domingo, 10 de outubro de 2010

Heranças malditas




Análise de jogo: Avaí 2 x 2 Flamengo (16h, Ressacada)

O embalo conseguido com a vitória por 2 a 0 sobre o Atlético Goianiense na rodada anterior fez com que o Flamengo chegasse à partida do Ressacada com ânimo suficiente para esquecer a má campanha no Brasileirão. Mas, após um primeiro tempo com progressos visíveis aos olhos do torcedor, o time rubro-negro novamente se deixou levar pelas heranças malditas que atrapalharam sua trajetória na competição, e desperdiçou a oportunidade de conquistar três pontos em Santa Catarina.

Em poucas semanas sob o comando de Vanderlei Luxemburgo, o Flamengo passou a ter uma organização tática, coisa que não acontecia com Rogério Lourenço nem com Silas. Por mais que o Avaí tivesse maior volume de jogo, os atletas flamenguistas é que chegavam ao ataque de maneira mais incisiva, em especial porque jogadores outrora desacreditados, como os meias Kléberson e Renato Abreu, apareceram com mais destaque. A escalação do atacante Diego Maurício como titular também deu mais velocidade, pois ele não se omite no jogo.

E a presença de Luxemburgo também fez Val Baiano reencontrar o caminho do gol. Após marcar uma vez no jogo de quinta-feira, o camisa 9 foi decisivo por duas vezes no Ressacada. Aos 14 minutos, depois que Kleberson aproveitou a brecha na zaga do time catarinense para lançar Renato Abreu na esquerda. O meia, em posição irregular, cruzou para a área, e Val só desviou para o fundo da rede de Renan. Dois minutos depois, novamente Renato Abreu recebeu passe nas costas de Patric, e lançou para o centroavante marcar pela segunda vez. Em 16 minutos, 2 a 0 Flamengo. E, mais uma vez, graças ao dedo de Vanderlei Luxemburgo, que escalara os responsáveis pelos dois gols como titulares, deixando os medalhões Petkovic e Deivid na reserva.

A soberania flamenguista ficava ainda maior pela fraca atuação do Avaí na primeira etapa. Não bastassem as falhas do lado direito da defesa - com o lateral Patric e o zagueiro Gabriel - o time não conseguia armar jogadas ofensivas. A equipe de Santa Catarina se limitava a chutar de fora da área, através do meia Jéferson e da dupla de frente Robinho e Roberto, mas esbarrava na segurança da defesa rubro-negra, e no goleiro Marcelo Lomba. A última grande oportunidade foi desperdiçada por Val Baiano, que foi displicente diante de Renan. No fim do primeiro tempo, um resquício da campanha rubro-negra teimou em aparecer no jogo.

No retorno do intervalo, o Avaí promoveu não só entrada de dois jogadores, como também decidiu mudar sua tática. Em vez do 4-4-2 do primeiro tempo, o técnico Edson dos Santos tirou o atacante Robinho para colocar o zagueiro Emerson Nunes, em uma tentativa de corrigir os erros do setor defensivo dos primeiros 45 minutos. Com o trio de zaga confirmado, o treinador mudou também seu meio-de-campo. Ainda sem ritmo de jogo, Caio deu lugar a Válber.

Após a renovação que demonstrou no primeiro tempo, o Flamengo voltou para a etapa final com as velhas tradições negativas de 2010. A equipe carioca recuou demais, e chamou o Avaí para seu campo. Sem o mesmo poder de contra-ataque nos passes de Kléberson e Renato Abreu, o time recorreu a chutões e a troca de passes meio atabalhoados. Num deles, o lateral-esquerda Juan perdeu bola no meio-de-campo, e a jogada só foi neutralizada quando David Braz rechaçou para escanteio. No entanto, o alívio foi passageiro. Assim como acontecera em outros confrontos, a zaga ficou olhando Emerson subir no meio da área e desviar a bola, de cabeça, para a rede Marcelo Lomba.

Poucos minutos depois de Petkovic entrar no lugar de Kléberson, o rubro-negro perdeu seu lateral-direita Léo Moura, que tomou seu segundo cartão amarelo na tarde do Ressacada, por causa de uma falta sobre Pará. A equipe que prometia ter uma melhora ofensiva, graças à melhora na troca de passes, precisou se defender. Luxemburgo sacou o atacante Diego Maurício e colocou em campo Rafael Galhardo. Mas nem esta alteração foi suficiente para evitar novo erro crucial da zaga do Flamengo. Em cobrança de escanteio, o lateral-esquerda Pará fez um gol olímpico, promovendo o empate em 2 a 2.

