quarta-feira, 29 de abril de 2009

Galo cercado de raposas por todos os lados



Na primeira decisão do Campeonato Mineiro, o Cruzeiro colocou na prática sua superioridade técnica em relação ao rival Atlético Mineiro, numa incontestável goleada por 5 a 0. Com o placar, o time azul tem a vantagem de perder até por uma diferença de quatro gols que leva para a Toca da Raposa mais um título de melhor de Minas Gerais.

Sim, a tarefa ficou bem difícil para o Galo. No entanto, chama atenção que uma pessoa ligada ao futebol sacramente que o título já é um sonho perdido para o lado atleticano. Em um comentário na mesa redonda Bola na rede, do canal Rede TV!, o ex-goleiro Ronaldo fez um curioso apelo para "desconvocar" a torcida do Atlético. O comentarista afirmou que não adianta ir ao Mineirão no próximo domingo, pois o time alvinegro não tem mais nenhuma chance de ser o campeão de Minas.

Mais do que um pretenso profeta do futebol nacional (alguns ex-jogadores andam sendo convocados à bancada de mesas redondas dos diversos canais de TV aberta e fechadas, com a intenção de mostrarem que ainda estão envolvidos com o futebol), Ronaldo parece esquecer o esporte pelo qual fez carreira. Por mais que o futebol tenha consolidado a ideia de buscar somente o resultado em detrimento do espetáculo, os acasos protegem ou expõem muitas equipes nas partidas que acontecem por aí.

Torcedores como os do Criciúma, do Santo André ou do Paulista de Jundiaí por acaso deveriam jogar a toalha por disputarem uma Copa do Brasil, somente porque eram menos famosos que seus adversários? O América do México podia esquecer a vaga da Taça Libertadores quando levou um 4 a 2 do Flamengo em território mexicano? Ou, no intervalo da final da Copa Mercosul, o Vasco não precisaria mais voltar no segundo tempo depois de terminar o primeiro com uma derrota por 3 a 0 para o Palmeiras em pleno Parque Antarctica, pois não teria como virar para 4 a 3 em 45 minutos?

O ex-goleiro esquece que o torcedor não tem interesse somente em ver uma disputa de título. O que o faz, de fato, torcer para um clube, é uma identificação, uma admiração que se torna ainda mais bonita quando, mesmo sabendo da quase impossibilidade em vencer por cinco ou mais gols de vantagem um rival superior tecnicamente e em plena final de campeonato, a torcida comparece e canta pelos 11 jogadores que vestem o uniforme de um time.

Bem, de fato, o Galo está cercado de raposas por todos os lados. "Raposas" talentosíssimas como Ramires, Kléber, Thiago Ribeiro e até o hoje reserva Wellington Paulista. Mas a astúcia de jogadores como Diego Tardelli (no post de hoje, em um registro que simboliza o momento atleticano no Estadual) ainda pode encontrar um atalho rumo ao título de Minas.

Nelson Rodrigues afirmou uma vez que "as goleadas são perigosas", e ele dizia que queria que seu Fluminense ganhasse todas as partidas pelo placar de 1 a 0, ou até de meio a zero. Os 5 a 0 do Cruzeiro revelam o primor do time comandado por Adilson Batista e as fragilidades do Atlético treinado por Emerson Leão. Só que o futebol de vez em quando apresenta seus acasos (até os que contrariam comentaristas), e eles podem passear também pelo Mineirão.

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BOLA PRO MATO

Depois da moda de muitos jogadores se atirarem na área somente para cavar um pênalti, o árbitro Carlos Eugênio Simon cometeu um grave deslize ao marcar uma penalidade máxima quando o jogador Edu Sales, do Ceará, tropeçou diante de um jogador do Fortaleza que estava a quase meio metro de distância dele. Pior do que o erro, é ver um juiz da FIFA persistir na certeza mesmo com a comprovação de que ele estava errado. E o incidente da primeira partida do Campeonato Cearense fica mais estapafúrdio quando o zagueiro Silvio, do Fortaleza, "admite" ter derrubado o jogador do Ceará. Coisas que só acontecem nas quatro linhas!

2 comentários:

Rio Futebol disse...

Desconvocar a torcida para um jogo, independentemente de qual seja, é um insulto!
O Galo levou uma verdadeira surra do Cruzeiro? Sim. A raposa já pode se considerar campeã mineira? Até pode, mas como você mesmo disse, o futebol é uma caixinha de surpresas e o exemplo dado na final da Copa Mercosul entre Palmeiras e Vasco é perfeito.
Mesmo que o Galo não conquiste o Estadual, vale a pena a torcida comparecer ao estádio e prestigiar o time e em especial o Diego Tardelli, que vem merecendo!

Quanto ao Simon, foi um lance completamente inaceitável. Como pode um juiz do quadro da Fifa e que almeja apitar a Copa de 2010 errar desta maneira? Não sei mesmo, mas a justificativa que ele deu alegando ter visto um empurrão não me convence.

Grande abraço!
Leonardo Resende
http://riofutebol.blogspot.com

Marcos Fontelles de Lima disse...

Vinicius,

O mesmo tipo de comentário foi feito pelo filho do Sherlock Holmes (Fernando Vanucci), o que achei um absurdo... Ah! daquelas feras que vc citou, o Ramirez está fora de combate, por ter levado cartão vermelho, assim como outros de ambas equipes!

Sobre o BOLA PRO MATO: O mais absurdo foi uma entrevista do atacante derrubado pelo gasparzinho, que confirma que foi tocado, porém não sabe dizer se antes ou depois da linha da grande área... Ficou feio o juizão afirmar que o zagueiro assumira ainda no campo o penalty e em entrevista chamar o Juiz de mentiroso... Uma coisa é ser chamado de ladrão, outra coisa é de mentiroso...

"há braços"