domingo, 1 de março de 2009

Botafogo, braços abertos sobre a Guanabara



Em dia de festa pelos 444 anos da cidade do Rio de Janeiro, o Maracanã fez a sua parte trazendo a festa do futebol em seu templo maior. Com mais de 75 mil espectadores, o estádio assistiu à final entre dois alvinegros com estrela em seus respectivos escudos. De um lado, a "Estrela Solitária" de histórias e glórias - e que estava tentando mais uma glória depois de vitória por 1 a 0 sobre o Fluminense na semifinal. Do outro, a estrela que brilhou com o auxílio do "tapetão", mas foi além ao derrotar o favorito Flamengo por 3 a 1 em pleno Maracanã. Neste primeiro de março, acabou brilhando mais forte a estrela que já conduziu vários títulos e, com a vitória por 3 a 0 sobre o Resende, o Botafogo não só conquistou a Taça Guanabara como também tem chance de sagrar-se campeão estadual, título que não vai para General Severiano desde 2006.

A primeira chance do jogo foi da equipe do interior. Antes de um minuto, o Resende chegou perto da área, mas esbarrou nas limitações de seus jogadores e a oportunidade de abrir o placar foi pela linha de fundo. Mas quem acreditava que o time vinha disposto a fugir do "padrão de jogo" típico das equipes consideradas pequenas (somente se defender e buscar o contra-ataque) estava enganado.

Nos minutos seguintes, o Resende limitou-se a ficar na defesa, deixando o artilheiro Bruno Meneghel isolado entre os zagueiros do Botafogo (e se dando ao luxo de ficar assistindo à partida na parte do campo que tinha sombra). Em suas constantes tentativas, o time de General Severiano não conseguia acertar o gol - muitas bolas eram cruzadas na área e facilmente neutralizadas pela zaga do Resende.

A primeira chance clara do Botafogo veio aos 15 minutos. Aproveitando cruzamento na área, Lucas Silva tentou o gol, mas na última hora foi travado por Marquinhos. A partir deste momento, a equipe perdeu uma oportunidade atrás da outra - duas com Leandro Guerreiro (considerado o melhor jogador em campo pela categoria com que jogou na parte defensiva do time), uma com Thiaguinho e outra com Reinaldo, além de uma cobrança de falta de Juninho que parou na barreira.

Aos 28, Reinaldo perdeu uma oportunidade incrível. Maicosuel fez uma linda jogada pela direita e, ao cruzar para o centro da pequena área, o camisa 7 tentou tocar a bola para dentro, mas a bola passou entre as suas pernas. Dois minutos depois, o Resende incomodou o Botafogo depois de muito tempo: após roubada de bola na intermediárea, Fred tocou para Bruno Leite, que cruzou para a área buscando Bruno Meneghel, mas a bola foi cortada para escanteio.

A forte retranca do Resende veio abaixo aos 34 minutos. Em lançamento para a área de Fahel, o zagueiro Breno tentou rechaçar, mas a bola acertou os pés de um companheiro de zaga e sobrou para Reinaldo, livre, empurrar para as redes, marcando 1 a 0 para o Botafogo. Ainda no primeiro tempo, o time alvinegro teve ainda duas oportunidades de ampliar a vantagem. Aos 39, Reinaldo driblou um zagueiro do time interiorano e chutou forte, para a defesa de Cléber. No minuto seguinte, em uma sobra depois de um escanteio, o lateral-direito Alessandro mandou uma bomba que passou por cima do gol.

O primeiro tempo terminou sem acréscimos e com um domínio claro do Botafogo. Das 12 finalizações, 11 foram de jogadores botafoguenses.

O técnico Roy apresentou um Resende mais ofensivo na segunda etapa, para, ao menos, buscar o empate e forçar uma disputa de pênaltis. O treinador tirou o veterano Márcio Costa para dar lugar a Beto. Logo aos três minutos, a equipe interiorana quase surpreendeu. Aproveitando cruzamento de Bruno Leite, Bruno Meneghel cabeceou para o gol. A bola quicou e obrigou o goleiro Renan a espalmar para escanteio.

Mas aos sete, veio o segundo gol do Botafogo. O zagueiro Juninho lançou a bola pela esquerda. Lucas Silva (que estava prestes a ser sacado do time) adentrou na área, deixou o goleiro Cléber batido e tocou para o gol. A bola ainda acertou a trave antes de entrar.