Com um jogador a mais, o Avaí continuou a pressionar, mas, mesmo com a troca de Roberto por Marcelinho, a equipe não teve capacidade de transformar seu maior volume de jogo em ataques objetivos. Do lado flamenguista, Vanderlei Luxemburgo tentou dar mais mobilidade a seu poder ofensivo, tirando o homem de área Val Baiano para promover a entrada de Deivid. Mas o atacante primou por sua ausência de forma, e passou o tempo se arrastando em campo, sem qualquer poder de arrancada.

Em meio à incapacidade de ataque de ambos os lados, a partida se transformou num ataque de nervos a poucos minutos do fim. O flamenguista Renato Abreu e o avaiano Rudinei discutiram asperamente. O zagueiro rubro-negro David Braz foi tirar satisfações com o meia do Avaí. David levou um soco e Evandro Rogério Roman decidiu expulsar Rudinei e David Braz. O jogo ainda não havia recomeçado quando um torcedor flamenguista pulou o alambrado e invadiu o gramado para bater no juiz paranaense. Fruto não só de uma arbitragem questionável, como também retrato do desespero das fracas campanhas de Avaí e de Flamengo no Campeonato Brasileiro de 2010.

Com a surpreendente vitória por 4 a 3 do Atlético Goianiense sobre o Corínthians em São Paulo, o time catarinense agora se vê a um ponto da zona de rebaixamento. Talvez a disparidade da qualidade de seu futebol (que ocorreu nos 90 minutos contra o Flamengo) comprovem o por que de a equipe ter uma trajetória tão delicada no Brasileirão.

A disparidade também parece assombrar o Flamengo nesta reta final do Campeonato Brasileiro. Por mais que venham acontecendo progressos técnicos e táticos na equipe, Vanderlei Luxemburgo ainda precisa lidar com tantas limitações deixadas por um ano de equívocos do clube rubro-negro. Não adianta a torcida alimentar grandes ilusões. As heranças malditas da Gávea continuarão a entrar em campo, pelo menos até o final deste ano.

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AVAÍ 2 x 2 FLAMENGO

Estádio: Ressacada (Florianópolis / SC)

Árbitro: Evandro Rogério Roman (PR) / Auxiliares: Roberto Braatz (PR) e Bruno Boschilia (PR).

Gols: Val Baiano, aos 14 e aos 16 minutos do primeiro tempo. Emerson, aos oito, e Pará, aos 14 minutos do segundo tempo.

Cartões amarelos: Caio, Emerson (Avaí), Léo Moura, Williams e Juan (Flamengo).

Expulsões: Léo Moura, David Braz (Flamengo) e Rudinei (Avaí).

AVAÍ - Renan, Patric, Gabriel, Emerson e Pará; Rodrigo Thiesen, Rudinei, Jéferson e Caio (Valber), ; Robinho (Emerson Nunes) e Roberto (Marcelinho). Técnico: Edson dos Santos.

FLAMENGO - Marcelo Lomba, Léo Moura, Welinton, David e Juan; Willians, Correa, Kléberson (Petkovic) e Renato; Diego Maurício (Rafael Galhardo) e Val Baiano (Deivid). Técnico: Vanderlei Luxemburgo.

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O tempo e o placar... apresenta o que houve de melhor e de pior na rodada do Brasileirão.

O CHUTAÇO

Após uma excelente arrancada sob o comando de Cuca, o CRUZEIRO conseguiu chegar à liderança do Campeonato Brasileiro, com a vitória sobre o Fluminense por 1 a 0. O progresso se deve também à grande fase do meia Montillo, que se adaptou perfeitamente ao futebol brasileiro.

A FURADA

Duas derrotas consecutivas para os Atléticos que estavam na zona de rebaixamento acenderam o sinal de alerta no CORÍNTHIANS. A vexatória derrota por 4 a 3 para o Atlético Goianiense nesta rodada comprova que o time sente bastante seus desfalques, e precisa se ajustar em campo a tempo de ganhar o Campeonato Brasileiro no ano do centenário. Além de contratar um novo treinador.

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RESULTADOS - RODADA 28

Sábado

18h30

Vasco 3 x 3 Grêmio (São Januário)
Grêmio Prudente 2 x 3 São Paulo (Prudentão)
Santos 2 x 0 Atlético Paranaense (Vila Belmiro)

Domingo

16h

Avaí 2 x 2 Flamengo (Ressacada)
Cruzeiro 1 x 0 Fluminense (Parque do Sabiá)
Goiás 1 x 0 Vitória da Bahia (Serra Dourada)
Botafogo 0 x 0 Palmeiras (Engenhão)
Corínthians 3 x 4 Atlético Goianiense (Pacaembu)

18h30

Ceará 2 x 0 Guarani (Castelão)
Internacional 1 x 0 Atlético Mineiro (Beira-Rio)

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