segunda-feira, 20 de abril de 2009

E as emoções se repetindo...



No mesmo dia em que Roberto Carlos comemorou mais um ano de vida - realizando um show em sua terra natal, Cachoeiro de Itapemirim, primeira parada da trajetória que homenageará seus 50 anos de carreira artística - o Rio de Janeiro viveu mais um domingo de muitas emoções no Maracanã. Aconteceu a final da Taça Rio, mais um momento lindo proporcionado por Flamengo e Botafogo, que decidiam tanto a decisão de turno quanto a possibilidade do campeonato acabar, caso a vitória acontecesse do lado alvinegro.

Graças a um gol contra do zagueiro Emerson, o Flamengo prorrogou a certeza de que mais emoções acontecerão em palcos cariocas. Nos próximos dois domingos, acontecerão os dois jogos finais do Campeonato Estadual, e as emoções podem se repetir de todos os lados.

No Flamengo, a chance de pela quinta vez conquistar um tricampeonato estadual consecutivo. No Botafogo, o risco de perder pela terceira vez consecutiva para o rival rubro-negro. Depois de dois anos no Botafogo, o atual comandante do Flamengo Cuca pode ser também vice-campeão pela terceira vez.

A fé que faz os torcedores de Botafogo e Flamengo otimistas demais para as próximas partidas prossegue, chorando ou sorrindo mas sabendo que o importante são as emoções vividas dentro de campo. Conforme são as emoções hoje compartilhadas neste espaço com um grande amigo e leitor de O tempo e o placar..., Marcos Fontelles.

Do ponto de vista rubro-negro e - pasmem! - com boa vocação para jornalismo, Marcos apresenta neste post sua visão para o jogo de ontem. Este que vos escreve espera que todos gostem, e, principalmente, que ele aceite mais convites como o feito ontem.

Na foto, está ele com seu filho Leonardo, ambos ao lado de Zico. Não preciso dizer o por que do Galinho de Quintino ser seu ídolo...

Vamos à crônica!


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No ensolarado 19 de abril de 2009, na cidade do Rio de Janeiro o sol brilhou em rubro-negro e coroou o técnico Cuca como tricampeão da Taça Rio. A disputa da tarde carioca poderia consagrar o Botafogo como campeão carioca da temporada 2009 (por ter conquistado a Taça Guanabara, ele poderia ser campeão direto, algo que não acontece no Rio de Janeiro desde 1998, quando o Vasco venceu os dois turnos do Estadual). Mas num jogo onde a defesa prevaleceu sobre o ataque e ironicamente acabou 1 a 0, com um gol contra de um zagueiro - o botafoguense Emerson, o Flamengo sagrou-se campeão da Taça Rio e adiou para uma final em dois jogos uma série de consequências que poderiam acontecer ao final deste dia. A divulgada e contestada aposentadoria do zagueiro Fábio Luciano e o sonhado campeonato pelo Botafogo.

O 19 de abril manteve vivo o desejo do Flamengo conquistar pela quinta vez, um tricampeonato no Rio e de quebra igualar com o Fluminense que obtém 31 títulos do certame - o último conquistado este ano no "tapetão". O Bangu contestava a conquista tricolor, mas na justiça o Fluminense conseguiu reaver o título de 2002.

O clássico teve início bem antes do apito inicial do juiz, devido à polêmica escalação do árbitro Luiz Antônio Silva Santos (uma unanimidade, pois ambas as equipes contestaram sua escalação). No jogo entre Vasco e Flamengo (vitória vascaína por 2 a 0, durante a Taça Rio), ele expulsou cinco jogadores - dois flamenguistas e três vascaínos, além do técnico Cuca. Mas sua escalação fazia todo sentido - 19 de abril é o Dia do Índio, e "Índio" é a alcunha do juiz que iria apitar a decisão entre Flamengo e Botafogo.

Ainda de fora de campo, vieram as polêmicas escalações de Juninho e Alessandro, vitória botafoguense na justiça, que conseguiu efeito suspensivo para que os dois defendessem as cores alvinegras na final do turno. O mesmo Tribunal de Justiça Desportiva vetara a escalação de Bruno na semifinal entre a dupla Fla-Flu na semana anterior.

