domingo, 12 de abril de 2009

Ataque supera defesa no duelo dos melhores conjuntos do Rio



No primeiro encontro dos "grandes clubes" do Rio de Janeiro, o Maracanã foi cenário do embate entre os dois times que apresentaram equipes bem armadas nos dois turnos do Campeonato Estadual. Mas no confronto entre o melhor ataque (o Botafogo) e a melhor defesa do torneio (o Vasco), o time da Estrela Solitária tornou verdadeiro o dito popular de que "a melhor defesa é o ataque", e fuzilou a defesa vascaína com a sonora goleada de 4 a 0.

O jogo começou com um equilíbrio digno daquela definida por muitos como a "final antecipada" do Estadual do Rio de Janeiro. Os 15 minutos iniciais trouxeram muito nervosismo e uma oportunidade perdida para cada lado - o Vasco, através de um chute de Jéferson para fora, e o Botafogo, em cobrança de falta de Juninho que acertou a trave direita de Tiago.

Mas, aos 18 minutos, brilhou a estrela de Maicosuel no Botafogo. Aproveitando-se do buraco deixado no lado direito vascaíno, o camisa 10 recebeu na direita e, depois de driblar Paulo Sérgio e Amaral, deu um belo chute para as redes do Vasco. 1 a 0 Botafogo.

Em desvantagem no placar, a equipe cruzmaltina tentou recorrer a seus trunfos de dentro e de fora de campo - o espírito de luta de seus titulares e a torcida (maioria dentre os 69.500 presentes no Maracanã). Só que o Vasco esbarrava não só na boa marcação dos botafoguenses como também na tendência em afunilar o jogo no meio-de-campo. Destaque das partidas anteriores do Vasco, o lateral-esquerda Ramón não fez nenhuma jogada de linha de fundo para que Élton ou Rodrigo Pimpão vencessem a zaga botafoguense. Muito bem marcados, Carlos Alberto e Jéferson também não conseguiam trazer coisas produtivas para os homens de frente da equipe, e as jogadas do time de São Januário eram facilmente desarmadas na intermediária.

Num destes desarmes, o Botafogo encontrou o caminho do segundo gol. Maicosuel achou Victor Simões livre, e o atacante só teve o trabalho de limpar a bola para Thiaguinho jogá-la entre as pernas de Tiago: Botafogo 2 a 0, aos 29.

No restante da primeira etapa, o panorama traçado era o de o alvinegro administrar sua vantagem, facilitado pela inoperância do adversário, que não incomodava o gol botafoguense. O único lampejo vascaíno veio no último minuto, quando Carlos Alberto recebeu cruzamento de Ramón e tentou uma bicicleta. A bola passou à esquerda do gol de Renan.

Na volta para o segundo tempo, houve um dado curioso. O primeiro tempo ainda corria quando o técnico Dorival Júnior chamou o volante Mateus para o aquecimento. A ideia do treinador era colocá-lo no lugar do lateral-direita Paulo Sérgio - os dois gols surgiram nas costas do camisa 2 vascaíno. No entanto, ele preferiu esperar um pouco mais para fazer sua primeira alteração. Quem voltou com uma substituição foi o time de Ney Franco. O técnico botafoguense precisou colocar em Gabriel no lugar de Thiaguinho, contundido. As decisões de Ney Franco e de Dorival Júnior no intervalo seriam cruciais para a etapa final desta semifinal.

Os primeiros minutos da segunda etapa trouxeram tentativas do Vasco em encostar no placar e mudar o destino apresentado no primeiro tempo da partida. O time perdeu três chances em oito minutos - uma com Élton e duas com Nílton. Entretanto, a reação que parecia próxima sofreu um golpe crucial aos nove minutos. O zagueiro Leonardo chegou atrasado numa disputa com Gabriel e se viu obrigado a parar o jogador com um carrinho. Como já tinha um cartão amarelo, ele recebeu seu segundo na noite, e foi expulso de campo.

A ausência de Fernando, vetado na semana anterior em função de uma contusão, foi sentida tanto pela presença hesitante de Leonardo (um zagueiro lento e de estilo "trombador") quanto por sua conduta em campo, que deixou o Vasco em inferioridade numérica. Do lado botafoguense, o terceiro gol parecia uma questão de tempo.

E veio, através de uma atitude errada de Dorival Júnior e de um acerto de Ney Franco. Paulo Sérgio permaneceu em campo, e deixou Gabriel (o escolhido para substituir Thiaguinho durante o clássico) dominar a bola. O lateral não só matou a bola no peito, como também teve espaço para fazer o gol mais bonito da partida, ao conseguir, mesmo sem ângulo, acertar as redes do gol vascaíno. 3 a 0 Botafogo.

Boa parte da torcida do Vasco já deixava o Maracanã e botafoguenses já ensaiavam gritos de "olé" na sua arquibancada. Mas ainda tinha espaço para mais. Aos 22, Victor Simões encontrou Maicosuel novamente livre. O jogador aproveitou nova falha de Paulo Sérgio para tirar a bola de Tiago e, com seu segundo gol, dar números finais à partida. O camisa 10 agora é o artilheiro do Campeonato Estadual, com 12 gols assinalados.

Depois de um segundo turno hesitante e de uma derrota para o Americano no Estádio Godofredo Cruz no meio de semana, o Botafogo ressuscitou sua moral com uma inconstestável vitória por 4 a 0 sobre aquele que era considerado o melhor time do campeonato. O placar dá à equipe a confiança de que, no dia 19 de abril, pode encerrar mais cedo a edição de 2009 do Campeonato Estadual. Agora, o Botafogo espera o vencedor do clássico do Domingo de Páscoa entre Flamengo e Fluminense, para ver se o sabor de chocolate continuará doce para a torcida botafoguense ao final da Taça Rio.

*****

VASCO 0x4 BOTAFOGO

Estádio: Maracanã (no Rio de Janeiro)

Árbitro: João Batista de Arruda (do Rio de Janeiro)

Gols: Maicosuel aos 18 e Thiaguinho aos 29 minutos do primeiro tempo, Gabriel aos 16 e Maicosuel aos 21 minutos do segundo tempo.

Cartões amarelos: Amaral, Leonardo (Vasco), Leandro Guerreiro, Wellington, Alessandro e Victor Simões (Botafogo).

Expulsão:
Leonardo (Vasco).

VASCO - Tiago, Paulo Sérgio (Mateus), Leonardo, Titi e Ramon; Amaral, Nilton, Jeferson e Carlos Alberto (Alan Kardec); Rodrigo Pimpão e Elton (Alex Teixeira). Técnico: Dorival Júnior.

BOTAFOGO - Renan, Fahel, Juninho e Wellington (Túlio Souza); Alessandro (Batista), Leandro Guerreiro, Léo Silva, Maicosuel e Thiaguinho (Gabriel); Reinaldo e Victor Simões. Técnico: Ney Franco.

Um comentário:

Marcos Fontelles de Lima disse...

queria saber a opinião do torcedor e não a visão do jornalista...

"há braços"