sexta-feira, 13 de março de 2009

Janelas abertas da Lei Pelé



Ao criar uma lei com seu nome quando era ministro dos Esportes do governo de Fernando Henrique Cardoso, Edson Arantes do Nascimento, o Pelé, tinha a boa intenção de tornar os jogadores livres para negociar os contratos que mais fossem convenientes para seus atletas. No entanto, das boas intenções de Pelé o inferno agora está acertando em cheio os clubes brasileiros.

As constantes trocas de clubes - favorecidas pela absurda cláusula de que seis meses antes do término do contrato de um jogador, outra equipe já pode tentar um acordo financeiro com ele - não só descaracterizaram o futebol quanto deixaram as torcidas apreensivas. O torcedor não pode mais começar a ter uma ligação afetiva com algum jogador que desponta vestindo as cores do seu time, pois logo em seguida ele pode fazer as malas e ir embora.

A situação ficou mais forte depois de uma nova tentativa de "melhorar" o Campeonato Brasileiro, o adequando aos padrões dos campeonatos europeus. Em vez dos torneios que mesclavam pontos corridos com o sistema de "mata-mata" (e resolviam quem era o melhor time do Brasil em quatro ou cinco meses), o Brasil desde 2003 adota o sistema de partidas entre os 20 times brasileiros, em turno e returno.

Como a temporada do exterior geralmente começa no meio de um ano e termina no meio de outro, o futebol do país ficou ainda mais prejudicado. Os treinadores escalam os seus times mas, de repente, não mais que de repente, vem uma proposta do exterior que leva um jogador de uma equipe. Cabe ao clube ter de se desdobrar para tentar, emocionalmente, convencer o atleta que a ligação com o clube pode ser melhor do que os altos salários do futebol da Europa, da Ásia ou da Arábia (locais que mais assediam jogadores brasileiros).

O caso mais recente é do lateral Léo Moura. Logo depois de ter duas boas atuações em vitórias do Flamengo (e na última, marcar dois gols na vitória da equipe sobre o Duque de Caxias, por 4 a 2), agora o jogador flamenguista anunciou que recebeu proposta de atuar no futebol russo, com a camisa do CSKA, time atualmente treinado por Zico.

No caso de Léo, aparece uma outra brecha da Lei Pelé: com o constante assédio que os jogadores recebem de times do exterior, eles acham interessante divulgar estes interesses, para fazer com que a diretoria busque, a qualquer custo (inclusive financeiro), um jeito de que eles permaneçam no Brasil. Isto explicaria a afirmação do empresário do lateral, Eduardo Uram, que declarou que não recebeu nenhuma proposta da equipe da Rússia.

Depois de ter duas boas atuações consecutivas pelo Flamengo (contra Ivinhema e Duque de Caxias), Léo Moura parece querer aproveitar todas as janelas da Lei Pelé para alçar novas ascensões financeiras. Ao clube da Gávea, resta tentar fechar a janela que o futebol brasileiro abriu para as "nações amigas". Caso contrário, mais um destaque do clube vai embora, e no meio de um campeonato.

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BOLA PRO MATO

Saiu a lista de Dunga com os convocados para os jogos da Seleção Brasileira nas partidas contra Equador (em Quito, no dia 29 de março) e Peru (em Porto Alegre, no dia primeiro de abril), ambas pelas Eliminatórias da Copa do Mundo. Dos 22 jogadores chamados, apenas o zagueiro Miranda atua no Brasil - pelo São Paulo. Ah, sim, agora faz sentido Léo Moura anunciar o assédio que estaria sofrendo do CSKA.

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BOLA NA ARQUIBANCADA

Botafogo e Vasco realizaram ontem, no Maracanã, uma partida sensacional. Ambas as equipes disputaram com seriedade, buscando a todo custo a vitória. Para quem esperava o Vasco recuado (por ter uma equipe tecnicamente inferior ao campeão da Taça Guanabara), assistiu a uma vitória justíssima, apesar do placar de 4 a 1 ser uma contagem exagerada, diante do equilíbrio presente em boa parte do jogo. Além da primorosa atuação de Carlos Alberto, o que saltou aos olhos do público foi a união vascaína, que pode fazer a diferença na busca pelo retorno à Primeira Divisão do futebol brasileiro.

Um comentário:

Rio Futebol disse...

Na verdade, de fato o Flamengo nao recebeu nenhuma proposta pelo Leo Moura. O que acontece é que, devido à penúria em que se encontram os cofres da Gávea, surgiu um desespero tremendo da diretoria rubro-negra de vender qualquer jogador que renda algum dinheiro para o clube. Léo Moura é o atual destaque, por isso deve ser o primeiro a sair no meio do ano. Não me surpreenderia em nada se os próximos a irem embora sejam Bruno e Juan, visto que os jogadores por empréstimo já sairão de qualquer maneira...

... quanto ao Vasco e Carlos Alberto, escrevi algo lá no blog hoje, depois passe lá!

Grande abraço,

Leonardo Resende
http://riofutebol.blogspot.com