domingo, 28 de novembro de 2010

Para o ano não acabar



Análise de jogo - Corínthians 2 x 0 Vasco (17h, Pacaembu)

Corínthians e Vasco apresentaram no Pacaembu o contraste da reta final do Campeonato Brasileiro. Enquanto os corintianos, apoiados por mais de 33 mil torcedores, tentavam manter as chances de título, poucos foram acompanhar a equipe vascaína, para quem as perspectivas de algum título ficaram adiadas para 2011.

Mas suas deficiências devem ser corrigidas urgentemente. Com uma formação usada para atuar no contra-ataque, escalando os jovens volantes Rômulo, Renato Augusto e Allan, o time de Paulo César Gusmão depende de boas atuações de Carlos Alberto, Éder Luís e Zé Roberto. Só que, se nenhum deles encontra velocidade para atacar, o poder ofensivo do Vasco se perde completamente.

Foi assim que o Corínthians se sobressaiu na partida. Aos poucos, o alvinegro paulista foi se acertando em campo e encontrando oportunidades. A primeira foi aos seis minutos (um minuto depois do alto-falante anunciar que o Palmeiras fez 1 a 0 sobre o Fluminense, time que briga diretamente com o Corínthians pela conquista do Brasileirão de 2010), em jogada de bola parada de Bruno César que passou por Dentinho, livre na área. Depois, vieram chutes de Roberto Carlos e Jucilei que pararam em defesas de Fernando Prass.

Com o passar dos minutos, o calor do Pacaembu fez a partida ficar morna. O Corínthians parecia não ter pernas para dar continuidade às jogadas, enquanto o Vasco se limitava a fortalecer sua marcação. Mas seu setor defensivo acabou favorecendo o ímpeto corintiano (que tentava aumentar, mesmo com o anúncio de que o Fluminense empatara a partida com o Palmeiras na Arena Barueri). O chute de fora da área de Bruno César desviou na canela do zagueiro Dedé e passou por baixo das pernas do goleiro Fernando Prass. 1 a 0 Corínthians, aos 39 minutos. Vantagem que prosseguiu até o fim do primeiro tempo.

Para o segundo tempo, Paulo César Gusmão trouxe um Vasco mais ofensivo. O volante Allan deu lugar ao meia Fumagalli, que entraria para ajudar Carlos Alberto na criação de jogadas. A alteração melhorou a equipe vascaína. À exceção de um chute de Danilo defendido por Fernando Prass, a pressão vascaína foi constante nos primeiros 10 minutos. Entretanto, o fraco poder de fogo comprometeu mais uma vez a atuação da equipe carioca. Apenas Zé Roberto chutou ao gol, e a bola passou longe do gol de Júlio César.

O Timão voltou ao ataque aos 12 minutos. E de maneira eficaz. Roberto Carlos recebeu passe na esquerda e entrou na área. Em vez de chutar ao gol, o lateral deu um cruzamento para a direita, que encontrou a cabeça de Danilo. O meia colocou a bola no fundo da rede. Corínthians 2 a 0. Mas, apesar da soberania corintiana em campo, ela não era suficiente para deixar os paulistas na liderança. No minuto seguinte ao segundo gol, o Fluminense virou para 2 a 1 o jogo com o Palmeiras na Arena Barueri.

No restante do jogo, os corintianos ficaram apenas em função de administrar o resultado - a nova alteração de Tite veio só a cinco minutos do fim, com a troca de Bruno César por Defederico.. Àquela altura, o esforço do Vasco para evitar uma derrota parecia mesmo restrito à entrada de Fumagalli no intervalo. As outras duas alterações de PC Gusmão foram nas laterais - Fágner saiu para a entrada de Irrazábal, e Ramón (que voltava à equipe após meses contundido) foi substituído por Diogo.

