quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Castigado por um título



Um ano atrás, ele convivia com a responsabilidade de ser o treinador efetivado do Flamengo, clube de maior torcida do país, e contribuía para um time desacreditado se transformar na equipe campeã brasileira de 2009 (conquista que não chegava à Gávea desde 1992). Mesmo que Andrade tenha cometido deslizes no comando do rubro-negro no ano de 2010, não é justo hoje ele estar relegado ao Brasiliense, time que está na zona de rebaixamento da Série B do Campeonato Brasileiro.

A conquista do ano passado parece ter sido prejudicial para a carreira de Andrade. A identificação dele com o Flamengo ficou ainda maior, a ponto de fechar as portas de outros clubes de Série A para o treinador. A associação dele à imagem do rubro-negro carioca fez com que achassem que Andrade dá certo no clube porque vive o ambiente dele há anos.

Apenas na Segunda Divisão é que Andrade encontrou um espaço para trabalhar. No entanto, um péssimo espaço. O Brasiliense, que vinha mal das pernas na competição, não conseguiu encontrar um caminho melhor. A vitória de ontem, por 1 a 0 sobre o Ipatinga na Boca do Jacaré, foi a primeira do time sob o comando de Andrade. Antes disto, o treinador colecionou um empate e cinco derrotas. Sequência digna de alguns detratores declararem que o título com o Flamengo foi apenas uma sorte de principiante.

Provavelmente, Andrade tenha sido superestimado demais após o Brasileiro de 2009, a ponto do Brasiliense acreditar que ele pudesse fazer muito por uma equipe cercada de jogadores limitados. No entanto, os dirigentes do clube de Brasília esqueceram que, antes de ser efetivado como técnico, Andrade passou alguns anos na função de auxiliar. Ele já sabia como conviver com o elenco que o Flamengo tinha, e, principalmente, tinha total apoio da diretoria.

No Brasiliense, ele pegou um elenco bastante desmotivado com a má campanha que a equipe tinha na Série B. Além disto, não há no plantel um Petkovic, um Adriano, ou alguns jogadores que estejam em boa fase, como foi o volante Aírton em 2009. No time de Taguatinga, os destaques são atletas de qualidade razoável em fim de carreira.

Num contexto cercado de adversidades, Andrade parece cada vez mais próximo da falta de reconhecimento. A iminência de queda do Brasiliense para a Terceira Divisão do futebol nacional vai condenar todos os méritos do técnico a um mero acaso de Campeonato Brasileiro. Destino lastimável, em especial num cenário no qual alguns treinadores de qualidade duvidosa vêm sendo tão superestimados.

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