Mesmo com o gol marcado, o técnico Ney Franco manteve a substituição de Lucas Silva para a entrada de Léo Silva, e também promoveu a entrada de Jean Carioca no lugar do zagueiro Emerson. Roy também realizou duas substituições ao mesmo tempo. Na tentativa de deixar o Resende ainda mais ofensivo, entrou Hiroshi no lugar de Bruno Leite e o camisa 10 Léo cedeu espaço ao experiente atacante Viola (que desfalcava o time desde a estreia no Estadual por causa de uma contusão).

Mas era o Botafogo que continuava pressionando e parecia mais perto do gol, como no chute de Jean Carioca que acertou na trave aos 17. A bola não chegava ao ataque do Resende porque, embora estivesse agora com mais atacantes, a equipe não conseguia ter quem lançasse para eles.

Dez minutos depois, Reinaldo recebeu na meia-lua e tocou para Jean Carioca. O jogador demorou a fazer o chute, e preferiu tocar para Thiaguinho. Ele tentou o gol, mas a zaga conseguiu tirar. A esta altura, o Resende pouco incomodava. Nos dois momentos em que a bola passou perto do gol de Renan, ela chegou facilmente nas mãos do goleiro.

Aos 32, o Botafogo perdeu a chance de fazer o terceiro gol. Depois de lançamento para a área, Jean Carioca meteu o pé, mas a bola caprichosamente passou rente à trave. Um minuto depois, Reinaldo deu o "drible da meia-lua" no zagueiro Naílton, mas na hora de cruzar para a área, o zagueiro Breno conseguiu cortar. A 10 minutos do fim, o Botafogo teve sua vigésima finalização no jogo: num bate-rebate na área, a bola sobrou para Thiaguinho que chutou nas mãos do goleiro Cléber.

Com 37 minutos da segunda etapa, Reinaldo tentou jogada perto da área, e foi parado por uma falta brusca do zagueiro Naílton. Como o jogador já tinha cartão amarelo, o árbitro João Batista Arruda o expulsou de campo. Logo em seguida, Ney Franco fez sua terceira e última alteração: saiu Thiaguinho e entrou Wellington Júnior.

Faltavam quatro minutos para acabar a partida e a torcida alvinegra já comemorava o título (com direito ao grito "vice é o Cuca", uma provocação ao ex-treinador do Botafogo que agora está no comando do Flamengo). Mas ainda cabia mais um gol na festa botafoguense: depois de uma lambança entre Beto e o goleiro Cléber, a bola chegou limpa para Maicosuel fazer 3 a 0.

Nem mesmo a infantilidade de Wellington Júnior - que em sete minutos fez duas faltas no atacante Viola e foi expulso aos 44 - tirou o título do Botafogo. A partida já ultrapassava o tempo regulamentar e o time ainda teve oportunidade de fazer mais um gol, mas a cobrança de falta de Léo Silva acertou a trave.

Para um time que terminou o ano de 2008 em crise e com a debandada de seus jogadores, o primeiro campeonato de 2009 traz um excelente resultado para a equipe alvinegra. Dirigido por Ney Franco, o Botafogo conseguiu superar o descrédito até de sua própria torcida para chegar ao título dae Taça Guanabara, em partida na qual foi superior o tempo todo e conseguiu furar o bloqueio do surpreendente time do Resende.

No dia do aniversário da cidade do Rio de Janeiro, a festa no futebol é de um dos "vovôs" do Campeonato Estadual - que fez no campo sua tradição superar uma equipe que ainda é jovem na elite do futebol carioca, mas mostrou que ainda pode incomodar os "gigantes do Rio". Agora, é esperar o vencedor da Taça Rio (segundo turno do Campeonato Carioca) para ver se os braços do Botafogo continuarão abertos sobre a Guanabara.

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BOTAFOGO 3x0 RESENDE

Gols: Reinaldo aos 34 minutos do primeiro tempo, Lucas Silva aos sete e Maicosuel aos 41 minutos do segundo tempo.

Cartões amarelos: Bruno Leite, Naílton, Beto (Resende); Wellington Júnior e Maicosuel (Botafogo).

Expulsões: Naílton (Resende) e Wellington Júnior (Botafogo).

BOTAFOGO - Renan, Emerson (Léo Silva), Juninho e Wellington; Alessandro, Leandro Guerreiro, Fahel, Maicosuel e Thiaguinho (Wellington Júnior); Lucas Silva (Jean Carioca) e Reinaldo. Técnico: Ney Franco.

RESENDE - Cléber, Márcio Costa (Beto), Naílton e Breno; Bruno Leite (Hiroshi), Márcio Gomes, Fred, Léo (Viola) e Marquinhos; Bruno Meneghel e Fabiano. Técnico: Roy.

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