quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Múltiplas derrotas



Análise de quarta - Corínthians 1 x 1 Botafogo (22h, Pacaembu)

Um ponto para cada lado. A igualdade que, ao mesmo tempo, consola duas equipes que mediram forças no gramado e retira pontos pela incapacidade de um vencedor surgir após 90 minutos, veio com sabor de derrota não só para Corínthians e Botafogo, que viram seus objetivos ainda mais distantes, mas também para o espetáculo que se desenhou no Pacaembu.

Os dois alvinegros buscaram esquemas bastante ofensivos. E o mais rápido a aparecer na partida foi o Corínthians. Com a tática 4-3-1-2, a equipe de Adilson Batista marcava com o trio de volantes Ralf, Elias e Jucilei (com os dois últimos tendo liberdade para sair jogando) e, através do meia de ligação Bruno César, apostava na velocidade de Jorge Henrique e no oportunismo de Iarley. Só que a estratégia corintiana se revelou bem mais traiçoeira, pois num de seus primeiros lances, Bruno César recebeu passe na grande área e acertou um chute no ângulo. A bola parou no fundo da rede de Jefferson. 1 a 0 Corínthians, aos dois minutos.

Apesar da desvantagem no placar, o Botafogo demonstrou tranquilidade para tentar o gol de empate. Lúcio Flávio parecia ter mais demonstração para jogar, e conseguia distribuir com inteligência as jogadas - aproveitando os erros do corintiano Alessandro para lançar Herrera. As subidas de Marcelo Cordeiro também se intensificaram porque o Alessandro botafoguense se resumia a marcar as descidas de Roberto Carlos e Jorge Henrique. Numa delas, Loco Abreu conseguiu um chute frontal ao gol, mas a bola parou no travessão.

Com o passar da primeira etapa, a zaga botafoguense conseguiu se acertar, e, ao neutralizar os ataques corintianos, possibilitou vários contra-ataques. Num deles, Herrera cruzou, e Loco Abreu, de cabeça, aproveitou falha de Alessandro para colocar a bola no fundo da rede de Júlio César. 1 a 1, aos 26. Mas o Corínthians agia como derrotado em campo, incapaz de conseguir se desvencilhar da marcação do Botafogo. Seu único bom momento no restante do primeiro tempo foi uma cabeçada de Iarley, que tocou na trave.

No segundo tempo, Ralf, contundido, foi substituído por Paulinho. E o Corínthians passou a levar a pior na marcação. Os botafoguenses cresceram na partida, e chegaram ao gol aos quatro minutos, quando Marcelo Cordeiro deu passe que Herrera desviou. No entanto, o gol foi equivocadamente anulado por impedimento. Mais uma derrota da arbitragem, que interferiu diretamente no resultado da partida e prejudicou o Botafogo - além deste lance se tornar mais uma das muitas polêmicas de arbitragem que supostamente favoreceram os corintianos no Campeonato Brasileiro de 2010.

Os botafoguenses continuaram a pressionar (e tiveram uma chance com Herrera, numa cabeçada defendida por Júlio César), mas sofreram uma nova derrota. Desta vez, internamente. Joel Santana decidiu tirar o atacante Herrera para colocar o meia Renato Cajá. Além da equipe ficar menos perigosa ofensivamente, o reserva entrou muito mal na partida, e ajudou a permitir que o Corínthians chegasse com perigo à sua área. Vieram oportunidades com Jucilei, Jorge Henrique e, na mais clara de todas, Paulinho chutou rasteiro, Jefferson defendeu parcialmente, a bola ia entrando mas Leandro Guerreiro salvou quase em cima da linha. O treinador do Botafogo tentou compensar seu erro, voltando ao 3-5-2 original - Lúcio Flávio saiu para a entrada de Caio.

Os corintianos pressionavam, mas, depois de verem seu lateral-esquerda Roberto Carlos (que, vencido pelo cansaço, foi trocado por Danilo), também tiveram uma derrota vindo das mãos de seu treinador. Ao tirar de campo o atacante Iarley, Adilson Batista optou por escalar o meia-atacante Defederico, que tem como característica a velocidade. Com Jorge Henrique e Defederico, o Corínthians abusou dos cruzamentos na área, mas sem nenhum homem fixo na área.

Mesmo com tanta pressão, a equipe paulista via suas chances diluídas em cruzamentos errados e chutes sem qualquer força ou direção. Tanto que o Botafogo teve as duas últimas oportunidades de vitória aos seus pés. Nas duas, o time carioca foi derrotado pela ansiedade. Após Somália dar uma arrancada do meio-de-campo, em vez de optar entre passar para Loco Abreu na direita ou servir Renato Cajá, que descia livre na esquerda, ele preferiu arriscar o chute. A bola saiu fraca, e foi defendida facilmente por Júlio César.