Triunfos extracampo que faziam a torcida botafoguense dar como certa a vitória do time da Estrela Solitária. A euforia tomava conta das arquibancadas alvinegras, que iam além da provocação "vice é o Cuca". A estátua do Manequinho, símbolo do clube que fica na sede, ganhou uma faixa de campeão. A música composta por Dom Elias (que compôs com Beth Carvalho a canção do título de 1989) já estava pronta. Abaixo, confira a letra da música Barba, cabelo e bigode:

Botafogo campeão
Desse jeito o meu coração explode
O meu Fogão ganhou de todo mundo
Fez barba, cabelo e bigode

É o meu orgulho
É minha paixão
O Botafogo manda e desmanda
No meu coração



Toda esta confiança tinha nome. Aliás, tinha três nomes: o trio de ferro formado por Reinaldo, Maicosuel e o novo Pantera Victor Simões. Dois craques que já jogaram (Reinaldo e Victor Simões) e outro (Maicosuel), que chegou a dar entrevista como jogador do Mengão à rádio Tupi em 2008. Victor Simões foi campeão carioca de juniores pelo time da Gávea em 1999. Dez anos depois, o novo Pantera é o vice-artilheiro do Estadual ao lado de Bruno Meneghel do Resende (já eliminado) e Josiel, adversário no clássico e que iniciou . Victor Simões chegou a se profissionalizar no Flamengo, em maio de 2001 e Janeiro de 2003 chegou a disputar 15 partidas e assinalar 2 gols para então seguir carreira em países de pouca expressão no futebol como Bélgica e Coreia. Reinaldo é a outra estrela botafoguense que iniciou na Gávea - quando começou, ele era "o cara que entrava no segundo tempo no lugar do Romário", e tinha como gandula o futuro volante Ibson.

Mas na bola, eles eram adversários agora. Adversários em Flamengo e Botafogo, o clássico que decidiu os dois recentes campeonatos do Rio de Janeiro e que será a final pela terceira vez consecutiva. Logo no primeiro minuto de jogo, Emerson chutou cruzado a primeira chance rubro-negra, mas a bola passou sem perigo no gol de Renan. Por sinal, a falta de perigo foi constante em ambos os lados, numa primeira etapa truncada, e até morna.

A chance seguinte viria em uma bola parada, na qual Kléberson recebeu passe de Juan e chutou à esquerda, aos cinco. O mesmo Kléberson tentou uma nova jogada aos 13, mas a zaga botafoguense conseguiu neutralizar. Do lado botafoguense, Maicosuel deixou Victor Simões livre, mas na hora de concluir o chute saiu truncado.

O primeiro momento da torcida fazer o grito de "uuuh" veio aos 19. Maicosuel aproveitou rebote da zaga rubro-negra e com um toque sutil acertou a bola na trave. Na mesma trave esquerda, que na quinta-feira sacramentou o pênalti que ele perdeu na disputa contra o Americano, por uma das vagas na Copa do Brasil. Dois minutos depois, Zé Roberto (o ex-botafoguense que agora atuava em vermelho e preto) deu o troco em um chute forte, desviado a tempo pelos zagueiros.

Com a boa marcação de ambas as defesas, a solução para Flamengo e Botafogo era recorrer a chutes de fora da área - do time da Estrela Solitária, com Juninho, aos 25, e da equipe da Gávea, com Williams, aos 37. A tão temida distribuição de cartões de Luiz Antônio Silva Santos não aconteceu em todo o primeiro tempo. Somente a quatro minutos do fim veio o primeiro cartão - o Emerson do Flamengo deu uma tesoura no Emerson do Botafogo e recebeu cartão amarelo. Na cobrança, novamente o zagueiro Juninho deu um chute perigoso, que passou perto do ângulo de Bruno. Nada que alterasse o placar de 0 a 0, um resultado justo diante da superioridade dos defensores.

O segundo tempo começou no mesmo panorama que o primeiro. Muitas tentativas e em todas as defesas se sobressaindo - seja em escanteios (como o que Fahel cortou no primeiro minuto de jogo) ou nas jogadas em que os atacantes não conseguem fazer as conclusões (no erro de Emerson diante do gol do Flamengo aos sete). O equilíbrio vinha, inclusive, em desarmes - aos 10, Maicosuel foi bem neutralizado por Airton, e dois minutos depois, foi a vez do Emerson botafoguense levar a melhor sobre seu xará flamenguista.

Mas o Emerson do Botafogo faria a diferença. E para o Flamengo. Kléberson arriscou de fora da área, para Renan espalmar com dificuldade. No desenrolar do lance, veio cobrança de falta de Juan. Num bate e rebate na área, a bola desviou na canela de Emerson, que jogou a bola para as próprias redes. 1 a 0 Flamengo, aos 16.

