segunda-feira, 6 de abril de 2009

Bodas de sangue



O torcedor que assistiu ao Fla-Flu de ontem notou uma considerável diferença na camisa do Flamengo. Depois de 25 anos de "casamento" entre o rubro-negro e a Petrobrás, ontem, pela primeira vez, a equipe da Gávea entrou em campo sem ostentar o nome da estatal em seu uniforme.

O relacionamento entre a empresa e o clube vinha dando sinais de desgaste, em especial pelos constantes rombos financeiros acontecidos nos cofres do Flamengo nos últimos tempos - causados por desvios financeiros, por investimentos altos em jogadores que não correspondiam ou por inadimplência nas contas do time. A instabilidade era tanta que chegou ao ponto de o rubro-negro ostentar a Petrobrás em sua camisa mesmo não recebendo um centavo da estatal. Mal comparando, parecia um casamento de fachada, na qual os cônjuges mantêm a ideia de que estão casados, mesmo com o relacionamento já não sendo o mesmo.

O início do patrocínio da Petrobrás veio na segunda metade década de 1980 - época da "Era Zico", na qual o Flamengo montou times avassaladores (dentre eles, o que venceu a Copa União de 1987, mesclando nomes consagrados como Leandro, Zico e Renato Gaúcho com promessas como Leonardo e Bebeto). De lá pra cá, vieram alguns campeonatos estaduais, duas Copas do Brasil, um Campeonato Brasileiro e uma Copa Mercosul. Todas com a marca Petrobrás ocupando parte das faixas horizontais em vermelho e preto da camisa do clube.

Como todo casamento, a marca também acompanhou o clube em alguns momentos menos agradáveis - como o "time dos sonhos" montado para trazer muitas glórias no ano do centenário do clube (1995) chegar em dezembro sem nenhum título expressivo e, recentemente, as eliminações prematuras na Taça Libertadores da América. A Petrobrás tentou superar crises financeiras e de gestão rubro-negra, enquanto os dirigentes flamenguistas engoliam o orgulho para, de pires na mão, pedir algum dinheiro à empresa patrocinadora - e tentando fechar os olhos para situações, infelizmente, corriqueiras em clubes de futebol brasileiros nos dias de hoje, como o atraso de salários.

Enfim, talvez fosse hora mesmo do "casamento" se desfazer. Certamente, ficarão as lembranças (boas e ruins) de uma das mais duradouras relações entre clube e patrocínio. Agora, resta ao Flamengo procurar uma nova parceria para o seu futebol - em especial, para evitar a situação calamitosa pela qual passou o Vasco, que durante sete anos ficou sem um patrocínio (e sem a menor credibilidade para conseguir qualquer previsão de parceria) - e ficar em compasso de espera para saber se vai ou não continuar tendo a Nike como fornecedora de seu material esportivo.

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EM TEMPO

No Fla-Flu de ontem, o Flamengo apresentou algumas novidades: além da "nova camisa", os torcedores também conheceram Emerson - atacante que atuava no Qatar e estreou na equipe rubro-negra marcando o gol do empate em 1 a 1 contra os tricolores. Mas o Flamengo também apresentou características já comuns do clube. A primeira delas, mais um jogo com rumo decidido nos acréscimos (o gol de empate veio somente aos 48 minutos do segundo tempo). E a segunda, de crescer na reta final de um campeonato - depois de momentos de crise, a equipe se classificou em primeiro lugar no seu grupo da Taça Rio. São as reações flamenguistas depois do fim das "bodas de prata" com a Petrobrás.

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BOLA PRO MATO

Vasco, Fluminense, Flamengo e Botafogo classificados para a semifinal da Taça Rio. Vasco e Botafogo e a dupla Fla-Flu farão partidas emocionantes no próximo fim de semana. Com tanta expectativa por duas ótimas partidas, pra que a Federação do Estado do Rio de Janeiro tinha de criar uma contradição passível de confusão de bastidores no Campeonato Carioca? Explica-se: de acordo com um dos artigos do regulamento, o melhor time da Taça Rio joga a sua semifinal no domingo (no caso, estaria prevista a realização do jogo entre Vasco e Botafogo no dia de Páscoa). No entanto, outro artigo diz que a emissora que transmite as partidas pode escolher o jogo que vai passar no domingo - e a TV Globo anunciou que vai exibir o jogo entre Flamengo e Fluminense. Os botafoguenses agora pleiteiam que sua partida seja jogada no domingo. Esta indecisão vai durar a semana toda?

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BOLA NA ARQUIBANCADA


Em uma rodada bem mais emocionante (com o detalhe de não ter acontecido nenhum clássico), o Campeonato Paulista também terá seus quatro grandes nas semifinais. O Santos conseguiu espantar as surpresas de Portuguesa e de Santo André graças ao gol de pênalti de Kléber Pereira aos 43 minutos do segundo tempo (terceiro dele na vitória por 3 a 2 sobre a Ponte Preta, em Campinas). Agora, os santistas estarão ao lado de Palmeiras, Corínthians e São Paulo na briga para ser o melhor do estado de São Paulo.

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