sábado, 20 de novembro de 2010

Jovem responsabilidade



Análise de jogo: Flamengo 2 x 1 Guarani (19h30, Engenhão)

Na semana que antecedeu a partida com o Guarani, o treinador Vanderlei Luxemburgo declarou que, para levar o Flamengo a um bom resultado no confronto com a equipe campineira, era hora de jogadores veteranos como Léo Moura, Ronaldo Angelim e Kleberson chamarem a responsabilidade. Mas, em meio a tanta experiência, quem se destacou no Engenhão foi o atacante Diego Maurício, de apenas 19 anos. Graças a ele, o rubro-negro se vê mais distante do risco de rebaixamento para a Série B.

Apoiado por mais de 39 mil torcedores, o Flamengo começou a partida pressionando, e obrigou o Guarani a parar as jogadas com faltas. Numa delas, Renato Abreu cobrou da intermediária, a bola encobriu Emerson e parou no fundo da rede bugrina. 1 a 0 Flamengo, aos dois minutos.

Com o alívio de logo conseguir a vantagem do placar, o rubro-negro passou a administrar a vantagem, na espera de que a situação desesperadora comprometesse a atuação do Guarani - o time campineiro está com 37 pontos, na zona de rebaixamento. Mas, com o passar dos minutos, ficou evidenciado um grave defeito da equipe de Vanderlei Luxemburgo. Quando partia para o ataque, o Flamengo contava com o lateral Léo Moura e o meia Kleberson pela direita e o meia Renato Abreu e o lateral Juan na esquerda. Mas, como Kleberson fazia uma péssima partida, o time ficava muito exposto em seu lado direito, e dava espaços para o Guarani chegar em alta velocidade.

E foi pelo lado direito que o Guarani chegou ao empate. Mazola iniciou jogada mas foi derrubado por Welinton. Na cobrança, o chute de Baiano quicou na frente de Marcelo Lomba, que permitiu o gol do Guarani. 1 a 1, aos 12 minutos. O gol sofrido deixou os jogadores rubro-negros sob tensão. A torcida passou a demonstrar sinais de impaciência - a ponto de alguns gritarem o nome do goleiro Bruno, preso sob acusação do assassinato de Eliza Samúdio - e, em campo, uma sucessão de boas oportunidades se transformavam em chutes sem direção, como os de Kleberson e Renato Abreu.

O Guarani tentou surpreender o Flamengo novamente, mas esbarrava no erro crucial que compromete as atuações do time de Vágner Mancini. Por ter em seu elenco um cobrador de faltas com qualidade (Baiano), os jogadores tendem a forçar faltas próximas à área em vez de arriscar bons ataques - e ainda padece da ausência de um atacante fixo na área, pois Mazola e Geovane atuam pelas pontas.

Mas o destino flamenguista começou a ser traçado aos 21 minutos. Com uma torção no tornozelo, Deivid pediu para ser substituído. Em seu lugar, entrou Diego Maurício. Sim, ele ainda teria mais de 45 minutos para mostrar serviço a Luxemburgo. Só que o panorama era bem mais difícil do que a obrigação de ganhar que havia antes da bola rolar. O atacante entraria no contexto de um Flamengo que esteve em vantagem por alguns minutos, mas sofrera um gol e sofria com a impaciência dos torcedores.

E, em meio a tantos passes mal-sucedidos, Diego Maurício chamou a responsabilidade de levar o Flamengo à frente aos 33 minutos. Diogo iniciou uma jogada no meio-de-campo, mas foi desarmado por Preto. O desarme para trás levou a bola até o atacante flamenguista, que superou a zaga adversária e chutou, na saída de Emerson. 2 a 1 Flamengo.

Com mais tranquilidade, a equipe carioca ainda teve uma tentativa com Renato Abreu. Ao Guarani, restava apenas a apatia dos jogadores e a impaciência de Vágner Mancini, que reclamou da lentidão dos gandulas a devolver a bola para o jogo. Havia pouco a se mudar àquela altura do primeiro tempo.

