul-africana, com problemas semelhantes aos enfrentados pelos brasileiros numa ida a um estádio.

Tanto Juca Kfouri quanto José Geraldo Couto, colunistas de esporte da Folha de S. Paulo, apontaram estas coincidências entre a atual rotina da África do Sul na Copa e o Brasil futebolístico. Trânsito caótico, desorganização no setor da imprensa, filas intermináveis para entrar no estádio. Coisas corriqueiras no país do futebol.

Um alento para a falta de estrutura atual dos estádios brasileiros, que precisam resolver questões como aumento de lugares, problemas em seus arredores, atrasos no início das obras ou superfaturamento antes mesmo dos trabalhos começarem. A vontade da FIFA esbarrou em burocracias brasileiras estapafúrdias - como o adiamento do fechamento para obras do estádio do Maracanã somente porque o Flamengo participaria da Taça Libertadores da América em 2010. E o mais estranho é que o futuro palco da final da Copa de 2014 havia passado por obras visando o Pan-Americano de 2007. Em apenas três anos o estádio ficou obsoleto? A sensação é de que só lembram de trazer melhorias a ele numa possibilidade de uma competição internacional.

Estádios nordestinos, como o Castelão e a Arena Capibaribe, e no Sul, o Beira-Rio, campo do Internacional, esbarraram em esperas de licitações, que podem atrasar um pouco mais o dia da entrega final. O Morumbi segue em negociação com a FIFA, e vê a vontade de sediar o jogo de estreia de 2014 cada vez mais distante. Entretanto, Juca Kfouri comprova que os estádios de Johanesburgo não diferem muito do campo do São Paulo. E, sem dúvida, a capital paulista não pode ser excluída de uma festa brasileira. O estado hoje é o que mais tem times nas Séries A e B do Campeonato Brasileiro.

Os primeiros dias da Copa do Mundo empolgaram o Brasil. Não pela ansiedade em fazer uma festa mais alegre do que foi mostrado na África do Sul. Mas pelo alívio de saber que há possibilidade da bagunça de 2010 ser perdoada também quatro anos depois. A estratégia da desordem pode ser adotada na Copa do Mundo de 2014 sem o menor problema. Como disse bem o jornalista José Ilan, do GloboEsporte.com, "definitivamente, a FIFA não sabe com quem se meteu".

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Um comentário:

James Lima disse...

"Os primeiros dias da Copa do Mundo empolgaram o Brasil. Não pela ansiedade em fazer uma festa mais alegre do que foi mostrado na África do Sul. Mas pelo alívio de saber que há possibilidade da bagunça de 2010 ser perdoada também quatro anos depois."

Disse tudo.