quarta-feira, 18 de março de 2009

Retrocesso da modernidade



Com o aval da FIFA para ser a sede da Copa do Mundo de 2014, o Brasil já começa a tomar algumas atitudes para que a passagem do mais importante torneio de seleções aconteça sem grandes problemas no território nacional. Dentre as medidas, está previsto o fechamento do estádio do Maracanã no ano que vem, para um período de obras que durará dois anos. Outra decisão relacionada ao futebol foi anunciada na quinta-feira passada, pelo ministro dos Esportes, Orlando Silva - mas relacionada a situações que ocorrem fora das quatro linhas do espetáculo.

Com o intuito de combater a violência nos estádios brasileiros, o Ministério dos Esportes promete ótimas atitudes, como a instalação de catracas e de câmeras de vídeo, como auxílio para identificar os arruaceiros que tanto atrapalham os torcedores de verdade. Entretanto, uma das medidas anunciadas por Orlando Silva chamou a atenção da torcida brasileira.

Está previsto para ter início em junho deste ano um cadastro nacional de torcedores. Caso o torcedor queira assistir a uma partida de futebol, ele precisará portar uma carteirinha emitida pelo Ministério dos Esportes. Segundo o ministro dos Esportes, a regra começará a valer nos Campeonatos Brasileiros das Séries A e B do ano de 2010.

Num primeiro momento, a medida parece uma boa tentativa de organizar as bagunças que acontecem nos estádios brasileiros (além da violência, há outros exemplos de caos, como a forte presença de cambistas nos arredores dos locais de partidas). O governo brasileiro, inclusive, faz uso da modernidade, permitindo que a torcida faça seu cadastro pela Internet.

Entretanto, a medida proposta pelo ministro dos Esportes reflete o panorama dos governos do Brasil. Por mais que o pacote de medidas esteja cercado de boas intenções pela melhoria do futebol como um espetáculo, mais uma vez o país tende a ir para o retrocesso da burocracia.

É bem verdade que o atual sistema de venda de ingressos nas partidas de futebol seja passível de falcatruas, como as entradas pararem na mão de cambistas de torcidas organizadas. No entanto, estes problemas não serão resolvidos somente com um cadastro de torcedores.

Também não será desta forma que a violência deixará de existir. Afinal, se os responsáveis pelos tumultos não puderem entrar no estádio, eles vão achar lugares nos arredores para protagonizarem este espetáculo lamentável.

Infelizmente, a tendência é de que o cadastramento de torcedores afaste a torcida que gosta de ir ao futebol. Diante de tantos empecilhos burocráticos, no fim das contas não valeria a pena passar por tanta coisa somente para ter o direito de ir a um estádio - ainda mais em época de futebol ao alcance de um pay-per-view.

Este que vos escreve torce para estar errado em sua avaliação. Mas, numa primeira impressão, acredita veementemente que o Ministério dos Esportes está mergulhando o futebol brasileiro no retrocesso da modernidade.

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