quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Velocidade da luz


Análise de quarta - Cruzeiro 1 x 0 Flamengo (22h, Parque do Sabiá)

Seria exagero dizer que o Cruzeiro esteve iluminado na partida contra o Flamengo. Mas, no Parque do Sabiá, a Celeste Mineira brilhou através de sua velocidade, em 90 minutos incansáveis diante de um adversário que segue em marcha lenta, se arrastando no gramado e na classificação do Campeonato Brasileiro. E que recorreu à estreia de um novo técnico para tentar encontrar fôlego no restante da competição.

Fôlego foi o que o Flamengo pareceu ter no início do jogo. Criticado por sua lentidão nas partidas anteriores, Val Baiano surpreendeu ao dar uma arrancada e, depois de driblar Edcarlos, fazer Fábio se desdobrar para defender seu chute. Só que logo faltou ar ao poder ofensivo flamenguista. Depois de um erro na defesa, quando Marcelo Lomba se enrolou com uma bola recuada e permitiu que Thiago Ribeiro chutasse, os cruzeirenses logo aceleraram os passos e foram se acertando em campo.

Num destes acertos, Montillo ganhou uma disputa e cruzou na área para Thiago Ribeiro. O atacante chutou e a zaga rubro-negra conseguiu travar. Na segunda tentativa, ele foi parado por uma boa defesa de Marcelo Lomba. Até que Diego Renan arriscou em chute rasteiro. A bola ia em direção à linha de fundo, se não fosse o desvio de Robert, que colocou no fundo da rede. 1 a 0 Cruzeiro, aos nove minutos.

O Flamengo tentou respirar fundo em busca do empate, mas esbarrou tanto na velocidade cruzeirense quanto no desequilíbrio que seu meio-de-campo encontrava. Com Renato Abreu e Petkovic não conseguindo imprimir uma cadência ofensiva, a equipe era facilmente neutralizada por um adversário que se defendia com três volantes - além de Fabrício e Henrique, Marquinhos Paraná (originalmente escalado como terceiro zagueiro) se adiantava para o combate toda vez que havia um esboço de ataque - mas atacava em massa. A cada tentativa frustrada, vinha como consequência um time rubro-negro totalmente exposto, entregue à sorte. Sorte que frustrou Robert por duas vezes. Sorte que teve como aliada a qualidade de Marcelo Lomba, ao defender bom chute de Montillo.

A única oportunidade do Flamengo veio dos pés de Corrêa. O volante apareceu como elemento surpresa e concluiu cruzamento de Williams, mas a bola foi para fora, não mudando o resultado do primeiro tempo.

Do intervalo, veio apenas uma mudança por contusão - o zagueiro Cláudio Caçapa deu lugar ao estreante Léo. E, à exceção de um cruzamento de Renato Abreu que, graças ao efeito da bola, quase encobriu o goleiro Fábio, o Cruzeiro continuou a percorrer com grande velocidade até o gol adversário. Mas seu jogo veloz era derrubado por uma ansiedade, que atrapalhava os momentos de troca de passes decisivos.

Silas realizou sua primeira substituição como treinador do Flamengo poucos minutos depois do recomeço da partida. Querendo dar um pouco mais de consistência ao meio-de-campo, ele promoveu a entrada do meia Fernando. Entretanto, sua tentativa de reforçar um setor acabou desprotegendo o ataque, ao sacar Val Baiano. Por mais que ele esteja em má fase, trata-se de um referencial que fica entre os zagueiros adversários. A intenção de Silas era boa - deixar Renato Abreu como segundo atacante, e ele utilizar seus passes precisos para lançar Diego Maurício. Só que o esquema não rendeu, porque Renato continuou mais próximo do meio, e Diego permaneceu isolado na área do Cruzeiro.

Do outro lado, o técnico Cuca apenas tentava manter a intensa velocidade de sua equipe nos contra-ataques. Sua segunda substituição aconteceu também por contusão - Robert por Wallyson. Diante dos erros flamenguistas, o Cruzeiro seguia tendo sucessivas oportunidades, nas quais a zaga e Marcelo Lomba, de maneira esbaforida, conseguiam impedir. Só que nenhum deles impediu que o time tivesse uma baixa: após receber um lançamento, Thiago Ribeiro correu em direção ao gol e acabou se enrolando com a marcação de Jean. A falta foi marcada, e por ser o último homem da zaga, Jean foi expulso por Guilherme Cereta de Lima, a 14 minutos do final.

Somente depois de ver sua equipe com um homem a menos é que Silas se arriscou a corrigir o erro de sua primeira substituição - trocando Petkovic pelo atacante Leandro Amaral. Minutos depois, o técnico trocou outra atacante, tirando Diego Maurício e colocando Cristian Borja. Mas, àquela altura, o Cruzeiro seguia soberano na corrida contra um Flamengo que possuía somente suspiros de vontade. Diego Renan ainda perdeu uma oportunidade clara, na qual, com Marcelo Lomba caído, chutou por cima. Jonathan, Wallyson e Roger (que entrara a poucos minutos do fim, no lugar de Montillo) desperdiçaram outras chances.

A velocidade pode não ter sido útil para que o Cruzeiro fosse além do placar de 1 a 0. Mas graças ao fôlego das pernas de seus jogadores, a Celeste Mineira já tem a zona de classificação do Campeonato Brasileiro ao alcance de seus olhos. Enquanto isto, o Flamengo segue a passos lentos, em sua luta para ajeitar a equipe depois de um primeiro turno bem abaixo do esperado. Para o segundo turno fica a esperança de que, com Silas e os reforços dos atacantes Diogo e Deivid, ao menos o rubro-negro saia da inércia na qual o time vem se entregando a cada jogo.

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CRUZEIRO 1 x 0 FLAMENGO

Local: Parque do Sabiá (Uberlândia/MG).

Público e renda: Não divulgados.

Árbitro: Guilherme Cereta de Lima (SP) / Auxiliares: Danilo Ricardo Simon Manis (SP) e Marcio Luiz Augusto (SP).

Gol: Robert, aos nove minutos do primeiro tempo.

Cartões amarelos: Diego Renan, Fabrício (Cruzeiro) e Corrêa (Flamengo).

Expulsão: Jean (Flamengo).

CRUZEIRO - Fábio, Edcarlos, Caçapa (Léo, intervalo) e Marquinhos Paraná; Jonathan, Fabrício, Henrique, Montillo (Roger, 41'2ºT) e Diego Renan; Robert (Wallyson, 10'2ºT) e Thiago Ribeiro. Técnico: Cuca.

FLAMENGO - Marcelo Lomba, Léo Moura, Jean, Ronaldo Angelim e Juan; Corrêa, Willians, Petkovic (Leandro Amaral, 33'/2ºT)e Renato Abreu; Diego Maurício (Cristian Borja, 37'2ºT) e Val Baiano (Fernando, 10'/2ºT). Técnico: Silas.

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