Na volta para a segunda etapa, o treinador bugrino realizou sua primeira alteração, tirando o meia Barboza para colocar o atacante Mário Lúcio. De nada adiantou. Mesmo com um novo atacante, o Guarani continuava a errar passes, e facilitava a marcação rubro-negra. Só que os erros também continuavam na saída de bola rubro-negra, proporcionando discussões ríspidas, como a do lateral-esquerda Juan com o meia Renato Abreu.

Vanderlei Luxemburgo decidiu fazer sua segunda alteração, tirando o disperso Kleberson para colocar Marquinhos, jogador com qualidade no passe e com muita movimentação. No mesmo momento, Vágner Mancini também fazia sua segunda alteração, trocando Preto por Paulinho. Uma substituição defensiva, que pouco acrescentou à tentativa de empate da equipe campineira.

Após a entrada de Petkovic no lugar do atacante Diogo, o Flamengo é que pareceu mais próximo de chegar ao gol. Logo em sua primeira tentativa, o camisa 10 rubro-negro passou por vários adversários até chegar frente a frente com Emerson na grande da área. Mas, na hora de chutar, Ailsan fez o desarme.

Com Baiano visivelmente cansado, o Guarani pouco pressionava, pois a bola sempre chegava com dificuldades ao ataque. Vágner Mancini decidiu então substituir seu jogador que entrara no intervalo - Mário Lúcio deu lugar ao jovem Pablo. O garoto de 17 anos até tentou dar um pouco de gás ao lado ofensivo da equipe, mas suas alternativas sempre culminavam na mesma jogada: cair próximo à área para cavar falta. Numa delas, veio a única oportunidade do clube campineiro no segundo tempo. Na cobrança de falta de Baiano, Ailson desviou de cabeça, e a bola passou bem perto do gol de Marcelo Lomba.

De resto, o que a torcida viu no Engenhão foi grandes oportunidades de gol do Flamengo, com Renato Abreu, Marquinhos e Ronaldo Angelim, todas sem sucesso. De qualquer forma, o placar de 2 a 1 foi suficiente para levar o rubro-negro aos 43 pontos, praticamente fora do risco de rebaixamento ao qual sua instabilidade levou no Campeonato Brasileiro. Ao final da partida, provavelmente o técnico Vanderlei Luxemburgo já tenha percebido que deve seguir por um caminho diferente. Talvez a experiência não seja o trajeto ideal para manter o equilíbrio de uma equipe. A coragem para renovar, e dar a responsabilidade para jogadores com maturidade como Diego Maurício também pode levar um time a ser vitorioso.

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FLAMENGO 2 x 1 GUARANI

Local: Engenhão (Rio de Janeiro / RJ).

Árbitro: Wilton Pereira Sampaio (DF). / Auxiliares: César Augusto de Oliveira Vaz (DF) e João Antônio de Paula Neto (DF).

Público: 34.932 pagantes (39.720 presentes) / Renda: R$ 387.940,00.

Cartões amarelos: Léo Moura, Juan, Williams, Diego Maurício (Flamengo), Preto e Geovane (Guarani).

Gols: Renato Abreu, aos dois, Baiano, aos 12, e Diego Maurício, aos 33 minutos do primeiro tempo.

FLAMENGO - Marcelo Lomba, Léo Moura, Welinton, Ronaldo Angelim e Juan; Maldonado, Williams, Kleberson (Marquinhos) e Renato Abreu; Diogo (Petkovic) e Deivid (Diego Maurício). Técnico: Vanderlei Luxemburgo.

GUARANI - Emerson, Apodi, Aislan, Ailson e Marcio Careca; Maycon, Baiano, Preto (Paulinho) e Barboza (Mário Lúcio, depois Pablo); Mazola e Geovane. Técnico: Vágner Mancini.

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