O histórico de desorganização do Campeonato Brasileiro parecia relegado a um passado distante desde o início do formato dos pontos corridos. Entretanto, após o fim da edição de 2010, o Superior Tribunal de Justiça Desportiva deu um exemplo lamentável ao burlar a própria lei, e comprometer até mesmo o título do Fluminense.
Com a possibilidade de um jogador poder trocar de clube durante a competição (desde que tenha feito, no máximo, seis partidas pelo time anterior), foi estipulado que os cartões amarelos levados nos jogos por uma equipe continuariam valendo pelo outro clube. Foi o caso do jogador Leandro Chaves, que, após um cartão amarelo recebido pelo Ipatinga, deveria cumprir suspensão automática depois de dois cartões recebidos pelo Duque de Caxias. Só que o jogador não ficou de fora da partida seguinte, ele só ficou suspenso depois do terceiro cartão pelo time da Baixada Fluminense.
Pela regra, o Duque de Caxias teria de perder três pontos - mas o STJD absolveu a equipe carioca. Ao renegar a própria lei, a Justiça Desportiva considerou como legítima a atitude equivocada do time da Série B do Campeonato Brasileiro, e comprometeu quem tinha agido da maneira combinada anteriormente.
Comprometeu, inclusive, o Fluminense. Da primeira vez que o atacante Tartá foi suspenso por três cartões amarelos, o time do Rio de Janeiro contou com o que ele recebeu por seu antigo clube, o Atlético Paranaense. No novo precedente, Tartá ficaria suspenso apenas após o terceiro cartão amarelo recebido pelo tricolor das Laranjeiras - e não poderia jogar contra o Goiás, no Engenhão. Como punição, o Fluminense teria de perder três pontos desta partida, que fariam com que a equipe fosse ultrapassada pelo Cruzeiro em número de pontos e perdesse o título conquistado.
A infelicidade do STJD só não ficou mais intensa porque o Cruzeiro decidiu não pleitear o título brasileiro no "tapetão". E a Confederação Brasileira não amargou mais uma derrota para a falta de ordem e parece, até o momento, isenta de voltar àqueles tempos em que o futebol era definido de maneira jurídica.
Por toda a campanha feita nas 38 rodadas, o Fluminense é digno de ser o campeão brasileiro no ano de 2010. E retirar a taça de campeão das mãos dos tricolores seria uma derrota também para o futebol nacional, novamente sacrificado pelo amadorismo na hora de organizar o campeonato.
Um comentário:
Caramba que coisa complicada isso tudo.
O regulamento do campeonato tem que ser definido antes dele começar. Com mudanças durante o campeonato, o Grêmio teve que torcer contra um brasileiro( que não era o Inter) para ir para a Libertadores. Mas nesta ocasião, a culpa foi da Comebol.
Abraços
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