A equipe carioca ainda ficou mais fraca em seu poder ofensivo, quando Zé Roberto foi expulso por Márcio Chagas da Silva. O meia fez quatro faltas em sequência no segundo tempo. E, a rigor, a única oportunidade vascaína nos 45 minutos finais foi com Éder Luís, que chutou cruzado para defesa de Júlio César.

O time de São Januário dava a impressão de meramente fazer um amistoso de luxo, a duas rodadas do final do Campeonato Brasileiro. E o empenho parecia restrito ao goleiro Fernando Prass e à defesa. Em especial por jovens que se firmaram durante a competição, casos do zagueiro Dedé e do volante Rômulo, ou que na reta final tiveram oportunidade no time titular, como o estreante zagueiro Douglas e o volante Renato Augusto. De resto, uma acomodação melancólica de um Vasco que termina 2010 sem título e agora parece guardar seu futebol para quando 2011 chegar.

O calendário de 2010 do futebol corintiano ainda tem mais uma semana. E, mesmo com a possibilidade de nova frustração no ano de seu centenário (além de vencer o Goiás no Serra Dourada, o time precisa de um tropeço do Fluminense contra o Guarani, no Engenhão, para ser campeão brasileiro), não se pode negar que sua equipe se empenhou até a última rodada. Talvez por isto, o "bando de loucos" do Corínthians ainda anseia para que o dia 5 de dezembro de 2010 seja mais uma data importante na lista de conquistas do clube.

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CORÍNTHIANS 2 x 0 VASCO

Estádio: Pacaembu (São Paulo / SP)

Público: 33.487 pagantes / Renda: R$ 1.190.821,50.

Árbitro: Márcio Chagas da Silva (RS) / Auxiliares: Carlos Berenbrock (FIFA-RS) e Marcelo Barison (RS).

Gols: Bruno César, aos 39 minutos do primeiro tempo. Danilo, aos 12 minutos do segundo tempo.

Cartões amarelos: Renato Augusto e Zé Roberto (Vasco).

Expulsão: Zé Roberto (Vasco).

CORÍNTHIANS - Júlio César, Alessandro, Chicão e Roberto Carlos; Ralf, Jucilei, Danilo e Bruno César (Defederico); Jorge Henrique e Dentinho (Iarley). Técnico: Tite.

VASCO - Fernando Prass, Fagner (Irrazábal), Dedé, Douglas e Ramón (Diogo); Rômulo, Renato Augusto, Allan (Fumagalli) e Carlos Alberto; Zé Roberto e Éder Luís. Técnico: Paulo César Gusmão.

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RODADA 37 - RESULTADOS

Domingo, 17h

Atlético Goianiense 1 x 1 São Paulo (Serra Dourada)
Internacional 1 x 1 Vitória da Bahia (Beira-Rio)
Atlético Mineiro 3 x 1 Goiás (Arena do Jacaré)
Avaí 3 x 2 Santos (Ressacada)
Guarani 0 x 3 Grêmio (Brinco de Ouro da Princesa)
Ceará 1 x 1 Atlético Paranaense (Castelão)
Botafogo 3 x 1 Grêmio Prudente (Engenhão)
Flamengo 1 x 2 Cruzeiro (Raulino de Oliveira)
Corínthians 2 x 0 Vasco (Pacaembu)
Palmeiras 1 x 2 Fluminense (Arena Barueri)

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O tempo e o placar... escolhe o que houve de melhor e de pior na penúltima rodada do Brasileirão.

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O CHUTAÇO

A trinca da frente FLUMINENSE, CORÍNTHIANS e CRUZEIRO honrou seu favoritismo e segue soberana na disputa pelo título brasileiro. O momento de liderança é tricolor, mas corintianos e cruzeirenses continuam à espreita.

A FURADA

O assunto da ENTREGA que cercou a semana anterior ao confronto do Palmeiras com o Fluminense foi um dos mais lamentáveis do Campeonato Brasileiro. A reta final de 2010 comprova: o Campeonato Brasileiro tem de fazer valer o bom futebol, e não a rivalidade em primeiro lugar.

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