No minuto seguinte, Loco Abreu lançou Caio. O atacante passou pelo goleiro, cortou para o meio e, ao perceber que vinha a marcação corintiana, nem ergueu a cabeça para saber qual era a melhor opção de chute. Arriscou um gol por cobertura, e a bola saiu alta, distante das traves que Júlio César defendia.

Devido à vitória por 1 a 0 do Fluminense sobre o Avaí em Volta Redonda, o Corínthians agora vê o tricolor carioca três pontos à sua frente na busca pelo título. Além do restante do Campeonato Brasileiro, os três pontos no jogo do primeiro turno que falta cumprir - contra o Vasco, dia 13 de outubro, em São Januário - se tornaram ainda mais importantes para os corintianos.

O Botafogo, que viu sua luta se tornar ainda mais intensa depois que a Conmembol decidiu que o Campeonato Brasileiro levará apenas três clubes para a Taça Libertadores da América de 2011, se distanciou ainda mais do terceiro colocado. Com a vitória por 3 a 0 sobre o Atlético Goianiense em Sete Lagoas, o Cruzeiro agora tem seis pontos a mais. E os botafoguenses estão no sexto lugar, porque perdem nos critérios de desempate para Internacional e Atlético Paranaense (todos têm 41 pontos).

Do jogo do Pacaembu, restaram as derrotas proporcionadas diretamente por erros táticos de Adilson Batista e Joel Santana, mas também ressaltaram as inoperâncias com as quais ambas as equipes ainda convivem. Assim como o futebol brasileiro ainda convive com as falhas grotescas da arbitragem, que seguem interferindo nos resultados dos jogos. Mas esta derrota parece bem mais corriqueira do que as de Corínthians e Botafogo.

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CORÍNTHIANS 1 x 1 BOTAFOGO

Estádio: Pacaembu (São Paulo)

Público: 24.001 pagantes / Renda: R$ 770.449,50

Árbitro: Leandro Pedro Vuaden (FIFA-RS) / Auxiliares: Alessandro Álvaro Rocha de Mattos (FIFA-BA) e Erich Bandeira (FIFA-PE)

Gols: Bruno César, aos dois, e Loco Abreu, aos 28 minutos do primeiro tempo.

Cartões amarelos: Elias (Corínthians), Fahel, Lúcio Flávio, Herrera e Antônio Carlos (Botafogo).

CORÍNTHIANS - Júlio César, Alessandro, William, Thiago Heleno e Roberto Carlos (28'/2ºT - Danilo); Ralf (Intervalo - Paulinho), Jucilei, Elias e Bruno César; Jorge Henrique e Iarley (35'/2ºT - Defederico). Técnico: Adilson Batista.

BOTAFOGO - Jefferson, Antônio Carlos (46'/2ºT - Danny Morais), Leandro Guerreiro e Fábio Ferreira; Alessandro, Fahel, Somália, Lucio Flavio (31'/2ºT - Caio) e Marcelo Cordeiro; Herrera (19'/2ºT - Renato Cajá) e Loco Abreu. Técnico: Joel Santana.

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O tempo e o placar... apresenta o que houve de melhor e de pior na rodada do Brasileirão.

O CHUTAÇO

Após um primeiro turno vexatório, o GRÊMIO vem fazendo a melhor campanha do segundo turno, numa sequência de boas atuações sob o comando de Renato Gaúcho. A vitória por 4 a 2 sobre o São Paulo mostra também o poder de ataque - em especial de Jonas, o atual artilheiro do Campeonato Brasileiro.

A FURADA

A declaração infeliz e fora de hora do treinador SILAS transformou o período conturbado do Flamengo na competição numa turbulência ainda maior. Em vez de tentar se isentar com a afirmação de que não faz gol contra e nem chuta a gol, o técnico deveria pensar no grupo flamenguista para tentar tirá-lo da beira do rebaixamento.

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RESULTADOS - RODADA 26

Terça-feira

21h

Vasco 3 x 1 Santos (São Januário)
Goiás 1 x 1 Flamengo (Serra Dourada)

Quarta-feira

19h30

Grêmio Prudente 4 x 2 Guarani (Prudentão)
Atlético Paranaense 1 x 0 Vitória da Bahia (Arena da Baixada)
Cruzeiro 3 x 0 Atlético Goianiense (Arena do Jacaré)
Palmeiras 2 x 0 Internacional (Arena Barueri)

21h

Fluminense 1 x 0 Avaí (Raulino de Oliveira)

22h

Corínthians 1 x 1 Botafogo (Pacaembu)
Ceará 0 x 0 Atlético Mineiro (Castelão)
Grêmio 4 x 2 São Paulo (Olímpico)

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