quinta-feira, 14 de outubro de 2010

O preço de um centenário



No dia primeiro de setembro de 2010, o Corínthians comemorava não só os 100 anos de fundação do clube. Era motivo de comemoração também a boa trajetória que a equipe tinha no Campeonato Brasileiro - disputando ponto a ponto a liderança com o Fluminense, e com um plantel que mesclava jogadores consagrados com atletas em grande fase - como Roberto Carlos, Jucilei, Elias, Bruno César, Jorge Henrique, Iarley e Ronaldo.

Para a quarta-feira, estava prevista uma partida contra o Vasco, em São Januário. Só que, em vez de passar a festa praticando o futebol que tornou o clube tão popular, o Corínthians decidiu se entregar aos festejos do centenário, com direito show na Avenida Paulista, fogos, bandeiras e tudo o que se pode imaginar. O duelo com o Vasco podia esperar para dia 13 de outubro. Afinal, os corintianos estavam cada vez mais em ascensão, e ainda teriam o benefício de entrar em campo sabendo o resultado que precisariam ter para prosseguir bem na competição.

Pois bem. 42 dias se passaram. Vieram as contusões - algumas delicadíssimas, como a de Jorge Henrique, que tirou o atleta do restante do Campeonato Brasileiro. Os bons resultados foram rareando, e uma derrota vexatória por 4 a 3 para o Atlético Goianiense culminou no pedido de demissão de Adilson Batista. Em vez do time em ascensão, que vencera o Vitória da Bahia por 2 a 1 com um futebol envolvente na décima-sétima rodada, o Vasco teria pela frente em São Januário um Corínthians em pedaços.

Com treinador interino que nem mesmo o presidente corintiano Andres Sanchez lembrava o nome. Com uma crise sem precedentes depois de conseguir somente dois pontos nos últimos 15 disputados. Sem Jorge Henrique, Bruno César, Ronaldo. Sem alma. Sem qualquer disposição para ao menos ameaçar um Vasco que, após abrir 2 a 0 em 21 minutos de jogo, se deu ao luxo de ficar no contra-ataque.

No primeiro semestre, o Corínthians tinha perdido o grande sonho do seu centenário - ganhar a Taça Libertadores da América. Mas, com um trabalho sério à frente da equipe, conseguiu superar a perda através do bom futebol do qual é capaz o seu elenco. Sempre alternou entre o primeiro e o segundo lugar no Campeonato Brasileiro. No entanto, não soube lidar novamente com a má fase - que é comum no decorrer de um campeonato de pontos corridos - e parece jogar fora também a possibilidade de ser o melhor do Brasil pela quinta vez.

Hoje, no dia seguinte à derrota para o Vasco, provavelmente muitos corintianos estejam amargando a ressaca daquela partida adiada em primeiro de setembro. O preço do centenário tem sido cobrado com juros altos para o Corínthians dentro dos gramados do Brasileirão.

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