Com a vantagem no placar, o Flamengo passou a administrar o resultado, marcando sob pressão e jogando no contra-ataque. O trio Maicosuel, Victor Simões e Reinaldo era facilmente parado, com muitos jogadores na sobra da marcação. As oportunidades do Botafogo se reduziam à bola parada, como a cobrança de falta de Juninho aos 26, que passou bem distante do gol de Bruno.

Vendo o tempo passar e o título ir escapando, aos 29 Ney Franco realizou duas alterações: Renato e Gabriel nos lugares de Fahel e Léo Silva, respectivamente. Mas o jogo permanecia em seu equilíbrio, bom para o Flamengo que vencia por 1 a 0. O Botafogo começava a demonstrar nervosismo. Primeiro, com a falta de Emerson em Erick Flores, na qual o zagueiro levou cartão amarelo aos 36. E, aos 41, quando Thiaguinho fez falta violenta em Juan e foi expulso.

Com a vantagem no placar e em campo, Cuca tirou Ibson para colocar Toró e, antes de sair, o segundo volante levou cartão amarelo. A torcida do Flamengo já começava o coro de "vice de novo", esquecendo que o jogo não tinha terminado ainda e um empate levava a decisão para os pênaltis - além de que o Estadual ainda não iria acabar.

Aos 45 minutos, o Botafogo quase consegue o empate em um chute lindo de Gabriel para ótima defesa de Bruno. Mas foi a última oportunidade da equipe. Josiel ainda perderia uma chance para o Flamengo no minuto seguinte, e, aos 47 Erick Flores tentaria de peixinho, mas não alcançaria um cruzamento de Juan.

Só que o 1 a 0 já era suficiente. O Flamengo é campeão da Taça Rio, e teremos mais dois domingos de futebol que, para a alegria dos leitores de O tempo e o placar..., terá de volta nosso expert Vinícius.



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Marcos, muitíssimo obrigado pelas palavras ao final. O expert aqui é você, que nos deu tanta informação tanto do jogo quanto do ritual do pré-jogo. O tempo e o placar... só tende a crescer com o seu apoio constante às nossas postagens diárias.

Obrigado, obrigado mesmo. Um gol de placa, que este que vos escreve se sente como autor do belo passe para sua conclusão.

Abraços a todos,

Vinícius Faustini


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FLAMENGO 1x0 BOTAFOGO

Estádio: Maracanã (no Rio de Janeiro).

Árbitro: Luiz Antônio Silva Santos (do Rio de Janeiro).

Renda e público: R$ 1.546.470,00 / 75.395 pagantes


Gol: Emerson (contra), aos 16 minutos do segundo tempo.

Cartões amarelos:
Ibson, Emerson (Flamengo), Emerson, Maicosuel, Alessandro e Reinaldo (Botafogo).

Expulsão: Thiaguinho (Botafogo).

FLAMENGO: Bruno, Aírton, Fábio Luciano e Ronaldo Angelim; Léo Moura, Willians, Kleberson, Ibson (Toró) e Juan; Zé Roberto (Erick Flores) e Emerson (Josiel). Técnico: Cuca.

BOTAFOGO: Renan, Emerson (Túlio Souza), Juninho e Leandro Guerreiro, Alessandro, Fahel (Renato), Léo Silva (Gabriel), Maicosuel e Thiaguinho; Reinaldo e Victor Simões. Técnico: Ney Franco.

2 comentários:

Marcos Fontelles de Lima disse...

Salve Vinicius!!

Cara deu pra sentir a dificuldade vivida por vcs diariamnte... legal a oportunidade de vivenciar uma outra atividade!

Só um detalhe: Errei em comentar que o Ibson jogou com Reinaldo, na verdade, devido a diferença de cinco anos na idade entre eles, o Ibson era apenas o seu gandula...

Ah! e tbm num lancezinho no final de jogo, quando o Erick Flores tentu o peixinho mas não alcancou a bola...

"Há braços"

Vinícius Faustini disse...

Marcos,

bom, se você sentiu a dificuldade vivida diariamente, tenho uma boa notícia pra você. Você passou com louvor, rapaz! Ficou ótimo o texto...

Bem, fique sossegado, o "editor" aqui corrige os erros pra você. E fica tudo em casa!

Abraços,

Vinícius Faustini